O Barroso aqui tão perto - Salto
Montalegre - Barroso (com vídeo)
Vila de Salto
Sinceramente que já estávamos com saudades de ir por terras do Barroso, embora hoje o façamos apenas virtualmente, mas é o suficiente para recordar alguns momentos que por lá fomos passando.
Pois estamos de regresso aos post completos sobre as localidades do Barroso, ainda no Barroso de Montalegre e no caso de hoje, no Barroso verde de Salto.
Já que estamos em maré de ser sinceros, posso dizer sem qualquer dúvida, que Salto e toda a sua freguesia, foi o que mais me surpreendeu no que me faltava por descobrir do Barroso, e a surpresa chama-se “verde exuberante” cor com que toda a freguesia é vestida. Basta ver as fotografias de todas as aldeias da freguesia de Salto que passaram por aqui para confirmar como é verdade, e não é apenas na primavera ou verão, é todo o ano. Só por isso, já valeu a pena a descoberta. Mas há muito mais, mas hoje, ficamos só por Salto, sede de freguesia.
Antes ainda de passarmos ao que encontrámos nas nossas pesquisas sobre a Vila de Salto, e para rematar, ficam as restantes impressões pessoais nesta descoberta. Já sabíamos que a seguir a Montalegre, sede de Concelho, Salto seria a segunda localidade mais importante, pois não seria por mero acaso que passou a ser classificada como vila desde 1995. Uma vila relativamente recente que está bem plasmada naquilo que hoje é, notoriamente com um pequeno núcleo antigo que seria a antiga aldeia de Salto, mas hoje com a maioria do aglomerado da vila ocupada por construções muito mais modernas e recentes, com alguns edifícios públicos e/ou associativos e de habitação coletivas a destacarem-se das restantes construções, maioritariamente constituídas por moradias.
Pena que a nossa praia sejam mais os núcleos antigos, os centros históricos, centenários, aqueles que estão carregadinhos de história e estórias para contar. Núcleos históricos qua acabaram por ser vítimas da modernidade, muito mais apetecível pelas melhores condições de uso e habitabilidade que oferecem.
Para finalizar da nossa parte, fica o nosso mapa com o itinerário que recomendamos, com partida da Nacional 103 até Sapiãos, onde abandonamos a 103 e rumamos em direção a Boticas, aí apanhamos a Nacional 311 e se não saímos dela, a 54,3 km (desde Chaves), estamos em Salto. Atenção à estrada, com bom pavimento e largura aceitável, mas com muita curva e algumas delas meias traiçoeiras. De vagar, pois assim também pode ir apreciando a paisagem e fazer algumas paragens, uma delas, recomendo, é junto à aldeia de Cerdedo, ainda no Concelho de Boticas, aldeia também barrosã que um destes dias também passará por aqui.
Fica o nosso mapa:
Agora sim, vamos passar ao que os documentos e demais literaturas dizem sobre Salto. Iniciemos pela página oficial da Junta de Freguesia, que tem alguma informação preciosa, aliás se todas fossem como esta, tínhamos metade do nosso trabalho feito (o Link fica no final do post, nas nossas consultas):
História da Freguesia de Salto
A freguesia de Salto é, quer em área, quer em população, a maior freguesia do concelho. Como espaço habitado e evangelizado, Salto é já referido no Paroquial Suévico como uma das trinta paróquias já existentes, no último terço do século VI e pertencentes à catedral de Braga. Ao longo da sua vida teve muitos momentos de glória, daí a riquíssima história desta freguesia. Enquanto os cruzados do norte da Europa atravessavam o Atlântico e o Mediterrâneo, para combater nos lugares santos, o povo portugalense trepava descalço os caminhos das suas peregrinações que atravessavam a freguesia. De tal modo que D. Afonso Henriques autorizou e apoiou a construção da Albergaria de São Bento das Gavieiras, ao monge Benedito, em 1136. Alguns nobres olharam com cobiça para esse território onde adquiriram casais ou mesmo povoações como Carvalho, Póvoa e Revoreda que eram do fidalgo-trovador D. João Soares Coelho e de suas irmãs. D. Pedro I, o tal que arrancou o coração pelo peito a Pero Coelho (bisneto do referido João Soares Coelho) e pelas costas a Álvaro Gonçalves por terem morto Inês de Castro, também cobiçou Salto. Por isso, depois de uma visita a Santa Senhorinha de Basto, de quem era devoto, cedeu-lhe fartos rendimentos da Igreja de Santa Maria de Salto.
E continua a pág. da Junta de Freguesia:
O território da freguesia actual 78,6 km2 era ocupado também pela freguesia de Novaíças que incluía vários casais e herdades em diferentes povoações entre- tanto desaparecidas: Pontido, Curros de Mouro, Ulveira, Gulpilheiras, etc. Os grandes mosteiros do norte Refojos, Pombeiro e Bouro – todos levantavam daí grossas rendas. A história desta freguesia dava matéria para dez livros como este. Aqui poderá visitar a antiga casa do Capitão, agora pólo do Ecomuseu de Barroso, onde encontrará uma apresentação dos ofícios tradicionais, do Pisão de Tabuadela e das Minas do Volfrâmio da Borralha.
Ainda na pág. da Junta de Freguesia:
A Freguesia de Salto com uma área de 78,54 km2 e com uma população presente a rondar as mil e quinhentas almas nas vinte povoações existentes, continua com dinamismo!
(…)
O comércio, sobretudo a restauração, está ativo e a feira semanal ao Domingo, contribui para o desenvolvimento da economia local.
E continua:
As Associações da terra criam dinâmica e movimento.:
O Grupo Desportivo com cinco equipas a competir nos Campeonatos Distritais, movimenta dezenas de atletas.
O Lar de Salto acolhe dezenas de idosos e leva o comer a muitos outros. Sendo o maior empregador local.
As Associações ligadas à lavoura: Centro de Gestão, Agro-Florestal e de Criadores, apoiam os agricultores e promovem cursos de formação para os mesmos.
Os Bombeiros fazem o apoio aos doentes e mantem a floresta protegida.
A Banda Filarmónica continua com dinamismo e tem em funcionamento uma Escola de Música.
As Associativas da Caça vão trazendo até Salto gente ou para caçar ou para os torneios que promovem.
Os Ecomuseus de Salto e das Minas da Borralha, acolhendo visitas e promovendo iniciativas de interesse para os visitantes.
A Junta de Freguesia, agora, instalada na Rua Central atende todo o povo da freguesia, com serviços próprios e dos correios.
E sobre a Igreja Matriz de Salto diz o seguinte:
Quem entra em Salto e segue até à zona central da vila, não fica indiferente à imponente imagem eclesial situada no topo da Rua Padre Manuel José Jorge, em paralelo granítico. Trata-se da antiga igreja matriz de salto, talvez o principal ícone desta vila. É um edifício de traça romântica, que foi sofrendo algumas remodelações estruturais ao longo do tempo. Nas paredes Norte e Sul da nave é possível ver troços da perfeição com que pedras foram sobrepostas na construção do edifício. Deslocados para a traseira da igreja, alinhados na bordadura do adro ajardinado e bem tratado, observam-se quatro arcas tumulares cobertas com tampas, presentando todas elas decoração e inscrições. Estes são importantes vestígios da necrópole dos tempos medievais, testemunhadores da antiga pratica de enterrar os paroquianos no adro envolvente da igreja. No interior, as estatuas de Nossa Senhora do Pranto (santa padroeira) e do Beato D. Nuno, o Condestável, que por estas terras terá treinado o seu exercito aquando das batalhas com reino de Castela.
E sobre o Ecomuseu:
Ecomuseu de Barroso - Casa do Capitão
Instalado numa antiga casa senhorial, que pertenceu ao Capitão da aldeia, representante da autoridade e do poder, a nível local, este polo do Ecomuseu de Barroso, em Salto, representa algumas das atividades tradicionais mais emblemáticas.
E continua sobre o Ecomuseu:
Neste espaço foram recolhidas, tratadas e inventariadas mais de mil peças. Estas, doadas pelos habitantes da freguesia, deram origem a um polo etnográfico, que permite uma visita ao que seria uma casa típica barrosã. Os temas tratados são muito variados: a raça barrosã, que é autóctone, as alfaias agrícolas manuais e de tração animal, o ciclo do pão, a cozinha de Barroso, o ciclo da lã e do linho, as minas de volfrâmio da Borralha e D. Nuno Álvares Pereira, Senhor das terras de Barroso. Este local disponibiliza uma ludoteca, uma biblioteca e uma loja de produtos locais.
Uma vista de olhos pela wikipedia para as festas populares:
FESTAS POPULARES
A festa Senhora do Pranto
O pároco da freguesia de santa Maria de salto em 1758, o reitor António Alves de Sousa, fornece a sua versão para a origem do nome de salto:” Este dito lugar é assim chamado para a tradição de uma imagem com o titulo Senhora do Pranto, padroeira desta freguesia chamada a “Senhora de Salto” pela dita tradução de que de distancia de quase meio quarto de légua saltara para um sítio em que hoje está, para a lagoa e carvalheira que esta se extingui e é o sítio deste lugar. A carvalheira secou e a lagoa enxugou de sorte de que no tempo do Estilo e parte do Outono faz a aprazível e de limitável a circunspecto deste lugar de salto”
E continua:
Perante o fenómeno milagroso persistentemente repetido, da misteriosa mudança de imagem de Senhora, do lugar de Oliveira para o sítio onde seria construída, há mais de mil anos, a igreja velha, o povo devoto achou que se a Senhora dava o “salto” para este lugar era porque desejava que lhe construíssem um espaço de culto ali e por isso foi decidido construir uma capela para acolher a Senhora, nascendo a nova aldeia em seu redor, a qual recebeu o nome de Nossa Senhora de Salto ou Santa Maria de Salto, em honra do “salto da Senhora” de Terras de Oliveira para este novo lugar.
Sendo pacificamente aceite que a etimologia de Salto remete para a designação latina as saltum com o significado “caminho entre os bosques”.
Nossa Senhora do Pranto é comemorado a 15 de Agosto, dia em que a “Senhora” sai em longa e florida procissão. A 13 de Agosto existe uma outra procissão a Nossa Senhora de Fátima.
Remetendo para 3 dias de grande euforia em Salto.
Agora quanto à Festa de São Sebastião na wikipedia encontrámos o seguinte:
A festa de São Sebastião
No dia 20 de Janeiro, a meio do Inverno, tem lugar a Festa de São Sebastião, numa época considerada como não coincidente com o tempo festivo.
Vinha o Santo em procissão dum único andor presidir à bênção do pão e do vinho que ficava assim diferente do pão normal. Tinha mezinha, podia-se guardar de um ano para o outro que não ganhava bolor.
O bobo comunitário de São Sebastião reconhece as graças concedidas, através do esconjuro de afastamento dos cavaleiros do Apocalipse, sendo as capelas de São Sebastião situadas na entrada dos povos donde sopram os maus ventos ou donde vêm as pragas às culturas. Sabemos que a origem desta fé é muitas vezes secular, atribuída por Leite Vasconcelos a uma grande peste que assolou o país em 1505.
E continua sobre o São Sebastião:
O medo da fome, da peste e da guerra de que o santo é advogado foi sempre uma espada de Damocles sobre a cabeça do povo, daí a devoção a este servo de Deus.
Em Salto, na “roda” de distribuição gratuita, são ofertados os “mordomos” benzidos, uma porção de pão e um copo de vinho. Os que assistem ao ritual levam para casa um “mordomo” a mais para cada filho, e muitas vezes outro por cada género de animais. A este pão ou carolo atribui-se poder curativo, não ganhando bolor ao longo do ano.
Festa de São Sebastião que é muito popular em todo o Barroso e que todos os anos leva milhares de pessoas até elas, pois além de Salto, na atrás referida aldeia de Cerdedo também é celebrado e logo ao lado, na aldeia de Couto de Dornelas, talvez a maior de todas a par da de Alturas de Barroso onde também se festeja. Vale a pena ir a todas elas, pois embora sejam no mesmo dia, ficam a uns quilómetros umas das outras e em timings diferentes, todas elas no Barroso, embora as três últimas sejam no concelho de Boticas.
Ainda na wikipedia:
O tempo da quaresma
A quaresma que se seguia este longo período festivo que abarca Dezembro, Janeiro e Fevereiro, impõe silêncio e jejum, com interdição do toque dos sinos, das festas, jogos ou espectáculos. É um período sagrado, centrado nos sermões e preces, cujos 40 dias culminaram na Semana Santa, e em particular na Sexta-Feira e no Domingo de Páscoa- o primeiro Domingo após a primeira Lua Cheia da Primavera.
O sexto domingo, que dá inicio a semana santa, é chamado “Domingo de Ramos”.
Os dois grandes períodos opostos do Inverno e do Verão são assinalados pela matança do porco, a qual se apresenta como uma inauguração caléndarica ritual e psicológica, uma espécie de antecipação do Carnaval. O porco é a despensa do ano, que permite uma grande variedade de preparações
Passemos agora à Monografia de Montalegre, onde há bastantes referências à Vila de Salto, mas a maior parte já foi abordada, mas há esta primeira que transcrevo que é curiosa e há ainda quem a defenda:
“A Questão de Salto” - anos de 1914 a 1916 Entre 1914 e 1916 ocorreu a Célebre Questão de Salto. Foi o caso de um algarvio, eleito pelos eleitores do Minho, chamado Augusto José Vieira decidir agitar os ânimos da boa gente nortenha. Assim, propôs (após a necessária campanha Caciquista no Minho) a anexação da freguesia de Salto ao concelho de Cabeceiras de Basto. A batalha durou três anos mas no fim tudo correu como devia: Salto foi, é e será de Montalegre.
As características da freguesia:
Salto
Área: 78.6 km³
Densidade Populacional: 23.8 hab/ km²
População Presente: 1853
Orago: Nossa Senhora do Pranto
Pontos Turísticos: Casa da Fonte (Corva); Sepulturas Antrmpomórficas (Seara) Igreja Velha e Arcas Tumulares (Salto); Monte da Maçã; Casas Diversas.
Lugares da Freguesia: Ameal, Amiar, Bagulhão, Beçós, Minas da Borralha, Caniçó, Carvalho, Cerdeira, Corva, Linharelhos, Lodeiro d’Arque, Paredes , Pereira, Pomar de Rainha, Póvoa, Reboreda, Salto, Seara e Tabuadela.
E agora é tempo da “Toponímia de Barroso”
Salto
Notável e antiquíssimo arcaísmo fonético: do latino Saltu > Salto!
A manutenção do L confirma a velhíssima constituição daquele topónimo que é referido como sede de paróquia suévica no Paroquial de 570. A Diocese Bracarense que se estendia desde Vila do Conde a Bragança e ao Minho tinha apenas trinta paróquias e entre elas Ad Saltum. Chegou a distribuir o seu território por três concelhos conquanto pertencesse sempre à Borba de Barroso. Apesar de regularmente desmembrada ainda atinge um domínio da origem dos oitenta quilómetros quadrados de área onde vigoram vinte agregados populacionais.
E na Toponímia Alegre, vamos lá aos Escorricha-odres de Salto:
(…)
Boa terra era Salto
Se não fora geadeiro
Vem a geada leva tudo:
Não colhe nem um graeiro.
Não vou mais ao São Miguel
De dia ou de madrugada
Por mor da ronda de Salto
Apanhamos a traulitada (1)
(1)– Alude-se às cenas de pancadaria entre trauliteiros e republicanos na monarquia do Norte – 1919.
E continua:
Ó moças da Venda Nova
Apertai esses coletes:
Olhai as moças de Salto,
Parecem uns ramalhetes.
(…)
Venho do Senhor São Bento,
Vou prá Senhora de Salto,
O que eu quero é dinheiro
Raparigas não me falto!
(…)
E para finalizar o vídeo com todas as imagens aqui publicadas:
Para ver o vídeo diretamente no YouTube ou partilhar, sirva-se deste link:
BIBLIOGRAFIA
BAPTISTA, José Dias, (2006), Montalegre. Montalegre: Município de Montalegre.
BAPTISTA, José Dias, (2014), Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso.
WEBGRAFIA
http://toponimialusitana.blogspot.pt
https://pt.wikipedia.org/wiki/Salto_(Montalegre)
Links de interesse