O Barroso aqui tão perto - Ruivães
Aldeias do Barroso do concelho de Vieira do Minho
Hoje vamos até Ruivães, uma localidade que me ficou registada na memória desde os meus 7 anos de idade, isto é, desde o tempo em que passei por lá na minha primeira viagem nas “carreiras de Braga”, entre Chaves e Braga, e que no meu entender, foi a localidade mais importante e/ou interessante, por onde passei nessa “longa” viagem até Braga.
Depois dessa primeira passagem por Ruivães, sempre dupla passagem porque era sempre de ida e volta, repeti o percurso durante mais uns anos, até aos meus 14 anos, pelo menos uma vez por ano (ida e volta). Depois dessa idade, só mais ocasionalmente, não só porque a ligação diária da carreira Chaves e Braga deixou de existir, mas também porque os nossos destinos mais frequentes passaram a ser o Porto, com itinerários via Amarante ou Guimarães.
Fiz ao todo uma dezenas de passagens por Ruivães, mas a verdade é que nessas passagens nunca lá parei, inicialmente apenas o tempo de paragem da carreira, mas sem sair do interior do autocarro, depois, já em viatura própria, nem isso, era só passar, mais devagar em jeito de apreciação, e ala até Braga, ou Chaves, dependendo se ia ou vinha, ou seja, com estas localidades que nos fica na passagem dos nossos itinerários conhecemo-las sem as ficar a conhecer… mas o que via-mos era o suficientemente interessante para ficar na memória.
Graças a esta ideia de trazer aqui ao blog todas as localidades do Barroso, do qual também Ruivães faz parte, pelo menos historicamente, e digo isto porque pareceu-me que o sentimento da sua população é o de que “antigamente pertencia”, fui agora obrigado a ir até lá, propositadamente, com paragem obrigatória, para poder sentir o pulsar de Ruivães e tomar algumas imagens, aliás mais que uma vez, primeiro numa passagem pelo seu interior para ter uma perceção do seu todo, com a toma de algumas imagens (em 08/08/2019), passados uns dias numa segunda vez (em 21/09/2019) aí já com algum tempo de estar e tomar imagens, e como não há duas sem três, fizemos uma terceira abordagem em 01/12/2022, daí nas imagens haver dias de chuva e névoas, e outras com sol radiante, mas como as aparências iludem, as de chuva e névoa são do Verão de 2019 e as de sol do Inverno de 2022.
E ainda bem que lá fomos e parámos para poder sentir Ruivães e fazer alguns registos que de passagem sempre foram e são impossíveis de registar, registos que aqui partilho hoje, com um pouco daquilo que é e se pode ver em Ruivães, com destaques para a sua 11igreja, o largo principal, o seu casario mais nobre e o mais comum, o pelourinho entre outras vistas parciais e gerais, algumas delas tomadas desde o alto da Serra da Cabreira, em cuja encosta, falda, se encontra Ruivães.
Vamos então até Ruivães, com uma rica história, tendo já sido vila e sede de concelho com carta de foral de 1363, pelourinho, concelho esse que foi extinto em 1853. Posteriormente foi sede de freguesia do concelho de Vieira do Minho até à última Reorganização Administrativa do Território das Freguesias de 2013, passando a partir de aí a fazer parte da União de Freguesias de Ruivães e Campos.
Seguindo a metodologia das anteriores abordagens às aldeias de Barroso, também hoje vamos deixar aqui uma seleção das imagens que recolhemos na aldeia, um vídeo resumo, a localização da aldeia, como chegar até lá a partir da cidade de Chaves, e alguma da sua história, a possível, com base na documentação escrita a que tivemos acesso, existente na internet, nas páginas oficiais dos municípios, turismo, etc.
Vamos lá então partir da cidade de Chaves em direção a Ruivães, pelo nosso itinerário preferido, que julgamos ser mais interessante, que por acaso também coincide com o itinerário mais curto em pelo menos 10Km em relação ao itinerário alternativo, que também deixaremos aqui a referência para quem o queira utilizar.
Então a estrada principal a tomar para chegarmos até Ruivães é a Nacional 103, também por nós conhecida como estrada de Braga, mas só até Sapiãos, onde devemos sair em direção a Boticas, onde devemos apanhar a R311 em direção a Salto. Na entrada de Salto (sem entrar), deverá deixar a R311 e seguir pelo CM1025-2 em direção à Borralha (Minas) onde também lhe deverá passar ao lado (sem necessidade de entra na aldeia) e seguir aa partir de aí pela M623 em direção a Linharelhos, e logo a seguir terá a Lamalonga, Campos e Botica onde entramos novamente na EN103, em direção a Braga, e logo à frente, a 2,5 Km temos a Ponte do Arco, na entrada de Ruivães. A todo são 69,1km, 1H20 de viagem, se for cumpridor do itinerário, das regras de transito e sem paragens. Fica a carta com o itinerário sugerido e o alternativo, sempre pela EN 103, igual tempo de viagem, mas com 79,1Km.
Vamos então deixar alguns dados e história sobre Ruivães, alguns deles referente à antiga freguesia de Ruivães, que pudemos recolher e transcrever do Portal de Turismo de Vieira do Minho, informação essa que é mais ou menos idêntica à que existe nos portais oficiais do Município de Vieira do Minho e da União de Freguesias de Ruivães e Campos. Para todos ficam as referências no final deste post.
"Freguesia de Ruivães
A freguesia de Ruivães está situada na margem esquerda do rio Rabagão, nas fraldas da Serra da Cabreira, a cerca de 25km da sede do concelho. Chamou-se antigamente Vilar de Vacas. Vem mencionada a primeira vez em documentos de 1426. Foi Vila e sede de Concelho, extinto por decreto de 31 de Dezembro de 1853. Conserva ainda o pelourinho, classificado como Imóvel de Interesse Público. Na sua área, perto da confluência do Cávado com o Rabagão, fica a Ponte da Misarela – lugar estratégico desde os Romanos (via militar Braga-Chaves-Astorga) e que foi cenário de combates na 2ª invasão francesa e nas guerras liberais (1827; 18-7- 1937). A antiga freguesia era reitoria da apresentação do reitor de Sta Maria de Veade.
Imóveis de interesse patrimonial
- Pelourinho remonta possivelmente ao séc. XVI, tem na parte superior do capitel esculpidos cinco escudetes em amêndoa postos em cruz. Numa das faces estão gravadas as armas de Portugal-antigo. Está classificado como imóvel de interesse público pelo decreto-lei n.º 23122 de 11/10/1933).
- Ponte da Misarela ergue-se sobre o rio Rabagão, no limite do concelho com Montalegre. É uma ponte romana de um só arco, classificada como imóvel de interesse público pelo Decreto-Lei nº 42007, de 1958.
- Ponte de Rês encontra-se sobre o rio Saltadouro, liga Ruivães à freguesia de Salamonde. É uma ponte de origem medieval, de um só arco, cujas características sugerem que foi edificada entre o 13º e 14º século. Integra o traçado da antiga via que ligava Braga – Chaves.
- Via Romana – Via XVII – via militar romana que ligava Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga), por Aque Flaviae (Chaves).
- Dois Marcos Milenários foram encontrados no lugar de Botica
- Capela de Santa Isabel, em Espindo, data de 1921.
- Capela Nossa Senhora da Conceição da Casa de Dentro Capitão –mor.
- Capela de Nossa Senhora da Saúde da Casa do Corvo.
- Capela de São Pedro.
- Capela de Santa Teresa de Jesus e S. Cristovão, na Roca.
- Capela da Sr.ª do Amparo, em Frades, data de 1722.
- Capela da Sr.ª dos Remédios, na Botica, data de 1678.
- Capela de Santa Teresa e São Cristovão, antigamente localizava-se perto da Ponte de Rês, tendo sido transferida para o local actual e reconstruída cerca de 1930.
- Castro de S. Cristóvão a 650m de altitude é uma zona que indicia uma fortificação castreja. Aqui encontraram-se diversos fragmentos de cerâmica. Presume-se que por aqui terá passado a antiga via romana XVII que ligava Bracara Augusta a Aquae Flaviae.
Casas de interesse patrimonial
- Casa de Dentro, também conhecida por casa do Capitão-Mor exibe um brasão do séc. XVIII e possui capela de dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Segundo a actual proprietária, a parte mais antiga remonta ao século XVI. Antigamente, a casa era conhecida por dar imunidade aos perseguidos pela lei.
- Casa do Padre Júlio Cândido César data de 1748, deu guarida a Paiva Couceiro. Segundo a população, esta casa possui salas labirínticas e que existe um túnel secreto que faz ligação à Casa do Capitão-mor.
- Casa do Corvo , em Vale, com boa traça arquitectónica, tem capela da Sr.ª da Saúde). Esta é a casa de família de Guilherme Abreu, notável figura do concelho.
- Casa dos Pardieiros, antiga grande casa de lavoura, data de 1875.
- Casa do Barroca data de 1729.
- Casa da Susana;
- Aglomerado Rural de Santa Leocádia, em Santa Leocádia.
- Aglomerado Rural de Botica é uma zona que envolve uma série de casas com características da arquitectura popular.
Outros locais de interesse turístico
- Serra da Cabreira
- Crasto de S.Cristovão
Esta freguesia é composta pelos seguintes lugares:
Arco, Botica, Espindo, Frades, Paradinha, Ponte, Quintã, Roca, Ruivães, Soutelos, Santa Leocádia, Vale, Vila e Zebral.
Festas e Romarias:
- S. Sebastião e Santa Bárbara na Vila, no 3º Domingo de Agosto;
- Srª dos Remédios na Botica em 8 de Setembro;
- S. Pedro em Zebral em 29 de Junho;
- Stª Isabel em Espindo no 1º Domingo de Julho;
- Sr.ª da Saúde em Vale no 2º Domingo de Julho;
- Sr.ª do Amparo em Frades no 3º domingo de julho"
Nota Final
Terminamos aqui a abordagem das aldeias do Barroso pertencentes ao Concelho de Vieira do Minho, freguesia de Ruivães e Campos. Contudo desde o início desta abordagem das povoações desta união de freguesias que tivemos algumas dúvidas quanto a alguns lugares e à existência de alguns topónimos que apareciam em alguma documentação, dúvidas que pensávamos que seriam dissipadas no terreno, mas tal não aconteceu. Pensamos que alguns desses topónimos se referem a lugares e/ou pequenos e antigos povoamentos que hoje não existem, tais como os topónimos Moural, Pinheiro de Frades, Panela e Vila. Conseguimos localizar os topónimos Arco e Quintã, mas que na nossa modesta opinião, pela proximidade, são lugares da povoação de Ruivães. Ainda na estrada EN-103 aparecem as placas de Cambedo e Paredinha, ambas bem localizáveis, uma logo à saída do Concelho de Montalegre, mas sem aglomerado de povoamento, apenas com algumas, pouca, construções dispersas ao longo da estrada, quanto a Paredinha, dedicamos-lhe um post conjunto com Santa Leocádia e Soutelos, aqui a nossa dúvida é quando ao nome correto do topónimo, se é Paredinha ou Paradinha? Embora na nossa publicação tivéssemos referido “Paredinha”, penso que o correto será “Paradinha”, mesmo a contrariar a placa que aparece nas entradas da povoação, pelo menos é o topónimo que mais me apareceu na documentação a que tive acesso.
O Barroso irá continuar por a qui no blog aos Fins-de-semana e possivelmente este Barroso de Vieira do Minho também, no entretanto as próximas publicações serão dedicadas ao Barroso pertença do Concelho de Ribeira de Pena.
Como é habitual nesta rubrica, fica o vídeo com todas as imagens publicadas neste post:
Referências:
https://vieiraminhoturismo.com/freguesia-de-ruivaes/
Com interesse, para consultar, sobre Ruivães:
https://www.uf-ruivaescampos.pt/
https://cm-vminho.pt/pt/concelho/