Um blogue histórico com 19 anos de fidelidade transmontana
Por Barroso da Fonte
Serra do Larouco
A era digital tomou conta de nós e tornou-se incontornável, por mais que os nossos pais e avós argumentem que deixem os netos trocar o garfo pelo telemóvel, na maior parte das refeições, públicas ou privadas. O mal foi começar com esta praga imparável que já se deixou confundir com a IA, ou, melhor dita, a inteligência artificial.
Eu próprio que sou alérgico a esta literatura, mais por inaptidão pessoal, do que por inteligência humana, deixei-me iludir por esta pergunta de voz:
- faça uma pergunta à voz, podendo pedir um soneto sobre o cardeal Tolentino Mendonça.
Limpinho, rápido e mais lisonjeiro do que se fosse o próprio a escrevê-lo. Em cerca de um minuto, em tempo recorde, o soneto aparece com: as duas quadras, os dois tercetos e com métrica e sentido como se fosse o próprio a construí-lo.
Logo percebi que a inteligência artificial, vai causar muitos estragos, nos concursos públicos, nos exames escritos e na contabilidade nacional e internacional.
Estas ordenanças científicas baralham os meus neurónios octogenários. E regresso «aos 19 anos que Fernando Ribeiro, nascido, em 1960 e residindo em Chaves, mas conhecendo o Alto Tâmega orográfico, melhor do que eu e do que a maioria dos monógrafos do noroeste Transmontano»
Este ermitão cultural, escreveu no seu SAPO Blogs deste primeiro dia do ano de 2024 que já anda por aqui, há 19 anos a mandar postas de Chaves e do restante Reino Maravilhoso que nos rodeia, e tal como todos os anos o temos feito, também este ano festejamos o nosso aniversário ou a nossa teimosia de vir aqui, todos os dias, nem que seja, uma só, com uma imagem, mas também, sempre que nos é possível, vamos dando conta daquilo que se passa lá fora, na rua, com coisas que a natureza nos vai ditando e impondo, tal como os outonos, as névoas, o gelo, a chuva e as cheias do rio, a neve quando cai, a passarada que por aí anda, mas também vamos seguindo a vida cultural da cidade e arredores, e um ou outro eventos. Cumprimos sempre a promessa de ir à mesinha do São Sebastião no Barroso de Boticas, assistimos à passagem das procissões (quando as há), e entramos de corpo e alma na grande festa da cidade de Chaves, a Feira dos Santos… »
Nestes 19 anos Fernando Ribeiro já percorreu, várias vezes, as aldeias, freguesias e sedes dos povoados dos concelhos do Alto Tâmega. E não só conhece, como já filmou e fotografou todos esses povoados que coloca e atualiza nas redes sociais, com uma ordenação exemplar. É um trabalho admirável que está ao alcance de qualquer alto-duriense da Lusofonia. Diariamente organiza e divulga o seu SAPO Blogs. Tudo construtivo, pedagógico, exemplo académico que faz inveja, a mim próprio que julgo conhecer os segredos de Codeçoso da Chã, mas nem isso conheço tão bem como ele. Como compensação para esta sublime maneira de registar, coordenar e expandir, por este chão sagrado que o lítio contamina. Prevalece o gosto de um génio da cultura que Marcelo ainda não quis ver e, muito menos, condecorar.
«Já andamos por aqui, há 19 anos, a mandar postas de Chaves e o Reino Maravilhoso que nos rodeia»...
Graças a este transmontano, qualquer autodidata, ou investigador, com propensão para o estudo do meio ambiente, pode consultar, o blog de Fernando Ribeiro para conhecer os cantos aos concelhos. Uma organização alfabética, por ruas, imagens fotográficas, acessos, roteiros, alminhas, legendagens, fontenários, cruzeiros, trilhos, ligações viárias, atalhos entre povoações, de tudo o que cada povoado tem para mostrar ao viandante.
Não tenho a certeza sobre se, alguma vez, me cruzei com este estudioso. Mas devo-lhe muita e importante informação que produziu - e continua a produzir - por estas paragens do alto Tâmega.
Barroso da Fonte
Codeçoso da Chã
Um anoitecer em Montalegre com vistas de fundo da Serra do Gerês