O Barroso aqui tão perto... Meixedo
O forno do povo com a serra do Larouco ao fundo
Continuando os nossos domingos por terras do Barroso. Hoje vamos até Meixedo, que, para quem vai de Chaves, via Vilar de Perdizes ou via Pedrário, é a última aldeia por onde passamos para chegar Montalegre, apenas a cerca de 4 quilómetros do centro da Vila.
Ainda recordo de, na viagem de Chaves até Montalegre, ter de atravessar pelo centro das aldeias que nos ficavam no caminho. Com a nova estrada as aldeias ficam-nos ao lado, pelo que, para as conhecermos temos de deixar a estrada principal e entrar nas aldeias, e, em geral, para quem gosta de conhecer as nossas aldeias, vale sempre a pena entrar nelas, principalmente se mantêm a sua integridade de aldeia sem grandes atentados da modernidade.
Meixedo embora próxima da Vila de Montalegre, não sofreu muito com as novas intervenções no casario. Há algumas, mas poucas e de entre elas até as há em que o bom gosto de preservar o existente.
Mas vamos lá entrar em Meixedo. Como sempre nas terras que não conhecemos tentamos encontrar alguém que nos dê dois dedos de conversa e nos conte algumas coisas da aldeia e nos alerte para quilo que no seu entender devemos visitar, ver e fotografar. Em Meixedo encontrámos a Srª Maria Rua, ou Maria do “Brasileiro”, pois segundo a senhora é assim que ela é conhecida. Tem oitenta e poucos anos, viúva, com três filhos na América e um em Lisboa e vive numa das tais casas onde houve o bem gosto na recuperação.
A senhora Maria falou-nos da casa da sineta situada no largo principal (na 2ª foto de hoje) e que ainda se via de sua casa. Casa da sineta por ter um sino, ser do povo e por ter servido para convocar o povo, dar alertas de incêndio ou juntar a vezeira. Era também uma das casas do boi do povo. Falou-nos ainda do forno do povo, da fonte de mergulho e da igreja matriz. Coisas da aldeia que o seu filho de lisboa via às vezes na internet. Depois de lhe dizermos ao que andávamos, precisamente à caça de imagens para trazermos Meixedo à internet, lançamos-lhe o desafio de fazer uma surpresa ao filho, com uma foto sua também na net. Acedeu embora lamentasse não estar lá muito bem arranjada para a fotografia.
Pois em vez de uma foto deixamos duas, mas a Srª Maria Rua não é a única a estar por aqui hoje. Pois depois de conversarmos com ela, uma jovem da aldeia quis saber ao que andávamos. Curiosidade natural e até de precaução para quem vê estranhos a meter o bedelho nas suas aldeias. Habituados à pergunta lá lhe fomos responder ao que íamos e vai daí, já que era de fotografias que se tratava apontou-nos o Sr. António “Americano” para constar da reportagem. E o Sr. António disse que sim, mas só se ela também ficasse na foto. Pois o prometido é devido e aqui estão.
Continuando com as imagens à margem do casario, vamos a outra. Como em todas as aldeias há sempre um galã, às vezes loiro e de olhos azuis. Aliás ter olhos azuis é quase sinónimo de ser galã e em Meixedo também há olhos azuis, mas não em gente, mas no seu melhor amigo. Para além dos Husky Siberianos e outros familiares seus, admito que nunca tinha visto um cão com olhos azuis, bem clarinhos, quase brancos. Um bonito exemplar ao qual não resisti tomar também uma foto.
Mas não ficamos por aqui, pois da penúltima vez que passámos por Meixedo assistimos a uma curiosa invasão do campo de futebol, pois não era de gente, mas de vacas. Mas afinal não se tratava de nenhuma invasão, mas sim de um atalho a caminho da corte. Também não resistimos a tomar uma imagem, e cá ficam as vacas e a baliza.
Regressemos ao casario e a um pouco da história da Meixedo, que na ausência de informação própria, recorremos àquela que está disponível na net, em dois sítios, no do Município de Montalegre e no da Junta de Freguesia. No sítio do município encontrámos um pouco da história:
“Como Gralhas e outras mais,Meixedo foi uma das honras de Barroso. Por ser lugar honrado os reis não possuíam aí reguengos. Bem pelo contrário o seu termo (só de Meixêdo) constituía “um couto coutado por padrões separados que coutou o Senhor Rei Afonso primeiro ao Hospital” (à ordem dos Hospitalários). Esta tinha sido fundada após a conquista de Jerusalém pelos Cruzados, em 1099. Por ser a única dádiva à dita Ordem dos Hospitalários, em Barroso, a gente de Meixedo deve considerar-se muito honrada. A Capela de São Sebastião é um dos poucos sinais vivos da enormíssima devoção a este Santo, depois da peste de 1570, e, sobretudo, após o renascimento do Sebastianismo, com a morte de D. Sebastião, em 4 de Agosto de 1578”
No sítio da Junta de Freguesia na net a informação é mais pormenorizada, começando por um breve historial:
“É muito provável que o topónimo da freguesia derive de “Ameixêdo”, contudo existem opiniões segundo as quais, a sua origem seria do árabe “Machad” que significa entrada violenta.
A origem da freguesia é pré-histórica, tendo sido aqui identificado um dólmen, no Monte do Facho. Também algumas mamoas aqui existentes podem atestar a antiguidade desta freguesia.
Meixedo foi uma das honras de Barroso. Por ser lugar honrado os Reis não possuíam aí reguengos. Bem pelo contrário o seu termo (só de Meixedo) constituía “um couto coutado por padrões separados que coutou o Senhor Rei Afonso primeiro ao Hospital” (à ordem dos Hospitalários). Esta tinha sido fundada após a conquista de Jerusalém pelos Cruzados, em 1099. Por ser a única dádiva à dita Ordem dos Hospitalários, em Barroso, a gente de Meixedo deve considerar-se muito honrada.
A Capela de São Sebastião é um dos poucos sinais vivos da enormíssima devoção a este Santo, depois da peste de 1570, e, sobretudo, após o renascimento do Sebastianismo, com a morte de D. Sebastião, em 4 de Agosto de 1578.”
Ainda no sítio da freguesia há uma pequena descrição do seu património e pontos turísticos de interesse, nomeadamente da Igreja Matriz e da Capela de S.Sebastião de estilo tardo-barroco popular, construída no ano de 1813, tendo ao lado um curioso calvário com sete cruzeiros.
As fontes, o forno do povo idêntico ao de outras aldeias barrosãs, com cobertura em lajes de pedra, a casa senhorial e casa da sineta já atrás referida, um cruzeiro e as alminhas, os moinhos e o tanque do eirão, este apontado como ex-libris da aldeia de Meixedo, a dar as boas vindas no largo central aos seus visitantes. Magnifica construção do ano 1785. São outros ponto de interesse indicado no sítio da Net da Junta de Freguesia.
O mesmo sítio da Net da Freguesia aponta ainda como património arqueológico as Mamoas da Veiga, um conjunto megalítico que remonta ao 3º milénio a.C. e como património natural os penedos do Cavalo de Pau e os fraguiços da pala.
Para terminar só falta referir o Orago de Meixedo que é a Nossa Senhora da Natividade.
Ficam também os sítios consultado na net:
Anteriores abordagens deste blog a aldeias ou temas do Barroso:
A Água - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-a-agua-1371257
Gralhas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhas-1374100
Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977
Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302
Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900
Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489