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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

28
Mar12

Coerência ou inocência das críticas travestidas de fato, cto cto...


 

Hoje em dia, com tanta informação que temos disponível, principalmente na Internet, era de esperar que a informação fornecida em papel estivesse seriamente ameaçada, mas tal não acontece e ainda bem, pois há sempre aquele gosto de ler um livro em papel, sublinhar e marcar as passagens mais importantes, e depois, convenhamos, que não dá muito jeito levar um computador, mesmo que seja portátil, para a praia ou para o dentista enquanto se espera pela vez.

 

Não é no entanto pelo gosto da leitura que continuo a comprar os jornais da terra, talvez antes por bairrismo, pois quanto a informação e textos de opinião, salvo raras exceções, quase nem valem o trabalho de ir ao quiosque comprá-los, mas continuo e continuarei a comprá-los na esperança de que qualquer coisa mude, e depois, pelo meio, sempre há uma coisita ou outra que vale a pena ler e sempre ficamos a saber quem partiu... Há contudo, alguns artigos de opinião que nunca deveriam conhecer a luz do dia, não só pela sua pobreza mas também porque os jornais são públicos, são imprensa, tem a obrigação de primar pela correção e isenção. Já sei que de isenção estamos falados, mas de correção há muito para falar.

 

 

Vem isto a propósito de um artigo de opinião que li na última edição da “Voz de Chaves” a respeito da “Coerência ou incoerência das críticas””, mas onde se fala do novo acordo ortográfico. Não sei se por ignorância, malvadez ou tacanhez, pois a não ser a primeira tem de ser forçosamente a segunda ou terceira, afirma-se a determinado ponto:


“Sem pretender entrar na discussão da corrente do criticismo, pretendo desde já rebater uma alegada falha que me apontam. Já houve quem me criticasse por não fazer uso do novo acordo ortográfico, aquando da redacção dos meus artigos. Confesso que não uso nem usarei, pois não conheço tal acordo nem pretendo de facto conhecê-lo! A este propósito recordo uma frase  curiosa que espelha a confusão que o novo acordo pode gerar. Então se escrevermos como até aqui se escrevia, teremos a seguinte redacção: “ O cágado está de facto na praia!”. Seguindo o novo acordo teremos: “ O cagado está de fato na praia”. Deixo aos leitores as respectivas conclusões.”

 

 

Pois caro articulista as minhas conclusões já foram feitas: O que o senhor diz trata-se de pura ignorância ou pura malvadez ou tacanhez, porque com o novo acordo ortográfico lá terá que continuar a ver que “de facto o cágado está na praia”, pois nem a palavra facto nem a palavra cágado são alteradas com o novo acordo ortográfico. Mas tal como diz no seu artigo, não conhece o novo acordo ortográfico, mas talvez devesse conhecê-lo antes de vir para os jornais escrever essas barbaridades. E desculpe ser tão direto, pois nem sequer o conheço, mas o que escreveu merece ser abordado assim.

 

Vamos ao acordo ortográfico.

 

Aqui no blog há liberdade total para se utilizar ou não o novo acordo ortográfico e assim continuará a ser. Pessoalmente já o uso por uma razão muito forte, é que por força da Lei sou obrigado a utilizar o novo acordo ortográfico, quer profissionalmente quer como estudante, e, o blog tem-me servido para praticar. Reconheço no entanto que este acordo ortográfico complica mais do que aquilo que simplifica, principalmente nas novas regras de hifenização, abolição de alguns acentos e no uso inicial de maiúsculas e minúsculas. Passamos a ter mais regras na ortografia portuguesa e isso complica ainda mais a nossa já complicada língua, principalmente quando este novo acordo ortográfico altera tanta coisa ao mesmo tempo, em vez de ir sendo faseado ao longo do tempo, para termos tempo de nos irmos habituando à nova grafia.

 

 

Assim, pessoalmente utilizo o novo acordo ortográfico, concordo com muita coisa e discordo de outras tantas, mas aceito-o pelas razões que levam à sua alteração, e talvez a mais forte de todas é a de não haver qualquer razão válida para a língua portuguesa oficialmente ser grafada de maneira diferente com português daqui ou português dalí, porque língua portuguesa só deve haver uma, senão qualquer dia teríamos além do português de Portugal e o português oficial do Brasil, o português oficial de Angola, de Moçambique, de Timor e por aí fora… com o tempo seria bem pior que o novo acordo ortográfico.

 

Há uma razão que às vezes apontam por aí de a língua portuguesa ser de Portugal ou por outras palavras,  a de Portugal ser dono da língua portuguesa, pelas origens, por isto e por aquilo. Pois Portugal já há muito que não é dono da língua portuguesa e até nos deveríamos sentir orgulhosos por isso, mas eu explico melhor:

 

 

Se a língua fosse apenas nossa, era falada por 10,7 milhões de portugueses, mais 5 milhões de portugueses na diáspora, ou seja, seria falada por cerca de 16 milhões de pessoas. Mas, aquando dos descobrimentos e das colonizações, Portugal espalhou a nossa língua pelo mundo e tão bem o fez, que as terras descobertas e colonizadas quando se tornaram independentes adotaram o português como língua oficial. Neste momento a língua portuguesa é falada em todos os continentes por 250 milhões de pessoas e é língua oficial de oito países, e só num deles, o Brasil, são 200 milhões os falantes de língua portuguesa, além de ainda haver quem fale português em Goa (índia), Macau e Malaca (Malásia).

 

 

É pelas razões atrás apontadas que hoje o português é a oitava língua mais falada no planeta e a terceira entre as línguas ocidentais, logo a seguir ao inglês e ao castelhano. Podemos sentir-nos orgulhosos por esse facto, mas mais uma vez, não é graças ao português de Portugal que atingimos estes números no ranking mundial. Por mim, concordo plenamente que o português oficial seja uma só língua, as exceções, existirão sempre com todo o direito a existir, desde que não confundam. E agora volto ao articulista da “Voz de Chaves” e ao facto de a palavra facto continuar a ser escrita tal como sempre foi,  e não fato como ele afirma. A razão (já agora fica a saber) é que os fatos que nós vestimos, os brasileiros não os vestem, pois eles (tanto quanto sei) vestem “ternos”. Assim, a palavra fato, excecionalmente, em Portugal veste-se e no Brasil é um facto, ou seja, tem dois significados, coisa que até nem nos é estranha e nem podemos reclamar por isso, senão tomemos como exemplo a palavra “banco” que em Portugal sempre teve, pelo menos, três significados diferentes. Não é preciso lembra-lhes quais são, pois não?

 

 

Para terminar. Incomodou-me e dói muito mais perder o escudo em favor do euro ou ver os chineses a comprar as nossas empresas, ou ainda roubarem-nos os subsídios de férias e de natal,   do que ter de “ceder” e aceitar o novo acordo ortográfico – Agora que é complicado, lá isso é,  e também acredito que a maioria dos atuais “escritas” portugueses nunca o irão fazer corretamente até ao fim das suas vidas e, também aceito que defendam a anterior forma de escrever, mas com razões válidas e não com ignorância, malvadez ou tacanhez. E tenho dito.

 

As fotografias, escolhidas um pouco ao acaso e curiosamente tomadas quase todas a partir do mesmo local,  são de uma região da antiga galaécia que hoje se chama Chaves e onde, desde que existe, até se falaram outras línguas que não eram o português.  Ficam também todas a preto e branco (exceto uma) para condizer com a falta de colorido de vida que atualmente somos obrigados. Ai se todos os nossos problemas fossem o do acordo ortográfico,  que bom que era!

 

 

 

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