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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

27
Jul20

O Barroso aqui tão perto - Coimbró

Aldeias de Barroso - Concelho de Boticas


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Coimbró

 

Como é habitual este blog aos fins de semana mergulha no mundo rural da nossa região, e se aos sábados as aldeias de Chaves têm marcado aqui a sua presença, os domingos têm estado  reservados para as nossas descobertas do Barroso. Primeiro andámos pelo concelho de Montalegre e mais recentemente começámos a abordar (publicar) as aldeias do concelho de Boticas, e hoje cá estamos com mais uma das suas aldeias, Coimbró.

 

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A caminho de Coimbró - Ao fundo, em último plano a serra do Gerês

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A caminho de Coimbró - Em primeiro plano a aldeia de Telhado, Montalegre e ao fundo, em último plano a serra do Larouco

Tentamos fazer em imagem, mas também em palavras, um resumo de cada aldeia, daquilo que tem de mais importante e significativo, daquilo que mais nos atrai, mas não só da aldeia, pois tudo aquilo que a rodeia, o caminho até lá chegarmos e também aquilo que desde a aldeia se alcança, em vistas, também fazem parte do ser dessa aldeia. Daí, tentamos, e sempre que possível deixamos uma ou mais imagens da aldeia vista a uma certa distância, mas também as vistas que vamos captando pelo caminho ou a partir de cada aldeia, que hoje é o caso das duas imagens que ficaram atrás e desde onde se alcança quase todo o Barroso de Montalegre desde a serra do Gerês até à serra do Larouco.

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Mas se as vistas gerais podem ser de encantar, os pormenores, muitos deles, despertam muito mais, quer pelo seu ser curioso, quer pela sua beleza, pela sua singularidade, pela sua raridade, pela sua simplicidade… fazendo a entrada na aldeia de Coimbró, vindos da aldeia do Telhado, encontramos ao nosso lado direito uma pequena capela de devoção a Stª Bárbara, debaixo de um enorme carvalho, no meio de um campo de cultivo, sem qualquer acesso (estrada, caminho ou carreiro). Mais parece uma pequena ilha no meio do oceano… para rematar a entrada na aldeia, um pouco mais à frente, existem umas alminhas no meio da estrada, precisamente onde os dois acessos à aldeia se unem num só, servido na prática de um separador de trânsito. Não é caso único, mas em geral costumam ter um pequeno canteiro ou uma qualquer estrutura de proteção às alminhas, estas, não, são simplesmente alminhas no meio da estrada. Pela entrada e pelas paisagens que se atravessam até chegar à aldeia, a aldeia promete.

 

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Claro que estamos em terras altas da Serra do Barroso, acessos e a própria aldeia estão acima da cota dos 1000 metros de altitude. A aldeia não é visível à distância, as montanhas que lhes tapam as vistas, também, em parte, as protegem ou minimizam do rigor dos invernos, principalmente dos ventos que fazem sempre aumentar a sensação de frio.

 

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Não é uma aldeia pequena, mas também não é muito grande, tem dois pequenos núcleos quase juntos, e algumas construções dispersas fora desses núcleos. À volta da aldeia estão os terrenos de cultivo e as pastagens, estas bem necessárias, pois Coimbró, de entre todas as aldeias que conheço do Barroso, foi aquela onde vi mais gado graúdo (bovinos), de várias raças, entre as quais, a barrosã.

 

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Quanto à sua localização, é uma das aldeias da Serra do Barroso, bem lá no alto, toda a aldeia está acima dos 1000m de altitude. As aldeias mais próximas são Casas da Serra, Vila da Ponte, Telhado e Ormeche, no entanto, por estrada, só tem ligação com Casas da Serra e Telhado. Com Vila da Ponte liga-se por um estradão de montanha, em terra batida e com Ormeche não tem ligação direta, a mais próxima é via Vila da Ponte.

 

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Quanto ao nosso itinerário para lá chegar, sempre a partir de Chaves, há duas alternativas principais, que podem ter umas variantes. Ambas com início na EN103 (Estrada da Braga). Uma delas é maioritariamente pela EN103 até aos Pisões, aí abandona-se a EN e atravessa-se o paredão da Barragem e logo a seguir a este, na Lama da Missa, segue-se em direção ao Telhado e logo na entrada da aldeia, no largo, vira-se à esquerda em direção a Coimbró. Por este trajeto são 63.7Km. O que nós recomendamos é via Boticas e depois a ER311 até pouco depois da Carreira da Lebre, a seguir vira-se em direção a Carvalhelhos e ainda antes desta aldeia, vira-se à esquerda em direção a Atilhó e Alturas de Barroso. Nesta última aldeia, como tem 3 saídas, embora estando assinaladas as direções que cada uma toma, recomendo mesmo assim perguntar a alguém (que de certeza vai encontrar, pois nas Alturas há sempre gente na rua) onde é a saída para Coimbró. Depois é seguir sempre por essa estrada até Coimbró. Irá encontrar um entroncamento com um desvio à esquerda, mas não ligue e siga em frente.

Mas para uma ajuda, fica o nosso mapa.

 

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No regresso, recomendo outro itinerário. Um deles poderá ser ou outro itinerário alternativo de ida, mas ao contrário, ou seja, Telhado, Pisões, Chaves. Mas recomendo que regresse pela estrada que entrou na aldeia até ao entroncamento (a 3,5 km) que sai para Cerdedo. Ao chegar a Cerdedo vire à esquerda em direção ao Boticas, e o resto já sabe como é… Este itinerário de regresso é uma variante ao itinerário de ida, assim, pode fazer tudo ao contrário, ou seja, ir até Coimbró via Cerdedo e regressar pelas Alturas do Barroso.

 

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Que mais há a dizer sobre Coimbró!? Pois talvez a simpatia e hospitalidade das pessoas com quem conversámos, que na nossa visita para recolha de imagens em 6 de outubro 2017, essa simpatia e hospitalidade teve um sabor redobrado, principalmente depois do episódio pelo qual tínhamos acabado de passar na aldeia do Telhado, não com a população, mas com um empreiteiro que andava a trabalhar na via pública. A cena, que poderia ter dado para o torto, mas que felizmente terminou em bem, passou-se quando eu saí do carro para perguntar ao pessoal das obras por onde poderia ir para Coimbró, uma vez que eles tinham a rua cortada ao trânsito e era mesmo impossível passar com as obras.

 

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Mal comecei a dirigir-me para o que supostamente seria o empreiteiro patrão ou encarregado da obra, ele já corria em direção a mim, exaltado, que nem sequer me deu oportunidade de perguntar nada, e continuando exaltado, muito exaltado, disse-me que não podia tirar fotografias e que nos partia as máquinas…(não foram bem estas as palavras dele, pois a linguagem foi bem mais forte, à moda de transmontano exaltado que, se tivesse de passar em reportagem de TV, estaria pejada de pis). Ora o meu espanto à reação do homem, é que eu nem sequer estava com a máquina fotográfica, mas o meu parceiro de viagem sim, a uns 50m atrás de mim, que aproveitou a paragem para tomar umas fotografias da aldeia. Afinal a máquina que ia já para o piiiiiiiiii, era a do meu parceiro. Eu bem fui dizendo ao exaltado, e na mesma linguagem para que ele me percebesse bem -  “oh chefe! eu estou-me a piiiii para a sua obra, quero que ela se piiiiii, o que eu quero é saber por onde posso ir para Coimbró…” Como não obtive resposta e o exaltado continuou exaltado, voltei para o popó, fiz marcha atrás e lá perguntei depois a uma pessoa da aldeia qual era a alternativa para ir para Coimbró. O caricato da questão, é que a rua em obras não tinha saída e a de Coimbró, sempre esteve desimpedida… Erro nosso que nos poderia ter saído caro. Mas a estória não termina aqui…

 

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Ora mal chegámos a entrada de Coimbró encontrámos uma grande manada de vacas a pastar e a nossa paixão pelo gado, provocou logo a paragem do popó e o pegar nas câmaras fotográficas para uns cliques. Por sorte o dono estava por perto, e pelo sim pelo não, depois da cena passada há apenas alguns minutos, fui-lhe perguntando se não se importava que tirassemos umas fotos às vacas. “Claro que não me importo, estejam à vontade…” respondeu pronto e até agradado. Depois disto contei-lhe o que se tinha passado na aldeia do Telhado, e ele riu-se e explicou-nos qual deveria ter sido a razão para tal. Ora estávamos a 6 de outubro de 2017, as eleições autárquicas tinham acontecido uma semana antes e ainda estava quente uma polémica qualquer com aquelas obras, em que parece que até teve honras de noticias na televisão e na imprensa escrita, daí, o meu interlocutor me ter dito “as tantas pensaram que vocês eram jornalistas…”.

 

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Claro que também em Coimbró,  às pessoas com quem conversámos, dissemos quem éramos e ao que íamos, como sempre fazemos nas aldeias, e as pessoas recebem sempre bem quem vai por bem, para além de que estas conversas e apresentação servem para abrir caminho à indicação de algumas coisas interessantes para fotografar na aldeia e que sem a ajuda ou indicação das pessoas da aldeia dificilmente encontraríamos algumas delas. Em geral, queremos sempre fotografar as capelas e igrejas, fontes e tanques, cruzeiros e alminhas, fornos do povo, moinhos, um pouco do casario típico e mais antigo, relógio de sol, gado nas ruas ou pastagens quando o há, as paisagens envolventes e vistas para mais além, as cascatas, a vida nas ruas e na aldeia, pormenores e singularidades, tudo que seja de interesse para fazer um post dedicado à cada aldeia.

 

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Afinal de contas queremos apenas mostrar o quão interessantes são estas aldeias para serem visitadas e incluí-las num roteiro turístico deste Barroso que tem tanto de fama, como de desconhecido, e afinal de contas, o que de mais interessante tem o Barroso, são mesmo as suas aldeias e o viver da aldeia, aqui e ali ainda com uns resquícios de um viver comunitário e de uma interajuda entre vizinhos que ainda se mantém.   

 

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Agora, sobre a aldeia de Coimbró,  vamos ao que encontrámos nas nossas, como por exemplo na sua Monografia - Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas:

 

Festas e Romarias

- Santo Amaro,* 15 de Janeiro.

- Nossa Senhora da Saúde, Agosto.

 

Património Edificado:

- Capela de Santo Amaro.

- Casa do Morgado.

- Casario Tradicional - Património em vias de Classificação.

- Forno do Povo.

 

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Também nas nossas pesquisas encontrámos algumas referências aos moinhos de Coimbró, a existência de 7 moinhos em cerca de 500m. Confessamos que não vimos nenhum, mesmo porque os moinhos exigem mais tempo para serem abordados e nesta ronda pelas aldeias de Barroso fomos deixando quase todos os moinhos para trás, a não ser que estejam dentro da aldeia ou junto a caminhos e estradas, dessem sim, vamos fazendo o registo. Mas tal como costumamos dizer, convém deixar sempre qualquer coisa interessante por ver, assim, ficará justificada um nova ronda pelas aldeias, nem que seja e só para ver estas coisas interessantes que nos foram escapando.

 

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Também apurámos em algumas notícias e estudos que a aldeia de Coimbró está em vias de ter o seu Património classificado. No entanto não consegui apurar que tipo de património é, se toda a aldeia, se o conjunto de moinhos, etc. Também não sei o que implicará esta classificação. Em principio este tipo de classificações é boa para as aldeias, mas não basta classificar, depois é preciso agir e fiscalizar, mas também, no que respeita a património privado, são necessários apoios.

 

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Isto das classificações é muito bonito, compreende-se e até se exige, embora no que respeita às nossas aldeias tipicamente transmontanas, a maioria destas medidas pecam por tardias, mas também têm os seus senãos, principalmente no que diz respeito aos privados. Em geral exige-se muito e apoia-se pouco ou nem sequer há apoios. Não se entende, por exemplo se determinada intervenção em património arquitetónico numa reconstrução exigir escavações arqueológicas ou outro tipo de intervenção do género, que tenham de ser os privados a suportar os custos dessas escavações, pois é sabido, que se nessas escavações for encontrada qualquer coisa de interesse, é e passa a ser do interesse público, ou seja do estado, que nalguns casos até chega a “hipotecar” ou impossibilitar a reconstrução que se pretende levar a efeito, ou seja, o privado paga uma pipa de massa, quem usufrui da descoberta é o interesse público, ou seja o estado, ou seja todos nós, e o privado, apenas lucra em prejuízo. E por isso, que muitas vezes é preferível não mexer, deixar cair, nada fazer…

 

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Estes post são sempre um bocadinho longos, mas é mais por causa das imagens, pois assim ficamos com uma ideia do que são estas aldeias, coisa que é impossível mostrar em apenas uma ou duas imagens, assim fica mais completo, embora compreenda que a grande maioria não vai ter paciência para ler tudo isto, principalmente hoje em dia em que as baboseiras  rápidas das redes sociais são mais eficazes, mas há ainda muito boa gente que lê e gosta de saber, mesmo que poucos, vale a pena o esforço de vir aqui com estes posts. E agora, como é habitual, terminamos com o vídeo resumo, com todas as imagens publicadas sobre a aldeia. Espero que gostem.

 

 

BIBLIOGRAFIA

CÂMARA MUNICIPAL DE BOTICAS, Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas - Câmara Municipal de Boticas, Boticas, 2006

 

WEBGRAFIA

http://www.cm-boticas.pt/

 

 

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