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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

19
Ago18

O Barroso aqui tão perto - Lamachã


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Vamos lá, mais uma vez, até ao Barroso aqui tão perto, hoje para a aldeia de Lamachã, no limite do concelho de Montalegre a apenas 400 metros do concelho de Boticas.

 

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Lamachã é uma daquelas aldeias que não calha nos habituais itinerários do Barroso, e embora não seja uma aldeia de fim de estrada, pois é servida por uma estrada secundária que liga ao concelho de Boticas via aldeia de Lavradas, aldeia essa, que está nas mesmas condições de Lamachã. Daí ser uma estrada mais utilizada para atalhos, principalmente pelas aldeias vizinhas ou para quem conhece a região.

 

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Nós passámos lá há uns anos pela primeira vez por, precisamente utilizando-a como um atalho mas também por curiosidade. Na segunda vezque lá fomos, já foi de propósito para fazer a nossa recolha fotográfica, decorria então o mês de outubro de 2016, ao fim da tarde, em hora não muito própria para fotografar, quer pela luz que já não estava no seu melhor, quer pelo nosso cansaço de todo um dia à caça de fotografias, o que faz com que a inspiração também  se distraia.

 

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Pois ao rever as fotografias desse dia de outubro de 2016, para além do que atrás dissemos, sentimos que eram poucas para mostrar o todo da aldeia, daí, há coisa de um mês atrás fomos por lá outra vez, desta vez a horas decentes, ainda pela manhã, fresquinhos e com boa luz. Desta vez sim, sem qualquer desculpa para não termos feito o trabalho como deveria ser, e se não fizemos melhor, é porque não o sabemos fazer, para além de estarmos, isso sim, sempre condicionados àquilo que a aldeia tem para oferecer. Mas tudo correu bem.

 

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Lamachã é uma aldeia típica do Alto Barroso, mesmo porque está implantada a uma cota superior aos 1000 m de altura e no grande planalto que se vai desenvolvendo entre a Serra de Barroso e a Serra do Larouco, embora a aldeia esteja em plena Serra do Barroso.

 

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Já fomos deixando por aqui a sua localização, pois já sabemos que está a 400 metros do concelho de Boticas e na Serra do Barroso, talvez falte acrescentar que é uma das aldeias das proximidades da barragem dos Pisões (margem esquerda) a apenas cerca de 3Km, igual distância à aldeia de Negrões, onde aliás se toma a estrada que dá acesso a Lamachã. Mas também pelo final do seu topónimo “chã” podemos localizar a aldeia. Mas vamos ao itinerário a partir da cidade de Chaves, no final do qual deixaremos o nosso habitual mapa onde localizamos a aldeia no contexto do Barroso.

 

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O itinerário que recomendamos para chegar até Lamachã a partir de Chaves é via EN103 (Estrada de Braga), mas temos uma variante, embora até Sapiãos seja caminho comum. Pois a minha proposta é ir por um lado e regressar por outro, ou seja, para lá vamos sempre pela EN103 até ao Barracão, aí saímos à esquerda e tomamos a estrada municipal EM525 que liga a Criande/Morgade, ou seja, aí teremos a barragem dos Pisões à nossa frente. Deveremos seguir pela EM525 em direção a Negrões sempre junto à barragem. Em Negrões abandonamos a EM525 e tomamos a EM519 em direção a Lamachã. De Negrões a Lamachã são 2.7Km. Por este itinerário, ao todo serão 45.4km.

 

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No regresso, podemos vir via Boticas, ou seja, depois de Lamachã continuamos pela EM519 até Lavradas e logo a seguir apanhamos a EM520 em direção a Carvalhelhos, logo a seguir apanhamos a EN311 em direção a Boticas, passando pela Carreira da Lebre. Em Boticas seguimos em direção a Sapiãos onde entramos na EN 103 (Estrada de Braga), mas em direção a Chaves. Este regresso é de 38Km, mais curto que a ida. Claro que pode fazer tudo ao contrário, ir via Boticas e regressar via Barracão.

 

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Já a seguir vamos àquilo que encontrámos nas nossas pesquisas, começando pela monografia de Montalegre e logo na nossa citação inicial compreenderão porque recomendei o itinerário mais longo para chegar a Lamachã. Já agora, também eu recomendo a rota que ficará a seguir.

 

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Então diz assim o livro Montalegre:

 

A grande rota das barragens

Vamos propor um passeio ao longo das albufeiras que se espraiam pelos vales dos rios Cávado e Rabagão. São cenários majestosos de água e serra, bem vivos nos prazeres da pesca, da vela do flyserf,  do remo, da canoagem e do esqui, ou no gosto da vitela barrosã, do cabrito,  das trutas  e das carpas.

 

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E continua:

Fixe como ponto de partida a vila de Montalegre. Saia em direcção à EN 103, Braga - Chaves, seguindo em direcção às aldeias da Aldeia Nova do Barroso – aldeia dos Colonos - Morgade, Negrões, Lamachã e Lavradas, já no concelho vizinho, para ter acesso ao grande miradouro do Vale do Rabagão, que são os “Cornos das Alturas”. Lamachã e Vilarinho Seco são aldeias pequenas de rosto antigo, sorridentes nas expressões populares e rodeadas de pastos, campos de milho e centeio. Na descida para Lama da Missa pare e admire o vasto panorama da albufeira da barragem do Alto Rabagão. A truta, o escalo, a boga e a carpa são as principais espécies piscícolas existentes nesta albufeira, considerada como a maior do Norte de Portugal. Em Penedones, o Clube Náutico e de Aventura do Alto Rabagão organiza passeios de barco na albufeira para grupos até 16 pessoas, bem como regatas, passeios a pé, ou de bicicleta de montanha. Neste local está instalado o Parque de Campismo Municipal e passa também o GR 117 – Via Romana XVII.

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E continuamos no livro Montalegre:

Pelo termo de Codessoso passava um caminho medieval importante que servia diversos lugares da enorme paróquia da Chã, ao tempo das Inquirições de D. Afonso III: Negrões, Vilarinho, Lamachã, Morgade, Carvalhais e Rebordelo, Fírvidas e Gralhós, além das herdades ribeirinhas do Regavam (sic).

 

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Ainda no livro Montalegre:

 

Negrões

Também esta freguesia integrou a Comenda da Chã às Clarissas de Vila do Conde, pelo rei de D. Dinis. Em 1862, nasceu em Vilarinho de Negrões, Domingos Pereira. Ordenado padre e já abade de Refojos (Cabeceiras) contra vontade de seu tio, o também padre João Albino Carreira, filiado no Partido Regenerador, filiou-se no Partido Progressista. Fiel ao seu credo partidário, tornou-se amigo íntimo de Paiva Couceiro e recusou aderir à República em 1910. Perseguido, como os outros chefes monárquicos, após a estrondosa derrota, no espaldão da carreira de tiro, em Chaves, foi condenado a 20 anos de penitenciária. Conseguiu colocar no Brasil os seus “soldados, na ordem de alguns milhares” e regressou a Espanha e à sua actividade conspiratória. Conspirou a vida inteira. Depois da amnistia de Sidónio Pais, teve acções preponderantes na proclamação da “Monarquia do Norte”, em 1919, participando nos combates de Cabeceiras, Mirandela e Vila Real. Restaurada a República exilou-se em Espanha e foi condenado à revelia a 20 anos de prisão maior. Excluído, como Paiva Couceiro, da amnistia concedida aos monárquicos, regressou em segredo, em 1926, a Cabeceiras, onde viveu até 1942. Por falar em condenações, é de lembrar a condenação de José Pereira, de Lamachã, em 1947, a 29 anos e meio de cadeia “acusado de ser o autor moral” dum crime que de certeza não cometeu. Eram assim os tribunais e juízes fascistas.

 

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E o que nos diz a Toponímia de Barroso!? – Não sei. Mas já vamos ver.

Então diz assim:

 

Lamachã

 

São dois vocábulos acoplados: Lama e Chã, isto é, o nome comum LAMA do latino LAMA, que significa lodo, água  e terra; com o adjectivo PLANA>PLAA>CHAA>. Está documentada ainda com os dois vocábulos separados (ao que não me oponho) e referida a um povoado desaparecido, na freguesia de Salto.

-1258 «et de villa de Lama Chaa etc,».

No Arqui. Hist. Port. Já não existe a Lama Chã de 1258 de Salto mas existe a Lama Chaa, com cinco fogos, na sua freguesia de Negrões. É muitas vezes conhecida pelo dialectal oxítono Lamachão (quadra).

 

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E a Toponímia Alegre, o que nos diz:

 

Negrões, trinta vizinhos

Quarenta ladrões

E o padre quarenta e sete!

 

Quereis saber onde moro?

Eu dou-vos a direção:

Moro na rua do forno,

Correio de Lamachão!

 

De Lamachão

Nem bom homem

Nem bom cão!

 

Os de Lamachão

O que dizem à noite

Esquecem pela manhão.

 

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Várias referências a existência de um Castro em Lamachã, desde a listagem de castros em Montalegre de autoria do Padre Lourenço Fontes e confirmada na listagem de castros no “ O Archeologo Português”: Povoado da Idade do Ferro a apresentar uma estrutura defensiva constituída por duas linhas de muralhas circundantes e, do lado Este, por um fosso, atualmente usado como caminho. Na plataforma superior são evidentes os entalhes na rocha, onde entroncaria a muralha. A linha de muralha mais exterior foi recentemente reaproveitada para suportar um caminho.


Na zona intramuros são evidentes os restos de construções, tendo sido encontrados por todo o povoado fragmentos cerâmicos indígenas.

 

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Bem queríamos deixar por aqui outras informações sobre Lamachã, mas nada mais encontrámos nas nossas pesquisas. Por nós gostámos do que vimos e pela certa que o atalho por Lamachã nos irá servir mais vezes, pelo que estaremos atentos a novos motivos que por lá nos possam surgir.

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E ficamos por aqui. Ficam ainda as habituais referências às nossas consultas e dizer-vos que as abordagens que já fizemos às aldeias e temas de Barroso estão agora no menu do topo do blog, mas também nos links da barra lateral. Se a sua aldeia não está lá, em breve passará por aqui num domingo próximo, e se não tem muito tempo para verificar se o blog tem alguma coisa de interesse, basta deixar o seu mail na caixa lateral do blog onde diz “Subscrever por e-mail”, que a SAPO encarregar-se-á de lhe mandar um mail por dia com o resumo das publicações, com toda a confidencialidade possível, pois nem nós teremos acesso à vossa identidade e mail.

 

 

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

BAPTISTA, José Dias, Montalegre. Montalegre: Município de Montalegre, 2006.

BAPTISTA, José Dias, Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso, 2014.

 

 

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