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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

22
Jan18

O Barroso aqui tão perto - S.Sebastião na Vila Grande - Dornelas


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Tal como prometemos ontem, vamos até uma das festas comunitárias do Barroso, uma das mais populares, talvez pelas suas características. Trata-se da Mezinha de S.Sebastião ou a Festa das Papas, como inicialmente se denominava, que todos os anos se realiza em 20 de janeiro na Vila Grande, da freguesia de Dornelas, concelho de Boticas.

 

Por cá também é conhecida como a festa do Couto de Dornelas. Mas isto do Couto de Dornelas é história que em tempo oportuno será aqui abordado no blog, fica para quando a nossa rubrica de “O Barroso aqui tão perto” entra nas aldeias do concelho de Boticas. O oficial é que esta aldeia tem como topónimo “Vila Grande”.

 

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Andei mais de trinta anos para ir a esta festa, no entanto, testemunha-o o meu arquivo fotográfico, só lá fui pela primeira vez em 2011, e fiquei fã, ou como costumo dizer, fiz promessa de a partir de aí, lá ir todos os anos, e assim tem sido, e este ano não foi exceção.

 

Nos anos anteriores fui deixando por aqui as imagens, a história da festa com as suas lendas, alguns números ligados ao que vai para a Mezinha do S.Sebastião e um pouco da festa popular que se vai fazendo enquanto se aguarda que a mezinha seja coberta com a toalha de linho e comece a receber os alimentos a todos os convivas.

 

Como já começo a ser um veterano nesta festa, embora numa festa secular oito anos de festa não sejam nada, talvez fosse melhor dizer que tenho sido mais um dos figurantes na permanência da continuidade da tradição da Mezinha de S.Sebastião, onde como tal, já vou conhecendo os cantos da casa e os tempos (timings) em que as coisas acontecem, e para não estar a repetir aquilo que disse nos anos anteriores, vou deixar por aqui um resumo do que acontece durante uma das minhas manhãs de 20 de janeiro na Vila Grande.

 

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Despertar bem cedinho para chegar a tempo e horas de ver a mezinha ainda despida de adornos e gente. Coisa complicada pois não somos só nós a fazer o mesmo, mas dá sempre para sermos dos primeiros. O popó fica no sítio do costume, pois desde que o descobrimos não queremos outro e permite-nos iniciar o final da mezinha e vê-la a descer pela rua abaixo até à curva da meta final. Esta é quase sempre a primeira foto que tomamos no local.

 

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Pelo caminho, ao longo da mesinha, o habitual vai-se repetindo para contribuir para a tradição.  Uns marcam logo o seu sítio de pouso, a banca das chouriças e restantes pertences do reco, agora em fumeiro, lá está no sítio do costume, e nós rua abaixo vamos lançando olhares e a objetiva até onde o motivo chama a sua atenção. Um deste olhares que também é habitual é o que lançamos sempre até à aldeia vizinha de Antigo, que serve sempre para nos indicar as condições meteorológicas do dia.

 

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Ao todo a mesa da Mezinha do S.Sebastião da Vila Grande tem cinco centenas de metros onde por volta do meio dia, após a missa a bênção do pão estará ocupada por milhares de convivas, mas lá iremos, para já continuamos a nossa descida até à “Casa do Santo”, é lá o ponto de encontro com outros amigos habituais e onde os fotógrafos e televisões se juntam para os principais registos, pois é lá que estão os potes ao lume, o pão depositado e os mordomos na azáfama final de fazer comida para milhares de pessoas. Também é por lá que parámos.

 

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Assim, aqui no largo da “Casa do Santo” é de paragem obrigatória. Cumprimentam-se e trocam-se umas palavras com fotógrafos amigos que vamos encontrando nestas andanças, mas sempre com um olho na janela/montra da “Casa do Santo” onde vão servindo umas malgas de sopa feita no pote. Um pequeno almoço à moda antiga das aldeias que além de um sabor único, aquecem até à alma, o que em dias frios, como sempre acontece nesta altura do ano, caem como ginjas.

 

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Nos potes a carne de porco fumada que irá acompanhar o arroz que mais tarde entrará nos mesmos potes e seguirão para a grande mesa acompanhada do pão que repousa em depósito. Potes ao todo, este ano eram 24. Mais pote ou menos pote, é esta a quantidade de todos os anos. Quanto às quantidades de carne, arroz e pão, já a contabilizamos num dos anos anteriores. Presentemente já não recordo as quantidades, mas é sempre a suficiente para chegar até ao fim da mesa e sobrar. Este ano talvez tivesse sido mais um pouco, pois com o dia 20 a coincidir com um sábado, a enchente de pessoal é sempre maior.

 

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Depois do ritual de comer a sopa do pote, de visitar a sala dos potes e o depósito do pão é aguardar pela chegada do pessoal, e umas voltas ao longo da mesa onde os lugares vão sendo ocupados aos poucos até encherem, o que acontece num abrir e fechar de olhos. Tomados os lugares há mesa, só lhes resta aguardar. Há no entanto quem prefira um lugar mais sossegado, a sós, em momentos de apreciação ou até de introspeção, sei lá, nunca sei o que vai na cabeça de cada um…

 

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Quanto a nós, aproveitamos sempre esses momentos de espera para uma visita obrigatória à parte antiga da aldeia, onde o cruzeiro, igreja e pelourinho são pontos obrigatório de visita, mas também para fotografar os nossos habituais modelos e um ou outro pormenor que não acontece todos os dias.

 

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E volta para aqui, volta para ali, o tempo vai passando, a missa acaba e em jeito de procissão o padre da paróquia, o Presidente da Câmara de Boticas e este ano também acompanhados pelo padre Lourenço Fontes, dirigem-se à Casa do Santo, onde o padre benze o pão, para  logo de seguida começar a labuta de dar de comer a quem espera ao longos das cinco centenas de mesa.

 

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De seguida o pessoal de serviço começa por colocar a toalha de linho ao longo da mesa, seguido do pedido de esmola acompanhado do beijar do S.Sebastião, o homem da vara com a medida onde se coloca um pão, uma caçarola de arroz e outra de carne. E assim de vara em vara lá vai ficando o pão, arroz e carne. Os convivas apenas terão de por os talheres e a bebida.

 

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Mas o comer vai além daquele que o Santo proporciona, pois muitos dos convivas trazem o farnel de casa que acrescentam à mesa,  e que,  seguindo o comunitarismo de momento tão comunitário, vão pondo à disposição dos seus vizinhos de mesa.

 

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E enquanto uns comem, e outros esperam, a rapaziada de Ventuzelos (Chaves) vai alegrando a festa com os seus desfiles e a sua música de concertinas e bombos.

 

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Tal como o povo costuma dizer “merenda comida, companhia desfeita”. Na Mezinha do S.Sebastião, na Vila Grande de Dornelas,  também não é exceção. Ainda os últimos da mesa não estão servidos, já os primeiros estão de partida. A festa para os convivas dura uma manhã, para o pessoal da aldeia penso que durará todo o dia.

 

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Para quem não conhece, este abandono tão cedo da festa pode parecer estranho, mas estamos em dia de S.Sebastião e não é só na Vila Grande que se comemora e há festa, daí que, o pessoal que parece estar de regresso a casa, está antes a caminho de uma festa próxima, a maioria com destino a Alturas de Barroso, a meia dúzia de quilómetros, onde a todos é servido um prato de feijoadas, um pão e um copo de vinho. E viva a Festa.

 

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Também o nosso destino passou por Alturas do Barroso, com passagem obrigatória em Vilarinho Seco, mas em termos de festa ficámo-nos pela Vila Grande, pois nas Alturas foi só mesmo de passagem. O dia ia longo e algum o cansaço já pedia o regresso a casa. Para o próximo ano há mais.   

 

 

 

 

 

 

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