Vivências - Adamastor
Recordando os “Adamastor”
Estamos em Chaves, nos finais dos anos 80. O mundo é muito diferente – não existe Internet, leitores de MP3 ou Youtube, nem sequer existem telemóveis – e a forma como ouvimos e partilhamos a música não é em nada comparável aos dias de hoje. Ouve-se música portuguesa, música inglesa e alguma música espanhola, consequência da proximidade com Espanha. Para aqueles que, como eu, integraram grupos de jovens ligados à Igreja as músicas de mensagem (muitas delas inspiradas nos movimentos Gen Verde e Gen Rosso) são também uma referência.
É neste contexto que, em 1988, surge o grupo musical “Adamastor”, inicialmente sob a forma de trio, sendo a sua formação posteriormente alargada até seis elementos. O grupo atua numa sonoridade rock conservadora e as suas músicas chegam ao conhecimento da editora Espacial, que lhes propõe a gravação de um disco (um LP, abreviatura do Inglês “Long Play”) que viria a ser lançado em 1992. Os anos seguintes confirmam os “Adamastor” como uma referência na música flaviense.
Em 2010, numa fase em que o grupo já tinha deixado de atuar, o seu guitarrista Alberto Paulo (mais conhecido por Beto) faleceu com apenas 39 anos, vítima de doença oncológica. Dois anos depois, em 2012, foi constituída a Associação Alberto Paulo – Adamastor, que tem como principal objetivo a angariação de fundos para apoiar doentes oncológicos no concelho de Chaves. Entre outras atividades, esta associação promove todos os anos, no verão, um espetáculo com a presença do grupo “Adamastor” e de outros grupos de música rock, cuja receita reverte para a Liga Portuguesa Contra o Cancro - uma iniciativa louvável que demonstra que a música também pode (e deve) servir para mobilizar pessoas e apoiar causas.
Muitos anos se passaram já, mas para aqueles que viveram a sua juventude em Chaves nos anos 80 e 90, o nome “Adamastor” será sempre relembrado como uma das melhores bandas flavienses.
Luís dos Anjos