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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

09
Jul23

O Barroso aqui tão perto - Aldeias de Vieira do Minho

Paredinha, Soutelos e Santa Leocádia


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Paredinha, Soutelos e Santa Leocádia

Vieira do Minho

 

Outros afazeres e outras prioridades não nos têm permitido estar aqui aos domingos com as aldeias do Barroso, as aldeias que faltam, e ainda são algumas, não só do concelho de Vieira do Minho, que estamos quase a concluir, mas também as aldeias do Barroso que pertencem ao concelho de Ribeira de Pena, ou seja, as aldeias barrosãs que “saem fora da caixa” dos concelhos de Montalegre e Boticas.

 

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Assim, cá estamos de novo, e desta vez não como habitualmente com uma aldeia, mas com três – Paredinha, Soutelos e Santa Leocádia, todas da freguesia de Ruivães e Campos, do concelho de Vieira do Minho.

 

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São aldeias, tal como as restantes da freguesia, da Serra da Cabreira, na vertente Norte que desce para o rio Rabagão onde se começa a formar mais uma das barragens feita com as suas águas, a terceira desde a sua nascente, sendo a primeira a do Alto Rabagão, vulgarmente conhecida pela barragem dos Pisões, a segunda a da Venda Nova e a confrontar com esta freguesia a barragem de Salamonde.

 

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Tendo as barragens com referência, estas três aldeias de hoje,  localizam-se entre a barragem da Venda Nova e a barragem de Salamonde, ficando o rio Rabagão a menos de 500m de Paredinha e Soutelos, mas nenhuma das aldeias tens acessos (caminhos) diretos até ao rio, nem até a Ponte da Misarela, que fica a cerca de 800m de Soutelos. Embora com o rio e a ponto nas proximidades, a inclinação da montanha não é muito convidativa a caminhos.

 

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As três aldeias,  relativamente próximas, cabem todas dentro de um circulo com um raio de 800m, ficam à beira da estrada nacional 103, no troço entre Chaves e Braga, aliás, Paredinha e Santa Leocádia são mesmo atravessadas pela estrada nacional, apenas Soutelos, a aldeia do meio,  se distancia ligeiramente da estrada, num plano inferior, mas relativamente próxima, a menos de 200m de distância.

 

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Penso que com o que fomos dizendo até aqui estas aldeias já estão localizadas, mesmo assim, deixamos como habitualmente os nossos mapas e os da google para melhor se entender o enquadramento destas três aldeias com o terreno, e o melhor itinerário para lá chegar, itinerário esse que como sempre é feito com partida desde a cidade de Chaves, de onde partimos sempre para estas descobertas das aldeias do Barroso.

 

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Então, uma vez que a N103 atravessa estas três aldeias, bastaria tomarmos esta estrada em Chaves e deixar-nos ir por ela até encontramos Paredinha, mas vamos fazer um atalho, poupamos 7km e alguns minutos de viagem, além de pessoalmente achar que o atalho que se recomenda é mais interessante para quem vai em passeio e à descoberta.

 

vieira do minho-pormenor.JPGMapa parcial

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Assim, saímos pela N103 mas só até Sapiãos, onde devemos sair em direção a Boticas e aí apanhamos a R311 em direção a Salto. Já nas proximidades de Salto, num entroncamento, aparece sinalizada Salto para a esquerda e Venda Nova para a direita, deveremos seguir em direção à Venda Nova, onde retomamos a N103 em direção a Braga, e logo a seguir, ou quase (a cerca de 7Km e ainda com Padrões pelo caminho)) temos Paredinha, a primeira das nossas três aldeias. Ao todo, entre Chaves e Santa Leocádia (a última aldeia do percurso) são 68 km, cerca de 1h10 de viagem, isto sem paragens e a seguir as regras de trânsito.

 

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Paredinha é a mais pequena das três aldeias, ao todo uma dezena de construções entre casas, armazéns e anexos. Soutelos, fica logo a seguir, atenção à placa de estrada que indica Soutelos, pois a aldeia não é visível desde a estrada. Se vai de Chaves, embora a saída seja à direita, esqueça a placa e ande mais 100m, onde pode fazer inversão de marcha, volte atrás e então sim, saia da N103 e apanhe a estrada para Soutelos, isto porque vindo de Chaves para entrar na estrada para Soutelos teria de fazer uma curva a 360º, sem espaço para manobras. Impossível de fazer em modo de condução normal. Quanto à aldeia, pouco maior é do que Paredinha, talvez mais 4 ou 5 construções.

 

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Por último temos Santa Leocádia, esta sim, já é uma aldeia já com umas dezenas de construções, mas sem chegar à centena. Muito próxima de outra aldeia da freguesia, Botica, não havendo praticamente separação física entre as duas.

 

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Quanto às 3 aldeias, são aldeias de montanha (na vertente da Serra da Cabreira com vistas para a Serra do Gerês), à beira de estrada, com alguns, poucos, terrenos de cultivo, pastagens e alguma floresta, sendo esta última a que ocupa mais área, com carvalhos e alguns castanheiros e pinheiros à mistura.

 

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Estamos a chegar ao fim deste post e chegamos também àquela altura em que nos despedimos e anunciamos o vídeo resumo com todas as imagens que hoje aqui foram publicadas, vídeo que também podem ver no MeoKanal e no nosso canal do YouTube.

 

Aqui fica o vídeo que espero que gostem:

 

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no…

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… e no YouTube, onde podem subscrever o nosso canal para serem avisados de todas as publicações que lá fizermos, e nós agradecemos. Pode passar por lá e subscrevê-lo aqui: 

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No próximo domingo vamos tentar trazer aqui mais uma aldeia desta freguesia de Ruivães e Campos do concelho de Vieira do Minho, aliás será uma destas duas aldeias, pois sãos as que faltam para concluirmos a abordagem das aldeias barrosãs deste concelho.

 

 

28
Ago22

O Barroso aqui tão perto - Freguesia de Sapiãos

Freguesias do Barroso - Concelho de Boticas


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Freguesia de Sapiãos - Boticas

 

Como vem sendo habitual, a seguir à abordagem das aldeias de uma freguesia do concelhio de Boticas, deixamos aqui um resumo da freguesia, com alguns dados respeitantes à freguesia que não foram abordados nas suas aldeias. Assim como as duas últimas publicações diziam respeito às aldeias de Sapiãos e Sapelos, cuja sede de freguesia é a aldeia de Sapiãos, aqui fica o resumo dessa freguesia.

 

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Neste resumo, as imagens já foram todas publicadas nos artigos dedicados a cada uma das aldeias. Hoje fica apenas uma seleção com imagens das duas aldeias, Já os mapas, embora também tivessem sido publicados, têm algumas alterações de modo a adaptá-los à freguesia, nomeadamente o itinerário para chegar até à freguesia de Sapiãos, sempre a partir da cidade de Chaves, que, uma vez que Sapelos fica a caminho de Sapiãos, será apenas um.

 

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Claro que quando abordamos uma aldeia, em geral, deixamos aqui imagens das paisagens das aldeias/freguesia, do seu casario, de alguns pormenores de ruas e alguns dos seus motivos de interesse, mas as aldeias são feitas à imagem das pessoas que a habitam, a sua população. Mas hoje em dia essa imagem está um bocadinho deturpada, pois quase sempre a imagem da aldeia no seu conjunto, não corresponde à da sua população, isto é, ao contrário do que acontecia há umas dezenas de anos atrás, em que havia menos habitações, mas muitos habitantes, hoje, relativamente, acontece o contrário, há mais habitações, mas menos habitantes.

 

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E esta freguesia de Sapiãos até tem sido um bocadinho atípica em relação ao comportamento da população das restantes freguesias, isto porque entre os anos de 1864 e 1950 manteve mais ou menos a mesma população residente, mesmo nos Censos de 1920 em que quase todas as freguesias viram a sua população residente a diminuir consideravelmente, isto devido a três fatores, I Grande Guerra, emigração e a pandemia da gripe espanhola ou pandemónica, na freguesia de Sapiãos apenas perdeu 100 habitantes. No único Censos em que o comportamento é idêntico ao das restantes freguesias, é no de 1960, em que a população cresce em mais de 300 habitantes em relação aos Censos de 1950, atingindo um total de 1.286 habitantes. Já o comportamento pós 1960, embora com uma descida de população considerável, visto que atualmente a população da freguesia é de apenas 488 habitantes, graficamente desceu a pique de 1960 para 1970, mas a partir de aí a descida tem sido suave, ao contrário da maioria das freguesias (do concelho, do Barroso e da região) em que a descida é constante e muito mais acentuada, exceção para as sedes de concelho, vilas e cidades e, um ou outro caso isolado. Os porquês desta descida constante nos últimos 50 anos são conhecidos de todos, primeiro pela emigração para o estrangeiro ou migração das populações rurais para as sedes do concelho e outros grandes centros. Segundo, ainda a ver com a emigração, porque grande parte dos nossos emigrantes atuais já não regressam à sua aldeia de origem, ou simplesmente não regressam, terceiro, o não regresso da maioria dos nossos jovens, e não jovens, com formação académica superior, por não encontrarem na sua aldeia ou mesmo na sede de concelho trabalho compatível com a sua formação. Por último a redução drástica da taxa de natalidade. E sobre o assunto, ficamo-nos por aqui, pois hoje o tema é a freguesia de Sapiãos.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Quanto às nossas considerações pessoais sobre Sapiãos e Sapelos, bem como outras características próprias de cada uma das aldeias, já as fomos deixando nas publicações que fizemos para cada uma das aldeias, daí, chegamos àquela parte em que passamos a transcrever o que se diz na “Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas” - separata da freguesia de Sapiãos. Desde já fica o aviso que se trata de uma edição da Câmara Municipal de Boticas do ano do mês de maio de 2006, pelo que há informação que poderá não estar atualizada, nomeadamente no que respeita a associações existentes e população atual. Só uma nota explicativa para a localização/itinerário que se vai fazer para as duas aldeias, pois enquanto que a nossa (que ficou atrás) é feita com o ponto de partida desde a cidade de Chaves, no texto que se vai seguir, o ponto de partida é a feito desde a vila de Boticas.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Freguesia de Sapiãos

 

A freguesia de Sapiãos, localizada a Este da vila de Boticas, confronta com várias freguesias: a Norte com Bobadela e Ardãos, a Este com Redondelo do concelho de Chaves, a Sul com Pinho e a Oeste com Granja e Cervos do concelho de Montalegre.

 

É constituída pelas aldeias de Sapiãos, sede de freguesia, e Sapelos, o acesso viário faz-se seguindo pela EN 312 até aparecer a indicação Sapiãos, por seu lado, para Sapelos segue-se pela EN 103 em direcção a Chaves.

 

A aldeia de Sapiãos encontra-se disposta na encosta Sul da Serra do Leiranco e a aldeia de Sapelos junto à encosta Norte da Serra do Facho. Protegidas a toda à volta por serras e montes, os seus pastos e campos de cultivo estendem-se ao longo da planície do Terva.

 

A freguesia ocupa uma área total de 21,1 Km2.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

O desenvolvimento da população desta freguesia de Sapiãos acompanhou o movimento demográfico que caracteriza toda a região de montanha no Norte de Portugal tipificada por uma diminuição progressiva da população, com uma pirâmide etária invertida, onde os grupos etários mais baixos são diminutos e a população envelhecida aumenta.

 

Actualmente, tem aproximadamente 526 habitantes, sendo uma das freguesias com mais população o que em parte se explica dada a proximidade relativamente à sede do concelho. Todavia, seguindo a tendência que se verifica na generalidade das freguesias do concelho, esta freguesia tem vindo a assistir ao decréscimo da sua população, sendo que nos últimos 40 anos perdeu aproximadamente 59,1% da sua população residente. O gradual decréscimo da população que se registou, deve-se essencialmente à intensificação dos fluxos migratórios que se verificaram a partir os anos 60. Muitos foram os que partiram para o estrangeiro, para países como os Estados Unidos, Brasil, França e para outras regiões do país, em busca de melhores condições de vida. (E) migrar continua a ser uma opção para a população mais jovem dada a limitação local de ofertas de emprego.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Assim, quem permanece nas aldeias é essencialmente uma população marcadamente envelhecida, apenas um quarto dos 526 residentes tem menos de 25 anos.

 

Os níveis de alfabetização desta população residente são baixos, acompanhando o seu nível de envelhecimento, destacando-se o número elevado de pessoas sem nenhuma qualificação académica. Esta situação excepcional é suportada pelo elevado número de idosos, alguns deles regressados da (e)migração, em situação de aposentados.

 

No que se refere à área de actividade, a maior parte da população local, continua a dedicar-se à agricultura, essencialmente te de subsistência e à pecuária. Alguns trabalham na construção civil e no pequeno comércio local e outros na área dos serviços em instituições do concelho (Município de Boticas, Euronet, Santa Casa da Misericórdia etc.).

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Na freguesia existem vários restaurantes, mini-mercados, cafés e pequenos salões de jogos onde os mais jovens se distraem.

 

Nas horas de ócio e sempre que o tempo permite as pessoas, especialmente os mais idosos, ainda têm o hábito de se juntarem nos principais largos das aldeias e junto aos cafés a conversar.

 

Em termos associativos existem na freguesia a Associação Cultural, Recreativa e Desportiva da Serra do Leiranco - Sapiãos, o Sporting Club de Sapiãos, a Associação Filarmónica, Cultural e Recreativa de Sapiãos e o Motoclube Unidos do Barroso.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

MARCAS DO SEU PASSADO

 

Não é fácil conhecer o dia primeiro da origem da maioria das paróquias e freguesias. Excluindo uma ou outra que vem identificada nos documentos antigos, a maioria das aldeias têm origem desconhecida no tempo. Umas mais antigas outras de origem mais recente, sabe-se que a maioria destas aldeias são formadas a partir do agrupamento de famílias unidas por laços de parentesco ou afinidades económicas e profissionais que se organizaram em comunidade. Muitas das aldeias de Barroso têm a sua origem histórica no movimento de reconquista e povoamento do território iniciado com a formação do Reino de Portugal em 1143 e posterior fixação de uma ou mais famílias de povoadores. Teve particular desenvolvimento a partir dos finais do século XIII. Estes povoadores eram atraídos por contratos de aforamento cujos termos eram favoráveis à sua fixação, traduzidos em pagamentos de foros de valor acessível. Estes contratos são conhecidos como o processo de enfiteuse e eram promovidos indistinta mente pela Coroa e/ou pelas Casas Nobres e Senhorios Eclesiásticos.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

São conhecidos alguns contratos de aforamento para as terras de Barroso o que nos permite pensar que a grande maioria das suas aldeias e povoados tiveram origem neste modo de povoamento[i]. Alguns contratos de aforamento são disso testemunho como é o caso do aforamento da "Póvoa" de Lavradas, feito nos finais do século XIII (1288 da era Cristā), no tempo do Rei D. Dinis, e que, tudo o indica, está na origem da actual aldeia de Lavradas[ii].

 

Sapiãos parece enquadrar-se neste modelo de ocupação e povoamento do território embora haja vestígios de ocupação civilizacional mais remota. Perto de Sapelos, entre esta aldeia e a de Nogueira, da freguesia de Bobadela existem vestígios de uma extensa escavacão mineira de ouro levada a cabo pelos povos árabes e romanos - O Poço das Freitas - que, certamente, deu lugar a determinadas formas de povoamento entretanto extintas. A doação do foral de Sapiãos em 1251 configura uma região. então despovoada, que era preciso ocupar e desenvolver como nele determina: que vós e toda a vossa posteridade tenhais a dita herdade e a povoeis[iii].

 

Em 1527 aparecem identificadas no “Numeramento” mandado fazer por D. João III, as povoações de Sapelos com 13 moradores, isto é fogos, e a de Sapiãos com 42 o que dá um número aproxima do de duzentas pessoas[iv].

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

OS CASTROS DE SAPIÃOS E OUTROS VESTÍGIOS ARQUEOLÓGICOS

 

No termo da freguesia de Sapiãos existem monumentos proto-históricos, romanos e medievais.

 

Os Castros do Muro (Casas dos Mouros) junto à EN 103 (Chaves-Braga) e o Castro da Cerca (Sapelos) com as mu ralhas ainda bem visíveis, são um testemunho da ancestralidade daquela aldeia. Dos romanos chegam-nos as pequenas vias de acesso à grande Via Romana, que ligava Bracara Augusta a Aquae Flaviae, seguindo depois para Asturica Augusta, em Espanha.

 

A atestar a antiguidade da povoação estão ainda as várias sepulturas antropomórficas escavadas na rocha e a sua igreja românica datada do século XIII.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

O FORAL DE SAPIÃOS

 

Algumas comunidades rurais tinham o reconhecimento régio ou senhorial de escolherem os seus próprios governantes através da carta de foral que lhes concedia o privilégio de constituírem os órgãos do seu governo. Daí sobrevieram várias formas de autonomia mais ou menos amplas. Eram expressas em cartas de foral ou outras formas de reconhecimento como os concelhos, que tomavam o nome de honras, coutos, concelhos, vilas e cidades, correspondendo a cada uma destas designações uma determinada dignidade municipal normalmente expressa na composição dos órgãos e corpos municipais. Mais simples nas primeiras e mais complexos nas últimas embora com estrutura e organização diversifica da de concelho para concelho[v].

 

Por concelho deve entender-se uma comunidade de moradores vizinhos dotados de autonomia administrativa, uma identidade colectiva de população e território. Uma ou mais aldeias e freguesias que juntas se governam por um conjunto de acórdãos, que comprometem e integram toda a actividade da população nos dominios económico, judicial, religioso e administrativo.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Ainda que tenhamos feito uma pesquisa não exaustiva do foral de Sapiãos não parece ter resultado uma autonomia municipal como vulgarmente se julga em relação à outorga de uma carta de foral. A verdade é que o Foral de Sapiãos tem o título de "foral que el rei D. Afonso concedeu ao concelho de Sapiães" o que prefigura a existência de concelho. Os documentos posteriores é que não confirmam a existência de uma comunidade com governo próprio e órgãos municipais constituídos. O referido Numeramento de 1527 é disso testemunho pois na descrição do “titulo da vila de Mõte Alegre de Barroso não refere a existência do concelho de Sapiãos ainda que o faça para os então existentes concelhos de Vilar de Vacas ( que mais tarde toma o nome de Ruivães), e o couto de Dornelas[vi]. Situação que se verifica também nos meados do século XVIII quando Sapiãos é referida como estando sob a autoridade do juiz de fora de Montalegre..

 

Alexandre Herculano verificou efetivamente que muitas cartas de aforamento de herdades reais a um ou mais foreiros, passadas por D. Afonso III, se transformaram em povoações. Parece ser o caso de Sapiãos que, como o foral prescreve, consta de uma herdade que o rei doa a um casal com a obrigação de a conservar e a povoar tendo por recompensa a protecção real[vii].

 

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

UM DOCUMENTO DE 1758

 

No ano de 1758 o Rei D. José através do seu ministro Marquês de Pombal desenvolveu um inquérito a todas as paróquias do Reino de Portugal continental que hoje se encontram no IAN/TT.  Este inquérito que foi respondido pelos párocos das freguesias era composto de três partes. A primeira respeitante à paróquia onde se tratava de saber da sua história, produções agrícolas, população, instituições locais, igreja e capelas com suas devoções e romagens, a segunda tratava da serra e das suas características, se tinha lagoas e nascentes, monumentos, capelas, caça e a terceira perguntava sobre os rios e ribeiros que nela existissem assim como das levadas, represas, moinhos, pisões e culturas nas suas margens. É graças a este inquérito que se pode obter uma visão mais ou menos completa de como era a freguesia de Sapiãos nos meados do século XVIII como abaixo se pode ver. Esta memória paroquial é particularmente rica de informação o que nos permite até imaginar como seria a vida desta comunidade paroquial.

É a resposta dada pelo pároco da freguesia de Sapiãos nesse ano o Padre Domingos Gonçalves que adiante apresentamos. Para melhor leitura foi actualizado o Português naquelas palavras que consideramos necessário, introduzindo-se-lhe pontuação e parágrafos.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Padre Domingos Gonçalves, Reitor da Paroquial Igreja de São Pedro de Sapiãos, termo da vila de Montalegre.comarca de Chaves, Arcebispado de Braga Primaz. Em virtude de uma ordem correr que do Reverendo Senhor - Doutor Bento Carvalho de Faria, Vigário Geral desta comarca de Chaves, - me foi apresentada com o edital dos - interrogatórios juntos, para lhes responder.

 

Faço certo constar esta freguesia de - São Pedro de Sapiãos de dois lugares: Sapiãos um e Sapelos outro, situados ambos num vale. Conta toda esta freguesia, de cento e sessenta e cinco fogos e pessoas nela existentes quinhentas e oitenta e três pessoas mais ou menos.

 

É do termo de Montalegre e sujeita à justiça do juiz de fora dessa vila e da Sereníssima Casa de Bragança, Provincia de Trás-os-Montes.

 

A paróquia desta freguesia, cujo orago e e o Apóstolo São Pedro, está situada na  estrada da Veiga que fica entre os ditos dois lugares. Tem três altares: um na capela-mor do dito Santo Apóstolo e dois colaterais, um da Senhora do Rosário e  outro do Santissimo Nome de Deus. No altar da Senhora do Rosário está a irmandade da mesma Senhora. Não tem naves- algumas.

 

 O pároco desta igreja é Reitor e de colação ordinária provida por concurso.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Poderá render de um ano para o outro cento e quarenta mil réis de certos e incertos, pouco mais ou menos. Não há conventos, beneficiados, hospitais, nem casa de Misericórdia nesta freguesia.

 

Nesta freguesia há quatro capelas. Uma no lugar de Sapelos, da invocação de Santo Amaro, fabricada pelos moradores do mesmo lugar. Tem a mesma capela três altares: um de Santo Amaro, da Senhora do Amparo um e de S. João Batista outro. No lugar de Sapiãos há três capelas. Uma do Senhor, onde está o tabernáculo do Santíssimo Sacramento, é fabricada pelos fregueses excepto o azeite para a lâmpada que alumia o sacrário, que se dá pelos frutos da comenda, de que é comendador o ilustrissimo e excelentissimo senhor Marquês de Marialva. Tem a dita capela três altares: um do Senhor, outro do São Caetano e outro das Almas. Nesta há irmandade das mesmas almas, instituída autoridade ordinária. Há outra capela da invocação da Senho ra dos Anjos e de São Domingos, com um só altar, administrada pelo Reverendo António Alves Monteiro, Reitor da igreja de São Miguel de Bobadela. A outra capela, com um só altar, é da invocação da Nossa Senhora da Conceição, é administrada pelos herdeiros de Gonçalo Monteiro deste mesmo lugar e freguesia. Não há romagens nesta freguesia nem outras coisas dignas de especial memória.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Os frutos que nesta freguesia se colhem em mais abundância são o centeio, milho, castanha e algum vinho. Fica distante da cidade de Braga, capital do Arcebispado, doze léguas e meia, e da de Lisboa, capital do Reino, setenta e duas léguas. Utiliza o correio de Chaves distante desta freguesia duas léguas e meia.

 

 Até ao vigésimo sétimo interrogatório não há nesta mais que responder por já estar respondido.

 

No distrito desta freguesia de São Pedro de Sapiãos há a norte uma serra chamada Leiranco, que terá duas léguas de comprido e, em algumas partes, uma de largo. Confina a norte com a freguesia de Santa Cristina de Cervos. Não há nela coisa alguma digna de memória das que se perguntam nos treze interrogatórios. Como apenas tem muitos penedos e pedras com algum mato de carqueja, ervideiros e urzes; é muito agreste, nela se criam alguns coelhos e perdizes.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Pelo distrito desta freguesia de São Pedro de Sapiãos corre um rio do nascente para o poente, um rio que nasce na freguesia de Santa Maria de Calvão, desta comarca de Chaves e se chama rio Terva. Não corre caudaloso, por ser a terra plana, e pequeno, quase seca no Verão. Vai desaguar no rio Tâmega por baixo de Mosteirão, freguesia de Santa Maria de Curros. Há no dito rio uma ponte de pedra de cantaria que fica na estrada pública que vem da província do Minho para a praça de Chaves, desta província de Trás-os-Montes, essa ponte fica entre Sapiãos e Sapelos, lugares que compõem esta freguesia de Sapiãos.

 

No termo desta freguesia não há moinhos no dito rio. Os peixes que cria são algumas bogas pequenas. Ao que se pergunta nos vinte interrogatórios não tenho mais que responder por não haver no tal rio coisa notável de que se possa dar notícia.

 

Por ser verdade passei esta que assinei com os Reverendos António Dias Monteiro, vigário da paroquial igreja de Santa Marta de Pinho, e Manuel Dias, Vigário da paroquial igreja de São Salvador do Eiró. Ambas anexas desta matriz de São Pedro de Sapiãos e na forma dita a juro in verbo sacerdotis.

 

Sapiãos, 9 de Março de 1758.

Domingos Gonçalves

O Vigário de Santa Marta de Pinho António Dias Monteiro

O Vigário de São Salvador do Eiró Manuel Dias

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

E por hoje é tudo, apenas nos falta deixar o vídeo que também será resumo, com as imagens de hoje e os links para os posts dedicados a Sapiãos e Sapelos.

Aqui fica, espero que gostem:

 

 

 

E já sabe que agora também pode ver este e outros vídeos no:

 

MEO KANAL Nº 895 607

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Ficam então os links para:

- Sapiãos 

- Sapelos 

 

 

 

 

 

 

[i] BORRALHEIRO, Rogério, 2005, Montalegre. Memórias e História, Ed. Câmara Municipal de Montalegre, pp. 80-87.

[ii] Ver Separata da Freguesia de Beça.

[iii] COUTO, Artur Monteiro do, 1998, Património hisrico de uma aldeia transmontana, Boticas, p. 32.

[iv] Tendo por base o índice de 4 a 5 pessoas por fogo. Arquivo Histórico Português. Vol. nº7, Julho de 1909, p. 272

[v] A título de exemplo veia-se que até 1834 a Câmara de Montalegre era composta por 3 vereadores e um procurador já a câmara de Tourém era composta por um juiz ordinário e 2 vereadores a do Couto de Dornelas por um juiz ordinário por 1 vereador e 1 procurador.

[vi] Arquivo Histórico Português, Vol. VII, no 7, Julho de 1909, p. 272.

[vii] Este foral esta publicado por COUTO, Artur Monteiro do, 1998, Património histórico de uma aldeia transmontana. Sapiãos Ed. Câmara Municipal de Boticas, pp 31-33.  

 

21
Ago22

O Barroso aqui tão perto - Sapelos

Aldeias do Concelho de Boticas


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Sapelos - Boticas

 

No último domingo iniciámos a abordagem da freguesia de Sapiãos, precisamente com a aldeia do mesmo nome. Assim hoje passamos para a segunda e última aldeia da freguesia, a aldeia de Sapelos.

 

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Sapelos que por sinal é a aldeia barrosã mais próxima da cidade de Chaves, a apena 9km da cidade, isto em linha reta, mas por estrada (N103) pouco mais é, pois fica logo a seguir a casas Novas/S. Domingos, ou seja a 14,4Km, 15 minutos de viagem, esta vai mesmo de encontro a esta rubrica de “O Barroso aqui tão perto” e também de encontro àquilo que muitos dizem, e eu também defendo, quanto aos limites do Barroso, um em particular, o rio Tâmega. Mas isso são contas de outro rosário, pois hoje o que interessa é a aldeia de Sapelos, aqui tão perto. Ficam os nossos habituais mapas e hoje também uma foto tomada desde a Serra do Leiranco.

 

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Não sei se repararam nas primeiras imagens que são de uma capela, um nicho e umas alminhas, que estão no recinto da capela. Todas elas estão na entrada de Sapelos, de ambos os lados da N103. Descendo à aldeia, temos uma igreja e um cruzeiro no centro da aldeia, um conjunto de cruzes do calvário e na saída para as minas romanas do Poça das Freitas/aldeia de Bobadela temos mais três alminhas à beira da estrada, distanciadas por umas centenas de metros.

 

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Não deixa de impressionar que na freguesia, apenas com duas aldeias, haja 6 igrejas/capelas, 4 cruzeiros, 8 alminhas, 2 calvários e um nicho, isto que eu tivesse visto, pois pode ser que ainda falte mais qualquer coisa, mas só por isto, vale a pena uma visita à freguesia, pois todas são interessantes e dignas de serem apreciadas.

 

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Mas voltemos a Sapelos, por onde passamos muitas vezes na estrada, mas que para se conhecer, tal como acontece em Sapiãos, é preciso descer até à intimidade da aldeia, e esta ainda tem muita vida e pessoas que gostam de conversar, pelo menos na nossa primeira passagem por lá para recolha de imagens, estivemos mais tempo a conversar do que a fotografar, e nunca é uma perda de tempo, antes pelo contrário, pois estamos sempre a aprender, principalmente com os mais idosos e com eles, vale mais uma conversa que uma imagem.

 

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Quanto à aldeia de Sapelos, mais uma do vale do rio Terva com bons terrenos agrícolas e já longe, ou melhor, já fora dos frios rigorosos das terras mais altas do Barroso, mesmo porque o vale do rio Terva está mais ou menos numa cota a rondar os 500m de altitude, tem dois núcleos de construções, o mais antigo na parte de baixo da N103, a cerca de 600 metros desta, onde as casas mais antigas se vão misturando com alguma mais recentes e recuperadas, num tipo de aldeamento concentrado, e um segundo núcleo, de construções mais recentes, compostas de moradias isoladas junto à N103 e ao nicho da entrada da aldeia.

 

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Quanto aos motivos mais interessantes da aldeia, alguns, os religiosos já os mencionámos atrás, mas a aldeia também é rica na sua história mais antiga, pelos menos assim os testemunham as marcas que ainda por lá existem, para isso e para não estarmos para aqui a inventar, vamos àquilo que nos dizem os documentos existentes, que, como já vem sendo hábito, lançamos mão ao que vem na publicação da “Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas” que passamos a citar:

 

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Marcas da História Antiga

 

Castro do Muro ou da Cerca

Designação: Castro do Muro ou da Cerca

Localização: Sapelos (Sapiãos)

Descrição: O castro da Cerca ou Muro localiza-se a Nordeste de Sapelos, freguesia de Sapiãos. É um castro de situação baixa assente na encosta pendente pelo lado poente sobre o rio Terva, que lhe corre na base, ao fundo da encosta, e a cerca de 100 m da muralha fundeira. O castro é elíptico de eixo SW/NE, com um comprimento de 122 m e largura máxima de 47 m. Tem duas muralhas. A muralha cimeira tem patente e relativamente conservado o seu paramento interno, mas do lado do fosso a maior parte do paramento foi derruído. O paramento interno é de pequenas pedras de granito e o externo de pedras de quartzo, também pequenas. A segunda muralha está praticamente toda derruída, no entanto no topo do lado Sudeste e num comprimento de cerca de 60 m, ainda se patenteiam algumas pedras de granito da base dos paramentos, sobretudo do interno. Do lado Nascente há dois fossos, com largo lombo de separação, que seguem na base do talude e depois afastam-se da base da muralha e vão direitos à ribeira que desce a encosta e vai desaguar no Terva. Os castrejos podiam abastecer-se de água quer da ribeira, quer do rio Terva.

 

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Castro de Sapelos

Designação: Castro de Sapelos (Sapiãos)

Localização: Sapelos

Descrição: o castro de Sapelos fica junto à EN 103, ao km 151, no alinhamento da ponte pedrinha, assenta na crista do monte que lhe fica fronteiro pelo Nascente. Subindo pelo lado Norte deparamo-nos com um fosso com 3m de boca a rodear a fraga, que marca o início de um longo patamar com 155 m de comprimento e 40 a 45 metros de largura.

O patamar, ligeiramente ascendente, estende-se até ao cabeço onde assenta propriamente o castro, rodeado da muralha e fossos. O topo Sul do terreiro tem um combro de terra com o comprimento de 10 m e em média com 1 m de altura, que será resto da muralha de terra. O castro deve ter sido muralhado a toda a volta, do lado Nascente vê-se pedaços de muralha com 1 m e com apenas 3 fiadas de pedra de granito; do lado Poente, há uma fiada de pedra de granito em montão caótico, numa extensão de 50 a 70 metros, fiada que deve corresponder à segunda muralha. Muitas das pedras da muralha foram retiradas pelas pessoas para a construção de casas na aldeia. Não foram descobertos restos de construções no local, apenas dois pedaços de cerâmica.

 

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Quanto a festas e romarias temos sinalizadas:

Santo Amaro, 15 de Janeiro, e o Senhor dos Milagres, no 1º domingo de Setembro.

Como Património arqueológico, para além dos castros atrás mencionados, há a referência à ara de Sapelos e às minas, que supomos serem as romanas do Poço das Freitas. Quanto ao património edificado as referências vão para o cruzeiro (já mencionado), para a Capela de Santo Amaro (na aldeia junto ao cemitério), Santuário de Santo Amaro (junto à N103) e para o Forno do Povo, no centro da aldeia.

 

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Ainda em relação aos castros, que têm sempre o seu interesse arqueológico, mas que, quando existem apenas vestígios, já não são tão interessantes para a fotografia, mas o Castro de Sapelos, por cima da N103, vale a pena visitar, não apenas pelo castro mas também pela “varanda” miradouro que lá foi construído desde onde se pode lançar um olhar para todo o vale do Terva e para as suas aldeias, bem como para a Serra do Leiranco, embora esta se possa avistar desde a estrada e ao longe, até da cidade de Chaves se pode avistar (e o contrário também é verdade), a mesma que nos anuncia sempre as primeiras e restantes nevadas da temporada barrosã.

 

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E agora chegamos àquela altura em que nos despedimos e anunciamos o vídeo resumo com todas as imagens que hoje aqui foram publicadas, vídeo que também podem ver no MeoKanal e no nosso canal do YouTube.

 

Aqui fica, espero que gostem:

 

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no:

 

MEO KANAL Nº 895 607

E no YouTube, onde podem subscrever o nosso canal para serem avisados de todas as publicações que lá fizermos, e nós agradecemos. Pode passar por lá e subscrevê-lo aqui 

 

E quanto às aldeias da freguesia de Sapiãos é tudo, pois não há mais, assim, no próximo domingo,  teremos aqui o resumo da freguesia de Sapiãos.

 

 

14
Ago22

O Barroso aqui tão perto - Sapiãos

Aldeias do Concelho de Boticas


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Sapiãos - Boticas

 

Iniciamos hoje a abordagem de mais uma freguesia do concelho de Boticas, a freguesia de Sapiãos, constituída por duas aldeias, a de Sapiãos que é sede de freguesia e a de Sapelos, ambas localizadas no vale do Rio Terva, a primeira na sua margem direita e a segunda na sua margem esquerda do rio que no vale vai descendo a caminho do Rio Tâmega, entre as serras do Leiranco à qual Sapiãos se encosta, e a serra do Facho encostada a Sapelos.

 

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Iniciemos já pelo resto da localização de Sapiãos e o melhor itinerário para lá chegar. E tal como vai sendo habitual para irmos à descoberta de terras de Boticas, exceto paras as freguesias de Ardãos/Bobadela e Pinho, a estrada a seguir para sair de Chaves é a EN103 (Estrada de Braga), e no presente caso não há nada a saber, pois a freguesia de Sapiãos é atravessada a meio por esta estrada, tendo logo à saída do concelho de Chaves (entrada no de Boticas) a aldeia de Sapelos, sendo a aldeia seguinte a de Sapiãos, o nosso destino de hoje. Sapiãos que fica precisamente no entroncamento da N103 com a N312, ou seja onde se saí da N103 para ir em direção a Boticas. Em contas redondas, de Chaves até Sapiãos são 20 Km ou, se preferir, 20 minutos de viagem. Fica o nosso mapa e os da goolge para melhor se entenderem as palavras.

 

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E agora chegamos àquela parte em que os flavienses estão a dizer – "Ah! Sapiãos, conheço, já passei por lá…”. Pois, também eu passei por lá muitas vezes e também conhecia assim Sapiãos, ou seja, conhecia a aldeia, apenas pela sua aparência, por aquilo que se via da estrada, e também pensava conhecê-la, mas estava bem longe de a conhecer e só dei conta disso quando desci à sua intimidade, aí sim, posso dizer que a conheci e que fiquei agradavelmente agradado com o que, mas já lá vamos.

 

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Vamos então até Sapiãos que podemos dividir em três partes:

 

- Uma com um núcleo antigo composto de casario concentrado, ganhando uma forma arredondada, atravessado por uma rua principal para onde convergem as ruas secundárias, que foi crescendo naturalmente do centro para a periferia conforme as necessidades de crescimento.

 

- Outra parte com um povoamento disperso, mais recente, que nasceu ao longo das estradas N103 e N312 e também entre elas, é a aldeia que ficamos a conhecer quando passamos nessas duas estradas.

 

- Por último, uma parte nova, aparentemente loteada e infraestruturada, com vivendas unifamiliares construídas em lotes, esta parte toda acima da N103, já na encosta da serra.

 

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Pois sem desprezarmos a aldeia mais recente, vamos realçar em imagens a aldeia mais antiga, aquela com o casario mais antigo, onde temos a igreja paroquial e as capelas, os cruzeiros e a alma da aldeia, ficando de fora deste conjunto apenas três apontamentos dignos de realce, como o é a Igreja do Cemitério, o Calvário e as sepulturas Antropomórficas, estas três fora do perímetro da aldeia mais antiga.

 

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Os dois cruzeiros da aldeia, o do largo do cruzeiro mais imponente e o outro um pouco menos e muito mal-acompanhado. Aliás já é costume as companhias de eletricidade e telecomunicações não terem nenhum respeito por aquilo que as rodeia, às vezes era só um jeitinho em afastar os seus postes destes motivos de interesse, mas pelo que nós pagamos e pelos lucos que essas companhias têm, vem podiam nestes núcleos históricos das aldeias com interesse público e turístico, fazer estas infraestruturas enterradas. Fica uma imagem com o que temos e, com um pouco de Photoshop, como deveria ser e gostaria de ver.

 

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Claro que os nossos olhos ficaram deliciados com as duas capelas, a capela de Nossa Senhora dos Anjos e ainda mais com a da Nossa Senhora da Conceição, pena esta última estar tão degradada. A Igreja Paroquial de São Pedro também mereceu a nossa atenção, não só pela própria igreja e torre sineira, mas também pelo arranjo feliz do largo onde se encontra implantada. Também o casario em geral e algum em particular mereceu a nossa atenção, tal como aconteceu com Casa dos Queirogas.

 

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Assim, e ainda antes de passarmos ao que se diz na documentação disponível dobre a aldeia, fica a nossa apreciação geral sobre a mesma. Uma aldeia que manteve o seu núcleo antigo sem grandes disparates pelo meio, e com muitos pormenores e motivos de interesse, com as partes novas que cresceram para onde tinham de crescer, sem interferir com o núcleo antigo. Uma aldeia ainda com muita vida e movimento e que, sem qualquer dúvida, é de visita obrigatória porque é uma das mais interessantes do concelho de Boticas.

  

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E agora vamos ao que nos dizem os documentos sobre a aldeia de Sapiãos, nomeadamente os que vêm na “Preservação doa Hábitos Comunitários das Aldeias do Concelho de Boticas”, uma edição da Câmara Municipal de Boticas de 2006, e aqui a data é importante porque passados 16 anos da sua edição, embora seja pouco tempo, pode significar muito em termos de perdas de hábitos comunitários e outras tradições, principalmente devido ao sucessivo despovoamento das nossas aldeias por parte da população mais jovem, que afinal são os que cumprem hábitos e tradições e lhes dão continuidade. Daí, que alguns dos hábitos comunitários de Sapiãos que a seguir serão transcritos, poderão não existir atualmente.

 

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Assim, segundo o que consta no documento atrás referenciado temos quanto a:

 

Património Arqueológico

- Castro do Muro ou Casas dos Mouros (Sapiãos)

- Povoado do Cemitério de Sapiãos

- Sepulturas Antropomórficas

- Sepulturas de Pássaros (Necrópole)

 

Património Edificado

- Alminhas

- Cruzeiros (Sapiãos)

- Forno do Povo de Sapiãos

- Igreja Paroquial de São Pedro

- Igreja Românica de Sapiãos - Património Classificado

- Capela particular do séc. XVIII

 

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Marcas da História Antiga

Castro do Muro ou Casas dos Mouros

 

Designação: Castro do Muro / Casas dos Mouros/ Muro

Localização: Sapiãos

Descrição: o Castro do Muro fica ao lado e acima da EN 103, sentido Braga a Chaves, cerca de 400 m adiante de Sapiãos.

O “Muro” de Sapiãos é um castro de encosta, quase assente na base da ladeira do monte fundeiro do Leiranco. O perímetro da muralha é de 270 m. Nalguns sítios vêem-se os paramentos externo e interno da muralha que tem 3,50 m de largura. Na sua maior parte está derruida e é assinalada por fiada de pedras em amontoado caótico. A maior parte do recinto intra muralha é, por assim dizer, penedia. Distinguem-se dois pequenos terreiros sem penedia, um na base e outro a meio. A eira dos mouros é um espaço quadrilátero com quase 40 m de comprimento na linha E/W, e de contorno subtrapeziodal, que vai alargando de cima para baixo. No alto tem 16 m de largura, a meio 21 m e quase no fundo 26 m de largura. No local do castro foram encontrados restos de cerâmica.

 

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Em geral, a população rural ainda é muito religiosa e crente, e a julgar pelo número de capelas, igrejas, cruzeiros e calvário que existe em Sapiãos, esta aldeia não será uma exceção e é na fé e as crenças que muitas vezes se apoiam na sua proteção mas também para a proteção das suas colheitas agrícolas e animais, assim acontece com o  Porquinho de Santo António, que em Sapiãos é (ou era), alimentado por toda a aldeia, inicialmente andava de casa em casa, mais tarde passou a ter uma corte própria e era alimentado por todos os agregados familiares, num sistema de rotatividade pelas casas da aldeia. Por altura das matanças, era vendido e o dinheiro revertia para a Igreja, a favor do Santo António, para que protegesse os gados da aldeia.

 

 

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Em Sapiãos, as pessoas ainda têm o hábito de colocar um lareiro junto à fornalha do forno, sinal que indica que alguém vai aquecer o forno e cozer. Normalmente, quando alguém coze, as outras pessoas aproveitam a quentura do forno e cozem a seguir, pois desta forma já não gastam tanta lenha

 

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O Cantar dos Reis, dia 5 de janeiro à noite

 

Em Sapiãos, costumam cantar:

Aqui estão os Reis à porta

Dispostos p’ra se cantar

Se o Senhor nos der licença

Os Reis vamos começar

 

Aqui vimos, aqui estamos

Hoje é dia de alegria

Viva o senhor desta casa

E a sua companhia

 

Se nos querem dar os Reis

Venham-nos os dar com tempo

Estamos com os pés à geada

Corre um arzinho de vento

 

Se nos querem dar os Reis

Não nos mande a sua criada

Qu’ela tem a mão pequena

Parte pequena talhada

 

Se o presunto está duro

E a faca não quer cortar

Faça-lhe um frrum, frrum, frrum

Nas beiças do alguidar

 

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As Festas do Corpo de Deus

 

O Corpo de Deus em Sapiãos

Nesse dia, as mulheres enfeitam as principais ruas da aldeia, onde mais tarde irá passar a procissão, com um tapete formado por rosmaninho, giestas e pétalas de flores.

Assinala-se este dia com uma missa, sermão e procissão com o “Corpo de Deus”, acompanhada por uma banda de música.

Para além desta componente religiosa, a festa tem também uma componente profana com conjuntos que animam a noite num arraial popular, a que não falta também o tradicional festival de fogo de artifício.

 

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Casamento

Em Sapiãos, onde, no dia antes do casamento, o noivo ia com os seus amigos fazer uma serenata à noiva:

(…)

S’estás a dormir, acorda

Vem ouvir a serenata

Guitarras com cordas d’ouro

Trilhadas por mãos de prata

Dáva-te o meu coração

Se o pudesse arrancar

Arrancando sei que morro

Morto não te posso amar

 (…)

 

No dia do casamento as famílias iam ter a casa de cada um dos noivos. Depois, o noivo e a sua família iam a casa da noiva buscá-la para irem para a igreja. As raparigas que fossem ainda virgens para o casamento, consideradas pela comunidade como puras, levavam nesse dia um arco branco a acompanhá-las, os rapazes eram acompanhados por arcos de folhas verdes. Colocavam-se também arcos pela rua, desde a casa da noiva até à entrada da igreja. Depois, seguiam em cortejo pela rua até à igreja, como nos descreveu um informante: “À frente ia a noiva com o padrinho debaixo do arco de flores brancas. A seguir, ia o noivo com a madrinha debaixo de um arco verde feito de arbustos e flores e atrás iam os restantes convidados. Entravam na igreja também por essa ordem, a noiva primeiro.”

 

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E como não há casamentos sem namoro

 

O Namoro

 

Quando um rapaz de fora namorava com uma rapariga da aldeia tinha que pagar o vinho aos da terra, como indemnização simbólica por “roubar” a rapariga, considerada “propriedade” da aldeia. Se em algumas aldeias apenas pagavam remeias de vinho, noutras além do vinho tinham que pagar também o equivalente à sua altura em pão e bacalhau; ou então, em vez de pagar o vinho, levavam-no até junto de um tanque e obrigavam-no a beber sete chapéus de água. Quem se recusasse a pagar o vinho, metiam-no na corte com o Boi do Povo como castigo, ou atiravam-no a um tanque da aldeia.

 

 

 

E com estas de casamentos e namoros, vamos dando por terminado este post, apenas nos falta deixar aqui o vídeo com todas as imagens publicadas neste post.

Aqui fica, espero que gostem:

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no MEO KANAL Nº 895 607

 

Ou se preferir diretamente no YouTube, onde,  se quiser ser avisado da publicação dos nossos vídeos, pode subscrever o nosso canal (no Youtube).

 

E quanto a aldeias de Boticas, despedimo-nos até ao próximo domingo em que teremos aqui a aldeia de Sapelos.

17
Jul22

O Barroso aqui tão perto - Sobradelo

Aldeias do Concelho de Boticas


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Prometemos vir aqui todos os domingos com uma aldeia do Barroso, mas tal não tem sido possível, pois outros afazeres e outros interesses têm-nos roubado o tempo necessário para estes posts mais completos e exigentes. Assim estas crónicas sobre as aldeias do Barroso que costumávamos dizer que trazíamos aqui todos os domingos, talvez se deveriam chamar crónicas intermitentes do Barroso. Talvez, mas não vamos por aí, antes, vamos tentar cumprir e trazer aqui todos os domingos as aldeias que faltam do Barroso.

 

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Temos abordado as aldeias do concelho de Boticas pela ordem alfabética das freguesias, e dentro delas a ordem alfabética de cada aldeia. Assim, na última publicação tínhamos iniciado a freguesia de Pinho, e com esta aldeia, pois também ela é a primeira que nos aparece por ordem alfabética, sendo as restantes as aldeias de Sobradelo, que abordamos hoje e a seguinte e última da freguesia, a aldeia de Valdegas.

 

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Sobradelo que antes da visita que lhe fizemos para a devida recolha fotográfica, que aconteceu em julho de 2018, ainda antes da pandemia, já tínhamos por lá passado, mas foi mesmo apenas uma passagem para tomar o barco que nos levaria até Ribeira de Pena, isto há trinta e tal anos, numa verdadeira e inesquecível aventura de descer o Rio Tâmega nesse troço entre Sobradelo e Ribeira de Pena, descida da qual ficámos, apenas, com registos de memória, pois era de todo recomendável que não se levasse câmara fotográfica para descer um troço de rio que era feito à base de rápidos e quedas de água, e temos pena de não ter esses registos fotográficos, pois os registos que ainda hoje conservo na memória são do mais bonito, incrível e espetacular que tinha visto até esse dia, indiscritíveis em palavras, com lugares, quilómetros de rio,  inacessíveis a não ser pelo próprio rio, num rio que deu luta até ao último momento onde chegámos ao nosso primeiro ponto de encontro com 6 horas de atraso. Mas isto são contas de outro rosário, que estão pela certa na memória de quem desceu connosco o rio e que com a barragem que está em construção, serão também irrepetíveis, pois tudo que vimos será submerso em breve, com pena nossa e pena do aprisionar de um rio.

 

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Também os parque de lazer de Sobradelo junto ao Rio Tâmega e em frente, na margem esquerda, o parque de lazer da Lama da Bouça de Capeludos, concelho de Vila Pouca de Aguiar e o pontão que entre eles atravessa o rio, ficarão submersos com a Barragem, esperemos, pelo menos, que seja construída uma ponte para substituir este pontão a fim de ser garantida a ligação das povoações das duas margens, que no caso também liga o concelho de Boticas ao concelho de Vila Pouca de Aguiar, pois para perdas, já basta perder-se o rio, algumas construções/habitações de Sobradelo e todos os seus terrenos de cultivo mais férteis.

 

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Por aquilo que fomos dizendo e para quem é aqui da região já entenderam onde fica Sobradelo, que pertence à freguesia de Pinho, freguesia essa que a Sul confronta com o Rio Tâmega que por sua vez serve de limite de freguesia, mas também de concelho, entre o concelho de Boticas e os concelhos de Chaves e Vila Pouca de Aguiar, mas também por terras (sem rio como limite) com o concelho de Chaves, freguesia de Anelhe, freguesia que outrora, até 1836, fazia parte do concelho de Montalegre, ainda antes de existir o concelho de Boticas.

 

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Vamos então completar a localização de Sobradelo e como chegar até lá a partir de Chaves ou de Vidago, pois para que vier de Sul, que não tenha o seu ponto de partida de Chaves, escusa de vir até à cidade, mesmo que venha pela A24, neste caso deverá sair no nó de Vidago e a uns escassos metros de distância, entrar no percurso que nós recomendamos entre Chaves e Sobradelo, que ao todo, entre as duas localidades são apenas 25,5 km, ou 30 minutos de viagem, que a partir de Chaves será pela EN2 até à PONTE SECA DE Vidago, ou seja, ates de se entrar em Vidago e antes do acesso à autoestrada, no entroncamento onde se apanha a  R311 em direção a Boticas, com passagem pela Praia de Vidago. Ficam o mapa com o percurso e as fotografias aéreas para ajudar a localizar.

 

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Agora que já localizamos a aldeia é só ir até lá e nestes dias quentes, recomendamos descerem até um dos parques de lazer junto ao Rio Tâmega (o de Boticas e o de Vila Pouca), onde frescura não falta, mas parece-me que o da margem direita do rio, o de Sobradelo/Boticas, pela sua localização, deve ser mais fresco, mas nem há como ir até lá e verificar. Se puder ir vá, pois se pudesse, quem ia (também) era eu…

 

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Quanto à aldeia, tal como as restantes de Boticas que confrontam com o Rio Tâmega, estão implantadas na encosta da serra que desce até ao rio, guardando entre o casario e o rio os terrenos mais férteis para cultivo, que tal como já dissemos atrás serão para cultivar por pouco tempo, pois não tardará muito e a barragem começará a encher e a submergir esses terrenos e casas das cotas mais baixas e mais próximas do rio.

 

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Quanto à aldeia, segundo apurámos junto da população, serão entre 50 a 60 residentes, mas são residentes que se veem na rua, nas suas vidas e afazeres, ou seja um aldeia ainda com vida, onde pela certa, o estar perto de Chaves, Vidago e Boticas terá contribuído para manter alguma população, mas isto sou eu apenas a supor, pois poderá haver outras realidades.

 

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Não é uma aldeia grande, mas também não é das mais pequenas do concelho de Boticas, com um misto de casario antigo, maioritariamente abandonado ou em ruínas e casario recente ou reconstruído com a introdução de novos materiais e ampliações. É sem dúvida uma aldeia que administrativa e geograficamente falando pertence ao Barroso, culturalmente também, mas já com muitas alterações, principalmente ao nível do casario que na sua maioria é de construção recente, já longe da típica construção de granito à vista com pedra seca.

 

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Quase na entrada da aldeia, um tanque comunitário foi para nós de boas-vindas, pois ao contrário da grande maioria dos tanques comunitários das aldeias do Barroso que hoje em dia estão secos ou apenas servem de adorno, este de Sobradelo tem água corrente com pessoas a utilizá-lo, foi por isso uma das nossas primeiras paragens na aldeia, para conversarmos um pouco com as senhoras que lá estavam, para nos refrescar-mos e bebermos água da fonte, recordem que já atrás dissemos que a nossa visita foi em julho, e os nossos julhos são sempre quentes, poderão não o ser tão quentes como estes últimos dias, mas andam sempre lá próximos, e só não são notícia nacional, porque só somos uns tantinhos a levar com ele em cima, por isso até passam despercebidos à proteção civil e outras entidades, mas tal como dizem, já estamos habituados, ao frio, ao calor e ao desprezo, oh se estamos!

 

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Foi no tanque que ficámos a saber que o orago da aldeia era o Stº André, que no ano da nossa visita tinha festa em 4 e 5 de agosto e que a capela era logo a seguir, que à hora da nossa passagem estava com alguma gente, segundo apurámos, porque ia haver missa. Capela à qual também fizemos um registos, quanto à missa, trocámo-la por um pouco de estar junto ao rio Tâmega, para onde fomos de seguida e por lá repousámos um pouco, já não me lembro, mas possivelmente na companhia de umas minis, não por muito tempo, mas algum, não fosse a aldeia de Valdegas que ainda tínhamos para visitar nesse dia e talvez tivéssemos terminado lá o nosso dia de trabalho, embora o Berto, companheiro de viagem desta andanças de fotografar o Barroso se ria com esta do “trabalho”, o que é certo, e um facto, é que nestes dias de andanças pelo Barroso chego a casa satisfeito, mas também rotinho de todo!  E com esta, ainda não é para ir, mas passamos ao vídeo resumo em imagem deste post.

 

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Sobradelo vista desde a Capela de N.Srª da Conceição - Capeludos - Vila Pouca de Aguiar

 

Então, aqui fica o vídeo com todas as imagens da aldeia de SOBRADELO que foram publicadas até hoje neste blog. Espero que gostem.

Aqui fica:

 

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no MEO KANAL Nº 895 607

 

E quanto a aldeias de Boticas, despedimo-nos até a próxima publicação, que faremos o possível por ser no próximo domingo, se não for nesse, fica para o outro a seguir,  em que teremos aqui a aldeia de Valdegas, a última da freguesia de Pinho .

 

17
Mai21

O Barroso aqui tão perto - Veral

Aldeias do Barroso - Concelho de Boticas


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VERAL - BOTICAS

 

Nestas andanças pelo concelho de Boticas, hoje vamos até Veral, a última aldeia que trazemos aqui da União de freguesias de Codeçoso, Curros e Fiães do Tâmega.

 

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Iniciemos já pela localização e itinerário para chegar até Veral. O ponto de partida é a partida da cidade de Chaves com partida e para o Concelho de Boticas, para a maioria das freguesias, e esta não é exceção, a melhor estrada é a de Braga (N103), até Sapiãos, aí deixamos a N103 e rumamos até Boticas, aí tomamos a direção de Ribeira de Pena apanhando a R311 até a Carreira da Lebre, onde, na rotunda devemos saír em direção a Ribeira de Pena, pela N312, onde passados cerca de 14Km encontraremos, à esquerda, a saída para Veral, ao todo, entre Chaves e Veral, são 41,1Km. Mas fica o itinerário em mapa, para melhor localização.

 

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Veral fica no limite do concelho de Boticas, a confrontar com o concelho de Ribeira de Pena, a Sul e com o concelho de Vila Pouca, a nascente, neste a linha divisória dos dois concelhos é o Rio Tâmega, que fica a cerca de 500 de Veral.

 

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Embora cada aldeia tenha as suas singularidades, também as há que partilham algumas identidades, no caso Mosteirão e Fiães do Rio partilham a sua condição em relação à proximidade do Rio Tâmega e as mesmas vistas, e até a forma como povoaram a encosta, dispondo as suas construções em anfiteatro.

 

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Quanto à aldeia, tem um capela, de vocação a S.Martinho, o orago da aldeia, localizada sensivelmente a meio do anfiteatro composto pelas construção da aldeia, com a particularidade de ter a torre sineira separada da capela, o que torna a capela muito mais interessante.

 

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Como pontos de interesse, tem ainda a ponte de arame sobre o rio Tâmega que liga a aldeia de Veral a aldeia de Monteiros, esta de Vila Pouca de Aguiar. Ponte de arame que infelizmente, este ponto de interesse turístico, irá ficar submersa com a barragem em construção no rio Tâmega. Infelizmente, também,  não temos imagens desta ponte.

 

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 A respeito da água que serve estas povoações, vamos transcrever alguns parágrafos do que se diz na monografia de Boticas “PRESERVAÇÃO DOS HÁBITOS COMUNITÁRIOS NAS ALDEIAS DO CONCELHO DE BOTICAS”

 

As aldeias de Bobadela e Fiães do Tâmega, que partilhavam água com as aldeias vizinhas (Nogueira e Veral), recorrendo a determinadas estratégias, conseguiram ficar na posse dela. Na freguesia de Bobadela, ficou na memória dos aldeãos a história do “Santo Ladrão”.

 

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Conta a história que, há muitos anos atrás, no tempo dos antigos, Bobadela e Nogueira dividiam entre si uma água que vinha da Serra do Leiranco. Os de Bobadela achavam que aquela água lhes pertencia por direito e que não tinham que partilhá-la com os de Nogueira, pois estes já tinham muita água, doutras nascentes dessa Serra.

 

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Assim, arranjaram um estratagema para ficarem com a água toda, sem que os de Nogueira pudessem contestar tal apropriação. Um dia, juntaram-se as pessoas de ambas as aldeias, dirigiram-se à Serra, ao tornadouro de divisão das águas e combinaram deitar metade da água para Bobadela e a outra metade para Nogueira. A aldeia onde a água chegasse primeiro, ficava com ela. O sinal da chegada da água era o toque do sino da capela, em Nogueira, ou da capela de S. Lourenço, em Bobadela. Ora, os moradores de Bobadela, já com ela fisgada, ainda a água vinha longe, já eles estavam a tocar o sino. Os de Nogueira aceitaram a sentença, mas, convencidos que tinha havido batota, passaram a chamar-lhe o Santo Ladrão.

 

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Em Fiães do Tâmega, a água da Poças das Breiras era pertença comum dos habitantes de Fiães do Tâmega e Veral. Reza a história que, estes tentaram apropriar-se da água, mas os de Fiães do Tâmega foram mais rápidos. Numa noite, juntaram-se todos e fizeram um rego pela serra abaixo. Botaram a água para Fiães e fizeram um rol da água para que os moradores de Veral não a pudessem reclamar

 

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E com esta nos vamos até ao vídeo, com todas as imagens hoje aqui publicadas. Espero que gostem. Mas antes, avisar que o próximo post de “O Barroso aqui tão perto”, será os post resumo da União de freguesias de Codeçoso, Curros e Fiães do Tâmega, onde termos oportunidade de mais uma vez abordarmos esta aldeia de Veral.

 

Aqui fica o vídeo:

 

 

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no MEO KANAL Nº 895 607

 

Boa semana!

 

 

09
Mai21

O Barroso aqui tão perto - Secerigo

Aldeias do Barroso - Concelho de Boticas


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Secerigo - Boticas

 

Nesta descoberta do Barroso do concelho de Boticas, temos andado pela União de freguesias de Codeçoso, Curros e Fiães do Tâmega, hoje continuamos na mesma freguesia, para irmos até à sua penúltima aldeia, isto porque temos seguido a ordem alfabética, tocando hoje a vez a Secerigo.

 

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Apenas para fazer o ponto da situação e saberem por onde temos andado, esta freguesia é composta por 7 aldeias, a saber, Antigo de Curros, Codessoso, Curros, Fiães do Tâmega, Mosteirão, Secerigo e Veral.

 

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Esta freguesia fica “entalada” entre os Tâmega e o Beça, e se nas últimas semanas andávamos próximos do rio Tâmega, hoje vamos para as proximidades do rio Beça, pois Secerigo fica na sua margem esquerda, a apenas 400m.

 

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Quando começámos a abordar o Barroso neste blog, partimos do princípio pré-definido da existência do Alto e Baixo Barroso. Tivemos oportunidade de dizer aqui, que quando iniciámos esta rúbrica, o nosso Barroso conhecido era,  na prática, apenas entre Chaves e Montalegre e Boticas, a partir de aí, apenas tínhamos feito umas visitas a Torém, Pitões das Júnias (no concelho de Montalegre) e as voltas do S. Sebastão, no concelho de Boticas, ou sejam as aldeias de Vila Grande (Dornelas) Vilarinho Seco e Alturas do Barroso, ou seja, segundo as definições, apenas conhecíamos o Alto-Barroso, de terras altas, frias e agrestes. O Baixo-Barroso, era assim, também para nós desconhecido.

 

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Com a descoberta desse Baixo-Barroso, começámos a notar que, se a definição do Alto-Barroso se identificava com o Barroso que até aí tínhamos conhecido, a do Baixo-Barroso nem por isso, ou então, poderíamos dizer que enquanto o Alto-Barroso é uniforme nas suas principais características, o Baixo-Barroso não o é. Mas quem sou eu para por em causa aquilo que oficiosamente é aceite? No entanto tenho direito à minha opinião, e o meu Barroso é feito por outras divisões, que tem tudo a ver com aquilo que lhes dá as singularidades de o tornar diferente, ou seja, aquelas que a natureza define, limita, condiciona, etc. ou seja, as montanhas, os rios, os planaltos e os vales.

 

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Assim, poder-vos-ia falar por um lado, no que toca a montanhas, no Barroso do Larouco, do Gerês, da Cabreira, do Leiranco e do Barroso da Serra do Barroso, em que esta última, ocupa o centro do Barroso. Quanto aos rios, ficaria apenas pelo rio Cávado e Tâmega, quando muito, talvez também o Rabagão, em que este último, serve também como um dos limites do Barroso, sendo os outros, as serras do Larouco, do Gerês e a Serra da Cabreira. Tudo isto para vos dizer, que toda esta freguesia da União de freguesias de Codeçoso, Curros e Fiães do Tâmega, para mim, fica no Barroso do Tâmega, com um clima mais moderado e que abrange além desta freguesia, todas as outras freguesias que ficam na margem esquerda do Rio Beça, as da margem direita do rio Tâmega e a nascente da serra do Leiranco, incluindo, claro, a Vila de Boticas. Mas repito, este é o meu Barroso, ou a forma como eu o vejo. Daí, Secerigo estar também neste barroso.

 

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E como vamos até Secerigo? Ora, pelas estradas do costume, e por onde é mais habitual ir até ao Barroso do Concelho de Boticas, ou seja, pela N103 até Sapiãos, e depois passagem por Boticas, subida pela R311 até a Carreira da Lebre onde se abandona a R311 em direção a Ribeira de Pena, depois passagem pela aldeia de Codessoso e logo a seguir é Secerigo. Ao todo, desde o nosso ponto de partida, como sempre a cidade de Chaves, até Secerigo, são 30,8Km. Mas fica o mapa de apoio com o itinerário, que ainda não é o nosso porque ainda não resolvemos os nossos problemas para ter acesso a ele.

 

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Mas atenção, se por algum acaso, para este passeio, tem de utilizar a autoestrada (A24), não precisa de ir até à cidade de Chaves, pois pode sair no nó de Vidago e logo a seguir apanhar a N311 ou sair no nó de Curalha e logo a seguir apanhar a E103 em direção a Braga, ou seja, fazer apenas parte do percurso que deixámos no mapa.

 

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Quanto a Secerigo, foi uma aldeia agradável de descobrir, com um tipo de povoamento não muito concentrado, mais a definir-se junto a um arruamento principal, quer no seu povoamento mais antigo, quer no mais recente, localizada 760m de altitude, num pequeno planalto que tem início na Carreira da Lebre, que aqui em Secerigo, por se encontrar entre montanhas, ganha característica de vale, mas superior em relação à vizinhança do Rio Beça, visto que este passa ao lado de Secerigo a uma cota de 690m.

 

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Por outro lado, embora ainda dentro daquele Barroso do Tâmega e suas influências, já está na zona de transição para o Barroso da Serra do Barroso, naturalmente mais frio que as anteriores populações que abordámos, mas em tudo o restante, idêntico à restante freguesia.

 

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Resumindo, Secerigo é também uma aldeia de visita obrigatória, gostámos em particular da sua capela, de S.Frutuoso, com celebração/festa em 16 de abril, das suas construções tipicamente transmontanas/barrosãs, construídas com pedra solta à vista, da vida que ainda há nas ruas, e embora seja de estranhar, não estranhe se em algumas fotos vê algumas alusões ao dia das bruxas “Alloween” com cabaças iluminadas, pois andámos por lá em recolha de imagens num dia 1 de novembro, modernices que até são engraçadas, mas que não têm tradição na região nem abalam o dia de Todos os Santos, nem o do Fiéis Defuntos, que embora celebrado no dia 2 de novembro, muitos por antecipação o celebram também no dia 1. Quanto às cabaças, tinha melhor fim se tivessem feito compotas com elas, essas sim, são bem tradicionais e para mim, das melhores compotas que há, as caseiras, claro.

 

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E agora sim só nos resta o vídeo com todas as imagens da aldeia de SECERIGO que foram publicadas hoje neste post. Espero que gostem,

Aqui fica:

 

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no MEO KANAL Nº 895 607

 

E quanto a aldeias de BOTICAS, despedimo-nos até ào próximo domingo em que teremos aqui a aldeia de Veral.

 

 

07
Mai21

O Barroso aqui tão perto - Sabuzedo

Aldeias do Barroso - Concelho de Montalegre


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Sabuzedo - Montalegre

 

Continuando a cumprir a nossa falta para com as aldeias que, aquando dos seus posts neste blog, não tiveram o resumo fotográfico em vídeo, trazemos hoje esse resumo para a aldeia de SABUZEDO, concelho de Montalegre.

 

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Sabuzedo é uma das aldeias mais próximas de Montalegre (a cerca de 5Km), e aparentemente, parece ficar em direção a Poente, mas é pura ilusão, pois fica mais a Norte. Se medirmos num mapa, em linha reta, está a apenas 2,5km da fronteira com a Galiza e a cerca de 8Km das antigas aldeias do Couto Misto, quase à mesma distância (8Km) de Tourém e Pitões das Júnias, mas na realidade, entre Sabuzedo e todas estas aldeias, existe uma barreira chamada montanhas, que é preciso contornar com estradas para se chegar até elas, e aí, os 8Km passam a 30Km ou mais. Ou seja, os seus vizinhos mais próximos, acabam por ser relativamente distantes, exceção para aqueles que estão para cá das montanhas, na mesma condição geográfica, como Montalegre, Donões e Mourilhe. Fica apenas esta coisa curiosa de proximidades distantes, pois o resto, sobre a aldeia, já o fomos dizendo no post que em tempo lhe dedicámos, com link no final deste post.

 

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Hoje estamos pelo vídeo que não teve no seu post completo, com todas as imagens desse post e mais algumas que agora aqui deixamos, imagens que escaparam à anterior seleção. Vamos então ao vídeo, que espero que gostem.

 

Aqui fica:

 

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no MEO KANAL Nº 895 607

 

Post do blog Chaves dedicados à aldeia de SABUZEDO:

 

https://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sabuzedo-1652236

 

E quanto a aldeias de Montalegre, despedimo-nos até à próxima sexta-feira em que teremos aqui a aldeia de Sacoselo.

 

 

30
Abr21

O Barroso aqui tão perto - Reigoso C/Vídeo

Aldeias do Barroso - Concelho de Montalegre


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Reigoso - Montalegre

 

Continuando a cumprir a nossa falta para com as aldeias que, aquando dos seus posts neste blog, não tiveram o resumo fotográfico em vídeo, trazemos hoje esse resumo para a aldeia de REIGOSO, concelho de Montalegre.

 

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Como o que tínhamos a dizer sobre a aldeia já o dissemos em tempo no post que lhe dedicámos (com link no final), hoje apenas deixamos mais algumas imagens que escaparam à anterior seleção, e igualmente dignas de ficarem aqui

 

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Vamos então ao vídeo, com as imagens de hoje e do post completo que lhe dedicámos. Relembramos que também pode ver este e outros vídeos de aldeias do Barroso no nosso canal do YouTube   no  MEO KANAL Nº 895 607. Espero que gostem do vídeo.

Aqui fica:

 

 

 

Post do blog Chaves dedicados à aldeia de REIGOSO:

 

https://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-reigoso-1633272

 

E quanto a aldeias de Montalegre, despedimo-nos até à próxima sexta-feira em que teremos aqui a aldeia de Sabuzedo.

 

 

11
Abr21

O Barroso aqui tão perto - Fiães do Tâmega

Aldeias do Barroso - Concelho de Boticas


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Fiães do Tâmega - Boticas

 

Continuamos na união de freguesias de Codeçoso, Curros e Fiães do Tâmega, precisamente nesta última aldeia, Fiães do Tâmega  que, como se poderá deduzir pelo seu topónimo, é uma aldeia das proximidades do Rio Tâmega e daí, no limite do concelho de Boticas.

 

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Vamos então até Fiães do Tâmega, como sempre a partida da cidade de Chaves e quase pelo caminho do costume, à exceção da Carreira da Lebre, que desta vez não temos necessidade de passar por lá, pois a partir de Boticas temos uma estrada municipal que nos leva até Fiães se necessidade de utilizar a R311.

 

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Estrada municipal que deveremos apanhar na segunda rotunda da vila de Boticas, na mesma rotunda que recebe a R311 vinda de Vidago, ou seja, apena atravessamos aR314 para apanhar a municipal que serve também as aldeias de Mosteirão e Veral, depois com saída para a R312 que liga a Ribeira de Pena.

 

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Mais uma aldeia que nos surpreendeu pela positiva, com muita vida nas ruas e a paisagem um pouco diferente daquilo que é habitual no Barroso, e assim tem de ser, pois Fiães não só está no limite do concelho mas também no limite do Barroso, sendo o Rio Tâmega o limite natural das terras barrosãs.

 

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E como no caderno da “Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas” está quase tudo que queríamos dizer sobre Fiães, passemos já à transcrição de algumas partes desse caderno. Desde já se avisa que a realidade atual pode não coincidir com aquela que é descrita no caderno, pois o mesmo foi publicado em maio de 2006, e desde aí, algumas coisas se alteraram.

 

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Vamos então ao que consta no caderno da  “Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas”

 

A freguesia de Fiães do Tâmega situa-se na extremidade mais a sul do concelho de Boticas, zona mais quente com temperaturas amenas, mais parecidas com as de Ribeira de Pena do que com as de Barroso. Confronta a Norte com a freguesia de Curros, a Este com Bragado, do concelho de Vila Pouca de Aguiar, a Sul com Parada de Monteiros, do concelho de Vila Pouca de Aguiar, e a Oeste com Canedo, do concelho de Ribeira de Pena.

 

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Distando da sede do concelho aproximadamente 13 km, o acesso viário faz-se seguindo pelo CM 1050 ate Fiães do Tâmega, ou, em alternativa, segue­ se pela ER 311, apanha-se a EM 312, vira-se na indicação Veral e segue-se pelo CM 1050.

 

Esta freguesia e constituída par duas aldeias: Fiães do Tâmega, sede de freguesia, e Veral, localizadas na encosta da Serra de Santa Comba. Ocupa, em termos territoriais, 14,5 km2.

O desenvolvimento da população desta freguesia de Fiães do Tâmega acompanha o movimento demográfico que caracteriza toda a região de montanha no Norte de Portugal, tipificada por uma diminuição progressiva da população, com uma pirâmide etária invertida, onde os grupos etários mais baixos são diminutos e a população envelhecida aumenta.

 

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E, desde sempre, uma das menos povoadas freguesias do concelho, sendo que actualmente tem aproximadamente 167 residentes. Se até aos anos 70 a sua população registou um pequeno crescimento, a partir dessa década a tendência passou a ser inversa e a semelhança do que se verifica na generalidade das freguesias do concelho, perdeu muita da sua população residente nos ultimas 30 anos, mais de 47%. Este fenómeno e em parte explicado pela intensificação dos fluxos migratórios que se registaram a partir da década de 70, nomeadamente para Franca e Estados Unidos da América.

 

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A este fenómeno alia-se o gradual envelhecimento da  população, apresentando uma grande tendência para o envelhecimento, sendo que 67% dos 167 residentes têm idade superior a 25 anos. Os níveis de alfabetização desta população residente são baixos, acompanhando o seu nível de envelhecimento, destacando-se o numero elevado de pessoas sem nenhuma qualificação académica. Esta situação excepcional e suportada pelo elevado numero de idosos, alguns deles regressados da emigração em situação de aposentados.

 

Relativamente à àrea de actividade económica, a maior parte da população dedica-se à agricultura e à pecuária, seguindo as caminhos ancestrais da freguesia, visando apenas a subsistência.

 

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Assim, algumas famílias continuam a actividade tradicional de criação de gado e produção de batata e milho. São os produtos que melhor se desenvolvem e produzem nesta região de Barroso, com elevados níveis de qualidade e sabor. Por se encontrar numa zona localizada a médias altitudes, mais quente e com menores amplitudes térmicas do que as que se registram nas zonas mais altas do concelho, nas aldeias desta freguesia também se colhe vinho. Também a produção artesanal de mel esta hoje em vias de desenvolvimento, funcionando como complementaridade no rendimento das famílias. Parte da população trabalha na construção civil e na área da industria e em empresas do concelho (Aguas de Carvalhelhos, Euronete, etc).

 

No que se refere a sociedade esta comunidade caracteriza-se pela existência de famílias de lavradores e pequenos proprietários de terras onde se desenvolve a actividade agrícola e pecuária. É uma sociedade homogénea com alguns quadros médios que se dedicam a actividade comercial e desenvolvem actividade no ensino e na vida administrativa nas terras vizinhas designadamente na sede do concelho.

 

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Em Fiães do Tâmega existe um café, com mercearia, e em Veral uma taberna, também com uma pequena mercearia. Nas horas de ócio e sempre que o tempo o permite, as pessoas ainda têm a hábito de se reunirem a conversar nas principais ruas das aldeias ou sentadas nas escadarias das casas dos vizinhos.

 

MARCAS DO SEU PASSADO

Embora o desejo de todos os habitantes de uma terra seja saber como e quando ela nasceu, a resposta não é fácil de esclarecer. Excluindo uma ou outra que vem identificada nos documentos antigos, a maioria das aldeias têm origem desconhecida no tempo e por razões variadas. Umas com história mais antiga, outras de origem mais re­cente, sabe-se que a maioria destas aldeias foram formadas a partir do agrupamento de famílias unidas par laços de parentesco ou afinidades económicas e profissionais que se organizaram em comunidade.

 

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Os inúmeros vestígios histórico-arqueológicos informam-nos da passagem e até actividade e fixação de povos antigos designadamente os povos árabes, visigodos, suévicos e romanos.

 

Muitas das aldeias de Barroso têm a sua origem histórica no movimento de reconquista e povoamento do território iniciado com a formação do Reino de Portugal, em 1143, e posterior fixarão de uma ou mais famílias de povoadores Teve particular desenvolvimento a partir dos finais do seculo XIII. Estes povoadores eram atraídos por contratos de aforamento cujos termos eram favoráveis a sua fixação, traduzidos em pagamentos de foros de valor acessível. Estes contratos são conhecidos como o processo de enfiteuse ou aforamento e eram promovidos indistintamente pela Coroa e/ou pelas Casas Nobres e Senhorios Eclesiásticos.

 

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São conhecidos alguns contratos de aforamento para as terras de Barroso, o que nos permite pensar que a grande maioria das suas aldeias e povoados tiveram origem neste modo de povoamento.

 

Os casais eram bens aforados, com maior au menor dimensão, a uma ou várias famílias dando lugar a formação de aldeias. Os foreiros tinham como obrigação trabalhar a terra e pô-la a produzir, ficando senhores dela e pagando um foro que estava consignado no contrato, mui­ tas vezes traduzido em bens de consumo produzidos no próprio casal, como centeio e/ou partes de criação.

 

Fiães do Tâmega e certamente uma das aldeias que se integra neste movimento povoador.

Desde sempre fez parte do território da paróquia de Curros. Em 1527, no Numeramento de D. João III, aparece identificada e povoada já com 11 moradores e Veral apenas com seis. Por morador entende-se fogo, correspondendo assim a uma população calculada de 70 a 80 in­ divíduos.

 

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Em 1758 vem referida num documento produzido pelo pároco da paróquia de Curros como sendo uma aldeia dessa freguesia juntamente, com Curros, Antigo e Mosteirão.

 

Em 1834 foi autonomizada juntamente com Veral, formando uma paróquia sobre si e uma freguesia, vindo a fazer parte desde 1836 do território do concelho de Boticas, entretanto criado. Em 1895, consequência de um nova desenho administrativo, Fiães do Tâmega passou para o concelho de Ribeira de Pena onde se manteve apenas ate Janeiro de 1898. A partir dessa data passou definitivamente para o concelho de Boticas até aos dias de hoje.”

 

Só um aparte para esclarecer que, tal como se disse no início desta transcrição, este documento é de maio de 2006, entretanto também a freguesia de Fiães do Tâmega deixou de existir, pois com a reorganização administrativa do território das freguesias (Lei n.11-Al2013) passou a fazer parte da união de freguesias de Codeçoso, Curros e Fiães do Tâmega.

 

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Para finalizar a transcrição da “Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas” que consta no caderno da antiga freguesia de Fiães do Tâmega.

 

TRADIÇÕES E FESTIVIDADES

Ao longo dos tempos algumas das festividades que outrora animavam estas comunidades foram-se perdendo. Todavia, durante o ano outras ainda se realizam, embora não com o fulgor dos velhos tempos.

 

Ainda cantam os Reis e o que recolhem reverte para a igreja. As pessoas costumam dar dinheiro e outras coisas, como fumeiro, que depois são colocadas a leilão à saída da missa, revertendo o dinheiro para a igreja. Costumam cantar:

 

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I

Abram-me lá essas portas

Que ainda não estão bem abertas

Aí vem as do presépio

P'ra lhe dar as Boas Festas.

 

II

Boas Festas, Boas Festas

Trazemos nós p'ra lhe dar

Que nasceu o Deus Menino

Numa noite de Natal.

 

III

Numa noite de Natal

Noite de tanta alegria

Que nasceu o Deus Menino

Filho da Virgem Maria.

 

IV

Vamos todos, vamos todos

Bamos todos a Belém

Visitar o Deus Menino

Que Nossa Senhora tem.

 

V

Aqui vimos, aqui vimos

Aqui vimos bem sabeis

Vimos dar as Boas Festas

E também cantar as Reis.

 

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Em Veral acendem o canhoto que vem do Natal e Ano Novo ate ao dia 6, a que nesta altura chamam de Canhoto do Entrudo.

 

O Entrudo trazia muita alegria e folia. Hoje ainda se mascaram, especialmente as crianças, andam pelas casas da aldeia e atiram farinha uns aos outros.

 

Na Páscoa faz-se a visita pascal.

 

São Bernardino, 20 de Maio, padroeiro de Fiães do Tâmega e da freguesia. Celebram este dia com missa, sermão e uma procissão com a imagem do Santo a volta da igreja.

 

No S. João (24 de Junho) e no S. Pedro (29 de Junho) outrora faziam as tranquilhas das ruas com carros de bois e paus. Todavia, esta tradição quase caiu em desuso.

 

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Santa Susana, 11 de Agosto, em Fiães do Tâmega. Neste dia fazem uma festa com missa e procissão com andores, acompanhada com uma banda musical, pelas principais ruas da al­ deia.  A noite realiza-se um  animado arraial popular com um conjunto musical e um espectáculo de fogo de artífico.

 

  1. Martinho, 11 de Novembro, padroeiro de Veral. Fazem uma festa com missa e procissão com andores pelas principais ruas da aldeia. A noite a festa prossegue com um animado arraial popular.

 

Em cada uma das  aldeias  por  ocasião do Natal e Ano Novo fazem aquilo a que chamam o "Canhoto de Natal" e "Canhoto de Ano Novo", ou seja, uma grande fogueira com cepos e trances de arvores. Em Fiães, no largo da igreja, e em Veral, num largo a que chamam Portela da Fecha. As pessoas têm por hábito juntarem-se  a volta destas fogueiras  e num espirito de partilha e comunidade despedem-se do ano que termina, enquanto celebram e dão as boas vindas ao novo ano que começa.

 

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E agora sim, o vídeo com todas as imagens da aldeia de FIÃES DO TÂMEGA que foram publicadas neste post. Espero que gostem.

 

Aqui fica:

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no MEO KANAL Nº 895 607

 

E quanto a aldeias de Boticas, despedimo-nos até ao próximo domingo em que teremos aqui a aldeia de Mosteirão.

 

 

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