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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

19
Jun22

O Barroso aqui tão perto - Pinho

Aldeias do Concelho de Boticas


1600-Pinho desde Vilarinho VPA

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Iniciamos hoje a abordagem de mais uma freguesia do concelho de Boticas, a freguesia de Pinho. Seguindo a metodologia que temos seguido para o concelho de Boticas, vamos abordar as aldeias da freguesia por ordem alfabética, calhando assim a abertura da freguesia à aldeia que é sede de freguesia e dá nome à mesma – Pinho.

 

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Freguesia de Pinho que além desta aldeia possui mais duas aldeias, a aldeia de Sobradelo e Valdegas, todas nas encostas de montanhas com vertentes para o Rio Tâmega, sendo este o limite de freguesia a Nascente, mas também limite do concelho de Boticas e limite do Barroso, fazendo fronteira com os concelhos de Chaves e Vila Pouca de Aguiar. Bem podemos dizer que a freguesia, é uma freguesia de limites…

 

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Hoje para além da aldeia de Pinho faremos também a abordagem a um dos santuários mais importantes do concelho de Boticas, o Santuário do Senhor do Monte, isto por ser um Santuário da freguesia, pois em proximidade, é a aldeia de Valdegas a que fica mais próxima, a uns escassos 500m de distância.

 

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Já que iniciámos com a localização da freguesia e suas aldeias, deixemos a sua localização completa, bem como o nosso itinerário recomendado para chegar até lá, que desta vez não precisamos de ir por aquela estrada que habitualmente nos leva até terras de Boticas, pois temos como mais próximo e melhor caminho, a Nacional 2 até à entrada de Vidago, mais propriamente até à ponte seca onde devemos deixar a EN2 e apanhar a R311, esta sim bem nossa conhecida nas andanças por Boticas, uma vez que é a estrada que mais aldeias serve no concelho, atravessando-o de uma ponta à outra no sentido nascente-poente, sendo o contrário também verdade. Em suma, para os flavienses, deixamos a EN2 e rumamos em direção à Paria de Vidago, Souto Velho e Anelhe, sem entrar nestas duas aldeias, mas seguindo sempre pela estrada principal após a ponte sobre o Tâmega (Praia de Vidago), onde a umas centenas de metros à frente entramos no Concelho de Boticas e Freguesia de Pinho, ficando a aldeia a menos de 6Km. No total, entre Chaves e Pinho, são 25,7Km. Ficam os mapas para melhor orientação e entendimento.

 

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Quanto à freguesia e aldeia de Pinho, ficando já nas montanhas com vertentes para o Rio Tâmega e a uma cota que varia entre os 500 e os 600 m, já assume características de transição entre o Barroso da terra fria e a terra quente que tem em frente para lá das serras do Brunheiro e da Padrela, daí o cultivo da terra já com espécies muito variadas e árvores de fruta, mas também a proximidade da sede do concelho, de Vidago e Chaves, fazem com que Pinho seja uma aldeia grande, que rebentou com as costuras do núcleo antigo da aldeia e se tivesse expandido para novos bairros e ao longo da estrada e caminhos.

 

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Vamos agora passar àquilo que se diz sobre Pinho na monografia botiquense “Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas”, começando pela descrição geral da freguesia.

 

Localização geográfica: A freguesia de Pinho situa-se na parte Sudeste do concelho de Boticas.

Distância relativamente à sede do concelho: aproximadamente 5,5 km .

Acesso viário: Pela ER 311, sentido Vidago, virando na indicação Pinho.

Área total da freguesia: 22,4 km2.

Localidades: Pinho, sede de freguesia, Sobradelo e Valdegas.

População: 478 habitantes.

Orago: Santa Marta

Festas e Romarias: Senhor do Monte, último domingo de Julho.

Património Arqueológico: Castro do Mouril Povoado da Lage / Prados

Património Cultural e Edificado: Calvário (Pinho), Santuário do Senhor do Monte

 

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FESTA DO SENHOR DO MONTE

Esta festa realiza-se anualmente no último domingo de Julho, no Santuário do Senhor do Monte em Pinho. Localizado na Serra do Facho, é um dos maiores santuários do Concelho, tem uma igreja com duas torres, a casa dos andores, e à volta uma vasta zona de pinheiros e um espaço para merendas.

 

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Conta a lenda, perpetuada pela tradição oral, que no tempo de antigamente não havia lá nada, apenas um caminho por onde passavam os almocreves que tudo comerciavam. O espaço onde hoje está localizado o Santuário era local de descanso onde costumavam parar e onde se encontrava um nicho onde os almocreves colocavam uma esmola apelando à protecção divina que os protegesse dos ladrões. Até que um dia, segundo a lenda, apareceu nesse sítio, em cima de um monte de pedras onde ainda hoje se podem ver as pegadas, o Senhor do Monte. As gentes da terra pegaram no Santo e levaram-no para a Igreja de Pinho, mas o Santo teimava em aparecer no mesmo lugar. Até que as pessoas se renderam à sua vontade e construíram uma capelinha junto ao lugar onde ele apareceu e no monte de pedras colocaram uma cruz. Com o passar do tempo o dinheiro das esmolas foi sendo cada vez mais. Tal fama de protector conquistou, que construíram uma igreja em pedra, carrada em carros de bois pelos lavradores das aldeias da freguesia.

 

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É considerado o protector dos animais e em sua honra realiza-se anualmente esta festa. Manda a tradição que no sábado, dia reservado à bênção dos animais, os lavradores levem o gado até ao Santuário e com ele dêem três voltas à igreja. Muitos são os percorrem longas distâncias, não só do concelho, mas também de concelhos vizinhos, outrora a pé, agora em carrinhas, para levarem os seus animais até ao santuário em busca da protecção do Santo. Nesse dia, dizem os fiéis, apesar da grande concentração de animais nesse espaço, não se vê uma mosca no pinhal. As esmolas das promessas ou agradecimentos pela protecção ou benesse recebida costumavam ser dadas em centeio, mas agora costumam dar dinheiro. No domingo o santuário enche-se de fiéis para assistirem à celebração religiosa e à majestosa procissão com diversos andores, que se realiza em volta do Santuário, acompanhada por várias bandas musicais. Depois, a festa prossegue, animada por um conjunto. Muitos são os que trazem merendas de casa e aproveitam para almoçar no recinto.

 

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A esta festa acorrem também muitos vendedores ambulantes com os mais diversos produtos.

 

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TRADIÇÕES

Casamento

Em Pinho, no dia antes do casamento, é costume juntar-se um grupo de rapazes e percorrem as ruas da aldeia a tocar buzinas aos noivos.

 

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Os Caminhos

São espaços comunais utilizados pela população para se deslocarem no espaço territorial da aldeia. Dado que todos utilizam estes espaços, o seu arranjo e manutenção era feito pela comunidade aldeã. Assim, no final do Inverno e início da primavera, o Regedor e o Cabo de Ordens, mais tarde substituídos nessas funções pelo Presidente da Junta ou um seu representante, ou o Presidente do Conselho Directivo, à saída da missa, no largo junto à igreja, convocavam o ajunto ou ajuntamento do povo (um homem de cada casa) para ir aos caminhos. No dia combinado, geralmente aos sábados, ao toque do sino, o povo juntava-se num largo da aldeia, junto a uma igreja ou capela, e iam dar um jeito aos estragos provocados pelos rigores do Inverno e limpar os caminhos. Se, na generalidade das aldeias, participava nestes trabalhos o povo todo junto, nos dias marcados para arranjar os caminhos, na aldeia de Pinho, em cada um dos dias, iam aos caminhos quatro ou cinco casas (um representante de cada uma delas) conforme os trabalhos a realizar, num sistema de rotatividade pelas casas da aldeia até dar a volta ao povo.

 

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A Água

A água, elemento dominante da paisagem uma boa parte do ano, desempenha um importante papel na sobrevivência das economias agro-pastoris da região. São inúmeras as suas aplicações: garante da produtividade das parcelas agrícolas e dos lameiros, sustento dos gados, força motriz dos inúmeros moinhos de água existentes ao longo dos corgos e dos rios; estende a sua utilidade ao quotidiano das aldeias, aos tanques, bebedouros dos animais e aos lavadouros públicos existentes.

Dadas as características dos solos e os rigores do clima da região, a água, seiva da terra, desempenha um papel fulcral na produtividade agrícola.

No território do concelho pratica-se a rega por gravidade. A água de rega, proveniente de várias fontes de água superficiais, localizadas nas encostas dos montes e serras junto às aldeias, é utilizada para regar as parcelas localizadas a juzante.

 

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Para optimizar a utilização deste recurso, foram criadas infra-estruturas para a rega. Os regos conduzem a água desde as nascentes, corgos ou ribeiras, até às poças/tanques de rega, reservatórios de retenção da água. Da poça/tanque, a água é encaminhada, também através de regos, até às parcelas agrícolas. Acontece, por vezes, as nascentes brotarem no local onde se encontra a poça/tanque. Em quase todas as aldeias, estas infra-estruturas, outrora em terra batida e pedra, foram alvo de obras de beneficiação, remodeladas, e construídas em cimento e betão armado, de forma a rentabilizar este recurso, reduzindo ao mínimo o seu desperdício ao longo do percurso que faz até às parcelas agrícolas.

 

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Geralmente, cada uma das aldeias dispõe, no seu termo territorial, de nascentes, regatos ou ribeiros, donde provém a água para rega. Todavia, existem situações em que diferentes aldeias têm que partilhar a utilização da água. A partilha de água entre aldeias, geralmente conflituosa, levou à criação de regras de utilização bem definidas, nem sempre respeitadas pelos seus habitantes, ou à posse dessa água por apenas uma das aldeias.

 

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(…)

No que se refere às quantidades de água, estas têm uma dimensão variável. Nalgumas aldeias, a divisão da água processa-se à poçada, mas a quantidade de água disponível para rega depende, em larga medida, do que cada uma das poças/tanques conseguir recolher, enquanto está fechada. Cada regante, geralmente de acordo com a dimensão da área a regar, pode ter direito a uma ou mais poçadas, ou apenas a uma parte de poçada (1/2 ou ¼). Nestes casos, quando numa poçada rega mais que uma pessoa, dividem a água no rego, de acordo com os direitos de cada um. Existe ainda outro método de divisão da água na poça/tanque, os décimos. Em Pinho e Sobradelo, cada poçada encontra-se dividida em 10 partes. Cada regante, geralmente de acordo com a dimensão da área a regar, tem direito a um determinado número de décimos ou a poçadas completas (10 décimos). Se em Pinho a divisão dos direitos de água se processa no rego, dividindo o caudal da água consoante tenha mais ou menos direitos, em Sobradelo a medição da água é feita com uma vara. Antes de abrirem a poça/tanque para regar procedem à medição da água com uma vara e fazem a divisão consoante o número de herdeiros e a quantidade de água a que cada um tem direito, colocando laços. À medida que o nível da água atinge cada um dos laços, assim cada um dos regantes rega. Normalmente, os regantes entendem-se bem, mas como se sabe “no tempo de rega não há santos”, como se costuma dizer “quem sacha mal, rega bem”, algumas pessoas tornam a água quando os outros andam a regar. Isto gera alguns conflitos dentro da comunidade mas acabam por ser resolvidos entre os intervenientes.

(…)

 

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Nalgumas aldeias, como em Pinho e Valdegas, existem os gestores da água, pessoas com um profundo conhecimento da distribuição da água, encarregues de organizar o rol semanal da água das diferentes poças de rega

 

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MARCAS DA HISTÓRIA ANTIGA

Castro do Mouril

Designação: Castro do Mouril

Localização: Pinho

Descrição: Este castro encontra-se no extremo do lado Nascente da freguesia de Pinho, a confrontar com a povoação de Arcossó, da freguesia de Vidago, do concelho de Chaves. O monte do Mouril é rodeado a Nascente e a Sul pelo rio Tâmega e fica na confluência da ribeira de Sampaio com o Tâmega, ribeira que limita o castro pelo Poente.

 

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O castro tem duas linhas de muralhas. Quase no cimo do topo Sul há um pedaço da primeira muralha com 40 m, feita de pedras de xisto e algumas pedras de granito, em forma de cunha e face do topo apicotado. A segunda muralha tem 2,6 m de largura e 50 a 60 cm acima da terra; tem um troço levemente arqueado a rodar para o topo do lado Poente do castro, com 30m de comprimento. Entre as duas muralhas há um patamar de 12 m de largura. Existem vestígios de três casas circulares e foi encontrada no local uma mó de um moinho manual. Existe também um penedo com gravuras e covinhas.

 

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E sobre Pinho vai sendo tudo, para já, pois ainda teremos oportunidade de trazer aqui a aldeia mais uma vez com o resumo da freguesia. Assim, hoje,só nos resta deixar aqui  o vídeo com todas as imagens da aldeia de PINHO que foram publicadas até hoje neste blog. Espero que gostem.

 

Aqui fica:

 

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no MEO KANAL895 607

 

E quanto a aldeias de Boticas, despedimo-nos até ao próximo domingo em que continuaremos na freguesia de Pinho, mas com a aldeia de teremos aqui a aldeia de Sobradelo.

 

 

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