Pedra de Toque
O SORRISO DAS CRIANÇAS
Os antepassados, ainda que por momentos, vêm sempre à minha ceia de Natal.
Viajam nas asas do menino Jesus ou nos trenós do Pai Natal.
Entram na nossa memória e depois diluem-se na alegria dos filhos e sobretudo nas gargalhadas e na euforia dos netos, que olham ansiosos para os embrulhos das prendas.
A reunião à volta da mesa já dura pouco mais que o repasto. A televisão veio estragar, veio intrometer-se no convívio das famílias, nas conversas que tantas vezes se prolongavam até à hora da missa do galo.
Vai-se mantendo contudo, ainda que de forma mais restrita, a ementa alusiva à época.
O bolo-rei e o polvo são reis na mesa bem como a doçaria tradicional. Ai as minhas filhós de jerimum…
No fim as crianças, ávidas, abrem os embrulhos e rejubilam com os presentes.
Os adultos, por vezes, também são brindados.
Eu este ano tive uma prenda muito especial, que ficará para sempre gravada na minha lembrança.
Quiçá os deuses, mas sobretudo, os médicos, enfermeiros e auxiliares dos cuidados intensivos e intermédios do Hospital de São João, com extrema competência, simpatia, desvelo e carinho “ressuscitaram-me” um ente muito querido e ofertaram-me a mais gostosa prenda de Natal que tive em toda a minha vida.
Para eles o mais perene agradecimento.
Para esquecer as agruras e a saudade dos que me cuidam lá de muito longe… neste Natal também estará o sorriso dos meus netos.
Que melhores prendas eu podia ter?!
António Roque