O Barroso aqui tão perto... Ladrugães
Em finais de julho do ano passado lá arrancámos nós mais uma vez em direção ao Barroso de Montalegre para recolha de imagens de mais algumas aldeias. Geralmente tentamos aproveitar o sol da manhã, quando o há, mas mesmo com sol encoberto, aproveitamos a luz.
Quando o sol está a pique, batemos em retirada com destino a um local próximo onde se possa confortar o estomago, coisa que no Barroso não é tarefa complicada, antes pelo contrário, às vezes só se torna complicado escolher o local, pois quanto ao resto, já sabemos que vamos gostar.
Tal como na fotografia onde não devemos andar com pressas, onde devemos deixar que o vagar nos sugira alguns cliques ou nos leve ao encontro deles, também à mesa tomamos o nosso vagar, mas mesmo com os vagares da fotografia há que repor forças e de verão, há que deixar que o sol amanse. Assim, só levantamos da mesa quando achamos que está na hora de ir rumando a casa, mas parando nas aldeias por onde passamos para mais uns cliques de recolha de imagens.
Pois à nossa aldeia de hoje, Ladrugães, já chegámos lá pelo meio da tarde. É uma aldeia cuja aproximação se faz de um modo agradável. Antes de entrar na sua intimidade deixa-se ver no seu conjunto, arrumadinha e juntinha, pelo menos aparentemente, tal como é aparente ser uma aldeia com muita construção nova e/ou novas reconstruções, senão recentes, são pelo menos do último quartel do século passado, o que, em geral, significa ser aldeia com muitos emigrantes. Talvez seja o caso, mas não temos dados para afirmar com certeza.
Depois de entrarmos na aldeia constatamos aquilo que ela mostra à distância, há de facto muita construção nova, com novos materiais, os que agora comummente se usam, bem longe da singeleza das antigas construções de pedra de granito à vista, onde a madeira e às vezes o ferro lhes faziam companhia. Em suma, uma aldeia que mantém a sua estrutura típica de aldeia na maneira como se arruma, mas que perdeu a beleza do conjunto das construções típicas transmontanas e barrosas, principalmente daquelas que ainda mantêm o testemunho do murete de amparo às coberturas de colmo, embora hoje sem ele.
Na intimidade da aldeia, quanto a pessoas, vai sendo aquilo a que já nos vamos habituando, pouca gente, aliás, que recorde, apenas vimos duas pessoas, ambas representadas na nossa recolha fotográfica. Certo que o dia estava quente e na rua, só mesmo à sombra é que se estava bem. O fresco das casas pela certa que era mais convidativo, e alguns ainda estariam na sesta que os dias quentes convidam a prolongar. Mas há por Ladrugães sinais de despovoamento e de ausência de gente jovem e crianças, pelo menos as suficientes para manter a escola a funcionar, pois hoje Casa do Povo.
Com menos ou mais gente, há ainda a suficiente para cultivar os campos que rodeiam a aldeia, e dá gosto vê-los cultivados com o verde a alegrar a paisagem ou o amarelo a pedir colheita e pelo testemunho da quantidade de canastros, a terra parece ser generosa, aliás o Barroso que se vive em Ladrugães já é bem diferente do Alto Barroso, e o verde dos campos está lá para o provar, mesmo estando-se ainda em terras altas, com olhares lançados para a Serra do Barroso e bem perto, do lado oposto, aspereza das alturas da Serra do Gerês.
A aldeia de Ladrugães implanta-se entre os 760 e os 860 metros de altura, encostada à montanha na vertente da margem direita do Rio Rabagão. Não muito distante, na outra margem do Rio Rabagão e quase em frente, ergue-se a Serra do Barroso com o seu cartão de visita – os cornos do Barroso – bem visíveis e a jeito da fotografia.
Dentro da aldeia gostámos de ver algumas coisas que por lá existem. As latadas por cima das ruas dão sempre um certo encanto às aldeias. Os canastros são sempre agradáveis de ver na paisagem das aldeias, as alminhas também marcam presença no centro da aldeia seguindo as características de outras alminhas localizadas em circunstâncias idênticas, ou seja, incorporadas nas paredes ou muros das casas, esta de Ladrugães, com a particularidade de estar localizada nas traseiras de uma fonte/tanque/bebedouro, de frente para que se serve da água.
Apreciámos como sempre o casario típico, em Ladrugães apenas aquele que resistiu à modernidade e a novas intervenções, mas o que existe não deixa de ser interessante. E por último a igreja, não muito grande, mas também não é muito pequena, de linhas simples, com o seu alçado principal também muito simples encimada por uma torre sineira também simples, de um único sino, por baixo da qual foi colocado um relógio, idêntico e comum ao de outras igrejas trasmontanas. Ao contrário do que é mais comum, esta igreja na se encontra no centro da aldeia, mas sim na periferia da aldeia, em frente ao cemitério.
Ao longo deste post já fomos dando uns palpites quanto à localização da nossa aldeia de hoje, mas sejamos mais precisos. Comecemos pelas coordenadas:
41º 43’ 03.96” N e 7º 55’ 07.30” O
Ou seja, localizada entre as barragens dos Pisões (a 5,4 Km), de Paradela (a 5,6 Km) e da Venda Nova (a 2,3 Km). As distâncias indicadas são em linha reta, pois por estrada aumentam ligeiramente, principalmente a distância até à barragem de paradela que por estrada passará a ser de 8 km, no mínimo, dependendo da estrada que se tome. E se há barragens, há rios, localizando-se Ladrugães entre Rio Cávado na sua margem esquerda e o Rio Rabagão, bem mais próximo, na sua margem direita. Tudo isto é só por uma questão de localização, pois nenhuma das barragens ou rios tem influência direta sobre a aldeia. Quanto às aldeias mais próximas, temos a um lado Reigoso ( a 1,5 Km) e Vila da Ponte (a 2 Km) do outro lado, com a Estrada Nacional 103 a 1.700 m.
Ladrugães pertence à freguesia de Reigoso, concelho de Montalegre, freguesia que nos últimos Censos (2011) tinha 171 pessoas como população presente, ou seja o costume, aldeias cada vez mais despovoadas e envelhecidas sem quaisquer politicas que contrariem esta tendência.
Já deixámos as nossas impressões pessoais sobre Ladrugães, já localizámos a aldeia estaria na hora de falar um pouco da sua história, dos seus ilustres e de outras coisas de interesse. Infelizmente essa parte não depende de nós, mas sim daquilo que existe em documentos sobre a aldeia, daquilo que está escrito sobre ela e encontrar esses documentos e informação, se existir. Tentei tudo, como sempre, mas desta vez, ou mais uma vez pouco encontrei, a não ser a referência a um castro. Já é alguma coisa.
Mais ou menos entre Ladrugães e Vila da Ponte, ligeiramente mais a norte de ambas as aldeias, está referenciado um castro – o Castro do Valongo que assenta num pequeno esporão. Este morro assume uma forma quase piramidal e está ladeado pelo corgo do Valongo. Castro do Valongo que, como a grande maioria, nele só foram encontrados alguns vestígios, como a existência de vários fragmentos de cerâmica e escoria de fundição.
E na ausência de mais informação, vamos ficar por aqui, com referências às nossas consultas e os habituais links para posts anteriores sobre o Barroso.
Bibliografia
Costa, José - Povoamento e organização do território na Proto-História entre as Serras do Gerês, do Barroso e da Cabreira: o caso do Baixo Rabagão - Seminário de Projecto em Arqueologia - Faculdade de Letras da Universidade do Porto - Porto, 2006
Links para anteriores abordagens ao Barroso:
A Água - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-a-agua-1371257
Amial - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ameal-1484516
Amiar - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-amiar-1395724
Bagulhão - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bagulhao-1469670
Bustelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bustelo-1505379
Cepeda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cepeda-1406958
Cervos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cervos-1473196
Cortiço - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1490249
Corva - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-corva-1499531
Donões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-donoes-1446125
Fervidelas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fervidelas-1429294
Fiães do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fiaes-do-1432619
Fírvidas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-firvidas-1466833
Frades do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-frades-do-1440288
Gralhas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhas-1374100
Lapela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-lapela-1435209
Meixedo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixedo-1377262
Meixide - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixide-1496229
Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-negroes-1511302
O colorido selvagem da primavera http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-o-colorido-1390557
Olhando para e desde o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-olhando-1426886
Padornelos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padornelos-1381152
Padroso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padroso-1384428
Paio Afonso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paio-afonso-1451464
Parafita: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-parafita-1443308
Paredes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paredes-1448799
Pedrário - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pedrario-1398344
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Roteiro para um dia de visita – 1ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104214
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