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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

14
Fev22

Quem conta um ponto...


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578 - Pérolas e Diamantes: De Raça

 

Rachel Khan, uma artista francesa, ex-atleta olímpica e jurista, escreveu um livro polémico onde defende que as minorias só separam a sociedade. Nele também critica as quotas contra a discriminação que diz darem força à extrema-direita, pois tornam as pessoas prisioneiras da sua cor.

 

O seu pai é um muçulmano negro, natural da Gâmbia, e a sua mãe uma judia francesa, por isso recusa o rótulo de afrodescendente, argumentando: “Eu não sou. Sou africana e europeia. Quando vou a África vou ver a minha família. Dizer que sou afrodescendente faz crer que vim do tráfico negreiro. Isso é uma espécie de revisionismo.”

 

O seu livro recebeu várias críticas, por ser, segundo os críticos favoráveis, uma pedrada no charco da cultura do cancelamento. Já os negros disseram que uma negra não pode falar assim.

 

De Raça” venceu o prémio de Livro Político da Assembleia Nacional Francesa e foi editado em Portugal pela Guerra e Paz.

 

Em entrevista à Sábado, afirmou ter decidido escrever o livro porque começou a sentir que havia um regresso à crispação identitária, no qual não se reconhece nem um bocadinho. “Já existia o discurso da extrema-direita, mas o que agora surgiu vem de outro lado.”

 

“A humanidade é uma junção de todos: brancos, mestiços, negros, judeus. Essa é a realidade do mundo. É chegado o momento da humanidade evoluir para novo estádio, evitando retroceder para o tempo da segregação racial.”

 

Ao que rezam as crónicas, o livro foi bem acolhido por pessoas de diferentes áreas: artistas, desportistas, pessoas de todas as cores, ricos e pobres. Mas foi execrado pelos racistas, tanto da extrema-direita como da extrema-esquerda.

 

Ao que parece, é impopular afirmar que há racismo de esquerda. Mas foi precisamente por isso que Rachel Khan escreveu o livro, para dizer stop à instrumentalização da cor.

 

Segundo a autora, a extrema-esquerda acredita que ela nega o racismo. Mas o que Rachel faz é o inverso. Por isso acusa a extrema-esquerda de racista por, apesar de ser contra a colonização, praticar a colonização mental.

 

Apesar de se dizerem contra a dominação, esses novos tartufos instalam o medo de nos exprimirmos, exercendo uma nova forma de dominação.

 

E não é um novo tipo de racismo. É o mesmo, mas agora vindo do outro lado do espectro político. A escritora considera que a partir do momento em que classificamos as pessoas com base na raça, o problema subsiste, pois o ser humano é muito mais complexo e mais rico do que apenas a sua raça. De facto, o racismo branco ou negro é a mesma coisa.  Não podemos olhar para alguém a partir da sua cor de pele ou da sua religião.

 

O discurso simplista sobre a identidade é muito imaturo.

 

Rachel Archer considera que “existem comerciantes de raça, que se vendem por isso e utilizam o discurso da vítima. Chegam ao extremo de proibir, como aconteceu nos EUA, um professor branco, especialista em colonialismo, de dar aulas sobre o tema, apenas por causa da sua cor de pele”.

 

E, por incrível que pareça, as pessoas que agiram dessa forma não foram vítimas de racismo, nem de discriminação.

 

Archer esclarece: “As verdadeiras vítimas não são ouvidas. Quando estamos num estado de sofrimento não fazemos selfies para as redes sociais. Essas pessoas vêm dos EUA, das universidades norte- americanas, com um desejo de vingança contra a raça branca. Estão cheios de cólera, têm uma personalidade egocêntrica, só querem fazer ouvir a sua voz. Resumem a riqueza humana ao ódio. É um militantismo descartável.”

 

A verdade é que para as crianças não interessa a cor dos heróis. O seu imaginário não depende disso. “Tanto podem ser heróis brancos, negros ou verdes, como o Shrek. Temos é de cultivar a diversidade.”

 

A artista francesa refere que as minorias rompem a nossa sociedade em milhares de pedaços, pois todos podemos encaixar numa minoria qualquer. Ela, por exemplo, é negra, pertence aos negros, mas também é mulher, encaixa nessa categoria. “Na verdade, usa-se o facto de se pertencer a uma minoria para se construir um clã que se vai opor a um determinado emissário, para reivindicar coisas e para se opor e para se vingar de algo do passado. Para mim, a melhor vingança, em relação ao passado, é reconstruirmo-nos. Só que temos uma sociedade egoísta. A ideia é dominar os outros, antes que nos dominem a nós.”

 

Não vamos negar, há racismo, mas reagir contra extremos através da mesma atitude extremada é uma estupidez e um absurdo.

 

João Madureira

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