Como tem sido habitual nos anos anteriores, não deixamos passar este dia em claro, trata-se do 5 de outubro, o dia da implantação da República em Portugal. Para trás, ficavam séculos de Monarquia. Este ano tentei procurar imagens flavienses que fossem imagens de marca ou símbolos da república, e na verdade a cidade de Chaves tem muitas imagens de marca que fazem a nossa história, que nos ligam à ocupação romana, à idade média e à monarquia. Da ainda jovem república, onde a cidade de Chaves até teve um papel importante na sua consolidação nas últimas lutas contra monárquicos, pouco temos para além da bandeira nacional hasteada nos edifícios públicos e alguns edifícios públicos que nos ligam um estilo de arquitetura da 2ª República, mas por sinal ligadas a uma república, a segunda, que está ligada a uma ditadura e da qual o povo guarda más memórias, principalmente as que nos ligam a pobreza, falta de liberdade e analfabetismo ou, mesmo que não analfabeto, não passou da iliteracia.
Temos no entanto dois nomes grandes ligados à República Portuguesa por terem ocupado dois dos mais altos cargos dos órgãos de soberania nacional, ambos em épocas bem conturbadas da República, um ligado à Primeira República, o Dr. António Granjo, que foi ministro e Presidente do Concelho (atual 1º Ministro) num dos governos, durante o qual foi assassinado naquela que ficou conhecida como “noite sangrenta”. Foi em 19 de outubro de 1921, vai fazer precisamente 100 anos daqui a 14 dias, pode ser que alguém se lembre disso, nesse dia… Mas de António Granjo, pelo menos, já temos uma escola secundária com o seu nome e uma estátua na rotunda da antiga estação da CP.
O outro nome grande que os flavienses teimam em ignorar, foi o de Francisco Costa Gomes (30-06-1914 (Chaves) – 31-07-2001 (Lisboa), Marechal, Presidente do Concelho da Revolução (1974-1975), Presidente da Junta de Salvação Nacional (1974-1975) e Presidente da República de 30 de setembro de 1974 a 27 de junho de 1976, bem podemos dizer que foi um nome que esteve ligado à implantação da democracia em Portugal, precisamente ao seu início em que mais riscos correu. Do Marechal Costa Gomes, em Chaves temos com o seu nome uma avenida nos arredores da cidade, e tivemos em uma exposição em Chaves promovida pela Presidência da República, com honras militares na inauguração em 30-06-2014.
Ficam assim estes dois nomes/símbolos da República Portuguesa – António Granjo (1ª República) e Marechal Costa Gomes (3ª República).
Hoje, sem necessidade de regressar à cidade, pois é dia de VivaaRepública, deixamos uma imagem que nada tem a ver com o assunto, mas também que me conste, para além de se celebrar o feriado nacional, pouco mais ou nada se celebra, assim, aproveito para innformar os mais distraídos, que tal como a monarquia teve o seu tempo, também o Café Geraldes o teve… ao que parece, não resistiu à pandemia. O Café Geraldes encerrou definitivamente, e o encerramento é tão definitivo, que o espaço até já abriu com um novo ramo comercial.
Hoje, dia 5 de outubro, comemora-se o dia da Implantação da República em Portugal e nós, blog, mas com este nós alargado a todos os flavienses, não devemos ficar estranhos a este dia, por várias razões que nos ligam à História da República Portuguesa, principalmente à 1ª república e à 3ª República.
Na 1ª República a cidade de Chaves fica a ela ligada por dois acontecimentos. O primeiro com o início da República com os acontecimentos do dia 12 de julho de 1912 em que acontece o “outro dia da implantação da República” quando em Chaves se trava a última tentativa armada dos Monárquicos comandados do Paiva Couceiro retomarem a Monarquia, e que faz com que Chaves seja hoje consagrada e reconhecida em Portugal pelos “Defensores de Chaves” que até dá nome a uma das principais Avenidas da capital e Chaves tenha nesse dia o seu feriado municipal “Dia do Município”. O Segundo acontecimento prende-se com o fim da 1ª República e a “Noite Sangrenta” em que o flaviense Dr. António Granjo, então primeiro Ministro de Portugal é assassinado em Lisboa.
Estátua de António Granjo, em Chaves
Mas Chaves está também ligado à “implantação” da 3ª Republica (pós 25 de abril) pelo ser de outro flaviense, o Marechal Francisco da Costa Gomes, como Presidente da República em que ficará para sempre na História de Portugal como um dos principais obreiros da instauração da democracia em Portugal (siga os links no nome ou imagem para ficar a saber mais deste Ilustre Flaviense).
Assim fica, ainda um pouco da História da implantação da República, que não faz mal a ninguém, em vídeo:
Mas também com um Trailer do filme a “Noite Sangrenta”, filme que está disponível em episódios no youtube.
Noite sangrenta
E por fim um artigo da revista Sábado sobre a noite sangrenta e a morte de António Granjo:
Segundos antes de morrer, António Granjo ouviu o desprezo dos algozes: "Supunhas que escapavas?!" O presidente do ministério (equivalente a primeiro-ministro) demissionário estava escondido num quarto simples do primeiro andar da casa da guarda no Arsenal da Marinha. "Matem-me, que matam um bom republicano." Os três militares da Guarda Nacional Republicana (GNR) e um número desconhecido de marinheiros - provavelmente já bem bebidos pelas celebrações da revolta que na manhã desse 19 de Outubro de 1921 depusera o governo de Granjo - dispararam, em raiva (houve quem falasse em 400 tiros). Quando o político liberal tombou, em agonia, deram-lhe uma coronhada que lhe partiu o maxilar e um clarim da Guarda, que lideraria o grupo, rasgou-lhe o tronco com um sabre e gritou: "Vejam de que cor é o sangue de porco!"
António Granjo, 39 anos, era um homem alto, encorpado, de sorriso fácil. Mas os que o viram no necrotério, com muita dificuldade identificaram algum desses traços: balas na cabeça, pescoço, braços e pernas, o rosto inchado em resultado da coronhada, o colete e a camisa rasgados pela baioneta que lhe trespassara o peito. Depois dele, a carrinha que ao início da noite transportara Granjo até ali sob falsas promessas de protecção (e que ficou para a história como camioneta-fantasma) voltou a deixar o Arsenal, junto ao Terreiro do Paço, à procura de nova vítima: José Carlos da Maia, maçon, destacado oficial no 5 de Outubro, deputado à Constituinte e ministro da Marinha nos tempos de Sidónio Pais. Este capitão-de-fragata, de 43 anos, era vítima de um daqueles boatos que surgiam para fazer cair governos e faziam crescer o ressentimento nos militares: dizia-se que ele enviara os marinheiros rebeldes do 18 de Janeiro de 1918 para África. Era mentira.
O Dente de Ouro Ganha protagonismo, a partir daqui, o cabo Abel Olímpio, o Dente de Ouro, um desconhecido que aparece nos livros como uma espécie de capataz desta noite sangrenta. Era ele que, durante a viagem até à Rua dos Açores, perto do Jardim Constantino, lembrava o papel desdenhoso de José Carlos da Maia às talvez duas dezenas de GNR, marinheiros e civis que seguiam na caixa da camioneta-fantasma. Foi ele que, pelas 23h, deu voz de prisão ao capitão-de-fragata. Aos pedidos de clemência de Berta Maia, que tinha o filho de 6 meses ao colo, o Dente de Ouro fez crescer a mentira: "Foi por causa deste que os marinheiros foram deportados para África, no tempo do Sidónio. Também a minha mãe morreu de dor quando me mandaram para lá." Ora, ele não fora deportado e a mãe estava viva.
A caminho do Arsenal, gritava ainda o cabo Olímpio: "Cá está o Barbas de Chibo! É preciso liquidar este bandido, foi ele quem deportou os marinheiros!" Já no interior do recinto, as tropas aplaudem-no, os oficiais pouco intervêm e José Carlos da Maia é liquidado com um tiro de pistola na nuca enquanto tenta fugir.
Dois mortos. Mas a "noite infame", como a recordaria o escritor Raul Brandão, ainda não acabara. Ainda seriam assassinados o motorista Carlos Gentil por ter criticado a onda de mortes e o capitão-de-fragata Carlos Freitas da Silva, aparentemente em substituição do seu antigo chefe, o ex-ministro da Marinha, Ricardo Pais Gomes, que estaria em Viseu. A camioneta pararia ainda junto ao nº 14 da Rua José Estêvão, para perpetrar um golpe contra o chamado pai da República, António Machado Santos, 46 anos, invejado pela sua pensão vitalícia e apodado de traidor pelos marinheiros que o viram a passar revista às unidades desarmadas num golpe contra Sidónio Pais. O Dente de Ouro prosseguia com a sua lengalenga: Machado Santos era mais um dos que castigara os marinheiros. E, escreve Jaime Nogueira Pinto em Nobre Povo - Os Anos da República, fora a fonte do desprezo a que os soldados que combateram no 5 de Outubro tinham sido votados desde então.
À 1h30, o almirante parou de resistir e aceitou acompanhá-los até ao Arsenal. Saiu para a fresca madrugada de 20 de Outubro vestido à civil, com o tabaco no bolso, mas o seu destino terminou antes do que supunha: no Largo do Intendente, o motor da carrinha avariou e foi fuzilado.
Os ocupantes da carrinha, cujo número variava em função do serviço e cujo teor alcoólico parecia subir com o avançar das horas, ainda deixaram às portas da morte o coronel de Cavalaria Carlos Botelho de Vasconcelos, que diziam os boatos (mais uma vez os boatos) "mandara os marinheiros beber água" nos tempos de Sidónio Pais. A frase depreciativa - verdadeira ou não - nunca foi perdoada. Mas a liderar o seu pelotão de fuzilamento estava o sargento Heitor Gilman, que tinha outros motivos: queria vingar-se do homem que o interrogara durante o dezembrismo. Em frente da Câmara Municipal de Lisboa, Gilman mandou o velho coronel encomendar "a alma ao diabo" antes de disparar.
Mais uma vez, os oficiais do Arsenal nada fizeram para evitar o fuzilamento. Só apareceram quando Botelho de Vasconcelos já estava tombado, mas ainda vivo. Pediram que um sidecar da Cruz Vermelha (CV) o retirasse para o hospital. Gilman ainda voltou a disparar - e outros dois marinheiros manifestaram a intenção de fazer o mesmo - antes de o enfermeiro Henrique Alberto Teixeira o tapar com a bandeira da CV e declarar que estava protegido pela instituição. Só assim conseguiu afastá-lo daqueles homens "sedentos de sangue e cegos pelo ódio", recordaria mais tarde. Botelho Vasconcelos não resistiria aos ferimentos.
Numa só noite, cinco mortos e outras tentativas de assassinato (entre elas do industrial Alfredo da Silva, que ironicamente seria apontado - mas nunca acusado - como financiador da operação). Como é que se derramou tanto sangue num dia que começara com um golpe quase não violento, coordenado por Manuel Maria Coelho, o célebre tenente Coelho da revolução de 31 de Janeiro de 1891? Apenas o segundo-tenente do secretariado naval, José Correia Júnior, fora ferido no Quartel de Marinheiros, em Alcântara. E, excepto na zona da Rotunda, onde os revolucionários se concentravam, cumpria-se o quotidiano na capital (a normalidade percebe-se também porque esta era a 25ª revolta da República): as lojas estavam abertas, os eléctricos circulavam, os bombeiros, a Cruz Vermelha e os hospitais, que se tinham organizado para responder às urgências, não foram necessários, recorda José Brandão em A Noite Sangrenta.
O presidente falha os planos António Granjo, que fora avisado do golpe e na véspera garantira ter o exército do seu lado, demitira-se de manhã, já que todas as unidades militares e da polícia obedeciam às ordens da Junta Revolucionária. Para isto contribuiu a força da GNR, que tinha 14 mil militares e o melhor armamento do País e o facto de o exército estar deslocado em Mafra. Ao meio-dia, os representantes da Junta Revolucionária (coronel Nobre da Veiga, primeiro-tenente Serrão Machado, capitão Camilo de Oliveira e os civis Veiga Simões, Afonso de Macedo e Jacinto Simões) estavam na sala de recepção do Presidente da República, António José de Almeida, com decretos sobre a constituição do novo Governo. Tudo ia bem. Só que o chefe do Estado recusou-se a assiná-los. "Considero findas as minhas funções oficiais de Presidente da República", anunciou-lhes. Até às 17h, muitos o contactariam, nomeadamente o tenente Coelho. Ninguém o demoveu. "Mandem-me fuzilar, mandem-me prender, mandem-me exilar, mas eu não me desonro."
Pelas ruas circulava, então, a primeira proclamação dos revolucionários: "Não cumprir as ordens de um Governo incompetente que procura defender apenas interesses pessoais e de partido é um dever de todos os patriotas." A mensagem foi mais uma acha atirada à fogueira de ódio a António Granjo, alimentado nos meses anteriores nas notícias nos jornais Imprensa da Manhã e Mundo sobre a sua intenção de desarmar a Guarda Nacional Republicana (GNR) e a Marinha.
José Brandão diz à SÁBADO que "o País ficaria para sempre manchado por uma revolução da qual ainda hoje pouco se sabe". Aquela noite, de há 96 anos, foi marcada pela anarquia sanguinária e sobre o seu autor moral (se é que houve) nada se sabe. Treze dos 22 assassinos foram condenados a penas de prisão e degredo por um tribunal especial que tinha como promotor da justiça Óscar Carmona, futuro Presidente da República no Estado Novo. A mais gravosa foi a do cabo Abel Olímpio (10 anos na Penitenciária de Coimbra e 20 no degredo). Mas os oficiais, que "eram os mesmos da cúpula revolucionária e da Junta do 19 de Outubro", sublinha Jaime Nogueira Pinto em Nobre Povo - Os Anos da República, foram absolvidos das acusações de negligência criminosa e de cumplicidade activa por não impedirem os crimes dos subalternos.
Teorias, houve muitas: que foram incitados por monárquicos que queriam vingar o regicídio, pelos do partido democrático que perdera o poder para Granjo (dos liberais), pelos maçons - e até por Espanha, que teria financiado a revolta para justificar a acção das suas tropas no país vizinho. Em treze anos, os portugueses viram assassinar o Rei D. Carlos, em 1908, o Presidente da República, Sidónio Pais, em 1918 e o chefe do governo demissionário. "Se o Regicídio é o prenúncio do fim da Monarquia, a Noite Sangrenta é o adivinhar do fim da República", diz José Brandão. "A República tinha cometido demasiados erros" para sobreviver e escancarava-se a porta para a ditadura militar de 1926.
Artigo publicado originalmente na edição 702 da SÁBADO, de 12 de Outubro de 2017
Já sei que as conversas do dia de hoje vão ser as eleições de ontem, mas convém não esquecer que hoje é o 5 de Outubro, o dia em que se celebra a Implantação da Republica, que os vencedores oficiais das eleições de ontem transformaram em dia comum, sem festa e sem feriado comemorativo, mas por aqui, no blog, ainda se celebra: VIVAAREPÚBLICA!
Quanto às eleições de ontem, se houve um vencedor claro que possa festejar a sua vitória, esse é o Bloco de Esquerda, quanto aos restantes partidos, todos perderam. Mas esta é a minha modesta opinião. VIVAAREPÚBLICA!
Se há dias solenes para a Pátria Portuguesa, O “5 de OUTUBRO” é dos mais importantes.
Ambos os símbolos da Nação, hino e bandeira, são olhados, neste Dia, com uma emoção transbordante, com as palavras mais eloquentes e mais sentidas.
As glórias e os sofrimentos do Passado, as angústias do Presente e as esperanças do Futuro sentimo-las todos, e cada um à sua maneira, de uma forma diferente de qualquer outra comemoração.
Nenhum Português fica indiferente ao “5 de OUTUBRO”!
Nem mesmo aqueles que ainda se apegam a um qualquer pergaminho dinástico!
Entristece-me que hoje - neste 5 de Outubro de 2013 - não seja o Povo Português a celebrar a REPÚBLICA, e ver um grupo de seus representantes, que se arrogam exclusivos e únicos, a reunirem quase secretamente num salão de festas, ou de funerais, na capital do País, a «atirarem com flores para o peito» uns aos outros, mas fazendo chegar a bravura dos seus discursos, através das Rádios e das Televisões, apenas aos que estão atrás de um balcão de Café ou Pastelaria, aos Idosos ou Doentes engavetados em Centros Sociais e Hospitais, ou àqueles que, no intervalo do horário de trabalho, vão «tomar uma bica»!
Como falta democracia a esta República!
Os Portugueses deixaram-se distrair muito com o florir da Primavera em Abril!
Agora, neste Outono de 2013, vivem ensombrados com as nuvens e tempestades de uma austeridade imposta pelos «neocons» tiranetes, usurpadores e hipócritas que, jurando defendê-los, ao atraiçoaram!
Até o “5 de OUTUBRO de 1910” - “Dia da Implantação da República” - aqueles impostores conseguiram proibir os Portugueses de celebrar!
Com que direito os que decretaram e promulgaram essa proibição se dizem e se mostram realizadores das “Comemorações do 5 de OUTUBRO”?!
Que desfaçatez!
Que «lata»!
A República Portuguesa não é propriedade, ou coutada, do «Pelintra de Boliqueime» ou do «Remexido de Massamá» e das suas quadrilhas!
Os Portugueses são Republicanos!
(Os simpáticos monárquicos residuais que não fiquem desconsiderados!).
É atrevimento indecente, indecoroso e de má figura os pindéricos trastes que tão mal respeitam e representam os Cidadãos Portugueses se juntem à porta fechada, para celebrar um Dia Nacional!
Até parece que só eles é que são Republicanos!
Se a República é só o viver folclórico, doidivanas e cretino desses marmanjos, então:
VIVA a REVOLUÇÃO!
Não haja dúvida; a Democracia Portuguesa está a ser sequestrada!
Desde que Portugal é Portugal (1139) há o registo de três datas históricas: o 1º de dezembro de 1640 associado à Restauração da Independência, o 5 de outubro de 1910 com a Implantação da República em detrimento da Monarquia e o 25 de abril de 1974 em que a liberdade e a democracia depõe a ditadura iniciada em 1926, no entanto, se o 1º de dezembro foi importante para a independência de Portugal, o 5 de outubro de 1910 e o 25 de abril de 1974 foram importantes para a liberdade e para a dignidade do povo português, por isso, e bem, esses dias ganharam o estatuto de Feriado Nacional. Hoje, dia 5 de outubro de 2012 celebram-se 102 anos da implantação da República mas por decisão do atual governo, será o último ano em que é feriado. Com a passagem do dia de hoje a um dia vulgar do calendário, as cores da república estão de luto. Sinceramente, com a desculpa da crise, só espero que o 25 de abril não leve o mesmo caminho do 5 de outubro e não descambe num 1926.
Já a seguir, vem aí um discurso sobre a cidade, hoje de autoria de José Carlos Barros.
Hoje é 5 de Outubro, dia em que se celebra a implantação da República Portuguesa, aquela que, desde 1910, se vai celebrando todos os anos como um feriado nacional.
Mas, para quem não sabe, vamos a algumas curiosidades (breves e numéricas) sobre a nossa República.
Até à presente data costuma-se dividir a república em 3 ou 4 repúblicas, ou seja, a 1ª República que corresponde à sua implantação; a 2ª que está associada ao fascismo e a 3ª que é a actual, a democrática e que nasceu com o 25 de Abril.
No entanto há quem a divida em 4, a saber: a 1ª Primeira República correspondente aos primeiros anos e que teve 8 Presidentes da República, a Ditadura Militar que teve 2 Presidentes da República, o Estado Novo que teve 3 Presidentes da República e o Regime Democrático que até hoje conta com 6 Presidentes da República.
O Primeiro Presidente da República Eleito foi Manuel da Arriaga e dos 19 Presidentes da República, aquele que teve uma passagem mais breve pela presidência foi Sidónio Pais, que exerceu o cargo apenas durante pouco mais de 4 meses (29/05/1911 a 05/10/1911) e o que esteve mais tempo no cargo foi Óscar Carmona, que presidiu até à sua morte durante 25 anos (1926 a 1951).
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Já 1926 foi um ano rico em Presidentes da República, pois só neste ano Portugal conheceu 4 Presidentes da República diferentes.
De entre todos os Presidentes da República, a grande maioria foram eleitos (democraticamente ou não), 7 foram nomeados e 1 tomou o poder. Também a grande maioria cumpriu o seu mandato, no entanto um morreu no exercício de funções, outro foi assassinado, 5 foram depostos e 2 demitiram-se ou renunciaram ao cargo e 1 exilou-se.
Até à presente data houve 9 Presidentes da República militares, 3 professores, 3 advogados, 3 escritores, 1 médico e 1 economista.
De entre os 19 PR’s, até hoje, apenas 4 foram reeleitos, 3 dos quais no Regime Democrático.
Ainda e para terminar estas curiosidades e números, 1 Presidente da República era flaviense, que servirá de mote para os próximos parágrafos.
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Dr. António Granjo, Presidente do Conselho de Ministros da 1ª República
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Entre todas a cidades portuguesas, Chaves, deve ser a mais republicana e, para quem este dia, até pode ter um significado mais aprofundado. Não pelo 8 de Julho de 1912 cuja importância para a República sempre foi “ampliada” pelo bairrismo flaviense e pelas famílias republicanas cá da terra, mas precisamente pelas famílias republicanas que deram um Primeiro Ministro a Portugal, António Granjo, com o qual terminava a 1ª Repúblicacom o seu assassinato e, um Presidente da República, Francisco Costa Gomes, com o qual (praticamente) se iniciou o Regime Democrático.
Assim, se Chaves pode ter orgulho dos seus filhos monárquicos e no seu passado monárquico e militar também o pode ter nos seus filhos republicanos que ocuparam os mais altos cargos de Portugal. A Presidência do Concelho de Ministros com António Granjo e a Presidência da República com o Marechal Costa Gomes, orgulho que se deveria reflectir na cidade e nos flavienses e, se a António Granjo já lhe têm sido feitas diversas homenagens e é o menino querido das famílias republicanas flavienses, para com o Marechal Costa Gomes estamos em dívida.
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Marechal Costa Gomes - 15º Presidente da República portuguesa e 2º da Democracia
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Fica assim um lembrete para os próximos autarcas que forem eleitos no próximo fim-de-semana para ocuparem o palacete do morgado de Vilar de Perdizes, sito na Praça do Duque: Chaves deve uma homenagem ao Marechal Costa Gomes, o 2º Presidente da República Portuguesa do regime democrático, que de todas as Repúblicas portuguesas (as 3 ou 4 conforme preferirem) é sem dúvida (pelos seus valores da democracia e liberdade) a mais importante.