Sobrado - Chaves - Portugal
Há uns bons anos que é hábito neste blog, os sábados serem reservados para as nossas aldeias do concelho de Chaves. Nesta nova ronda decidimos fazê-lo por ordem alfabética com fotografias que escaparam à seleção dos anteriores post’s. Assim, hoje toca a vez à aldeia do Sobrado.
Sobrado que se localiza no planalto da Serra do Brunheiro, pertence à freguesia de Nogueira da Montanha, a pouco mais de 1 Km do limite do Concelho de Chaves/Valpaços, tendo como aldeias mais próximas a sede de freguesia (Nogueira da Montanha) e Gondar a Nascente, Alanhosa a Norte, Capeludos e Sandomil a Poente e Amoinha Velha a Sul. A aldeias mais próximas estão entre os 400 e os 600 metros de distância (Nogueira e Gondar) e as restantes a cerca de 1Km. A título de curiosidade, Sobrado fica num cruzamento de estradas mais ou menos orientadas conforme os pontos cardeais que ligam às aldeias atrás mencionadas.
É uma das nossas aldeias de montanha e também das mais altas do concelho (como quase toda a freguesia), localizada a uma altitude de 825m, onde é bem real aquele dito que se aplica por cá, o dos 9 meses de inverno e 3 de inferno, mas por lá, o inverno é mesmo rigoroso, mas se tem este dói, também alguma coisa se aproveita deste rigor, principalmente do frio, bom para curar as carnes de porco e, também, conjuntamente com a terra, um clima ideal para nele se produzir batata de qualidade, mas não só.
Olhem só para estas cebolas, até parecem de oiro, e são-no, principalmente nas mãos de uma boa cozinheira ou bom cozinheiro. Aliás no Sobrado calhou numa visita feita a pedido a um dos seus habitantes, ter encontrado e fotografado os ingredientes necessários para um manjar dos deuses, e se não é de todos os deuses, é pelo menos dos deuses transmontanos e de todos os transmontanos fiéis.
Só não fotografei o azeite e o vinho, mas esses já todos sabemos que são condimentos ou companhia obrigatória na nossa cozinha e de uma boa mesa, aliás se todos os cozinheiros forem como eu, sem azeite, cebola e alho, não faço nada.
Então já temos as cebolas, o feijão seco, umas carnes na salgadeira e a seguir vai ficar a imagem de uma cabeça de porco com todos os seus pertences e uns pezinhos. Ora que é que isto sugere!? – Uma palhada à transmontana, claro!
Invejosos por não terem desta coisas!? não há problema, por cá, pelo menos os que acreditam, enxotam a inveja, os maus olhados, as bruxas, espíritos e outros males com uma Ruta graveolens à porta ou no jardim. Esta da Ruta graveolens foi só para o armanço, o nome científico, pois por cá o que põem mesmo à porta é uma planta de arruda (que é a mesma coisa), e também denominada como arruda-fedida, arruda-doméstica, arruda-dos-jardins, ruta-de-cheiro-forte. A arruda é uma planta da família das Rutáceas. E podem crer que o cheiro da arruda é mesmo fedido (podem trocar o “e” por um “o”, porque o é mesmo.
Embora a arruda também seja por alguns considerada uma erva medicinal, não é das ervas mais recomendadas, pois é muito forte e tóxica em todas as suas formas, e pode matar. Se a vir, deixe-a em paz com a sua função de enxotar invejas, maus olhados e outros, pois a medicina, mesmo a das ervas, é só para quem sabe, especialistas, pois se não for na dose certa, pode ir mesmo desta para melhor, passar férias para a terra, mas definitivas, por baixo dela! A mim basta-me o cheiro fedido para não me aproximar dela.
Quanto à aldeia de Sobrado e ao seu topónimo, pode ter origem muito antiga dos tempos da Gallaécia, e afirmo isto porque ainda hoje na Galiza este topónimo é muito comum e tendo em conta a sua origem, encaixa perfeitamente na nossa aldeia, pois em português comum, sobrado é um pavimento de madeira, e não me parece ter aí a sua origem. Os nossos irmãos galegos explicam assim os seus “Sobrados”:
O topónimo Sobrado, para o que cómpre reconstruir un antigo superatu ou superato, “altura”, “que está sobre ou enriba”
Penso que não será necessária a tradução, pois o galego e o português, são quase a mesma coisa.
Quanto a este nosso Sobrado, tem o seu núcleo antigo bem identificado, com um aglomerado de construções antigas, maioritariamente construídas em granito de pedra solta. Trata-se de um pequeno núcleo com cerca de 10 casas. A restante aldeia é de construções novas, dispersas, que foram construídas ao longo das estradas que ligam às aldeias vizinhas.
Quanto ao seu povoamento atual, sendo uma aldeia de montanha, tem todas as condições para ser uma aldeia despovoada e com população envelhecida. Já assim o era em 2006 quanto tomei a maioria das fotografias que hoje vos deixo e como a tendência do despovoamento se tem mantido e nada, nem ninguém a contraria, hoje deve estar bem pior.
Mas esteja com estiver nada nos impede de a deixar aqui, nem que seja e só para memória futura, mas sabemos que ainda há pessoas com fortes ligações a esta aldeia, e daí estar aqui com todo o direito e também ter direito àquele que começa a ser o nosso habitual vídeo de encerramento, como de costume, com todas as fotografias (ou quase todas, pois confesso que perdemos algumas) que foram postadas neste blog. Fica também o link para o caso de quererem aceder ao vídeo diretamente a partir do youtube: