O Barroso aqui tão perto... Vilar de Perdizes/Padre Fontes
Cá estamos de novo no Barroso de Montalegre. No último fim de semana não passámos de Meixide que, para quem vai de Chaves, é a primeira aldeia do Concelho de Montalegre, logo a seguir a Soutelinho da Raia. Aliás Soutelinho é a aldeia mais próxima de Meixide e esta, a mais próxima de Soutelinho da Raia. Apenas uma curiosidade.
Vamos então deixar para trás Meixide com a promessa de lá voltarmos, tudo porque apenas tenho imagens desta aldeia com neve, junto à estrada, pois como o nosso destino geralmente é sempre mais além e os nossos regressos são sempre tardios, a aldeia tem-se esquivado à nossa objetiva, mas num destes dias não escapa, a paragem está prometida.
Logo a seguir a Meixide temos de tomar a nossa primeira grande decisão, pois a estrada divide-se em duas opções para chegar a Montalegre, quer via Pedrário, quer via Vilar de Perdizes, vamos lá dar. Há muito que a minha opção é via Vilar de Perdizes para fazer o regresso via Pedrário. Assim, hoje, também é por Vilar de Perdizes que vamos e por lá ficaremos, aliás muitas das vezes é mesmo o nosso destino.
Se o Barroso fosse um colar de pérolas, Vilar de Perdizes seria uma pérola desse colar. Razões, muitas, desde as ligadas à história, à arqueologia, à raia, às lendas, mas sobretudo e para mim com mais valia, a comunidade em si composta pela aldeia (casario) e as pessoas que a habitam, em suma, o povo/povoação.
Padre Lourenço Fontes no alto da Serra do Larouco acompanhando Professores da UTAD e Animadores Socioculturais
Voltando outra vez ao Barroso colar de pérolas e a Vilar de Perdizes ser uma das suas pérolas, todos os colares têm uma pérola principal, a maior, mais vistosa, a que ocupa o centro do colar e, também para mim, essa pérola principal está, ou vive, em Vilar de Perdizes e dá pelo nome de Padre Lourenço Fontes. Tanto assim é que me atrevo a dizer, sem qualquer pudor, que o Barroso tem duas épocas, a APF e a DPF em que a primeira é Antes do Padre Fontes e a segunda, Depois do Padre Fontes. Padre, Etnólogo, antropólogo, historiador, guia turístico, é de tudo um pouco, mas sobretudo é um grande Animador Sociocultural que abanou o Barroso e o despertou para constar no mapa de Portugal com letras grandes. No fundo e na realidade, despindo-o de todos esses rótulos, o seu segredo está em ser um Homem simples, do povo, que o ama e tem orgulho nele, que ama o berço e o enaltece partilhando com todos, a sua história, os usos e costumes, saberes e sabores de um povo, mas também as crenças e mezinhas que curavam todos os males de uma terra que sempre foi agreste e difícil de viver, terra fria onde o frio além de congelar, doía.
Padre Lourenço Fontes no miradouro da Corujeira em Montalegre acompanhando Fotógrafos da Associação Lumbudus
Curiosamente vamos associando o Padre Lourenço Fontes como um Barrosão de Vilar de Perdizes quando na realidade ele é natural de Cambezes do Rio. Melhor, penso eu, será dizer que ele é filho e natural do Barroso. Para a história, além de uma basta obra publicada ficará o Padre que afrontou a Igreja com os “Congressos de Medicina Popular” e o Padre das “Noites das Bruxas” que desde 2002 acontecem em Montalegre em todas as sextas-feiras 13 e o Ecomuseu de Barroso que o Município de Montalegre atribuiu o nome de Espaço Padre Fontes, como um espaço de memória do Barroso. Para quem o conhece, é um Homem simples, divertido, amigo e sempre pronto para enaltecer e dar a conhecer o Barroso.