O Barroso aqui tão perto - Beçós
Lá vamos nós mais uma vez até ao Barroso aqui tão perto, mas hoje com um dos destinos mais distantes do Barroso. Claro que já sabem que os nossos destinos têm sempre como ponto de partida a cidade de Chaves, daí a nossa aldeia de hoje ser uma das mais distantes de Chaves. Penso mesmo que, em distância, só será ultrapassada por Seara (uma aldeia vizinha) e por Fafião.
Sempre que temos intenção de ir até ao Barroso, fazemos o trabalho de casa, ou seja, decidimos quais as aldeias a visitar e traçamos o nosso itinerário, onde nem sempre nos decidimos pelo mais favorável em termos de distância, mas antes pelo mais interessante ou até pelo mais desconhecido.
Pois para irmos até Beçós, a nossa aldeia de hoje que pertence à freguesia de Salto, temos três itinerários possíveis. Um via Soutelinho da Raia, Sarraquinhos, Barracão, Pisões, Venda Nova e Salto, ao todo são 76Km. Podemos optar pela Estrada Nacional 103, ou seja Curalha, Sapiãos, Barracão e o restante itinerário é igual ao anterior. Este segundo itinerário tem mais 100m do que o anterior, ou sejam 76,1Km, a estrada é menos complicada que o itinerário anterior mas também é menos interessante em termos paisagísticos. Pois desta vez o itinerário mais favorável é também o mais interessante, fica a seguir.
Então para irmos até Beçós optámos pela Nacional 103, mas só até Sapiãos, aí virámos para Boticas e depois apanhámos a Nacional 311 que nos ligou a Salto e dai virámos em direção à Póvoa, imediatamente antes desta subimos ao Carvalho e logo a seguir temos Beçós. Ao todo são 60,3 Km, o itinerário é lindíssimo, mas a estrada requer algum cuidado, o seu traçado assim o exige.
Já perceberam mais ou menos onde Beçós poisa, no limite do concelho de Montalegre com o Concelho de Cabeceiras de Basto a apenas 1.4 Km com ligação por estrada e o de Boticas a pouco mais, a 3.5Km, mas sem ligação direta por estrada. Mas sejamos mais precisos e vamos às suas coordenadas: 41º 35’ 57.61N e 7º 54’ 46.64”O. Quanto a altitude andamos à volta dos 950 m. Como sempre fica também o nosso mapa.
Passemos agora ao topónimo Beçós. Os som da pronúncia podem-nos levar e pensar em “besos” ou seja, em beijos na língua castelhana, tanto mais que a aldeia já foi grafada com z, “Bezoos” que hoje seria “Bessós”, como à frente é defendido, mas parece que nada tem a ver com beijos. Vejamos então o que nos diz a Toponímia de Barroso.
Reza assim a Toponímia de Barroso:
Beçós ou Vessós?
Sendo um diminutivo de Beça, provirá de BETULA+OLA > BETULA > BETIOO > BEZOO > BEÇÓ, no plural. Porém, acuso-me de muito duvidoso.
Documenta-se a forma:
- 1258 « et de villa de Lama Chaa et de Bezoos…» INQ 1512
As dúvidas prendem-se com a pouca vocação de terra para criar vidoeiros pela carência de água. Todavia a outra hipótese fica ainda mais difícil devido à forma conhecida que se apresenta grafada com z… Logo, a hipótese de campo arroteado, lavrado, terra virada pela charrua, de versu+ola só nos levaria a vessós, com ss. Ou seja, a terra vessada não deu origem a Beçós.
Prefiro má pronúncia de bouça – Bouçós.
Para além das referências à toponímia da aldeia, nas nossas pesquisas nada mais encontrámos, assim, vamos ter de nos valer das nossas impressões pessoais sobre aquilo que vimos e das conversas que por lá tivemos durante a nossa visita.
Como já atrás referimos, nesta aldeia estamos a uma altitude próxima dos 1000 metros, mas lá em cima, numa espécie de planalto ou de pequenas planícies entre pequenas elevações, o verde impera e por perto tem sempre uma aldeia. Neste caso de Beçós também assim é, ou quase, pois aqui a pequena planície não existe, mas existe o verde dos campos cultivados ou dos pastos.
A aldeia é pequena com casario ao longo da rua principal, onde se formam dois pequenos núcleos de casas que saem um pouco fora da rua, um deles um pouco separado da restante aldeia. Aldeia pequena, pouca gente, mas menos do que aquilo que devia ter. O mesmo de sempre, pois por aqui o despovoamento também se faz notar.
Encontrámos no entanto pelo menos uma família tradicional, ou seja, uma família à moda antiga onde conviviam as três gerações - filhos, pais e avós, coisa que vai sendo rara hoje em dia, pois o que vai havendo mais são apenas avós, se filhos e netos por perto.
Neste caso encontrámos um avô, antigo emigrante que regressou à terra mãe, um pouco também à moda antiga, com os nossos emigrante dos anos sessenta do século passado, daquele grande boom da nossa emigração, mas com emigrantes que na sua maioria regressaram passados uns bons anos, com as suas economias para investirem nas suas aldeias.
Emigrantes à moda antiga com as antigas aldeias ainda cheias de gente, onde ainda tinham irmãos, pais, primos, amigos, vizinhos e umas poulas cultivadas por alguém que ficava. Depois havia a festa de verão da aldeia e as restantes festas ou celebrações, como o natal e a páscoa. Havia de tudo que convidava a vinda religiosa anual e à vinda definitiva depois de ter feito casa nova e de conseguir umas economias para o resto dos seus dias.
E hoje, continuamos a ser um país de emigrantes? Dizem que sim, mas cada vez mais passámos a ser exportadores de portugueses, principalmente e pessoal do interior e rural, tudo porque as antigas referências de família, das suas aldeias cada vez são menos e já não têm por quem regressar. Já não trabalham lá fora para construir casa na aldeia ou para comprar apartamento na cidade, tudo porque os seus lugares de origem não lhe oferecem condições para os seus regressos.
Um desabafo um pouco provocado pela conversa que tive em Beçós com uma das poucas pessoas que vi na aldeia, aliás de pessoas só vi mesmo esse avô o seu neto e penso que a sua filha.
E antes de finalizarmos fica mais uma referência às vistas que desde a aldeia se podem lançar para as montanhas de Cabeceiras de Basto e de seguida as habituais referências às nossas consultas, hoje apenas uma, e os links para os posts dedicados ao Barroso.
Bibliografia
BAPTISTA, José Dias, (2014), Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso
Links para anteriores abordagens ao Barroso:
A
A Água - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-a-agua-1371257
Algures no Barroso: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1533459
Amial - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ameal-1484516
Amiar - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-amiar-1395724
Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-arcos-1543113
B
Bagulhão - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bagulhao-1469670
Bustelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bustelo-1505379
C
Cambezes do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cambezes-do-1547875
Carvalhais - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-carvalhais-1550943
Castanheira da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-castanheira-1526991
Cepeda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cepeda-1406958
Cervos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cervos-1473196
Contim - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-contim-1546192
Cortiço - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1490249
Corva - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-corva-1499531
D
Donões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-donoes-1446125
F
Fervidelas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fervidelas-1429294
Fiães do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fiaes-do-1432619
Fírvidas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-firvidas-1466833
Frades do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-frades-do-1440288
G
Gralhas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhas-1374100
Gralhós - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhos-1531210
L
Ladrugães - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ladrugaes-1520004
Lapela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-lapela-1435209
M
Meixedo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixedo-1377262
Meixide - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixide-1496229
N
Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-negroes-1511302
Nogeiró - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-nogueiro-1562925
O
O colorido selvagem da primavera http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-o-colorido-1390557
Olhando para e desde o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-olhando-1426886
Ormeche - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ormeche-1540443
P
Padornelos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padornelos-1381152
Padroso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padroso-1384428
Paio Afonso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paio-afonso-1451464
Parafita: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-parafita-1443308
Pardieieros - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pardieiros-1556192
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R
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S
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T
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Telhado - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-telhado-1403979
Travassos da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-travassos-1418417
U
Um olhar sobre o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/2016/06/19/
V
Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900
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Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643
Vilaça - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilaca-1493232
Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900
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Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643
X
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Z
Zebral - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-zebral-1503453