O Factor Humano
Os rios impossíveis
Os rios impossíveis
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Embora nem todos o confessem, o verdadeiro pescador de trutas gosta de ter o rio só para ele. Mais ainda, gostaria de ter um rio onde só ele pescasse, o que em geral é impossível.
Fotografia de Inês Torrado
É verdade que todos querem, no fim da pesca, uma merenda boa, com salpicão, pão e "um copo", e que tudo isto se faça em camaradagem, descrevendo as peripécias do dia, recordando pela enésima vez histórias antigas.
Mas isso é só depois da pesca solitária...
Por isso este poema, um sonho de todos, ainda que com versos muito rudimentares!
Fotografia de Inês Torrado
Porque será que ao pegar
Na caneta pra escrever
Sempre me ponho a pensar
Na água de um rio a correr?
Com uma leveza subtil
Límpida e sem descansar
Desce lá do seu covil
Na maldição de chegar
Se eu soubesse desenhar
Um labirinto para ela
Sem saída para o mar
Já viram coisa mais bela?
Um rio sem terminar
Libertado de ter fim
Eu, pescador, a sonhar
Todo um Mundo só pra mim!
Manuel Cunha (Pité)