O Barroso aqui tão perto... Zebral
Vamos lá então até a aldeia barrosã que ontem deveria ter ficado aqui no blog, mas como não deu, fica hoje. Mais uma aldeia do Alto-Barroso, do concelho de Montalegre e que dá pelo nome de Zebral.
Pois sem mais demoras passemos à sua localização. Já sabem que o nosso ponto de partida é sempre de Chaves. Para esta aldeia, tanto faz ir pela estrada municipal via Soutelinho da Raia, como tomar a nacional 103, em direção a Braga.
Para o primeiro itinerário, via Soutelinho da Raia, logo a seguir à primeira aldeia do Concelho de Montalegre, Meixide, devemos tomar a estrada da esquerda e direção a Pedrário e Sarraquinhos. Nesta última abandonamos a estrada em que seguíamos e viramos à esquerda. Está por lá uma placa que indica Zebral que fica quase logo a seguir (2,2 Km).
Se optarmos pela E.N.103, não há nada que enganar, é seguir estrada acima até chegar ao Barracão, aí abandona-se a E.N.103 e vira-se à direita, seguindo a placa de Vidoeiro, passada esta aldeia logo a seguir é Zebral. Do Barracão a Zebral são aproximadamente 4,2 Km.
Claro para quem gosta de conhecer o nosso mundo rural e se quiser ir a Zebral, aproveite e vá deitando um olhinho às aldeias por onde passar, pois todas elas têm o seu encanto e embora muito parecidas, todas são diferentes.
Mas para melhor localização fica de seguida o nosso mapa com a localização de Zebral, mas também ficam aqui as coordenadas da aldeia: 41º 47’ 22,24” N e 7º 41’ 01.24” O, pertence à freguesia de Sarraquinhos, concelho de Montalegre e situa-se entre os 880 e os 960 metros de altitude em pleno Alto-Barroso.
Ainda antes de entrarmos naquilo que descobrimos com as nossas pesquisas, vamos àquilo que registámos aquando da nossa visita à aldeia e às nossas impressões pessoais, mas também àquilo que nos foram contando, pois desta vez tivemos a sorte de um dos nossos companheiros dos cliques fotográficos, aliás habitual nestas nossas visitas ao Barroso, ter sido professor na aldeia.
Claro que fizemos a visita com paragem obrigatória junto ao nº54 da aldeia, uma humilde construção que então servia de escola, com a curiosidade de ter a sorte de existirem Instalações Sanitárias, mas no Nº 63 da aldeia, que embora a distância dos números, ficavam mesmo do outro lado da rua. Contava-nos o nosso amigo Professor que quando lá chegou, as instalações sanitárias já existiam, mas nunca tinham funcionado e a chave da mesma estava em Montalegre.
Convenhamos que não daria muito jeito que num aperto tivessem de ir a Montalegre buscar a chave, daí que o Professor solicitou por várias vezes à autarquia a “inauguração” das Instalações Sanitárias, até que um dia, um Vereador da Autarquia (hoje Presidente), de chave na mão, apresentou-se em Zebral, para conjuntamente com o Professor fazerem a inauguração das ditas cujas. Esqueci apurar que teria sido o primeiro utente de tão nobre infraestrutura.
Com esta pequena história fica também uma homenagem ao Professor Primário em geral, hoje Professor do 1º Ciclo, e às condições precárias que encontravam na maioria das aldeias onde tinham de lecionar, sem materiais de apoio, ao frio ou calor, sem transportes, tendo de calcorrear, muitas das vezes, vários quilómetros a pé para poderem ensinar as crianças e levá-las, pelo menos, a fazer a 4ª classe. Se conseguirem imaginar estas condições tanto para professores como para alunos, comparando-as com as atuais, verão facilmente lhes poderíamos chamar heróis da educação. A homenagem é sincera, principalmente agora depois de conhecer muitas das nossas aldeias do interior e algumas dessas escolas sem o mínimo de condições. A única coisa boa era mesmo haver uma escola e crianças para ensinar, “coisas” que hoje rareiam nas nossas aldeias.
Pois quanto à aldeia, segundo as minha impressões pessoais, saí de lá com a sensação de existirem três núcleos habitacionais, dois deles mais antigos. O primeiro logo à entrada da aldeia com casario mais senhorial, de casas agrícolas mais ricas, uma delas com capela particular.
Um segundo núcleo, o da aldeia propriamente dita, mais antiga e de construções mais concentradas e próximas da igreja. Por último um terceiro núcleo no cimo da aldeia, constituído por construções mais recentes.
Quanto ao conjunto, agradou-nos aquilo que vimos, não só a aldeia e o seu casario mas também a envolvente, com terrenos cultivados e ainda alguma gente para os cultivar e pelo que tivemos oportunidade de ver e registar em imagem, pelo menos, por lá, ainda se cultivam batatas e milho.
Também registámos a simpatia das pessoas com quem tivemos oportunidade de conversar, que em Zebral foram conversas um pouco mais prolongadas, pois o antigo Professor da aldeia que nos acompanhava também ia querendo saber por onde andavam os seus alunos.
Quanto às nossas pesquisas, nos sítios do costume, pouco encontrámos, pelo menos que tivessem a ver diretamente com a aldeia. No livro “Montalegre” de Zebral apenas consta o seu topónimo como pertença à freguesia de Sarraquinhos e este pequeno apontamento: “Zebral (onde existia uma herdade do irmão do trovador João Baveca)”. Pelo menos deu para ficar a saber quem era o Baveca, e para aqueles que como eu não sabem quem ele era, aqui fica um breve apontamento sobre o trovador que encontrámos num sitio da WEB:
“João Baveca, Trovador ou Jogral medieval, de nacionalidade incerta. Quase nada sabemos sobre este autor, a não ser os dados que podem ser inferidos a partir das suas cantigas. Assim, as referências que nelas faz ao segrel Bernal de Bonaval ou à soldadeira Maria Balteira, bem como as tenções com Pedro Amigo de Sevilha ou Pero d'Ambroa situam-no seguramente em Castela, no segundo terço do século XIII, nas cortes de Fernando III e Afonso X.
A sua qualidade de jogral parece depreender-se do lugar que ocupa nos cancioneiros, onde está integrado no grupo de jograis galegos, e também da tenção que mantém com Pero d'Ambroa, da qual parece depreender-se que estaria ao serviço de algum trovador. No entanto, como Resende de Oliveira não deixa de referir, o Nobiliário do Conde D. Pedro menciona um Fernão Baveca (30BB5), segundo marido de D. Teresa Peres de Vide, sobrinha do trovador Fernão Fernandes Cogominho (e mesmo talvez por ele aludida numa sua composição), e seus filhos, Fernão e Afonso Baveca. O mesmo Fernão Baveca está igualmente documentado em Barroso, em meados do século XIII. Não sendo impossível que João Baveca pertencesse à mesma família, podendo, nesse caso, ser um cavaleiro português, faltam-nos dados para validar esta hipótese. (Referências: Oliveira, António Resende de (1994), Depois do espectáculo trovadoresco. A estrutura dos cancioneiros peninsulares e as recolhas dos séculos XIII e XIV, Lisboa, Edições Colibri, p. 358.)"
Quem acompanha o blog já sabe que temos a noia de querer saber a origem das coisas, dos topónimos, por exemplo, e se não conseguimos saber, mandamos uns palpites, às vezes à toa, mas com algum sentido de até poder conter alguma verdade. Por exemplo para Zebral a primeira coisa que nos ocorre é qualquer coisa relacionado com zebras. Esta sem qualquer sentido, pois zebras em zebral só mesmo se pintarem um burro às ricas brancas e pretas. Mas se nos referirmos a Zebra como uma pedra que servia de peso e equivalia a uma arroba, aí já pode fazer algum sentido, mas também não me parece que o topónimo tenha essa origem, tanto mais que este topónimo é mais ou menos comum e até se repete noutras terras e paragens e até há teorias justificadas por entendidos para a sua origem, no geral, ou seja, sem ser para o caso deste Zebral do Barroso. Também chegámos a esta conclusão na WEB, num blog que trata destas coisas e que a seguir transcrevo:
“Com o desenvolver da investigação que vou realizando sobre a toponímia de origem fenícia, cada vez mais me vou apercebendo da grande antiguidade de alguma dela. Já tinha reparado (e escrito) que entre os topónimos de muito grande antiguidade se podiam referir os da família de “zebro” e de “sobro” (por exemplo “zebral” e “sobral”) que têm origem no radical fenício "sbr", que significa "amontoar, fazer um monte". O nome deve ter sido usado em várias situações em que se criava um monte artificial, e não será necessário dizer que existe um número anormalmente grande de mamoas e antas em Portugal que estão em locais conhecidos como "Zebro", "Zebra", "Sobro", “Sobral”, “Zebral”, etc. Concluo daí que estes nomes foram criados na época em que as mamoas foram feitas, ou seja durante o Neolítico e Calcolítico. Por isso o nome se refere ao processo construtivo - "amontoar, fazer montes", e não à forma existente cuja origem se desconhece.”
E é tudo, por hoje, pois no próximo domingo cá estaremos outra vez com mais uma aldeia do Barroso de Montalegre. Restam as referências às nossas consultas bem como deixar os links para as anteriores abordagens às aldeias e temas do Barroso.
Bibliografia
“Montalegre” de José Dias Baptista, edição do Município de Montalegre, 2006
WEB
http://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?pv=sim&cdaut=62
http://fernando-outroladodahistoria.blogspot.pt/2014/04/zebral-arca-orca-selada-soldo-e-anta.html
Links para nteriores abordagens ao Barroso:
A Água - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-a-agua-1371257
Amial - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ameal-1484516
Amiar - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-amiar-1395724
Bagulhão - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bagulhao-1469670
Cepeda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cepeda-1406958
Cervos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cervos-1473196
Cortiço - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1490249
Corva - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-corva-1499531
Donões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-donoes-1446125
Fervidelas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fervidelas-1429294
Fiães do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fiaes-do-1432619
Fírvidas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-firvidas-1466833
Frades do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-frades-do-1440288
Gralhas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhas-1374100
Lapela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-lapela-1435209
Meixedo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixedo-1377262
Meixide - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixide-1496229
O colorido selvagem da primavera http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-o-colorido-1390557
Olhando para e desde o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-olhando-1426886
Padornelos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padornelos-1381152
Padroso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padroso-1384428
Paio Afonso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paio-afonso-1451464
Parafita: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-parafita-1443308
Paredes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paredes-1448799
Pedrário - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pedrario-1398344
Pomar da Rainha - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pomar-da-1415405
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