Pedra de Toque - Até que o silêncio nos abençoe
Até que o silêncio nos abençoe
Por onde andas? Onde paras?
As estações do ano sucedem-se e não te encontro com a nitidez desejada.
Só nos dias extremos é que te vislumbro a espaços escondida na tristeza.
Então caminho até ao cansaço pelo verde da relva com o rio sereno nas margens entre veredas.
Os pássaros chilreiam como se fossem o eco dos meus sonhos revoltos.
Dias há em que tudo nos cansa!…
Se ao menos descobrisse o teu sorriso, nem que fosse furtivo entre as ameias da cidade ou envolto por detrás do frondoso das árvores, talvez por momentos tivesse a felicidade, quase transitória, que tantas vezes procuro!...
Assim tentarei levar-te em braços embalado pelas palavras que quero escrever para ti e que, porventura, nunca escreverei.
Até que o silêncio, já que o teu beijo tarda, nos abençoe.
Onde paras? Por onde andas?
António Roque