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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

14
Mai24

Chaves de Ontem - Heróis de Chaves

Um regresso a 1912


cabo-souza-dias-ip335-1024.jpg

 

A fotografia de hoje foi publicada inicialmente na “Ilustração Portugueza” nº 355 em 22 de julho de 1912, com o retrato do Cabo de Infantaria Albano de Souza Dias, morto no combate de dia 8 de julho de 2012 entre as tropas republicanas que defendiam a invasão monárquica comandada por Paiva Couceiro. Ao lado do retrato um momento do funeral de Albano de Souza Dias e de um soldado de Infantaria 19, morto no mesmo combate, cujo nome não sabemos porque o mesmo não é referido na publicação da I.P.. Bem poderemos dizer que este é um verdadeiro soldado desconhecido do 8 de julho. A propósito disto, e uma vez que é este o dia (8 de julho) que faz o nosso feriado municipal flaviense, o povo flaviense por mão dos seus representantes no poder local, bem poderiam erigir um monumento em homenagem aos flavienses, Heróis de Chaves, que nesse dia derramaram o seu sangue para defender a cidade de Chaves e a República Portuguesa. Pode ser que num dia destes a ideia surja a alguém com poder de decisão… aliás Heróis de Chaves, ou Defensores de Chaves, que várias localidades de Portugal honram ou honraram como topónimo em ruas e avenidas como em Lisboa, Porto, Nazaré, Salvaterra de Magos (Santarém) e, ao menos isso, também na nossa cidade com a Avenida Heróis de Chaves que começa na Av. Do Estádio e termina na rotunda que serve a Av. Da Cocanha e a Estrada do Seara.

 

Até amanhã!

 

 

 

08
Jul20

Cidade de Chaves - Feriado Municipal

O 8 de Julho e António Granjo


antonio granjo.jpg

 

Hoje na cidade de Chaves é feriado municipal, o 8 de julho, pelo significado que esta data teve, há pouco mais de 100 anos (8 de julho de 1912), aquando Paiva Couceiro, fiel à monarquia, faz a segunda incursão monárquica, vindo da Galiza, onde estava refugiado, entrando em Portugal por Sendim, em Montalegre e a partir de aí marchou para Chaves, onde as tropas flavienses e população civil em geral, fiel a jovem república, derrotam Paiva Couceiro no Alto da Trindade, junto ao espaldão da carreira do tiro.

 

couceiro.png

 

Quem acompanha este blog, sabe que ultimamente o Luís de Boticas, nas suas crónicas estrambólicas, tem vindo a publicar crónicas do flaviense António Granjo, publicadas no jornal A Capital em 1915. Feliz coincidência, que a crónica de Granjo prevista para esta semana, relata precisamente o percurso de Paiva Couceiro desde Sendim até Chaves e a sua derrota em Chaves.  Este post, para além de servir de introdução à crónica de António Granjo que será publicada hoje ao inicio da tarde neste blog, serve também para comemorar este dia 8 de julho, relembrando ou dando a conhecer (a quem não conhecia) um distinto republicano que nasceu em Chaves em 1981 e foi assassinado em 1921, em Lisboa, ao serviço da República quando era Presidente do Ministério (equivalente ao 1º Ministro atual). António Granjo que foi um dos civis Defensores de Chaves na luta contra Couceiro no dia 8 de julho de 1912.

 

Para não estar para aqui a fazer resumos da história, com a devida vénia e pedidos de desculpa aos autores, resolvi reproduzir na íntegra dois post publicado no blog “Almanaque Republicano”  , de autoria de Artur Barracosa Mendonça e de José Manuel Martins, um sobre António Granjo e outro sobre os Defensores de Chaves.

 

 

antonio granjo (6).jpg

 

ANTÓNIO GRANJO

 

Disse Consiglieri Sá Pereira na sua obra A Noite Sangrenta, Aillaud & Bertrand, Lisboa,1924, p. 9, afirmava: Era franco, rude, generoso e exagerado. Tinha todos as virtudes e todos os defeitos do montanhês e quem atentasse no seu tórax herculeo, julgaria admirar um pedaço de granito arrancado lá de cima, das serranias de Trás-os-Montes e afeiçoado pelo cinzel de qualquer escultor amigo de fortes plásticas.

António Joaquim Granjo nasceu em Chaves, em 27 de Dezembro de 1881, e veio a falecer a 19 de Outubro de 1921. Era filho de Domingos Pires Granjo, um curtidor e vendedor de peles e de Maria Joaquina Granjo. Obteve, em 1907, o bacharelato em Direito pela Universidade de Coimbra, para onde se deslocou em 1899, tivera formação religiosa, frequentando o Seminário de Braga, entre 1893 e 1898, e cursando Teologia no Porto, no ano seguinte.

Assentou praça em 1899 no Regimento de Cavalaria nº 6, mas a 15 de Outubro desse mesmo ano pediu baixa da vida militar, experiência a que dará continuidade mais tarde, quando liderar um grupo de voluntários contra as invasões monárquicas de 1911 e 1912 e integrar o Corpo Expedicionário Português na qualidade de alferes miliciano. Depois de concluir os estudos superiores em Coimbra, regressa à sua terra natal, onde se dedicará à advocacia até se fixar em Lisboa, no ano de 1919.

Quando estudante em Coimbra convive com Cândido GuerreiroJosé Lobo de Ávila LimaFernando Emídio da SilvaAntónio Abranches Ferrão, sendo António Granjo um dos alunos melhor classificados do seu curso. Casou ainda estudante, em 8 de Outubro de 1906, com Cândida Lamelas. Funda o Centro Republicano de Chaves, que se torna uma verdadeira "sociedade revolucionária" (Rocha Martins, Vermelhos, Brancos e Azuis, vol. II).

A sua actividade política começa no contexto das greves estudantis em Coimbra - quando, em 1907, integra o Comité Revolucionário Académico – e consolida-se, logo a seguir, por via da organização de um núcleo revolucionário em Chaves e da participação no Comité Revolucionário de Trás-os-Montes, onde tem um importante papel na propaganda republicana.

Participou na tentativa revolucionária de 28 de Janeiro de 1908, tendo desenvolvido contactos na cidade do Porto, onde vivia o irmão Manuel Augusto Granjo. A sua acção, durante esta tentativa revolucionária republicana que fracassou, seria tomar o forte S. Neutel, em Chaves, para apoderar-se das munições e armas ali existentes.

A 8 de Outubro de 1910, foi proclamada a República em Chaves, com a sua presença na Câmara Municipal. Faziam parte do núcleo revolucionário de Chaves juntamente com o nosso biografado: Antão Fernandes de CarvalhoVitor Macedo PintoAdelino Samardã (jornalista e organizador da Carbonária na região transmontana), José Mendes Guerra António da Silva Correia.

A 6 de Outubro de 1911 partiu para Vinhais, para enfrentar as invasões monárquicas comandadas por Paiva Couceiro, levando com ele António CachapuzJoaquim MonteiroVitorino Vidago e António Luis Pereira. Nesse mesmo ano, dá início à sua carreira de deputado, eleito e reeleito por Chaves até 1921, em que se destaca, logo em 1912, por defender a amnistia para os inimigos do novo regime.

Em 1912, trava-se de razões contra os denominados jovens turcosÁlvaro de CastroSá CardosoÁlvaro PopeAmérico Olavo, que defendiam as opiniões de Afonso Costa, enquanto António Granjo se perfilava ao lado de António José de Almeida.

Em Maio de 1917, ingressa como alferes miliciano no Regimento de Infantaria nº 19, de Chaves, após ter concluído o curso de alferes no Regimento de Infantaria nº18, no Porto. Antes de partir manda elaborar o seu testamento antes de partir incorporado no Corpo Expedicionário Português em direcção à Flandres.

Quando regressa envolve-se nas conspirações e revoltas de 12 de Outubro de 1918 e de 10 de Janeiro de 1919, contra Sidónio Pais. A primeira das tentativas restringiu-se às cidades de Coimbra, Évora e Vila Real. A segunda, deflagrou somente em Santarém.


antonio granjo (2).jpg


[AcimaFotografia do Governo de António Granjo em 1921, com ele ao centro da imagem]

Proclamada a República, torna-se administrador do concelho de Chaves e, em 1911, é iniciado na Maçonaria, no triângulo 187, de Santa Marta de Penaguião, adoptando o nome simbólico deBuffon. Pertenceu depois à Loja Cavalheiros da Paz e Concórdia, em Lisboa. Manteve ligações a esta sociedade até ao final da sua vida, quando pertencendo à Loja Liberdade e Justiça, nº 373, de Lisboa, foi alertado por uma prancha datada de 15 de Outubro de 1921, que referia os problemas causados pela "questão dos eléctricos" e a necessidade de "meter na ordem obrigando a cumprir as leis nacionais e estrangeiras" (Rocha Martins, ob. cit.).

Depois de deixar o Partido Republicano Português e de se tornar membro do Partido Evolucionista, integra ainda o Partido Liberal, de que foi líder entre 1919 e a cujo directório pertenceu até 1921. Estreia-se como ministro entre 30 de Março e 28 de Junho de 1919, à frente da pasta da Justiça num governo liderado por Domingos Pereira.

Em 15 de Janeiro de 1920, sendo já membro do Partido Liberal, a cujo Directório pertenceu desde os finais de 1919 a 1921, é nomeado ministro do Interior, mas não chega a tomar posse.Quando voltou a ser nomeado para cargos governativos, assumiu a pasta da Agricultura e chefiou o próprio Executivo, ambas as funções decorrendo entre 19 de Junho e 20 de Novembro de 1920, além de se ter encarregado da pasta das Finanças, a título interino, entre 14 de Setembro e 18 de Outubro de 1920. Será, ainda, ministro do Comércio, de 24 de Maio a Agosto de 1921, até acumular, pela última vez, a chefia do Executivo com uma pasta ministerial, desta feita, a do Interior, no período de 30 de Agosto até à Noite Sangrenta de 19 de Outubro de 1921, que ditou a queda do Governo e a sua própria morte.


funeral de antonio granjo.JPG

[AcimaFotografia do funeral de António Granjo em Lisboa]


Da sua participação na Grande Guerra, escreveu um livro de impressões, que intitulou A Grande Aventura (Cenas de Guerra), além de ter publicado poesia e dirigido o jornal A República a partir de 9 de Março a 19 de Julho de 1920, em virtude de António José de Almeida ter sido eleito presidente da República. Volta a assumir esta função entre 20 de Novembro de 1920 e 9 de Junho de 1921. Colaborou ainda na revista Livre Pensamento de Coimbra, em 1905. Foi ainda colaborador de O Norte, Porto, 1918-1920.

Escreveu: Carta à Rainha D. Amélia (1909) e Águas obras em verso; Vitória de Uma Mocidade, 1907; A Grande Aventura (cenas de Guerra), 1919, dedicado ao Regimento de Infantaria nº 19(prosa).

A.A.B.M.

 

OS DEFENSORES DE CHAVES - 1912

 

defensores de chaves.JPG

Foto de um grupo de civis e militares de Chaves [Os "Defensores de Chaves", então chefiados por Ribeiro de Carvalho] e que em Julho de 1912 resistiu com bravura à 2ª incursão monárquica, via tropas chefiadas por Paiva Couceiro e Sousa Dias.



Curiosamente, na foto, os republicanos defensores de Chaves, transportam o busto da República.



fotovia Blog Bernardino Machado

J.M.M.

 

************************************

 

 

Mais sobre a segunda incursão monárquica, António Granjo e o 8 de julho em Chaves:

 

Fundação Mário Soares - http://www.fmsoares.pt/aeb/crono/id?id=01798

 

No blog Chaves antiga - https://chavesantiga.blogs.sapo.pt/tag/incurs%C3%B5es+mon%C3%A1rquicas

 

 

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