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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

12
Nov18

Quem conta um ponto...


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417 - Pérolas e Diamantes: Abaissez le plus bas possible Le Pen...

 

 

O movimento eurocético nunca foi tão intenso e forte como na atualidade.

 

O Brexit inglês deu o pontapé de saída para um situação política que todos sabemos como começou mas ninguém consegue prever como vai acabar.

 

Depois do “Não” inglês à União Europeia, outra hecatombe lhe sucedeu: a eleição de Trump como 45º presidente dos EUA. Seguiram-se ainda uma série de eleições europeias em que os partidos eurocéticos conseguiram uma popularidade e um sucesso nunca vistos nas democracias do velho continente.

 

Roger Scruton – um dos pais ideológicos do Brexit – foi ao coração do problema, quando questionou uma das bases da ordem mundial pós-Guerra-Fria: a redução do político ao económico e a avaliação meramente sociológica e quantitativa das reações e motivações populares.

 

Scruton pensa que a rutura inglesa foi fortemente influenciada pela emigração, pelo défice democrático e pelos efeitos dos tribunais europeus na lei e nos costumes do povo britânico.

 

Para ele, as elites e a classe política revelaram-se incapazes de responder às inquietações da gente comum em relação à imigração, desqualificando-as como “racismo e xenofobia”, sentimentos politicamente incorretos, logo, merecedores de veemente repulsa e indignos de serem sequer considerados.

 

A hegemonia dos progressistas na Europa, nomeadamente após a Segunda Guerra Mundial, sempre assentou numa denominada superioridade política, social e moral das forças de esquerda “resistentes” em relação às organizações de direita “colaboracionistas”.

 

A esquerda francesa, que sempre gostou de glorificar Sartre, Aragon, Cohn-Bendit e Bernard-Henry Levy, fez sempre questão em divulgar essa mítica superioridade histórica e moral, isto apesar de a História desmentir a autenticidade desse mito, pois, como todos sabemos, também houve esquerda colaboracionista e direita resistente.

 

É bom recordar que, em junho de 1940, no início da Ocupação, os comunistas receberam bem os Alemães, seus aliados desde o Pacto Germano-Soviético (assinado por Hitler e Estaline em agosto de 1939), passando a integrar a resistência (que teve início em Londres com os militares e os católicos leais a De Gaulle) no ano seguinte, só depois da invasão da União Soviética pela Wehrmacht.

 

A 5 de Maio de 1981, Mitterrand foi eleito Presidente da República, numa eleição concorridíssima. A esquerda unida chegou ao poder num governo liderado por Pierre Mauroy, onde figuravam vedetas do PS tais como Defferre, Chevènement, Rocard, Jobert, Badinter e, na cultura, Jack Lang. O elenco era tão hodierno e de esquerda que incluía mesmo um Ministério dos Tempos Livres.

 

A chegada da esquerda ao Governo, unida no Programa Comum, coincidiu, “para mal dos pecados de todos nós”, com a revisão doutrinária e ideológica na direita, liderada pela política anticomunista ativa de Reagan e Thatcher e a renovação da Igreja Católica feita por João Paulo II. Para a direita, o triunvirato indiciava “uma nova atitude de reação do Ocidente relativamente aos perigos que o ameaçavam”.

 

Depois foi aquilo que se viu. A esquerda deu lugar ao centro-direita. Seguidamente os socialistas ganharam de novo. E houve um jogo de ping-pong que acabou com Macron no Eliseu. Os socialistas, esses, desapareceram. No meio disto tudo quem se afirmou foi Marine Le Pen.

 

Os media foram demolidores com os Le Pen, pai ou filha. Escreveram que se eles ganhassem “os rios iam deixar de correr, o Sol não voltaria a levantar-se e seria o princípio da era glaciar” em que a França se transformaria num gigantesco “campo de reeducação psicológica”.

 

A argumentação da esquerda foi avassaladora: “Mettez des gants si vous voulez, des pinces ou ce que vous voulez, mais votez. Abaissez le plus bas possible Le Pen... votez escroc, pas facho.”

 

Mas se este tipo de argumentação resultou em França, nos EUA o tiro saiu pela culatra a Hillary Clinton e a Bernie Sanders. Temos de reconhecer que o movimento que levou Trump à presidência é complexo.

 

O seu movimento, segundo Jaime Nogueira Pinto, “contou com americanos religiosos do Midwest, sulistas zangados, blue collars do Nordeste Industrial e uma classe média farta de ver os seus valores ridicularizados e marginalizados pelas minorias sexuais e pelos intelectuais sofisticados.”

 

Apesar da retórica argumentativa tradicional dos democratas de o seu governo ser simples e acessível, o facto é que o poder político americano se ancora nas oligarquias do dinheiro, pois, como é tradição, geralmente apenas costuma favorecer os ricos.

 

Mas, afinal, porque razão “o bárbaro, o básico, o narcisista, o grunho” venceu as eleições?

 

Em Trump votaram os descendentes de plantadores do Sul, os militantes do Tea Party, os católicos antiaborto, os evangélicos bibliocratas, os mineiros da Carolina do Norte, os desempregados de Appalachia e os poucos intelectuais conservadores que o apoiaram.

 

E fizeram-no porquê? Jaime Nogueira Pinto responde: “Talvez tivesse sido pela recusa da alternativa, de um mundo globalizado, sem nações, sem identidades, sem famílias, sem regras, misto de utopia libertina e de pseudo-paraíso de consumo, com pequenos prazeres imaginados por administradores anónimos de fortunas mal geridas, políticos cínicos e militantes da globalização e dos direitos das minorias. Talvez tenha sido só para impedir a marcha desse mundo, dessa utopia encarnada por um arqui-símbolo do sistema, que jogaram tudo na única alternativa. E a única alternativa chamava-se Donald Trump.”

 

E, como se tudo isto ainda fosse pouco, aí está Bolsonaro em todo o seu esplendor “fascista”.

 

João Madureira

 

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