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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

23
Fev19

São Lourenço - Chaves - Portugal


1600-23-12-09 (64)

 

Nesta rúbrica das aldeias de Chaves, ultimamente temos andado por terras de santos, que quer os haja ou não na aldeia, têm-nos no topónimo, tal como a nossa aldeia de hoje - São Lourenço, e como na última aldeia que por aqui passou (São Julião), iniciámos com uma fotografia com neve, hoje, para não se ficarem a rir uma da outra, hoje iniciamos também com neve que já caiu em dezembro de 2009.

 

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A ordem alfabética ditou que hoje fosse a vez a São Lourenço tal como no último fim de semana calhou a São Julião, e estas coisas não acontecem por acaso, embora também não acredite que estivesse predestinado acontecer, mas até poderia estar. Na realidade estas aldeias também são próximas, aliás seguindo pela estrada acima em direção a Valpaços, a seguir a São Lourenço temos São Julião. Quis o destino que assim fosse, talvez, pois não sei qual a origem dos topónimos, mas acontece que ambos os santos são santos mártires, mandados matar pela mesma gente, são da mesma época (nasceram no mesmo século III) e morreram à distância de 47 anos, São Lourenço no ano de 258 e São Julião no ano de 305.

 

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Deixemos o São Julião lá mais em cima (na estrada) e vamos saber um pouco sobre a vida e morte de São Lourenço, até com um pouco de humor, o do Santo, que dizem que ele tinha. Verdade ou lenda, apenas transcrevo:

 

Em 257, os cristãos começaram a ser perseguidos e mortos por ordem do imperador Valeriano I. Em 258, o Papa Sisto II foi decapitado. Conta a história que, ao caminhar para o lugar da execução, São Lourenço caminhava junto ao papa e dizia: Aonde vai sem seu diácono, meu pai? Jamais oferecestes o sacrifício da missa, sem que eu vos acolitasse (ajudasse)! O papa, comovido com essas palavras de dedicação filial, respondeu: Não estou te abandonando, meu filho! Deus reservou-te provação maior e vitória mais brilhante, pois és jovem e forte. Velhice e fraqueza faz com que tenham pena de mim. Em três dias você me seguirá.

Depois da morte do Papa, o imperador exigiu que a Igreja lhe entregasse todos os seus bens, dentro de 3 dias. Vencido o prazo, São Lourenço apresentou os pobres que eram acudidos pela Igreja e disse ao imperador: Estes são os bens da Igreja. Valeriano, então, com muita raiva, ordenou que Lourenço fosse queimado vivo. O santo manteve a alegria no momento da execução, mostrando sua profunda fé na vida eterna, no encontro com Jesus Cristo. Por isso, no momento mais angustiante de sua vida – aos olhos do mundo – Lourenço, feliz, dizia aos soldados: agora podem me virar, este lado já está assado. Uma multidão acompanhava o martírio de São Lourenço. E, no meio do povo, grande foi o número dos que se converteram a jesus cristo ao verem o testemunho do jovem São Lourenço.

 

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Voltemos a São Lourenço, agora à aldeia, que fica lá no alto na Serra do Brunheiro, a caminho de Valpaços, acima do Vale de Chaves e dos seus famosos nevoeiros, tal como acontece nesta última foto que vos deixei atrás, com uma preciosidade que só hoje descobri (na foto) e que me convida a subir de novo a São Loureço num dia de nevoeiro para ver se, com uma objetiva mais potente a vencer distâncias, consigo dar mais realce ao motivo. Se repararem bem na foto, o nevoeiro mais distante tal como as montanhas são em terras da Galiza. O último nevoeiro que se vê é sobre a Verin (ou seja o nevoeiro cobre a EuroCidade Chaves-Verin), do lado esquerdo, em cima, há um biquinho de montanha que sai do nevoeiro e nele notam-se uns pontinos amarelados que não são mais que o Castelo de Monterrey.

 

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São Lourenço é uma das aldeias que tem passado aqui no blog com alguma frequência e penso que nos posts anteriores já disse tudo que tinha a dizer sobre a aldeia, mas mesmo assim, sempre que vamos por lá temos que salientar alguns pormenores da aldeia, pois são também a sua imagem de marca ou às quais não podemos ficar indiferentes. Uma delas é pelo presunto, do bô, não só o que as pessoas de lá têm em suas casas, mas também o que servem lá nos bares junto à estrada, acompanhado de bô vinho que São Lourenço também tem e de umas fatias de cebola crua com bô pão centeio, tudo de lá e podem crer que é do melhor que há, tudo bô, sou testemunha disso na primeira pessoa, quer do presunto, vinho, cebola e pão caseiros, quer do dos bares. Se duvidar, nem há com ir por lá, mas cuidado com as curvas ao descer para o vale de Chaves.

 

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Outra imagem à qual não podemos ficar indiferentes é à casa da árvore ou à árvore que nasce dentro da casa. Uma pereira, se bem recordo, que insiste em fazer a delícia de quem vê o motivo, pois não é todos os dias que se vê uma coisa destas. Aliás isto não é bem verdade, pois quem lá vive pode-a ver todos os dias e que por lá passa, também, eu assim faço sempre que passo por lá.

 

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A outra imagem de marca, são as imagens de marca da ruralidade da aldeia, que embora a lançar vistas para o vale de Chaves e que para chegar até ele basta descer o Brunheiro, continua com a sua ruralidade, com motivos que fazem verdadeiros “quadros” de arte” com o selo de garantia do fio azul, o melhor de todos os tempos.

 

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Ainda outra imagem, mas esta já está armazenada na memória, no entanto impossível de esquecer por tantas vezes a ter visto passar à porta da minha infância – as lavadeiras de São Lourenço. Os mais novos não sabem, mas eu conto. Até finais dos anos 60 (Séc. XX) talvez ainda inícios de 70 em São Loureço existia a maior lavandaria do concelho de Chaves. Era para lá que ia muita da roupa suja da cidade para lavar e que depois de lavada, descia em comboios de burros carregados de roupa branca.

 

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Claro que ista subida de roupa suja e descida de roupa branca era no tempo em que a cidade estava dependente de muitos serviços e produtos que as nossas aldeias ofereciam e produziam. Como o abastecimento de leite à cidade feito por Outeiro Seco, a lavagem de roupa de São Lourenço, o carvão e carqueja de várias aldeias, o famoso presunto de Chaves que até das aldeias do Barroso e outros concelhos vizinhos vinha, em que a principal empresa de transporte de mercadorias eram os burros, as pessoas vinham a pé. É por essa razão que o colesterol só começou a aparecer em abundância nos últimos tempos, pois naqueles tempos não tinha tempo de se instalar nos corpos das pessoas.

 

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Também é de terras de São Lourenço que se pode avistar todo o vale de Chaves, terras da Galiza a até ver se a Serra do Larouco está ou coberta de neve. Neve que também cai com alguma frequência em São Loureço, pelo menos aquela que se costuma ver na croa das montanhas e que já cai no vale em forma de chuva. Neve que lá vai caindo por cá, na cidade e nas montanhas, quando lhe dá na gana, isto para contrariar aqueles que dizem que antigamente é que era. Mas não era, ou melhor, também era, pois posso-vos garantir que nestes últimos 30 anos nevou mais em Chaves que nos 30 anos anteriores. Agora se o antigamente é que era se refere aos séculos distantes, isso já não sei, pois não estava cá para ver.

 

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E por hoje é tudo. Para a semana continuamos pelas terras dos santos. Depois de já terem passado por aqui o Santiago, o Santo Estêvão, o São Caetano, o São Cornélio, o São Domingos, o São Gonçalo, o São Julião e o São Lourenço, e talvez o São Fins (Sanfins) e o São Jurge (Sanjurge) chega a vez do São Pedro, mas este só para o próximo sábado, pois hoje é o dia do São Loureço.

 

Fontes consultadas:

https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-sao-lourenco/152/102/#c

https://pt.wikipedia.org/wiki/Louren%C3%A7o_de_Huesca

 

 

 

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