No silêncio dos Agapitos!
Isto merecia umas palavras, mas de tão dolorosas que seriam, prefiro silenciá-las…
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Isto merecia umas palavras, mas de tão dolorosas que seriam, prefiro silenciá-las…
Não é por nada, mas este edifício, pela sua história, em vez de ruínas podia ser outra coisa…
No Sábado passado fui dar uma voltinha pelas margens do rio. Convém de vez em quando dar umas voltas por aí, para nos irmos mantendo atualizados, pois enquanto lançamos uns olhares fotográficos também vamos pondo a conversa em dia e vendo um ou outro amigo que já não víamos há tempos e claro, também vemos outras pessoas.
Quando o meu tempo, infelizmente ou felizmente, não me permite muitas destas voltas ao longo do rio, poucas vezes gozo estes momentos mas ao chegar à antiga presa dos Agapitos e vejo o antigo edifício da presa onde funcionou a primeira central elétrica de Chaves, lamento que ninguém tivesse tido a feliz ideia de a incluir nas obras do Polis e recuperar um pouco da memória e da história de Chaves. Mas para que essas coisas aconteçam, é preciso ter alguma sensibilidade e também conhecer a história de Chaves.
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Se a uns o tempo sobra, a mim, sempre me falta, mas às vezes entre compromissos, o tempo de sobra é tão pouco, que sobra um pouco para partir à descoberta da cidade.
Dependendo dos tempos, o das sobras e o dos dias, parto à descoberta paras as ruas e ruelas da cidade histórica ou então, alternativa sempre simpática, vou até às margens do rio. Alternativa simpática, que finalmente se apresenta mais simpática que nunca.
Não sei se pela música que a água sempre debita na passagem pelas poldras, se pelas próprias poldras, se pelas recordações de sempre que a elas e ao rio estão associadas, faço sempre delas o meu ponto de partida e chegada. Pois entre o tempo que o tempo me permitiu, lá estava eu de novo, mais uma vez a acrescentar às centenas de vezes em que, como da primeira vez, descubro novos pormenores.
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Mas as poldras são sempre o ponto de partida, ultimamente para a margem esquerda do Tâmega, onde finalmente os espaço que antes era dedicado às couves mas também ao abandono, foi ganho para a cidade, para o andar na cidade, para o estar na cidade, para viver a cidade na companhia do Tâmega.
Pois desta vez o convite da margem esquerda ficou adiado e como o tempo ainda dava tempo, os meus passos encaminharam-se para o velho caminho da azenha dos Agapitos, cujo tempo, ainda não me tinha permitido conhecer após as obras, ou melhor, redescobrir pela segunda vez, que a primeira, já lá vão tantos anos, que não consigo encontrar referências na minha memória. Mas há sempre a memória daquela fotografia antiga editada em postal.
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Claro que estas partidas para a descoberta ou redescoberta de um espaço após obras, fazem-se sempre de pé atrás, pois conhecemos os obreiros de hoje, mas diga-se desde já, que fiquei surpreendido com a beleza e simpatia daquele pequeno troço entre a Ponte Nova (a velha) e a azenha dos Agapitos, onde o velho caminho retoma as suas funções de ser caminhado e o rio é uma presença agradável e constante, para já. Mas hoje quero mesmo é deixar por aqui um pouco de um espaço e de um rio que vai sendo ganho para a cidade e que de pecado, só tem mesmo, os anos em que este espaço ribeirinho esteve perdido, esquecido e desprezado.
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Claro que há pequenos apontamentos e reparos a fazer, mas são de simples solução e acredito que com o tempo venham a ser corrigidos e melhorados. Melhoramento que passará também pelos investimentos privados desde que haja uma urbanização cuidada e de enquadramento com este novo espaço agora ganho para a cidade, principalmente neste espaço que se prevê venha a ser urbanizado a curto ou médio prazo, entre o Rio e a Estrada de Braga. Projectos cuidados, feitos com gosto pelos espaços públicos (que estão sempre ausentes nas novas urbanizações) onde até não seriam demais alguns condicionalismos ou mesmo um plano de pormenor para o local, onde se garantisse a continuidade da beleza deste novo espaço. E quem fala neste pequeno espaço, fala em todo o espaço urbano ao longo do Tâmega, onde se quer um espaço aberto para o rio e não de costas voltadas, porque afinal de contas, o Rio Tâmega é mais uma das nossas maravilhas flavienses, que pode ser de todos e para todos, flavienses ou quem nos visita.
A Azenha dos Agapitos é outro dos locais que agora está desajustado e que fica mal na fotografia. Mas dizem-me que já há interessados privados na recuperação do espaço e do edifício. Pois que assim seja, mas que o projecto de recuperação seja também cuidado e venha a ter os fins que tiver, que haja o cuidado também de preservar a história daquele local e que venha também a fazer um pouco da sua história. Mas penso também que haverá bom senso, pois uma recuperação cuidada é do interesse de todos, como o será pela certa dos investidores.
Mas neste pequeno passeio que o tempo permitiu, o que mais me encantou foi a varanda do “Romeu e Julieta” foi assim que a baptizei mal a vi, pois parece ter sido construída para encenar aquela cena tão famosa do cinema em que Romeu e Julieta estão perdidos em devaneios e encantos de amor. Fica-lhe bem aquela varanda naquele passeio onde pela certa também se irão fazer muitos passeios de amor, de descobertas e de poesia.
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Mesmo ao lado da varanda e que até faz desviar o passeio, há um pequeno mamarrachito, que pela sua necessidade (da presa do espelho de água) não se pode demolir, mas poder-se-ia pelo menos disfarçar. Penso no entanto que é um mal menor e que a todo o momento ainda se pode camuflar, nem que seja com vegetação que poderá partir por dar liberdade às heras, que tão bem se dão nestes ambientes sombrios e húmidos… é uma ideia.
E claro que o tempo que sobrava do tempo não dura para sempre. Depois da apreciação do antigo caminho dos Agapitos, havia que regressar, já agora pela margem esquerda, em passo já bem mais apressado em direcção à próxima travessia do ponto de partida que é também ponto de chegada – as poldras,, mas havia ainda tempo para deitar um olhar ao velha Ponte Nova, agora com poses bem mais interessantes que despertam alguns clicks fotográficos.
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E de novo as poldras e são essas que eu gosto de atravessar para a outra margem, com o mesmo gosto mas agora com mais adrenalina, com que as passava quando era puto a caminho da escola, como caminho alternativo (claro) que nem por isso era lá muito consentido em casa, e talvez por isso mesmo dava tanto gozo atravessá-las, como ainda dá, e aqui, há um pequeno reparo que tem também solução fácil, assim haja vontade. Pois com a construção do espelho de água as poldras foram subidas e no seu aumento penso que só houve a preocupação estética e pouca preocupação com a sua funcionalidade que ainda vai tendo, porque são convidativas ao seu atravessamento. Se a maioria estão bem, há algumas pedras do seu coroamento que pecam pela sua irregularidade e tamanho. Está certo que assim até dá mais adrenalina na sua passagem, mas penso que não é isso que por ali se pretende. Outro pecado ainda com elas relacionadas tem a ver com a margem esquerda onde elas fazem ligação, pois naquela margem não houve o cuidado de fazer a sua ligação aos passeios pedonais, havendo mesmo entre as poldras e os passeios, três ou quatro muretes de pedra e canteiros relvados, que com seria bom de prever, já tem por lá o respectivo carreiro que vai sendo imposto pelos passos de quem atravessa as poldras. Penso que ficava bem assumir aquela ligação entre os passeios e as poldras, com rampas ou escadas (entre canteiros). Só um pequeno apontamento que em nada muda a minha opinião positiva que tenho de todo aquele espaço.
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Atravessadas as poldras, com a adrenalina à mistura, bota de regresso aos compromissos, que já se faz tarde.
Até amanhã, com coleccionismo de temática flaviense.
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*Jardim das Freiras*- De regresso à cidade-Faltam ...
Foto interessante e a preservar! Parabéns.
Muito obrigado pela gentileza.Forte abraço.João Ma...
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Um excelente texto, amigo João Madureira. Os meus ...