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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

31
Mar19

O Barroso aqui tão perto - Pitões das Júnias


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PITÕES DAS JÚNIAS

 

PREÂMBULO

A primeira vez que fui a Pitões das Júnias andávamos por finais dos anos 70, talvez 1978, e recordo essa ida por ter sido a primeira vez, mas também por uma estória que lhe está associada. Acontece que uns dias antes 3 jovens holandeses pararam à entrada de Chaves, ali pelo Campo da Fonte, com uma avaria na sua viatura. Por mero acaso, eu e uma amiga íamos a passar quando tal aconteceu. Perguntaram-nos se havia uma oficina perto, que por acaso havia, a então garagem da VW de Mário Emílio, a uns escassos 100 ou 200 metros do local da avaria.

 

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Fomos com os jovens holandeses  até a oficina e após verificarem qual era a avaria,  disseram-lhes que a reparação deveria demorar 3 a 4 dias, pois precisava de uma peça que não tinham e que teria de vir de fora.  Como bons hospitaleiros que somos,  oferecemo-nos para lhes indicar onde ficava o Parque de Campismo onde iriam ficar enquanto esperavam pelo carro, e pra à noite, disponibilizámo-nos para lhes mostrar a cidade.

 

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Era no tempo em que o Jardim das Freiras ainda tinha as suas noites de verão áureas, sempre a abarrotar de gente, com as esplanadas do sport e aurora também sempre cheias . Os holandeses ficaram encantados com a cidade e a sua vida noturna. Nos dias seguintes o nosso grupo de amigos adotou os holandeses e andámos a servir de guias turísticos para lhes mostrar aquilo que de melhor tínhamos.

 

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A intenção dos holandeses era conhecer Portugal de lés a lés, iniciando em Chaves e terminando no Algarve, com a avaria do carro e os nossos planos turísticos que iam além de Chaves, a estadia turística deles estava garantida. Como nós tínhamos alargado as visitas turísticas para além de Chaves,  tinham que continuar para além do carro arranjado, e continuaram.

 

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Encantados que os holandeses estavam com a região e com a hospitalidade do nosso pessoal, decidiram ficar por Chaves no que lhes restava em dias de férias e o resto de Portugal ficaria para o ano seguinte. Pois uma das visitas agendadas era a visita a Pitões das Júnias que embora no nosso grupo de amigos ninguém conhecesse, foi-nos recomendada por alguém que a conhecia como a aldeia mais bonita do Barroso,  para além de elevados elogios ao mosteiro e à cascata.

 

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UMA VIAGEM DE OUTRO TEMPO

Claro que rumámos até lá. A viagem para vencer os cerca de 60 km de então, parecia muito mais longa que hoje, talvez devidos aos carros que não eram tão confortáveis como os de hoje, mas também às estradas de então, mais apertadas e com pior piso. Seja como tivesse sido, lá chegámos são e salvos, tendo como primeiro destino o mosteiro e as cascatas, percurso que então se tinha de fazer a pé desde o cemitério até ao mosteiro e depois do mosteiro até à cascata, que embora também parecesse mais caminho, ida e volta, rondaria os 3km.

 

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Claro que a viagem desde Chaves até Pitões encantou, pois contava com uma travessia ainda pelo Barroso mais profundo, com muita gente nas aldeias, animais e gado à solta nas ruas e ainda com muitas coberturas dos telhados em colmo. Mas o mosteiro e as cascatas encantaram muito mais, mesmo com as cascatas sem o visual de hoje, pois na altura apenas tínhamos acesso à parte superior da cascata que pouco se via dela, mas encantavam na mesma, nem que fosse pelo precipício que tínhamos mesmo ali aos nossos pés e pelas vistas que desde lá se alcançavam.

 

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Visto o mosteiro e a cascata era tempo de regressar. Desde o cemitério pudemos ainda apreciar o conjunto da aldeia, bem juntinha, acolhida numa pequena encosta,  com todo o enorme fraguedo da Serra do Gerês a servi-lhes de fundo,  num misto de mistério e simultaneamente de protetor da aldeia. Era meio da tarde, de uma tarde quente do mês de agosto, com vontade para beber um copo, descemos a pé até à aldeia e pelo caminho ia-mos lhe descrevendo o que eram as tabernas de aldeia, então num misto de mercearia por um lado, a conviver com um balcão onde se serviam uns copos, enfim, a descrição da taberna típica.

 

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VERY TIPICAL

Pelo caminho fomos perguntando onde se podia beber um copo e indicaram-nos uma das casas à meio da rua, que de taberna já nada tinha, já com características mais próximas do bar atual. Mal entrámos o falar língua estrageira fez despertar, como se de um automático se tratasse, a música e as luzes psicadélicas coloridas um pouco espalhadas pelo teto do estabelecimento, que por sinal tinha pouca luz natural o que fez realçar ainda mais o psicadélico da coisa. Sei que foi gargalhada geral quase em uníssono. Recordo que um dos holandeses ainda teve tempo de exclamar — oh! very typical ­— Meios encaralhados com a situação, lá fomos explicando como podíamos…ia decorrendo o ano de 1978. 

 

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PITÕES DE HOJE

Depois dessa ida a Pitões, já lhe perdi a conta de quantas vezes lá fui, não muitas mas já devem andar próximas das duas dezenas, quase sempre para mostrar o mosteiro e as cascatas, às vezes com descida à aldeia, onde aproveito sempre para contar a estória que deixei atrás, isto, mais com a intenção de as pessoas que não conhecem a aldeia não se surpreendam muito com alguns rasgos de modernidade com que a aldeia foi sendo dotada ao longo destes últimos 30 a 40 anos, felizmente com algum gosto nas recuperações e reconstruções que foram feitas um pouco por toda a aldeia, embora com alguns pecados pelo meio. Em suma, vou avisando quem me acompanha que Pitões das Júnias não é bem uma aldeia igual às restantes, modernizou-se.

 

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Contudo, Pitões das Júnias continua a ter a sua vida de aldeia e é uma das que tem o rótulo de visita obrigatória, dotada de interesse e de uma beleza impar onde se destacam o mosteiro, as cascatas e o conjunto da aldeia, então vista desde o cemitério, esta sim, uma das vistas mais preciosas de todo o Barroso, quando muito só igualada pela sua singularidade e beleza pelas vistas que se podem lançar sobre Vilarinho de Negrões (com a barragem cheia). Ir ao Barroso e não ficar a conhecer estas duas vistas é como ir ao Vaticano e não ver o Pápa. 

 

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IGREJA E RUINAS DO MOSTEIRO DE SANTA MARIA DAS JÚNIAS e CASCATAS  

 

A igreja e o Mosteiro 

Nestas coisas do nosso património cultural não gosto muito de inventar e há que dar a palavra aos especialistas ou a quem tutela a coisa. Assim vamos ver o que diz a DGPC- Direção-Geral do Património Cultural ao respeito da Igreja e ruinas do Mosteiro de Santa Maria das Júnias:

 

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Igreja e Ruínas do Mosteiro de Santa Maria das Júnias

 

Nota Histórico-Artística

Nos últimos anos foi possível chegar a conclusões mais precisas a respeito da fundação do mosteiro. A tendência actual é para rejeitar as opiniões que situam a instituição da comunidade pelo século IX, em benefício de uma cronologia a rondar a década de 40 do século XII. "Efectivamente, a primeira referência segura de que dispomos (...) é uma inscrição gravada na face exterior da parede Norte da Nave, (...) onde se pode ler: Era Mª Cª 2 XXXVª", data que, pelo calendário gregoriano, corresponde ao ano de 1147. "Pela sua cronologia e implantação", este letreiro deve estar relacionado com "algum evento de particular relevância para a comunidade", eventualmente a "Sagração ou Dedicação do templo de Santa Maria das Júnias" (BARROCA, 1994, pp.419-420).

 

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Ainda na Nota Histórico-Artística da DGPC:

 

Desse primeiro período conservam-se importantes vestígios românicos, em particular na nave rectangular, que é decorada interiormente por frisos com figurações em pontas de lança. No exterior, as peças mais importantes desta fase são os dois portais (axial e laterais), cuja ornamentação obedece às determinantes artísticas experimentadas em torno da Sé de Braga ainda na primeira metade do século XII. O portal ocidental é de arco de volta perfeita, de duas arquivoltas (a exterior ornamentada com o tema das pontas de lança e realçada por moldura) que repousam em impostas decoradas com motivos geométricos, do tipo de corações invertidos. O tímpano é vazado, ao centro, por cruz de braços iguais, inserida em círculo, sobre lintel de decoração vegetalista estilizada. Os portais laterais, apesar de parcialmente mutilados na zona do lintel, ainda conservam importantes parcelas românicas, como o tímpano, de cruz vazada.

 

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Ainda na Nota Histórico-Artística da DGPC:


Algum tempo depois de terminada a igreja, deve-se ter edificado o claustro. Este revela já "tendências góticas, embora socorrendo-se ainda de arcos de volta perfeita" (IDEM, p.427). O que resta do conjunto claustral (apenas o ângulo Nordeste) é insuficiente para uma mais rigorosa catalogação desta parcela, mas é de supor que tenha sido edificado na primeira metade do século XIII, recorrendo a uma decoração já essencialmente vegetalista.

 

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Ainda na Nota Histórico-Artística da DGPC:


Pelos meados dessa centúria, a comunidade beneditina abraçou outra regra monástica, a de Cister. Apesar das evidentes diferenças, não consta que se tenham realizado grandes obras de adaptação, pelo menos no espaço religioso. A implantação do mosteiro respondia, de igual modo, aos anseios dos cistercienses, com extremo isolamento da comunidade e um aro rural para trabalhar, onde a água era um valor determinante. É de presumir que as dependências monásticas, localizadas a Norte da igreja, tenham sido intervencionadas, mas pouco mais podemos adiantar, até porque toda esta zona foi reconstruída na época moderna. A capela-mor original foi alteada no final da Idade Média, em virtude de o local onde o mosteiro havia sido construído apresentar um forte assoreamento. O arco triunfal foi também mexido nessa altura, datando presumivelmente do século XV a decoração de esferas que ornamenta as suas impostas.

 

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Ainda na Nota Histórico-Artística da DGPC:


Nos inícios de Quinhentos, o conjunto deve ter atravessado um período de acentuada crise, cujo resultado foi o abandono da comunidade. Em 1533, porém, com a visita do abade de Claraval, D. Edme de Saulieu, o mosteiro foi reactivado, realizando-se, então, as dependências a Norte da igreja, algumas das quais com dois andares, que ainda hoje se conservam. A edificação deste complexo deve ter sido lenta, uma vez que ainda se documentam obras no século XVIII.


O isolamento e a escassez de recursos económicos, todavia, nunca terão permitido grande desafogo por parte dos monges. Em 1834, o mosteiro foi extinto e as suas dependências foram aproveitadas pelos habitantes de Pitões para os mais diversos fins, convertendo-se a sua igreja em paroquial. Parcialmente intervencionado pela DGEMN, em 1981, não foi, até agora, possível definir um plano coerente de valorização e reconversão funcional, apesar dos vários estudos já consagrados ao edifício.
PAF

 

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A Cascata

Vamos agora até à Cascata. Depois do Ribeiro de Pitões (Rio Campesino) passar pelo Mosteiro, umas centenas de metros à frente o acentuado e abrupto desnível de terreno faz com que a água do ribeiro caia em cascata. Das cascatas que conheço do Barroso/Serra do Gerês, são das mais interessantes de ver, mas também as menos acessíveis, só de longe e graças a um passadiço que foi construído é que elas hoje têm alguma visibilidade, pois antes, como já atrás referi, só tinham acesso pela parte de cima de onde não se conseguia ver a queda de água. Hoje com acesso facilitado às vistas da queda de água, mas mesmo assim ainda há que percorrer cerca de 550m, metade em caminho e outra metade em passadiços com muitas escadas. Impróprio para quem tem dificuldade de locomoção, mobilidade reduzida ou condicionada.

 

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 A ALDEIA

 

Até aqui ainda só andámos nas estórias, paisagens, considerandos, mosteiro e cascata. É tempo de entrarmos na intimidade da aldeia, nas suas ruas, em algumas das suas características e história, bem como lá chegar. Iniciemos por aqui, pelo itinerário a seguir para chegar até Pitões das Júnias:

 

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O Nosso ponto de partida, como sempre, é a partir da cidade de Chaves. Desta vez optamos mais uma vez pela EM507 (estrada de São Caetano), Soutelinho da Raia, Meixide, Vilar de Perdizes, Montalegre. Depois continuamos em direção ao Campo de Futebol de Montalegre. Não tem nada que enganar, é seguir sempre por essa estrada, sem sair dela, até Covelães (depois de passar por Frades, Sezelhe e Travassos do Rio). Em Covelães, logo no inicio da aldeia, abandona a estrada e vira à direita. Há placas a assinalar. A partir de aqui é sempre a andar até Pitões ou Tourem, pois a estrada serve estas duas aldeias. Já próximo de Pitões terá de abandonar a estrada e virar à esquerda. A estrada está bem sinalizada, e neste último desvio tem umas alminhas no meio  do entroncamento. Ao todo são 59,1 Km. Mas fica o nosso habitual mapa para uma melhor localização. O Regresso, se quiser, pode-o fazer via Tourém, depois entra na Galiza, passa pelo antigo Couto Misto e entre de novo em Portugal junto à Serra do Larouco.

 

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Sobre a aldeia de Pitões das Júnias, vamos ver o que nos diz a monografia “Montalegre”: 

A aldeia de Pitões, situa-se na parte Ocidental do Planalto da Mourela, em pleno Parque Nacional da Peneda Gerês, virada a Sul, a mais de 1130 metros de altitude e com uma extensão de 36,890 km de área, fazendo fronteira de vários quilómetros com a Galiza. Este pólo[i] está situado na corte do Boi do Povo e funciona em rede com o Centro Interpretativo, em Montalegre, dando corpo às seguintes temáticas: “O Boi do Povo, o pastoreio em regime extensivo, a vezeira, a tecelagem, os abrigos de pastores, a agricultura de Montanha, os modos de produção local/alfaias agrícolas, o património etnográfico, o fumeiro, a aldeia velha de o Gerês, o mosteiro de Pitões, o Parque Nacional da Peneda-Gerês e o património Natural.” 

 

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E continua a monografia:Barroso constitui um mosaico de paisagens edénicas. Podemos dizer que em cada canto há um novo encanto. Basta percorrer as nossas estradas municipais ou vicinais através do planalto para redescobrirmos mil recantos admiráveis. A título de exemplo referimos a estrada de Fafião a Cabril e daqui aos Padrões ou a Cela e Sirvoselo; o trajecto de Paradela do Rio a Outeiro e Parada; a travessia da Mourela com visita ao Mosteiro de Pitões e à extinta freguesia de São Vicente do Gerês ou ao São João da Fraga; a visita a Tourém que tanta importância teve durante a Idade Média no seu relacionamento com o castelo da Piconha e o Couto Misto através do caminho neutral;(…) 

 

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Ainda na monografia: 

De todo o conjunto[ii] sobressai também o moinho, extremamente rústico, o claustro – restos de impressionante elegância – a entrada do cemitério e a cozinha, de feição utilitária e onde se ergue uma extraordinária chaminé bem digna de curar os salpicões de suas reverendíssimas. É verdadeiramente estranhável que uma igreja de glórias sofra assim, indiferentemente, este afrontoso estiolar. Ora, sabendo-se que o Mosteiro de Nossa Senhora das Unhas, em Pitões, é uma das raríssimas jóias da arqueologia religiosa românica de Barroso, parece legítimo e urgente exigir um remédio eficaz para a poética construção de nobres crónicas e linhas… Deveria ser-lhe feita uma operação de envergadura (a reconstrução inteligente e fiel) e eliminar as mal serzidas remendices que desfeiam o venerando convento de a par Mourela. E o Mosteiro de Pitões poderá voltar a ser o paradigma dos monumentos cuja primeira característica é a sobriedade explícita, é a fidelidade perfeitíssima de adaptação às asprezas recatadas da serra inóspita onde tomou assento. A desatendida natureza da construção serrana e fronteiriça, lá vem resistindo às injúrias do tempo e das várias espécies de selvagens. 

 

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Quanto a ilustres, continua a monografia: 

10. Frei Gonçalo Coelho (séc. XVI), nascido em Chaves e morreu como Abade do Mosteiro de Pitões, na Calendária de 101, em plena Serra do Gerês, enregelado pela neve. Diz-se que os sinos do mosteiro “bateram os sinais,” anunciaram a sua morte, no mesmo instante. Foi santificado pelo povo que lhe chama São Gonçalinho 

 

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Ainda na monografia:

Assossiativismo: Parques de Campismo do Trote-Gerês (Cabril) e do Inatel em Penedones; no domínio da animação artística há o rancho folclórico da Venda Nova, o grupo coral de Montalegre, o grupo de Cantares de Salto, os Gaiteiros de Pitões e, sobretudo, a impagável banda de música de Parafita.

 

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E conclui a monografia:

Área: 33.5 Km²

Densidade Populacional: 6 hab/km²

População Presente: 173  

Orago: Santa Maria

Pontos Turísticos: Capela de S. João da Fraga; Cascata; Mosteiro de Santa Maria das Unhas; Vestígios da Aldeia de São Vicente do Gerês;

Lugares da freguesia: (1) Pitões  

 

Herdeira natural da velhíssima freguesia de São Vicente do Gerês, nas profundezas do rio Beredo, que recebe águas de vários ribeirinhos na montanha, Pitões é a povoação mais alta de Barroso, na cota dos 1100 metros. Este facto contribuiu em grande medida para a elevada qualidade do presunto e fumeiro desta localidade. Sempre foi conhecida por ser terra de gente lutadora e mesmo guerreira: não resistiu à destruição do Castelo, nem do Mosteiro, nem da sua “república ancestral” (conjunto de normas comunitárias e democráticas dos seus habitantes) mas resistiu aos Menezes, condes da Ponte da Barca, a quem um rapaz de casa do Alferes foi raptar uma filha com a qual casou; e resistiu à pilhagem e assaltos sistemáticos que os Castelhanos organizavam durante a guerra da Restauração. Em 166, “um grande troço de infantaria e cavalaria, sob comando de D. Hieronymo de Quiñones atacou Pitões mas não só não conseguiram queimar o povo como este lutou bravamente pondo em fuga o inimigo e sem perdas”. Alguns dias após (com os pitonenses a ajudar, em represália) o capitão de couraças João Piçarro, com 800 infantes, atacaram Baltar, Niño d’Águia, Godin, Trijedo e Grabelos “donde trouxeram 400 bois, 100 ovelhas e 0 cavalos”. E resistiu ao florestamento da Mourela, com pinheiros, o que levaria à perda das suas vezeiras. Resistiram sempre e ainda bem resistem! Nesta aldeia pode visitar a corte do boi do povo, agora reconstruída como pólo do ecomuseu. 

 

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Vamos agora ver o que diz a Toponímia de Barroso: 

PITÕES

Topónimo de raiz muito antiga, pré-latina – PITT – que significa aguçado, pontiagudo. É, portanto, um topónimo topográfico, o que se confirma pelas características orográficas das redondezas, em que ressaltam os chamados “Cornos da Fonte Fria”, “Pala de Vaca”, “As Fisgas”, “São João da Fraga”, “Penedo Grande”, “Fraga de Paul”, “Lamas da Portela”, “Castelo Pé de Moega”, “Cascata”, etc. — Tudo isto com significados de locais de altura e aguçados, aliás, chamadouros de extrema propriedade.

O topónimo antigo parece que era Pitonha, ou ante, Vilar de Vacas de Pitonha, em que entra o étimo citado pitt + o sufixo arcaico onha que indica quantidade ou grandeza. Documenta-se o que dissemos pelas INQUIRIÇÕES DE D: AFONSOIII, em 1258. Pelo século XIV ou XV já aparece a forma Pitões que julgo ser simples e lógica abreviatura de Pitonha, pois, de Pitonia , diriam Pitonis e daí para o nasalado Pitões. No século XVII ou XVI começa a ser designada por Vilar de Vacas, Vacariça ou Vacaresse de Pitões, o que se comprova com documentos manuscritos (e de inisutado valor histórico-toponímico) da autoria do Padre Diogo Martins Pereira, em «Epítone Familiar e Árvore de Geração de Algumas Casas…».

Já no século XVIII, alguns dos recentes Lousadas (que ainda os há aos trambolhões) fizeram o milagre de despertar-lhes as Júnias, nome erudito com que se pretende eliminar o popular Unhas.Dizem agora Pitões das Júnias… Mas não há documentos de prova. Há, sim, Santa Maria das Júnias… Ora o topónimo é Pitões, as Júnias são de Santa Maria!

Mas tal forma, Júnias, é duvidoso…Existia, sim, Juynas ou Iuynas — desconhecido palavrão de que não deveremos fazer o latinório Júnias. Com efeito Júnia foi nome de mulher latina mas não consta que deixasse rasto toponímico em nenhuma parte do império. Quem tal diz, está a fazer ao topónimo Pitões o que Júnio Bruto fez a Júlio César. Este tratava o Bruto por filho e, no entanto, o Bruto encabeçou a conjura e apunhalou o imperador na mais repugnante cobardia e traição.

O topónimo do Mosteiro  dedicado a Santa Maria (Nossa Senhora das Neves) era JUYNAS e nada mais. E, escrito assim, é topónimo desconhecido, sem significado, tal como Juriz. Estes nomes Júnias e Juriz não existem! Existe, e já existia em 1258, uma povoação que até era freguesia e pagava idêntica pensão, ao rei, qual pagava Pitões, Vila da Ponte, e outras. Essa povoação chamava-se O Gerês e o seu orago era São Vicente. Nunca ninguém encontrou um só documento que falasse de Juriz. Mas há-os de São Vicente d’O Gerês!

Quanto às Juynas, Iuynas ou Juyas há-de ser fórmula errónea de Unhas, importantíssimo elemento da lenda da fundação do Mosteiro. Que este se chamava Mosteiro da Senhora das Unhas (Mosteiro de Nossa Senhora das Unhas) está bem explícito nos documentos do P.e Diogo Martins Pereira e que acima aludimos e que abaixo se apresentam. Não ponho as mãos no fogo por Júnias! Antes vejo no termo a tentativa de alguns eclesiásticos acharem sujo o nome de Nossa Senhora das Unhas e tudo fizeram para o irradicarem.  

 

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Já estava a ficar baralhado, ainda bem que a prosa terminou, senão às tantas a coisa ainda ia descambar para um Pisões das Unhas… Eu sei lá! Seja como for, atualmente o que consta em todo o lado e julgo ser oficial, pelo menos na página do município de Montalegre e em outros documentos esta aldeia aparece sempre grafada como PITÕES DAS JÚNIAS

 

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O QUE FICOU POR VISITAR

Desde há muito que um pontinho branco num dos picos da Serra do Gerês despertou a nossa atenção. No início o nosso equipamento fotográfico não nos permitia o longo alcance, mas com o tempo lá arranjámos umas objetivas que chegam até lá e nos dizem que aquele pontino branco é uma capela que depois de perguntar à quem sabe me dizem ser a Capela de São João da Fraga, com direito a festa anual. Fomo-nos informando e disseram-nos que o acesso à mesma é feito via Pitões das Júnias. Temos andado a estudar o itinerário para lá chegar e parece-nos ser também acessível pelo lado oposto, ou seja a partir da Barragem de Paradela, mas não temos a certeza. Teremos de perguntar se assim será. 

 

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Vista desde a barragem de Paradela

 

Certo é que hoje ficam aqui duas imagens tomadas à distância, a primeira desde Pitões das Júnias e a segunda desde Paradela. Também certo é que está nos nossos planos subir até lá, só ainda não sabemos quando, mas lá iremos. Assim vamos ficar por aqui com a certeza de que continuaremos a ir por Pitões das Júnias de vez em quando e que uma delas será para subir até ao São João da Fraga, se possível em dia de festa.

 

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Vista desde o largo do cemitério de Pitões das Júnias (com objetiva de 500mm)

Muito mais haveria para dizer sobre Pitões das Júnias, mas este post já vai longo e nós queremos deixar ainda imagens e matéria para podermos aqui trazer esta aldeia mais vezes. Para já vos deixo o endereço de dois sítios no Facebook onde poderão encontrar mais informação sobre Pitões:

 

Página da Junta de Freguesia - https://www.facebook.com/jfpitoesdasjunias/

Fascínio de: Pitões das Júnias -  https://www.facebook.com/groups/1475835412735085/

 

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E ficamos por aqui. Ficam ainda as habituais referências às nossas consultas e dizer-vos que as abordagens que já fizemos às aldeias e temas de Barroso estão agora no menu do topo do blog, mas também nos links da barra lateral. Se a sua aldeia não está lá, em breve passará por aqui, num domingo próximo, e se não tem muito tempo para verificar se o blog tem alguma coisa de interesse, basta deixar o seu mail na caixa lateral do blog onde diz “Subscrever por e-mail”, que o SAPO encarregar-se-á de lhe mandar um mail por dia com o resumo das publicações, com toda a confidencialidade possível, pois nem nós teremos acesso à vossa identidade e mail.

 

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BIBLIOGRAFIA

 

BAPTISTA, José Dias, Montalegre. Montalegre: Município de Montalegre, 2006.

BAPTISTA, José Dias, Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso, 2014.

 

WEBGRAFIA (Consultas em 31-03-2019)

 

- https://www.cm-montalegre.pt/

- http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70493/

 

 

[i] Polo do Ecomuseu do Barroso

[ii] Mosteiro e Igreja

 

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