O Barroso aqui tão perto - Minas de Beça
Aldeias e lugares do Barroso
O levantamento fotográfico para a abordagem das aldeias do concelho de Boticas que tenho deixado aqui nos domingos dos últimos meses, foi iniciado em 2011, mas com mais intensidade, de levar tudo a eito, em 2017 até 2019, sendo este último o ano em que dei como encerrado o levantamento, ficando apenas a Vila de Boticas com o levantamento incompleto, mas a completar em qualquer altura. Pensava eu, tendo como base um mapa que até me foi fornecido pela Câmara Municipal de Boticas, que tinha fotografado todas as localidades do concelho, no entanto, não foi bem assim.
Para a abordagem no terreno, fui-me valendo dos mapas disponíveis, no entanto e no entretanto, fui reunindo outra documentação e informações para posterior abordagem, aqui no blog, de cada uma das aldeias do concelho de Boticas. Logo cedo fui-me dando conta que havia coisas que não batiam certo, e algumas ainda não consegui esclarecer. A primeira aldeia que não constava do mapa e que a descobri quando ainda estava a tratar das aldeias de Montalegre, mais precisamente as aldeias dos colonos, foi Pinhal Novo. Por sua vez, há uma que me aparece no mapa, mas que no terreno não consegui encontrar, trata-se de Caldas Santas, localizada bem próxima de Carvalhelhos e que acabei por dar como sendo pertença de desta aldeia.
O aprofundar do estudo da documentação que tenho em meu poder e de outra à qual recorro, só acontece mesmo quando vou abordar essa aldeia, ou no caso do concelho de Boticas, quando abordo as aldeias de toda a freguesia, como atualmente está a acontecer com a freguesia de Beça, onde curiosamente, encontrei todas estas discrepâncias entre o que há documentado e o que consta nos meus mapas, em outros mapas a que tive acesso. Pois ao chegar a esta freguesia, nas primeiras pesquisas que fiz, nomeadamente na página oficial da C.M. de Boticas, na listagem dos lugares da freguesia aparecem:
Freguesia de Beça
Povoações:
- Beça
- Carreira da Lebre
- Carvalhelhos
- Lavradas
- Pinhal Novo
- Quintas
- Seirrãos
- Vilarinho da Mó
- Torneiros
- Minas de Beça
Ora, com esta listagem, fiquei esclarecido quanto às Caldas Santas não serem uma povoação, e confirma-se o Pinhal Novo, que é certo que é uma aldeia recente mas existe e está lá bem visível aos olhos de todos. Outra povoação que me aparece nesta lista mas que está ausente em muitas outras, é a Carreira da Lebre, também bem visível que é um povoado recente e que eu, por essa ausência em quase todas as listagens a que tive acesso das aldeias de Boticas, e dado a proximidade à aldeia de Quintas, dei como a Carreira da Lebre ser pertença desta aldeia, mas afinal na página oficial da CMB aparece como sendo uma povoação da freguesia de Beça. Ora como esta me apanhou desprevenido e embora tenha algumas fotografias da Carreira da Lebre, a verdade é que não são suficientes para a elaboração de um post, e daí não ter aparecido aqui o seu post a seguir à aldeia de Beça, isto seguindo a metodologia que tenho seguido até aqui em fazer estas abordagens por ordem alfabética.
Mas a povoação que aparece nesta listagem das povoações da freguesia de Beça que me apanhou mesmo desprevenido, foi a povoação de Minas de Beça, pois só há 1 mês é que a vi mencionada pela primeira vez na listagem que tenho vindo a referir e que até consta no mapa da freguesia nos cadernos da “Prevenção dos Hábitos Comunitários nas aldeias do concelho de Boticas” . Pois esta descoberta tardia pôs mesmo em risco o poder trazê-la hoje aqui, pois sem fotografias não há post e eu não tinha nenhuma fotografia da povoação, mas era fácil de resolver, pois a distância não é muita e bastava destinar uma manhã de sábado ou domingo para chegar lá e fazer a recolha fotográfica, isto se os nosso dias corressem com a normalidade do decorrer dos dias normais, mas neste tempo de pandemia, não podemos fazer planos, mesmo que a curto prazo, pois podem-nos sair gorados, tal como aconteceu comigo.
Pois acontece que antes do sábado que tinha previsto ir por lá à caça de fotografias, graças ao bicho da pandemia, por ter estado em contacto com pessoas contaminadas, fui obrigado a fazer uma quarentena e a ficar confinado em casa, que felizmente tudo correu bem, daí como terminava a quarentena numa sexta-feira, programei o sábado logo a seguir para ir às Minas de Beça, mas por azar meu, e dado o grade número de casos que o concelho de Chaves teve, o Gorveno confinou-nos ao nosso concelho durante o fim-de-semana, proibindo-nos a saída dele, como o tempo apertava e já não havia mais sábados disponíveis, fui obrigado a gozar um dia de férias para finalmente ir a Minas de Beça, e fui, na esperança de ficar tudo resolvido mas…
Pois, mas…, fui, depois de ter feito o trabalho de casa, ou seja, o ter estudado os mapas do local, ver quais os caminhos para lá chegar e de lá sair, localizar a povoação que logo entendi não existir, mas antes, isso sim, existiam uma série de construções dispersas, algumas isoladas, outras em banda, e a aparência era a de que muitas delas estariam em ruínas, etc. Já no terreno confirmei isso mesmo, uma construção aqui, outra acolá, um conjunto de construções em banda e já quase quando estava a terminar avistei uma pessoa, no meio da estrada, junto a uma das casas, que, ao aproximar-me verifiquei serem duas pessoas, o Sr. Marcelino e a esposa, a D. Aurora, que num plano mais baixo, ao lado da estrada, tratava da horta, à boa maneira barrosã, onde ainda havia um bocadinho de tudo, mas sobretudo uns talhões de couve penca e troncha, a lembrar-nos de que o Natal está à porta, enquanto o Sr. Marcelino, soubemos depois, se preparava para ir botar o gado à pastagem. Mas voltemos ao mas que ficou para trás esquecido…
Pois em conversa com o Sr. Marcelino, ao dizer-lhe ao que andávamos e que as Minas de Beça era a única “povoação” que nos tinha escapado no concelho de Boticas, ele nos surpreende ao dizer que nós já estávamos no concelho de Montalegre e que as antigas minas estavam todas no concelho de Montalegre, isto enquanto nos ia apontando onde ficava a linha imaginária do limite dos concelhos de Montalegre e Boticas. E de facto assim é, ao chegar a casa pude comprovar isso mesmo, as minas e algumas habitações e antigos bairros das casas dos mineiros se encontram no concelho de Montalegre, mas também há algumas no concelho de Boticas, nomeadamente um armazém em ruinas que tudo indica ter sido um armazém de apoio à minas.
Quanto ao casal Sr. Marcelino e D. Aurora, hoje os únicos habitantes do lugar, mais um primo do Sr. Marcelino, portanto três no total, resta-nos agradecer a simpatia e hospitalidade com que nos recebeu e as preciosas informações que nos forneceu, senão iria hoje cometer aqui um erro crasso ao dedicar este post apenas às Minas de Beça de Boticas. Sr. Marcelino que é um descendente de um avô e pai mineiro, de quando aquilo estava cheio de gente, mas que tal como ele disse, o local não tardará outra vez a estar repleto de gente, com esta história do Lítio. E de facto, basta deitar um olho ao Google Earth para ver que no local e a contar por alto as marcas que deixaram no terreno, já se fizeram por ali cerca de uma centena de sondagens. Minas que, como veremos mais à frente, sempre existiram ao longo dos tempos, e o couto mineiro de Bessa já o era pelo menos nos tempos em que os romanos também andaram por lá.
Assim e resumindo, o complexo das antigas minas, ou couto mineiro de Bessa, as últimas a serem explodas até depois de meados do século passado, distribuíam-se dentro dum círculo com um diâmetro de 2,5km em que mais ou menos metade dessa área pertence ao concelho de Montalegre, bem próximas da aldeia de Carvalhais, Morgade e Rebordelo, e a outra metade ao concelho de Boticas, sendo a aldeia mais próxima, Vilarinho da Mó, daí, os créditos deste post serem também divididos pelos dois concelhos e fica assim também explicado do porquê de hoje o título ser Minas de Beça – Boticas e Montalegre – e o “mas…” que atrás deixámos. O seu a seu dono.
Mas abordemos então aquilo que resta das Minas de Beça e os caminhos para lá chegar. Pois como sempre, no trabalho de casa traçamos o nosso itinerário para lá chegar. Desta vez optámos por ir sempre pela EN103 até ao Alto Fontão, ali mesmo onde se pode virar para Beça, por um lado e para a Serra do Leiranco, do lado oposto.
No estudo da zona vimos um local que seria interessante para fotografar o conjunto de um pequeno aglomerado de casas, havendo um caminho de terra até lá, para tal teríamos de atravessa a aldeia dos colonos de Pinhal Novo. O local que tínhamos em mente era mesmo junto ao rio Beça, onde existem umas poldras, mas na ausência de uma ponte, para visitarmos de perto esse pequeno conjunto de casas, teríamos de voltar para trás, regressar ao Alto Fontão e a partir de aí tomar uns caminhos de montanha de terra batida, e esse tal conjunto, no nosso itinerário, seria um dos últimos a visitar, mas nem tudo sai como planeamos, pois uma coisa é o estudo dos mapas e cartas e outra a realidade.
Acontece que enquanto estávamos a fotografar esse conjunto, uma carrinha todo terreno passou junto desse conjunto de casas do outro lado do rio, espanto nosso, quando fomos a dar conta a carrinha já estava junto a nós no lado de cá do rio Beça, rio que ainda estava a uma ou duas centenas de metros de nós e que o arvoredo não deixava ver as tais poldras, mas que pelos vistos também existiria um pontão, e antes de voltar para trás, resolvemos perguntar ao proprietário da carrinha se existia pontão, ao que nos respondeu que não, que não era preciso, pois atravessava-se diretamente pelo rio.
Ora também lá fomos e também o atravessámos. Baralhou-nos um bocado o nosso itinerário pré-programado, pois passamos a fazer as visitas ao contrário, mas poupámos tempo e meia dúzia de quilómetros, mas não vai ser esse o itinerário que vos vou deixar, pois parto do princípio que os itinerários que aqui recomendo são para poderem ser feitos por automóveis ligeiros, embora os que fiz seja mais recomendados para viaturas todo o terreno, a verdade é que também vimos por lá um ligeiro, só não sei é se conseguirá atravessar o rio Bessa. Mais vale não arriscar e ir por estrada pavimentada.
Ora então o nosso itinerário para chegar à zona das Minas de Bessa, com início como sempre na cidade de Chaves, é via N103 até ao Alto Fontão, não há nada que enganar, a seguir a Sapiãos quando aparecerem as primeiras casas, mesmo no final de toda a subida, está no Alto Fontão. Se a N103 começar a descer, já vai enganado, mas não se preocupe, pois estão lá as placas na estrada a indicar a saída para Beça. Logo a seguir vai passar ao lado da aldeia dos colonos, Pinhal Novo, e quando chegar a Beça, terá que entrar na aldeia e seguir as indicações das placas, onde estão assinaladas as Minas de Beça e também Vilarinho da Mó. Em caso de dúvidas, vá perguntado na aldeia, pois há sempre gente nas ruas. Se chegar até ao rio Beça, está no bom caminho.
Depois de atravessar a ponte sobre o Beça, terá que percorrer apenas cerca de 1,2Km e abandonar a estrada por onde vai, que é quase seguir a direito, pois a estrada nesse local faz uma curva de 360º. A partir de aí, está a entrar no território das Minas de Beça. Tal como já atrás disse, não existe nenhuma povoação, existem sim, num raio de 2,5km algumas construções isoladas, pequenos conjuntos de 3 a 4 construções, e dois conjuntos de 5 ou 6 casas em banda. Quanto às minas propriamente ditas, esqueça, o melhor é não as procurar, pois já não há nada para ver, ou praticamente nada, apenas algumas ruinas pouco visíveis e encobertas pelo mato. A visita vale pelas paisagens e pelas margens do Rio Beça, pelo contacto com a natureza onde até as grandes aves de rapina nos sobrevoam nas calmas, quase como que nos ignorando… Para ajudar a chegar até as Minas de Beça, ficam também os nossos mapas.
Como não há aldeia, isto no conceito típico de aldeia, quando muito há, ou houve, um povoamento disperso à volta das Minas de Beça, isto atualmente e nos últimos tempos, então sem aldeia, vamos abordar as minas, que essas sim, existiram como minas, não só nos últimos tempos até há coisa de 50 a 60 anos, embora hoje inativas, mas desde sempre, conforme as necessidades do tipo de mineral a explorar, existem indícios de que terão existido outras, do tempo da ocupação romana, por exemplo, pois ao que parece a riqueza geológica do local tem dado para várias explorações de minério diferente, o mais recente, parece ter sido o estanho, quando o estanho fazia falta, tal como as de volfrâmio no tempo da segunda guerra mundial. Agora chegou a vez do lítio e que não haja dúvidas, pois a força da necessidade atual, e num futuro próximo, de lítio, será suficiente para se seguir em frente com a sua extração. S€mpr€ foi assim € s€mpr€ assim s€rá. Então. Lançando mão de alguns trabalhos académicos e outros estudos, quer no campo da geologia ou do ambiente, nomeadamente o florestal, vamos ver o que se diz e tem dito sobre este couto das minas de Beça.
In MINERAÇÃO E POVOAMENTO NA ANTIGUIDADE NO ALTO TRÁS-OS-MONTES OCIDENTAL - CARLA MARIA BRAZ MARTINS (COORD.), encontrámos o seguinte:
N.º 050: Beça, Lavra de Beça, Cervos Descrição: Os trabalhos mineiros desenvolvem-se numa encosta sobre o rio Beça, num substrato xistoso, com grandes cortas (3 paralelas) e trincheiras (2). Admitem-se ser trabalhos antigos, romanos, apesar da existência de exploração contemporânea.
Na mesma publicação, de autoria de João Manuel Farinha Ramos*
* LNEG (S. Mamede de Infesta)
Encontrámos o seguinte:
Das ocorrências deste tipo salientam-se as antigas minas de Sn e W de Carvalho em Vilar (Boticas), e as de Lavradas, Monte da Agrova N.º 3 e Monte das Vargelas todas em Beça, (Boticas). Nestas minas ocorrem filões e filonetes quartzosos e micáceos com cassiterite e volframite, encaixados numa formação metassedimentar de idade silúrica, nas proximidades do contacto com um granito de grão médio, tendência porfiróide, biotítico, sintectónico e depósitos aluvionares também mineralizados. A antiga mina Carvalho entre 1937 e 1971 produziu 30,6 t de mistos de cassiterite e volframite, e a de Monte das Vargelas 10,3 t de volframite e cassiterite em 1952.
De autoria de Pedro Miguel Azevedo Paredes em “Prospecção de ocorrências filonianas do tipo LCT nas formações metassedimentares entre Boticas e Montalegre (N de Portugal) - Dissertação de Mestrado - Mestrado em Geologia – Ramo Valorização de Recursos Geológicos - Universidade do Minho, Escola de Ciências, encontrámos o seguinte:
Mais recentemente, em 2014, a Comissão Europeia publica novo relatório sobre as matérias-primas consideradas essenciais (numa actualização do primeiro relatório elaborado em 2010), em que introduz o estanho nessa lista (mantendo o tungsténio na lista das matérias-primas consideradas críticas),(...)
Também por essa razão (aliada à componente histórica), além do tungsténio o presente trabalho abarca a extracção do estanho (a partir da cassiterite), que foi uma das principais actividades do Couto Mineiro do Bessa.
Apesar da importância do couto mineiro anteriormente referido, o conhecimento geológico da área é limitado, destacando-se apenas:
- A publicação “Jazigos portugueses de cassiterite e volframite”, de Cotelo Neiva (1944), onde o autor refere a natureza filoniana do jazigo, com numerosos filões de pegmatito granítico, registando possanças de alguns centímetros a 35 centímetros, com direcção geral NW-SE (concordantes com os planos de xistosidade do xisto encaixante) e inclinação geral NE, sendo por vezes de 40º relativamente à vertical. Realça também a existência de filões perpendiculares a estes últimos, ricos em cassiterite, sendo que a região metalífera mais rica é a que se encontra próxima da mancha granítica. No livro encontram-se ainda estudos sobre: as rochas eruptivas vizinhas, as rochas encaixantes e o greisen do Bessa; a mineralogia do pegmatito granítico e respectiva paragénese, destacando-se a presença, essencialmente, de quartzo e feldspato potássico, tendo como minerais acessórios, entre outros, a volframite e a cassiterite.
A exploração mineira nesta zona remonta ao tempo dos romanos. No Boletim de Minas de 1938, referente às minas de Monte Agrove nº1 e Carvalho, aparece a seguinte citação: “Foram explorados aluviões ricos em cassiterite e volframite e resíduos de antiquíssimas fundições de estanho, provavelmente romanas, pois que nelas foram encontradas duas moedas de prata dessa época. Estes resíduos contêm, como é natural, a volframite, que então não era aproveitável. O povo dá o nome de agrovas às escavações antigas.” (Nunes, J. P. Avelãs; 2010). Inicialmente, o foco principal da exploração incidia nos filões pegmatíticos do tipo LCT, com mineralizações de cassiterite, para extracção do estanho. Acessoriamente, eram explorados concentrados de columbite-tantalite e ilmenite.
As referências mais antigas da exploração no Couto Mineiro do Bessa, referidas em relatórios da Circunscrição Mineira do Norte, remontam a 1918 (minas da Corga das Domingas e da Cova da Mêda). De acordo com o mesmo organismo, de 1956 a 1965, foram produzidos 108t de cassiterite, com 60% a 75% de teor. Nesse mesmo período, produziu também 6t de concentrados de tantalite-columbite, com 30% de Ta2O5. Nas concessões de Carvalho, Estanheira e Palheiros, pertencentes ao mesmo Couto, foram produzidos, respectivamente: 11t de volframite e 26t de cassiterite; 2t de cassiterite; e 3t de cassiterite. Além do Sn e do W, também foram explorados recursos minerais não metálicos, como o quartzo e o feldspato (Ramos, Rui; 2003).
Não propriamente sobre as minas mas sobre o povoamento florestal desde que a última exploração encerrou, encontrámos um trabalho de autoria de Raquel López, Engenheira florestal, visto em http://www.sinergeo.pt/evolucao-da-paisagem-no-couto-mineiro-de-beca-por-raquel-lopez/ , e consultado em 14-11-2020, que diz o seguinte:
Apesar da escassa presença humana, existiam algumas culturas agrícolas com grandes áreas de pasto, localizadas principalmente à esquerda da exploração mineira.
Em redor das cortas a classe mais representativa era o estrato arbustivo.
Ao longo dos anos, ou seja, após 53 anos o quadro é bastante diferente e a intervenção humana tem muito a ver com a transformação da paisagem.
Em 2011 as espécies florestais de coníferas são as que verificaram um maior crescimento em área. Desta vez, o estrato arbóreo (o pinheiro, o carvalho vermelho, o carvalho negral, o castanheiro, o amieiro, o choupo, o vidoeiro, o eucalipto, etc.) é a classe mais representativa, muito diferente do que se verificava em 1958, onde a classe arbustiva era a vegetação dominante e a arbórea a de menor ocupação. Nos arredores da exploração, onde antes crescia vegetação de tipo arbustiva em competição com o mato, agora crescem povoações recentes de pinheiros e em menor superfície povoações de eucaliptos.
As povoações humanas são maiores e é observado um pequeno aumento na presença de culturas agrícolas, de localização semelhante como em 1958. Em 2011não foram observadas alterações significativas na distribuição dos pastos. Estes estão distribuídos mais ou menos pela mesma área e ocupando superfícies semelhantes em ambos anos.
Ao comparar ambos anos com o 2006 a paisagem volta a trocar. Em 2006 era praticamente dominada por uma mancha densa composta principalmente de plantações de pinheiro de duas classes de idade diferentes, porém mais velhas do que as plantações de pinheiros que estavam a crescer em 2011. Por outro lado, a paisagem de 2006 também está longe do que ela era em 1958 (lembre-se que o mesmo espaço estava ocupado principalmente por arbustos).
Atualmente, e apesar de ter passado apenas quatro anos, a paisagem nas imediações da mina amostra-se de novo diferente com respeito a como ela se apresentava em 2011. Durante este período houve uma série de incêndios que causaram o desaparecimento de uma grande parte da floresta, interrompendo novamente o crescimento natural da vegetação e, consequentemente, alterando a paisagem.
Resulta, portanto, que esta região tem sido sujeita fortemente a fatores (quer sejam de origem humana ou natural) que repetidamente alteraram a evolução natural da vegetação, transformando a paisagem significativamente, em períodos curtos.
E estamos a chegar ao fim deste post, hoje idêntico a todos os anteriores desta série, mas também, em tudo diferente, não tivemos uma aldeia mas sim umas minas, só que, para já desativadas, mas vimos o que delas restou, ou melhor, o que a elas sobreviveram, o casario disperso, também ele moribundo, mas não todo, pois existem sempre resistentes que por uma ou outra razão insistem em ficar e vão ficando.
Só nos resta o vídeo final com todas as fotografias hoje aqui publicadas, e no próximo domingo cá estaremos novamente, com mais uma aldeia da freguesia de Beça, do concelho de Boticas, e aí, será uma aldeia a sério, mas que também tem os seu mas. Chama-se Pinhal Novo e é uma das 7 aldeias de colonos que Salazar mandou construir no Barroso, esta, a única a ser construída no concelho de Boticas, as restantes 6 foram construídas no concelho de Montalegre.
Aqui fica o vídeo, espero que gostem:
Agora também pode ver este e outros vídeos no MEO KANAL Nº 895 607