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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

16
Fev19

São Julião de Montenegro e 3+1 Kmºs Zero de Chaves


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Embora iniciemos o post com duas fotografias de neve, a verdade é que esta neve já não é de hoje e há muito que derreteu, aliás, depois desta nevada, já caíram outras. Para sermos precisos, esta nevada caiu em 25 de janeiro de 2009. Mas não ficamos só por aqui, pois se a foto com neve nos leva ao engano, a própria placa de entrada no concelho de Chaves também é enganadora, mas sem nos enganar. Na realidade esta placa está à entrada do concelho de Chaves, localizada  antes de chegarmos à aldeia de São Julião, deixando para trás o concelho de Valpaços, só que antes de aqui chegámos já tínhamos entrado no concelho de Chaves e passado por Limãos, deixado o concelho de Valpaços para trás, só que logo a seguir a Limãos, entramos novamente no concelho de Valpaços (Barracão), deixando o concelho de Chaves para trás, ainda antes de entrámos nele. Confuso, mas é assim mesmo, ou seja, saímos do concelho de Valpaços e entramos no concelho de Chaves, logo a seguir saímos deste e entramos novamente no de Valpaços para logo a seguir sair dele e entrar novamente no de Chaves… é melhor ficar por aqui, mas a realidade é mesmo assim.

 

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Quanto a esta segunda imagem, do mesmo dia da anterior, também é enganadora, mas só quanto à neve, pois quanto às placas, o STOP é mesmo para parar antes de entrar na estrada principal, placa que nos tapa um pouco a outra placa, tirando a santidade a São Julião de Montenegro, a nossa aldeia de hoje.

 

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A título de curiosidade, São Julião é um dos 10 santos (talvez 12) aos quais concelho de Chaves   recorre para ser topónimo das suas aldeias, a saber: Santiago do Monte; Santo Estêvão; São Caetano; São Cornélio; São Domingos; São Gonçalo da Ribeira; São Julião, São Lourenço; São Pedro de Agostém e São Vicente. Disse talvez 12 porque Sanjurge e Sanfins da Castanheira, também podem ter na sua origem um Santo, no primeiro caso o São Jurge, pois este topónimo existe por exemplo em Ranhados no concelho da Mêda, e no segundo caso o São Pedro Fins, este sim, é assumido com estando na origem de outras localidades portuguesas que hoje têm como topónimo Sanfins.

 

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Tal como tenho vindo a afirmar todos os sábados, esta nova abordagem às nossas aldeias do concelho de Chaves, tem sido feita por ordem alfabética, no entanto como no nosso arquivo em alguns casos abreviámos o Santo para Stº e o São para S. fomos levados ao engano, por exemplo na ordem em que Stº Estêvão apareceu e,  trouxemos primeiro os topónimos Santos quando deveriam ter trazido as Santas (Santa Bárbara, Santa Cruz, Santa Cruz da Castanheira,  Santa Leocádia, Santa Marinha e Santa Ovaia). As nossas desculpas às Santas, mas fica prometido que a seguir ao último Santo, o São Vicente, vamos às Santas, para continuar na santidade dos topónimos flavienses, que ao todo (Santas e Santos) são 18, talvez 20.

 

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Deixando as curiosidades de parte, entremos então na Aldeia de São Julião de Montenegro que até à última reforma administrativas das freguesias, foi também sede de Freguesia, hoje integradas na grande/extensa freguesia da União de Freguesias das Eiras, São Julião de Montenegro e Cela. Atrás disse grande/extensa porque agora o território desta freguesia estende-se desde o Concelho de Valpaços até ao Vale de Chaves (Eiras).

 

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Quanto à localização de São Julião de Montenegro, para trás, neste post, já fomos adiantando onde fica, mas para sermos mais precisos, a aldeia fica junta à EN 213 (Chaves-Vila Flor), no troço entre São Lourenço e o Barracão (Valpaços).

 

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Os 3+1 Kms Zero de Chaves

A título de curiosidade, pois hoje parece que além de ser um post dedicado a São Julião o é também às curiosidades. Então agora que o Km zero da EN2 está tão na moda, temos também que realçar que esta Estrada Nacional  que serve São Julião, tem também o seu Km Zero em Chaves, mais precisamente na Rotunda do Raio X. Trata-se da EN213 que tem início no Raio X em Chaves e termina em Vila Flor. Ora aqui surge outra curiosidade e outro Km zero, o da Antiga EN314, hoje R314 que também tem o seu KM zero em Chaves, naquela rotunda que não é rotunda (outra curiosidade flaviense) a apenas 200 do KM zero da EN213. Curiosamente esta R314 que tem o seu Km zero em Chaves a 200 metros do Km zero da EN213, termina precisamente em Vila Flor, no preciso cruzamento onde termina a EN213. Ainda outra curiosidade menos curiosa é a dos 3 Km’s zeros destas 3 estradas nacionais se encontrarem dentro de um circulo com 300 m de raio, quase juntos e a EN213 nasce na EN2 e a R314 nasce na EN213, ou seja, rodoviariamente falando, isto só prova que Portugal nasce em Chaves, estatuto que lhe é conferido pela EN2 que atravessa Portugal de Norte a Sul. Por último, referia no título o 3+1 Kms Zero de Chaves, pois além dos três já referido ainda temos outro, o Km zero da EN103-5, que começa no Lameirão e terminava na Fronteira de Vila Verde da Raia, hoje, outra curiosidade, termina na Galiza.

 

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Voltemos a São Julião a uma razão que seja para ser de visita obrigatória. Pois tem mais que uma razão para ser de visita obrigatória, mas há uma muito forte, a da sua Igreja, pois é uma que está nos roteiros obrigatórios das Igrejas Românicas.

 

1600-s-juliao (302)-xxx

 

Num post anterior deste blog dedicado a São Julião dizia eu a respeito desta igreja:

“A igreja matriz de São Julião de Montenegro é um templo de traça românica onde ainda persistem muitos dos elementos arquitectónicos originais. Só a fachada principal, com uma orientação a Oeste, é que se encontra completamente descaracterizada por obras de restauro mais recentes, aliás obras a que tem estado mais ou menos sujeita ao longo dos tempos e ligadas a estragos causados por causas naturais, como o terramoto de 1755 (segundo alguns documentos) ou mais recentemente, atribuídas a um ciclone do início do século passado que muitas vezes é referido pela população mais idosa, ou mais recentes ainda, nos anos 80, por iniciativa do então padre da freguesia. Obras mais ou menos felizes que lá foram mantendo a cachorarrada  que testemunha a sua origem românica, bem como uma pequena porta que se rasga na parede norte do edifico e que curiosamente podemos ver repetida em desenho na Igreja de Moreiras, desenho onde se encontra reproduzida a famosa cruz usada pela Ordem dos Templários que neste caso seria já da Comenda da Ordem de Cristo, à qual pertenceu S.Julião.”

 

1600-s-juliao (96)

 

A Igreja de São Julião de Montenegro está classificada como MIP - Monumento de Interesse Público pela Portaria n.º 740-EH/2012, DR, 2.ª série, n.º 252 (suplemento), de 31-12-2012.

Saliente-se que esta portaria veio repor o estatuto de interesse público que a Igreja de São Julião já tinha possuído e que indevidamente lhe tinha sido retirado em 2010.

 

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Na nota Histórico-Artística que consta na ficha da Direção-Geral do Património Cultural, a respeito da igreja de São Julião, pode ler-se o seguinte:

Povoado desde a Pré-história, como atestam as necrópoles, os testemunhos de arte rupestre, os povoados fortificados de altura (castros) da Idade do Ferro e as construções do período romano (calçada, ponte, barragem e villa) identificados até ao momento, numa comprovação da diversidade e da excelência dos recursos cinegéticos que dispunha às comunidades humanas que o percorriam e nele se fixavam, o território correspondente, na actualidade, ao concelho de Chaves confina, a Norte, com a Galiza, constituindo um dos seis municípios do 'Alto Tâmega'. 

 

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E continua:


De entre a multiplicidade de construções erguidas ao longo dos tempos faz parte a "Igreja Paroquial de São Julião de Montenegro", originalmente construída, ao que se supõe - pela análise da estrutura e das pinturas a fresco existentes na parede interior - , ainda no século XIII, inscrevendo-se, por conseguinte, na arquitectura românica da região, até que, em meados de oitocentos, a fachada principal adquiriu nova feição, destituindo-a da primitiva estrutura. 
Constituindo um dos templos melhor conservados de todo o termo administrativo de Chaves, a igreja preserva, no entanto, a maior parte do estaleiro românico. 

 

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E remata assim:


Composto de nave única (pavimentada com lajes graníticas), cabeceira e sacristia (adossada) de planta rectangular, o templo alberga capela-mor separada do restante corpo por arco quebrado com banda externa de enxaquetado apoiado em meias-colunas com capitéis decorados com motivos zoomórficos, ostentando pinturas a fresco nos dois lados da parede. A capela acolhe grande retábulo de talha dourada profusamente decorado - com tribuna escalonada e sacrário - contendo imagem de Sto. António, sendo, ainda, de destacar, a presença, no interior, de arcossólio na parede Sul com tampa sepulcral com cruz de Cristo. 
Acede-se à nave através de portal rectangular sobrepujado por óculo, ambos rasgados no alçado principal encimado por campanário de dupla ventana coroado com dois pináculos laterais e cruz central. No exterior, merecem especial destaque, a par de duas pias baptismais, talhadas em granito, as fachadas laterais Sul e Norte com cachorrada lavrada com elementos zoomórficos, antropomórficos ou com decoração em rolos e cornija em laços e/ou bolas. 
[AMartins]

 

1600-silhueta igreja

 

Penso que quanto à igreja, deixo documentação suficiente para justificar  a visita obrigatória a a São Julião de Montenegro, mas há mais, pois a aldeia, embora com algumas construções mais recentes que não se enquadram dentro do nosso gosto particular, mantém as suas características como aldeia típica transmontana, principalmente ao longo da rua principal que se inicia na rua da escola e termina no largo da Igreja, bem como ao redor desta, área hoje protegida que no entanto não corrige erros do passado.

 

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No largo da entrada da aldeia, onde se encontra a escola, existe o cruzeiro da aldeia com a sua escadaria elevada em relação ao pavimento do largo, o que lhe confere um ar mais interessante e alguma imponência.

 

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Existe também, numa rua transversal a rua da igreja que liga aos campos de cultivo da aldeia, uma fonte de mergulho que na altura do levantamento fotográfico me indicaram como sendo muito antiga. É notória uma intervenção mais recente em que o arco originalmente aberto e que dava acesso à fonte, foi tapado com blocos de cimento nos quais colocaram uma porta de ferro, retirando-lhe algum interesse. Penso que na altura me falaram também em certas estórias ou lendas ligadas à fonte, mas não o posso afirmar com certeza.

 

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Pela certa que haverá outros motivos de interesse que agora já não recordo, pois também São Julião foi uma das primeiras aldeias a fazer o levantamento fotográfico, isto já lá vão pelo menos 10 anos. Fui por lá mais recentemente mas com a missão mais nobre de acompanhar um amigo à sua última morada onde coincidiu despedir-me de outro pela última vez, um momento em nada apropriado quer para recolha de novas imagens ou para procurar motivos de interesse.

 

E é tudo!

**************

Consultas em: http://www.patrimoniocultural.gov.pt/en/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/71282 em 16-02-2019

 

 

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