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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

07
Jul15

Intermitências


800-intermitencias

 

Diversorium

 

"A minha cabeça é uma selva".

 

Risos.

 

Não entendia porque riam os outros. Ela falava a sério. "Porque as vossas não o são?"

 

A cabeça dela era mesmo uma selva. Caótica, densa, vasta, imprevisível, misteriosa, assustadora, confusa até à loucura.

 

Quem a quisesse ver que fosse ao Diversorium. Ela estaria lá a divertir-se. Dançar, cantar, embriagar-se, perder a consciência. Viver louca e rapidamente era o seu método para esquecer a sua selva interior. Quanto mais, melhor. No Diversorium, ela sentia que vivia intensamente.

 

Queria tudo agora e aqui. Ela era incapaz de esperar seja o que fosse tranquilamente. Se a sua cabeça era uma selva, ela tornou-se um animal selvagem, indiferente ao que se passava a sua volta. Cada um que lutasse pela sua sobrevivência!

 

Não precisava de ninguém, tinha o Diversorium. Não precisava de objectivos, tinha o Diversorium. Mas quando este estava fechado, precisava de tudo e todos, era um animal ferido. Regressava à selva da sua cabeça, completamente perdida. Queimava-se por dentro. Às vezes, levantava-se um incêndio colossal na sua selva, que o vento que passa ia atiçando e alastrando.

Diversorium.jpg

Trindade, Brasil, Dezembro 2014 - Fotografia de Sandra Pereira

 

Só no Diversorium conseguia acalmar esse fogo interior. Aí, libertava-se. Aí, não tinha passado, nem futuro, nem destino. Viajava fora do tempo, como se ele não existisse. Mas nunca conseguia apagar o incêndio colossal que lavrava dentro dela.

 

Um dia, aconteceu uma performance no Diversorium. Ela encantou-se com um palhaço malabarista. No final, ele ofereceu-lhe as suas ferramentas de jogo para que ela experimentasse.

 

Ela recusou. Achou impossível.

 

"Que temes? Não vives já numa selva?", perguntou ele. "Isto não é uma questão de jeito, é magia! Experimenta!".

 

Ela tentou e deixou tudo cair.

 

"Tenta outra vez".

 

Ela voltou a tentar e deixou tudo cair.

 

Riram-se. Sorriram-se.

 

Ela sentiu que conseguiria, um dia...

 

"A selva é um mistério. A viagem és tu".

 

Sandra Pereira

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