O Barroso aqui tão perto - Algures entre Cabril e Sirvozelo
Pois é, nem sempre o tempo nos corre de feição, ou melhor, correr até corre, mas às vezes há outras prioridades que fazem com que alguns dos nossos compromissos não possam ser cumpridos. Ontem falhei aqui no blog ao não trazer mais uma aldeia de Chaves e hoje ia falhando no trazer “O Barroso aqui tão perto” e, de certa maneira, vou falhar outra vez, pois em vez de uma aldeia barrosã que não tive tempo de preparar, vou deixar-vos aqui três imagens, que nem sequer consigo dizer-vos onde foram tomadas, pois acontece que nas nossas andanças pelo Barroso, entre destinos dos nossos itinerários, às vezes vamos recolhendo imagens de motivos que nos despertam a atenção, mas na hora de as arquivar, não sabemos, territorialmente falando, em que aldeia ou lugar as guardar/arquivar. Assim vou criando pastas que dizem “entre x e y”. As imagens de hoje retirei-as da pasta “entre Cabril e Sirvozelo”.
Ora entre Cabril e Sirvozelo há pelo menos a Cela, Lapela, Azevedo, Xertelo, Chelo, Bosto Chão e Vila Boa, mas com as objetivas da câmara fotográfica podemos ir muito mais além e fazer parecer ficar perto aquilo que fica longe. Das imagens aqui deixo sei que a da serra é do Gerês, a da vitelinha recordo ser no meio do monte entre a Cela e Lapela, ou talvez mesmo até Azevedo a da aldeia ainda não consegui descobrir. Não é impossível de descobrir, pois com a facilidade com que hoje temos acesso à fotografia aérea, bastava ir ao google earth (por exemplo) e investigar, comparando, mas tal como disse, por aqui o tempo é pouco e de momento apenas estou num intervalo de outras prioridades, e depois, é de certeza uma aleia barrosã, disso tenho a certeza, daí estar aqui com todo o direito.
E para finalizar fica um apontamento do diário de Miguel Torga, quem sabe se não se referirá mesmo a estas terras que aqui ficam. Certo é que pelo menos são próximas, não fossem elas palavras que se referem ao Gerês.
O que salva o poeta é uma espécie de volubilidade visual, incorrigível. Como nunca vê com olhos automáticos, hirtos, rotineiros, pode, do mesmo ângulo e nas mesmas circunstâncias, estar sempre a descobrir novidades, aspectos inéditos numa paisagem gastas. E é o que me acontece. Ando aqui pela décima segunda vez como uma Kodak maluca, incapaz, por capricho de fabrico, de seriar a vida. Cada disparo é mais um inédito desfloramento de luz.
Miguel Torga, (1952), in Diário VI
Pois a minha “Kodak” não está maluca, nem incapaz, mas às vezes também não sabe aquilo que faz…
E com esta me bou!
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