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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

25
Set16

O Barroso aqui tão perto... Frades do Rio


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Hoje vamos até Frades do Rio que, pelo apelido já sabemos localizar-se perto do Rio Cávado, a pouco mais de seis quilómetros da sede do concelho, Montalegre, a Poente desta vila e junto à Estrada Municipal Nº308, a única que sai de Montalegre para esses lados e que passa pelo Campo de Futebol e do Sr. da Piedade.

 

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Uma aldeia pela qual já tínhamos passado diversas vezes, ou ao lado, pela estrada,  mas que nunca tínhamos entrado na sua intimidade para verdadeiramente a ficarmos a conhecer, e diga-se que as aparências iludem mesmo, pois a aldeia é muito mais interessante do que aquilo que aparenta.

 

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Da aldeia tínhamos como referências a visitar o Altar da Moura, a Cividade de Frades e a ponte velha sobre o Cávado, no entanto já sabemos que nem tudo que é apontado como ponto de interesse tem interesse para nós e a par, há outras coisas que os livros não mencionam, que acabam por despertar o nosso interesse e Frades do Rio não é uma exceção. Dos três locais apontados apenas a ponte velha despertou o interesse da objetiva. Mas fica aqui a referência ao Altar da Moura, um penedo e à Cividade de Frades que descrevemos a seguir:

 

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Pois aquilo que é apontado com Cividade de Frades, são vestígios de um povoado de época romana localizados no fundo da vertente Sudeste do Castro de Frades, em terrenos agrícolas. Aquando da lavra dos campos, neste espaço apareciam restos de “tegullae” e cerâmica comum romana, espólio comum a povoados de época romana. Acredita-se que este povoado seja posterior ao castro. De interesse histórico e arqueológico mas que fica de fora deste nosso projeto de trazer aqui em imagem as aldeias barrosas.

 

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Cividade de frades - Vestígios de um povoado de época romana localizados no fundo da vertente Sudeste do Castro de Frades, em terrenos agrícolas. Aquando da lavra dos campos, neste espaço apareciam restos de “tegullae” e cerâmica comum romana, espólio comum a povoados de época romana. Acredita-se que este povoado seja posterior ao castro.

 

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Mas entremos então em Frades do Rio pela primeira das suas entradas como quem vem de Montalegre onde logo à entrada registámos uma grande casa que aparenta ser alvenaria de tijolo e rebocada,  mas que posteriormente confirmámos ser construída em perpianho de granito e que embora hoje abandonada ainda deixa ver bem os traços de casa abastada. Trata-se da antiga casa de um dos antigos padres da Aldeia.

 

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Mais acima e um pouco desviada do núcleo de Frades do Rio uma outra casa que também sai fora do traço comum das outras, também ela em perpianho de granito à vista, igualmente de aparência abastada e esta, ao contrário da anterior, bem conservada e pensamos que habitada, embora ser  habitação permanente. Trata-se da casa de família de um dos ilustres Barrosões de Montalegre que inclusive tem uma pequena escultura com o seu busto no centro da Vila de Montalegre à vista. Trata-se da casa de família e busto do Dr. Vitor Branco, este sim, que eu já há muito tempo conhecia, não só por ser protagonista de algumas das histórias que a minha mãe levava aos serões de lareira  do meu tempo de infância mas também por ser um dos protagonistas do “Lobo Guerrilheiro” de Bento da Cruz.

 

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No I volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses, de Barroso da Fonte, a respeito de Vítor Branco diz-se o seguinte:

“Vítor Branco nasceu em Frades, concelho de Montalegre, em 23 de Março de 1863, sendo o décimo filho de um lar de onze. De seu nome completo Victor Manuel Gonçalves Branco, pelos 7 anos foi deslocado para Cabril, para casa do irmão que ali era pároco (Bento José Pereira Branco), de modo a fazer alia quarta classe visto que no lugar de Frades não havia escola. Feita a escola primária novo rumo: freguesia do Eiró, para junto de outro padre (de nome Venâncio), estudando Latim. A terceira meta é Braga, onde seguiu o exemplo dos dois irmãos clérigos, frequentando o Seminário, durante cinco anos. Dali, após constatar que não era aquele o seu melhor caminho, rumou até Coimbra, onde conheceu grandes vultos da cultura portuguesa, como António Nobre, Alberto de Oliveira, Antero de Quental. “

 

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E continua:

“Durante a sua permanência na Lusa Atenas, soube granjear amizades e impor se como democrata que procurou ser, logo que regressou a Montalegre, feito advogado. Aí abriu banca e fez sucesso, lutando contra os "Canedos" com os quais travou uma luta até ao fim da sua vida. Bento da Cruz editou, em 1995 o livro: Victor Branco escritor Barrosão vida e obra (Editorial Notícias) e aí escreve: "Foi neste meio tacanho, com três bacharéis em Direito e um em Medicina, que o jovem Victor Branco começou vida como vereador efectivo da Câmara e tabelião privativo de notas. “

 

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E continua:

Em 20.2.1895 casa com uma senhora de família aristocrática de Vermoim, arredores de Famalicão. Nesse mesmo ano candidata se à presidência da Câmara pelo partido progressista, tendo como opositor, outro ilustre barrosão: Dr. José Joaquim Álvares de Moura, natural de Covelães que concorria pelo partido regenerador. Perdeu as eleições. Mas em 1898, desforrava se, após ter publicado Cartilha Eleitoral, opúsculo onde acusava os seus adversários, de forma exaustiva. Só que em 1901, em novo acto eleitoral, justifica os seus fracassos, sobretudo na florestação que apenas resultou, em três freguesias do concelho, onde os irmãos padres (Bento e Guilherme) tinham bastante influência. Perdeu a Câmara a favor do adversário Germano Augusto Rodrigues Canedo, só voltando ao poder, em 1911. Em 1913 voltava a perder a presidência.”

 

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E continua:

“Entretanto, por razões de herança da mulher, é forçado a fixar residência em Vermoim, abandonando um palco de operações políticas que o celebrizara e que o levaria a escrever: "Fidalgo na minha terra, juíz na minha comarca e tocador de burros em qualquer parte". Em 1922 volta a concorrer e volta a ganhar até ao 28 de Maio, em que com a ditadura de Salazar, perde irremediavelmente o poder local. Morreu em 16 de Dezembro de 1947. Deixou alguns livros publicados: Carta Aberta, em forma de Crónica (1936), Reminiscências do Passado e Almanaque de Lembranças Locais (1941). Está perpetuado na toponímia de Montalegre, onde ficou mais conhecido pelo Dr. Bitro. Teve os seguintes filhos, todos ilustres e todos nascidos em Montalegre: Maria Cecília de Aguiar Branco (26.12.1895), falecida em Amarante, em 22.2.1973; Isabel Maria de Aguiar Branco (4.9.1899), falecida no Porto, em 3.6.1980; Ana da Glória de Aguiar Branco (31.10.1901), falecida em Lordelo do Douro, em 19.1.1980; Victor Manuel de Aguiar Branco (17.9.1904; 16.5.1927); Guilherme Francisco de Aguiar Branco (1.1.1909); Maria da Glória de Aguiar Branco (15.4.1911), falecida no Porto, em 18.12,1993; Fernanda Victória de Aguiar Branco (24.3.1913) e falecida em Lisboa, em 2.1.1978; Maria Eugénia de Aguiar Branco (23.10.1914), falecida no Porto, em 8.2.1985.

 

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Ainda a respeito do Dr. Vítor Branco, também a sí há uma referência, mais breve, no livro “Montalegre” de José Dias Batsista:

“Dr. Vítor Branco (séc. XIX - XX) nasceu em Frades do Rio, em 1863. Democrata de lei, foi um Barrosão de peso, tanto na barra dos tribunais como na política e ainda lhe sobrou tempo para escrever – e bem! – algumas belas páginas na língua pátria. As mais delas podem ser catalogadas na gaveta literária das Polémicas mas não deixam de ser bem nossas e de ter o que fazem dele um grande homem, um grande barrosão e um grande escritor. Morreu em 1947.”

 

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Mas continuemos na descoberta de Frades do Rio com a ajuda de um dos seus filhos de nome José de Jesus, ex-emigrante agora reformado que, simpaticamente, nos acompanhou na visita à aldeia e nos mostrou e alertou para os tais pontos de interesse que não vêm nos livros e que sem a ajuda do qual não descobriríamos ou ficaríamos a conhecer, como o caso do imponente carvalho secular que pelo seu porte terá mesmo alguns séculos de existência. Também foi com o Sr. José de Jesus que descobrimos o itinerário da via sacra da qual ainda restam algumas cruzes e a cada de família do Dr.Vítor Branco, bem como a visita às adegas, uma delas a sua, cuja frescura convidava mesmo a entrar no passado e bem quente dia 2 de setembro. Por último fica a referência ao conjunto do casario tradicional maioritariamente ainda com o granito à vista e sem grandes alterações, havendo mesmo algumas recuperações feitas com gosto, à pequena capela mas interessante, ao cruzeiro e uma das fontes.

 

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Para terminar a referência à ponte velha sobre o Rio Cávado que tem como substituta uma mais recente e bem menos interessante, suponho que construída aquando da construção da albufeira de Sezelhe. Esta ponte é popularmente apelidada de “Romana” e notoriamente a sua estrutura em pedra tem origens remotas, não existindo contudo qualquer certeza da sua origem. Mas dada a ocupação romana do território e a proximidade de algumas vias romanas e as características da ponte, não nos custa a acreditar que seja romana.

 

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E é tudo, restam os habituais créditos às consultas efetuadas cujas referências aqui ficam:

 

Bibliografia consultada:

 

“Montalegre” de José Dias Baptista, edição do Município de Montalegre, 2006

“ I volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses, de Barroso da Fonte, Guimarães, 1998

 

E ficam também os links para as anteriores abordagens deste blog ao Barroso e suas aldeias:

 

A Água - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-a-agua-1371257

Amiar - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-amiar-1395724

Cepeda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cepeda-1406958

Fervidelas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fervidelas-1429294

Fiães do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fiaes-do-1432619

Gralhas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhas-1374100

Lapela   - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-lapela-1435209

Meixedo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixedo-1377262

O colorido selvagem da primavera http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-o-colorido-1390557

Olhando para e desde o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-olhando-1426886

Padornelos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padornelos-1381152

Padroso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padroso-1384428

Pedrário - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pedrario-1398344

Pomar da Rainha - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pomar-da-1415405

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

Tabuadela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-tabuadela-1424376

Telhado - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-telhado-1403979

Travassos da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-travassos-1418417

Um olhar sobre o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/2016/06/19/

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

São Pedro - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-pedro-1411974

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

 

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