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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

21
Jan23

O dia de ontem, no S. Sebastião do Barroso

Vila Grande e Vilarinho Seco


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Um brinde da natureza

O prometido é devido e cá estamos a cumprir, com algumas imagens e palavras sobre as festas comunitárias do Barroso à volta do São Sebastião, que tal como todos os anos acontecem no dia 20 de janeiro, salvo exceções por motivos de força maior como foi o caso dos dois últimos anos devido à pandemia, e este ano, na aldeia das Alturas do Barroso, por motivo de a aldeia estar de luto.

 

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Pois muito resumidamente a nossa “promessa” deste ano ficou-se pelo São Sebastião da Vila Grande (Couto de Dornelas) onde chegámos mais tarde que habitualmente, mas ainda a tempo de comer a malga de caldo, de assistir à “procissão” entre a igreja e a cozinha da festa, de assistir a brindes da natureza, ao encher e esvaziar das ruas, a deliciarmo-nos com a oferta do comer, a estar com alguns amigos de sempre e amigos da fotografia que por lá encontramos sempre,  e depois, no regresso,  o parar nas capelinhas que encontramos pelo caminho, que não sendo muitas, pelo menos uma é de paragem obrigatória, a de Vilarinho Seco.

 

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Dois barrosões de gema, dignos representantes do Barroso, um do concelho de Montalegre e o outro de Boticas

Este ano como não íamos fazer a peregrinação até às Alturas do Barroso, resolvemos ficar pela Vila Grande e fazer o encerramento da festa, pelo menos até ao levantar da toalha de linho que este ano aconteceu por volta das duas da tarde, mas quase apenas nós ficámos para o encerramento, a não ser um punhado de retardatários que lá atrasaram a partida por alguma razão, ou porque, a festa à margem da festa, ainda não tinha terminado, como foi o caso de uma entre amigos minhotos e barrosões, onde,  por ter-mos lá alguma gente amiga e conhecida, também acabamos por parar e comungar.

 

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Só depois iniciámos o regresso a casa, com paragem em Vilarinho Seco e a visita obrigatória à casa do Pedro, que este ano teve de ser breve por força das circunstâncias, afazeres do Pedro que ia ter uma noite complicada pela frente, noite que por sinal já estava à porta, no anoitecer, com as vacas barrosãs e respetivo touro a abandonar a pastagem a caminho da corte e nós também pouco mais demorámos, mas já foi de noite que fizemos o regresso à cidade, com passagem pelas Alturas do Barroso, sem parar,  e depois a descida até Carvalhelhos, Boticas e finalmente Chaves. Mais uma promessa cumprida.

 

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Vilarinho Seco

E é tudo por hoje, para amanhã, se ainda tivermos tempo, continuaremos pelo Barroso com a primeira aldeia barrosã do concelho de Vieira do Minho.   

 

 

 

 

20
Nov22

O Barroso aqui tão perto - Ventuzelos

Aldeias do Concelho de Boticas


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VENTUZELOS

Boticas

 

Iniciamos hoje a abordagem da última aldeia da freguesia de Boticas-Granja, a aldeia de VENTUZELOS, que até a última reorganização de freguesias pertencia à freguesia da Granja.

Deslizemos então o garabelho e entremos em Ventuzelos.

 

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Ao contrário do que nos aconteceu com duas das aldeias aqui abordadas, que também pertencem a esta freguesia,  mais precisamente a aldeia de Eiró e Sangunhedo, que para as descobrirmos, ou melhor, para as distinguirmos da Vila de Boticas, tivemos de pedir ajuda, com  Ventuzelos, depois de sabermos da sua existência,  não tivemos qualquer problema com a sua localização, demos com ela à primeira… bastou seguir a placa indicativa que está na estrada, um pouco antes de se entrar em Boticas.

 

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A descoberta não foi complicada porque sabíamos ser próxima da Granja e a aldeia está isolada de outras construções, ou seja, é uma pequena aldeia concentrada que não tem mais que vegetação à volta. Aliás no post que dedicámos à aldeia da Granja, na referência e transcrição que fizemos de um documento de 1758, um inquérito que Marques de Pombal enviou para todas as paróquias, já tínhamos abordado a sua localização, que é bem curiosa, pelo que a sito aqui de novo – “Está a igreja no meio do lugar e anexo a ela um lugarejo chamado Ventuzelos, que consta tão somente de oito fogos já supra numerados, e ficará a uma distância de um tiro de mosquete.”

 

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Portanto já sabíamos que Ventuzelos ficava a um tiro de mosquete da Granja, o problema aqui apenas o de saber qual o alcance em metros de um tiro de mosquete. Claro que não há conversor de tiros de mosquete para metros, mas há a história  do mosquete, e num documento que encontrei, dizia por lá que o alcance máximo de um tiro de mosquete era de 90 a 100m. Ora o vigário Manuel Dias que respondeu ao inquérito do Marques de Pombal não se enganou por muito, isto se considerarmos o mosquete original, e depois o vigário não o afirma com certeza, foi bem claro “ficará”, e para o entendimento comum, é bem mais fácil compreender uma distância dada por uma “imagem” do que a entender por uma distância em metros, ou km, que na altura até as distância até se mediam em léguas, que no Barroso tinha duas medidas, as das léguas, e as “léguas que a velha mediu” e que António Granjo ficou a conhecer bem na subida que fez de Boticas até à Serra das Alturas. Se tiver alguma curiosidade em conhecer a lenda das “léguas que a velha mediu” fica um link no final deste post para a crónica de António Granjo, em que a mesma é referida.

 

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Ventuzelos já está mais que localizada, e em relação à aldeia da Granja, é só atravessar a estrada que liga Sapiãos a Boticas e do outro começa-se logo a subir para Ventuzelos, já agora, o tal tiro de mosquete, na realidade hoje medida, será de uns 400m (mais metro, menos metro) desde o largo da igreja da Granja até ao início da aldeia de Ventuzelos.

 

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Como vem sendo habitual também hoje deixamos aqui o itinerário recomendado, o nosso mapa com a localização e os mapas e imagens do Google maps e earth. Desde já fica o aviso que o itinerário que recomendamos não é o mais rápido nem o de menor distância, mas é o mais interessante para quem vai de passeio, e no final, vistas bem as coisas, são apenas mais 4km, ou 10 minutos de viagem que valem bem pelo que recebe em troca.

 

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Pois desta vez não vamos sair de Chaves pela N103, vamos antes sair por Casas dos Montes e depois seguimos por Valdanta, Soutelo, Seara Velha, Ardãos, Nogueira e Bobadela, depois sim, entramos na N103 até Sapiãos e logo a seguir a Granja, quando chegar a esta última, que fica ao lado esquerdo, fique atento a uma placa e saída que vai aparecer à direita, que diz precisamente Ventuzelos, é por aí que deve ir e logo a seguir encontrará a aldeia. Não estranhe se não vir desde a estrada ou desvio, pois ela só se deixa ver quando entramos mesmo nela.

 

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E agora que já sabemos como chegar até Ventuzelos, entremos então na sua intimidade que, depois de termos percorrido todas as aldeias do Barroso, já vamos sabendo o que nos espera, o mesmo que acontece nas aldeias de Chaves e nas de Vila Pouca de Aguiar por onde temos andado ultimamente, mas o mesmo vai acontecendo por todas as aldeias de Trás-os-Montes, das Beiras e todo o interior, os números não mentem, basta ver para onde evoluem os números dos últimos CENSOS da população e a linha de tendência a partir dos CENSOS de 1960.

 

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Visitámos Ventuzelos no feriado de 5 de outubro de 2018, segundo o calendário já em dia de outono, mas ainda a saber a verão, num dia lindo de sol e recordo que ainda quente, já passava do meio dia, mais próximo até da 1 da tarde, hora de almoço e má para conversas com quem quer que seja, pois o despertador da barriguinha já começou a tocar, mas também não encontrámos ninguém com quem conversar ou sequer, ó menos, para cumprimentar. Apenas um cão em jeito de sentinela se abeirou do que restava de uma construção, bem lá no alto, no sítio que costuma ser dos gatos, mas este era diferente, nem sequer ladrou, apenas nos observava com se fosse um sentinela verdadeiro, mas cá para mim estranhou apenas o ruido na rua e, apenas curioso, veio espreitar quem era, e eramos nós. E troco sempre umas palavras com eles porque sei que eles nos entendem, pelo menos entendem se vamos por bem ou por mal, e como nós vamos sempre por bem, não custa nada dar dois dedos de conversa, às vezes, depois, até nos acompanham na visita, outras vezes não. No caso, ficou onde estava, em silêncio e nós lá fomos, sempre com um olhar atento de encaixilhar momentos.

 

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Sem conversas, fica mais tempo para os pormenores e embora não veja ninguém, vejo as coisas que fizeram, as casas que construíram com as próprias mãos, pedra sobre pedra, as ruas, os canastros, mas são os pormenores os que mais me atraem e as soluções construtivas que engendram, nos acrescentos das casas, nas curiosas soluções que encontram para resolver problemas, porque sempre houve artistas nas aldeias e até mestres, principalmente no que tocava a madeiras, pedra e ferro, saberes feitos de experiência que passavam de geração em geração, e às vezes, o mais estranho, é ver que estes engendros funcionam.

 

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 Já atrás dissemos que a nossa visita foi em hora imprópria para conversas e a certo momento a barriguinha também começou a falar mais alto que a nossa curiosidade e olhares, depois os parceiros que me acompanham, nestas horas, também começam a reclamar, por tudo e por nada, assim , mais vale ficarmos pelo suficiente desde que nele tenhamos o essencial, o resto são pormenores que até podem dar jeito e servir de desculpa para um dia, com tempo, passarmos por lá com outro olhar e com sorte, até com outra luz, que parecendo que não, até pode fazer a diferença.

 

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E chegou a hora de partir, deixar a aldeia, fechar as cancelas das hortas e as portas, só nos resta deixar por aqui o nosso vídeo resumo com todas as imagens que hoje aqui foram publicadas, vídeo que agora também podem ver no MeoKanal e no nosso canal do YouTube.

 

Aqui fica, espero que gostem:

 

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no…

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… e no YouTube, onde podem subscrever o nosso canal para serem avisados de todas as publicações que lá fizermos, e nós agradecemos. Pode passar por lá e subscrevê-lo aqui: 

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Fica também o link para a lenda das léguas que a velha mediu e que atrás referimos: aqui

 

 

No próximo domingo teremos aqui o resumo da freguesia de Boticas-Granja.

 

 

13
Nov22

O Barroso aqui tão perto - Sangunhedo - Boticas

Aldeias do Concelho de Boticas


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Sangunhedo

 

Continuamos na freguesia de Boticas/Granja,  com a terceira das suas cinco povoações – Sangunhedo, ficando por abordar apenas a aldeia de Ventuzelos, uma vez que e a vila de Boticas, será abordada em tempo oportuno, quando todas as aldeias do Barroso tiverem passado por aqui.

 

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Tal como aconteceu com a povoação de Eiró, também Sangunhedo foi absorvida pelo crescimento da Vila de Boticas, sendo hoje um todo, no entanto ainda existem algumas das antigas construções deixando ver um pouco daquilo que era a sua identidade original.

 

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Vamos então até Sangunhedo, iniciando pelo itinerário para chegar até lá, como sempre a partir da cidade de Chaves e a sua localização, que como já atrás dissemos, hoje em dia, já fica dentro da vila de Boticas.

 

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Quanto ao itinerário basta seguir em direção a Boticas, como quem diz, saída de Chaves pela N103 (estrada de Braga) até Sapiãos, aí deixa-se a N103 em direção a Boticas que será um pouco mais à frente, a menos de 3Km e imediatamente a seguir à Granja

 

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Já em Boticas, o melhor é seguir até a R311, estrada que nos leva até a Carreira da Lebre, Carvalhelhos, Salto, Ribeira de Pena, entre outras, e após a rotunda localizada junto ao Centro de Artes Nadir Afonso, sair na 3ª saída à direita da R311, ou seja pela Rua João de Deus até passar as instalações da Santa Casa da Misericórdia, aí já estará em Sangunhedo. É um bocado confuso conseguir distinguir a povoação da vila de Boticas, mas o casario mais antigo pode ajudar, tal como a capela de Santo Aleixo, cuja imagem ficou atrás, bem como as restantes imagens que aqui deixamos.

 

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Dadas as circunstâncias, de Sangunhedo atual pouco há a dizer, mas mesmo assim podemos realçar o casario antigo sobrevivente, com alguns exemplares ainda dignos de registo, como uma casa mais senhorial com jardins anexos e uma outra recuperada para alojamento local

 

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Outra construção a realçar, esta de cariz religioso, é a capela de Santo aleixo, que segundo reza em alguns documentos, foi construída nos princípios do século XVII e restaurada em 1758, estando esta última data inscrita na padieira da porta de entrada.

 

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Mais dois edifícios a merecerem destaque, um com uma inscrição de 1792 na padieira de uma porta carral e o destaque não é pela sua arquitetura exterior ( a única que vimos) mas pelo que a construção contém no seu interior, a julgar pela placa colocada junto à entrada, uma “Adega de Vinho dos Mortos”.

 

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A segunda construção a merecer destaque, este sim pela sua arquitetura mas também pela sua utilização como EcoMuseu do Barroso – Museu Rural, que não visitámos o seu interior porque na altura do nosso levantamento fotográfico estava fechado, mas a visitar numa próxima oportunidade.

 

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Não conhecemos a história deste edifício que hoje se destina ao EcoMuseu do Barroso, notoriamente uma construção antiga que em tempos nos parece-nos ter tido outras funções, provavelmente de habitação, mas não temos qualquer documento que o comprovem, embora não deva ser difícil apurar qual o seu passado. Quando formo por lá de visita vamos tentar saber.

 

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E é tudo que podemos dizer sobre Sangunhedo embora seja uma povoação secular, tal como o testemunham alguns inscrições de datas nas padieiras das portas de algumas construções, incluindo a da capela que como já atrás de mencionou foi construída nos inícios do século XVII, mas também porque a povoação é também mencionada como no inquérito paroquial de 1758 como sendo uma povoação da freguesia de Eiró.

 

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E estamos mesmo no final deste post, só falta mesmo o vídeo final com todas as imagens hoje aqui publicadas, ao qual passamos de seguida. Espero que gostem.

 

Aqui fica:

 

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No próximo domingo teremos aqui a aldeia da Ventuzelos.

 

 

14
Ago22

O Barroso aqui tão perto - Sapiãos

Aldeias do Concelho de Boticas


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Sapiãos - Boticas

 

Iniciamos hoje a abordagem de mais uma freguesia do concelho de Boticas, a freguesia de Sapiãos, constituída por duas aldeias, a de Sapiãos que é sede de freguesia e a de Sapelos, ambas localizadas no vale do Rio Terva, a primeira na sua margem direita e a segunda na sua margem esquerda do rio que no vale vai descendo a caminho do Rio Tâmega, entre as serras do Leiranco à qual Sapiãos se encosta, e a serra do Facho encostada a Sapelos.

 

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Iniciemos já pelo resto da localização de Sapiãos e o melhor itinerário para lá chegar. E tal como vai sendo habitual para irmos à descoberta de terras de Boticas, exceto paras as freguesias de Ardãos/Bobadela e Pinho, a estrada a seguir para sair de Chaves é a EN103 (Estrada de Braga), e no presente caso não há nada a saber, pois a freguesia de Sapiãos é atravessada a meio por esta estrada, tendo logo à saída do concelho de Chaves (entrada no de Boticas) a aldeia de Sapelos, sendo a aldeia seguinte a de Sapiãos, o nosso destino de hoje. Sapiãos que fica precisamente no entroncamento da N103 com a N312, ou seja onde se saí da N103 para ir em direção a Boticas. Em contas redondas, de Chaves até Sapiãos são 20 Km ou, se preferir, 20 minutos de viagem. Fica o nosso mapa e os da goolge para melhor se entenderem as palavras.

 

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E agora chegamos àquela parte em que os flavienses estão a dizer – "Ah! Sapiãos, conheço, já passei por lá…”. Pois, também eu passei por lá muitas vezes e também conhecia assim Sapiãos, ou seja, conhecia a aldeia, apenas pela sua aparência, por aquilo que se via da estrada, e também pensava conhecê-la, mas estava bem longe de a conhecer e só dei conta disso quando desci à sua intimidade, aí sim, posso dizer que a conheci e que fiquei agradavelmente agradado com o que, mas já lá vamos.

 

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Vamos então até Sapiãos que podemos dividir em três partes:

 

- Uma com um núcleo antigo composto de casario concentrado, ganhando uma forma arredondada, atravessado por uma rua principal para onde convergem as ruas secundárias, que foi crescendo naturalmente do centro para a periferia conforme as necessidades de crescimento.

 

- Outra parte com um povoamento disperso, mais recente, que nasceu ao longo das estradas N103 e N312 e também entre elas, é a aldeia que ficamos a conhecer quando passamos nessas duas estradas.

 

- Por último, uma parte nova, aparentemente loteada e infraestruturada, com vivendas unifamiliares construídas em lotes, esta parte toda acima da N103, já na encosta da serra.

 

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Pois sem desprezarmos a aldeia mais recente, vamos realçar em imagens a aldeia mais antiga, aquela com o casario mais antigo, onde temos a igreja paroquial e as capelas, os cruzeiros e a alma da aldeia, ficando de fora deste conjunto apenas três apontamentos dignos de realce, como o é a Igreja do Cemitério, o Calvário e as sepulturas Antropomórficas, estas três fora do perímetro da aldeia mais antiga.

 

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Os dois cruzeiros da aldeia, o do largo do cruzeiro mais imponente e o outro um pouco menos e muito mal-acompanhado. Aliás já é costume as companhias de eletricidade e telecomunicações não terem nenhum respeito por aquilo que as rodeia, às vezes era só um jeitinho em afastar os seus postes destes motivos de interesse, mas pelo que nós pagamos e pelos lucos que essas companhias têm, vem podiam nestes núcleos históricos das aldeias com interesse público e turístico, fazer estas infraestruturas enterradas. Fica uma imagem com o que temos e, com um pouco de Photoshop, como deveria ser e gostaria de ver.

 

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Claro que os nossos olhos ficaram deliciados com as duas capelas, a capela de Nossa Senhora dos Anjos e ainda mais com a da Nossa Senhora da Conceição, pena esta última estar tão degradada. A Igreja Paroquial de São Pedro também mereceu a nossa atenção, não só pela própria igreja e torre sineira, mas também pelo arranjo feliz do largo onde se encontra implantada. Também o casario em geral e algum em particular mereceu a nossa atenção, tal como aconteceu com Casa dos Queirogas.

 

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Assim, e ainda antes de passarmos ao que se diz na documentação disponível dobre a aldeia, fica a nossa apreciação geral sobre a mesma. Uma aldeia que manteve o seu núcleo antigo sem grandes disparates pelo meio, e com muitos pormenores e motivos de interesse, com as partes novas que cresceram para onde tinham de crescer, sem interferir com o núcleo antigo. Uma aldeia ainda com muita vida e movimento e que, sem qualquer dúvida, é de visita obrigatória porque é uma das mais interessantes do concelho de Boticas.

  

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E agora vamos ao que nos dizem os documentos sobre a aldeia de Sapiãos, nomeadamente os que vêm na “Preservação doa Hábitos Comunitários das Aldeias do Concelho de Boticas”, uma edição da Câmara Municipal de Boticas de 2006, e aqui a data é importante porque passados 16 anos da sua edição, embora seja pouco tempo, pode significar muito em termos de perdas de hábitos comunitários e outras tradições, principalmente devido ao sucessivo despovoamento das nossas aldeias por parte da população mais jovem, que afinal são os que cumprem hábitos e tradições e lhes dão continuidade. Daí, que alguns dos hábitos comunitários de Sapiãos que a seguir serão transcritos, poderão não existir atualmente.

 

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Assim, segundo o que consta no documento atrás referenciado temos quanto a:

 

Património Arqueológico

- Castro do Muro ou Casas dos Mouros (Sapiãos)

- Povoado do Cemitério de Sapiãos

- Sepulturas Antropomórficas

- Sepulturas de Pássaros (Necrópole)

 

Património Edificado

- Alminhas

- Cruzeiros (Sapiãos)

- Forno do Povo de Sapiãos

- Igreja Paroquial de São Pedro

- Igreja Românica de Sapiãos - Património Classificado

- Capela particular do séc. XVIII

 

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Marcas da História Antiga

Castro do Muro ou Casas dos Mouros

 

Designação: Castro do Muro / Casas dos Mouros/ Muro

Localização: Sapiãos

Descrição: o Castro do Muro fica ao lado e acima da EN 103, sentido Braga a Chaves, cerca de 400 m adiante de Sapiãos.

O “Muro” de Sapiãos é um castro de encosta, quase assente na base da ladeira do monte fundeiro do Leiranco. O perímetro da muralha é de 270 m. Nalguns sítios vêem-se os paramentos externo e interno da muralha que tem 3,50 m de largura. Na sua maior parte está derruida e é assinalada por fiada de pedras em amontoado caótico. A maior parte do recinto intra muralha é, por assim dizer, penedia. Distinguem-se dois pequenos terreiros sem penedia, um na base e outro a meio. A eira dos mouros é um espaço quadrilátero com quase 40 m de comprimento na linha E/W, e de contorno subtrapeziodal, que vai alargando de cima para baixo. No alto tem 16 m de largura, a meio 21 m e quase no fundo 26 m de largura. No local do castro foram encontrados restos de cerâmica.

 

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Em geral, a população rural ainda é muito religiosa e crente, e a julgar pelo número de capelas, igrejas, cruzeiros e calvário que existe em Sapiãos, esta aldeia não será uma exceção e é na fé e as crenças que muitas vezes se apoiam na sua proteção mas também para a proteção das suas colheitas agrícolas e animais, assim acontece com o  Porquinho de Santo António, que em Sapiãos é (ou era), alimentado por toda a aldeia, inicialmente andava de casa em casa, mais tarde passou a ter uma corte própria e era alimentado por todos os agregados familiares, num sistema de rotatividade pelas casas da aldeia. Por altura das matanças, era vendido e o dinheiro revertia para a Igreja, a favor do Santo António, para que protegesse os gados da aldeia.

 

 

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Em Sapiãos, as pessoas ainda têm o hábito de colocar um lareiro junto à fornalha do forno, sinal que indica que alguém vai aquecer o forno e cozer. Normalmente, quando alguém coze, as outras pessoas aproveitam a quentura do forno e cozem a seguir, pois desta forma já não gastam tanta lenha

 

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O Cantar dos Reis, dia 5 de janeiro à noite

 

Em Sapiãos, costumam cantar:

Aqui estão os Reis à porta

Dispostos p’ra se cantar

Se o Senhor nos der licença

Os Reis vamos começar

 

Aqui vimos, aqui estamos

Hoje é dia de alegria

Viva o senhor desta casa

E a sua companhia

 

Se nos querem dar os Reis

Venham-nos os dar com tempo

Estamos com os pés à geada

Corre um arzinho de vento

 

Se nos querem dar os Reis

Não nos mande a sua criada

Qu’ela tem a mão pequena

Parte pequena talhada

 

Se o presunto está duro

E a faca não quer cortar

Faça-lhe um frrum, frrum, frrum

Nas beiças do alguidar

 

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As Festas do Corpo de Deus

 

O Corpo de Deus em Sapiãos

Nesse dia, as mulheres enfeitam as principais ruas da aldeia, onde mais tarde irá passar a procissão, com um tapete formado por rosmaninho, giestas e pétalas de flores.

Assinala-se este dia com uma missa, sermão e procissão com o “Corpo de Deus”, acompanhada por uma banda de música.

Para além desta componente religiosa, a festa tem também uma componente profana com conjuntos que animam a noite num arraial popular, a que não falta também o tradicional festival de fogo de artifício.

 

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Casamento

Em Sapiãos, onde, no dia antes do casamento, o noivo ia com os seus amigos fazer uma serenata à noiva:

(…)

S’estás a dormir, acorda

Vem ouvir a serenata

Guitarras com cordas d’ouro

Trilhadas por mãos de prata

Dáva-te o meu coração

Se o pudesse arrancar

Arrancando sei que morro

Morto não te posso amar

 (…)

 

No dia do casamento as famílias iam ter a casa de cada um dos noivos. Depois, o noivo e a sua família iam a casa da noiva buscá-la para irem para a igreja. As raparigas que fossem ainda virgens para o casamento, consideradas pela comunidade como puras, levavam nesse dia um arco branco a acompanhá-las, os rapazes eram acompanhados por arcos de folhas verdes. Colocavam-se também arcos pela rua, desde a casa da noiva até à entrada da igreja. Depois, seguiam em cortejo pela rua até à igreja, como nos descreveu um informante: “À frente ia a noiva com o padrinho debaixo do arco de flores brancas. A seguir, ia o noivo com a madrinha debaixo de um arco verde feito de arbustos e flores e atrás iam os restantes convidados. Entravam na igreja também por essa ordem, a noiva primeiro.”

 

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E como não há casamentos sem namoro

 

O Namoro

 

Quando um rapaz de fora namorava com uma rapariga da aldeia tinha que pagar o vinho aos da terra, como indemnização simbólica por “roubar” a rapariga, considerada “propriedade” da aldeia. Se em algumas aldeias apenas pagavam remeias de vinho, noutras além do vinho tinham que pagar também o equivalente à sua altura em pão e bacalhau; ou então, em vez de pagar o vinho, levavam-no até junto de um tanque e obrigavam-no a beber sete chapéus de água. Quem se recusasse a pagar o vinho, metiam-no na corte com o Boi do Povo como castigo, ou atiravam-no a um tanque da aldeia.

 

 

 

E com estas de casamentos e namoros, vamos dando por terminado este post, apenas nos falta deixar aqui o vídeo com todas as imagens publicadas neste post.

Aqui fica, espero que gostem:

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no MEO KANAL Nº 895 607

 

Ou se preferir diretamente no YouTube, onde,  se quiser ser avisado da publicação dos nossos vídeos, pode subscrever o nosso canal (no Youtube).

 

E quanto a aldeias de Boticas, despedimo-nos até ao próximo domingo em que teremos aqui a aldeia de Sapelos.

19
Jun22

O Barroso aqui tão perto - Pinho

Aldeias do Concelho de Boticas


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Iniciamos hoje a abordagem de mais uma freguesia do concelho de Boticas, a freguesia de Pinho. Seguindo a metodologia que temos seguido para o concelho de Boticas, vamos abordar as aldeias da freguesia por ordem alfabética, calhando assim a abertura da freguesia à aldeia que é sede de freguesia e dá nome à mesma – Pinho.

 

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Freguesia de Pinho que além desta aldeia possui mais duas aldeias, a aldeia de Sobradelo e Valdegas, todas nas encostas de montanhas com vertentes para o Rio Tâmega, sendo este o limite de freguesia a Nascente, mas também limite do concelho de Boticas e limite do Barroso, fazendo fronteira com os concelhos de Chaves e Vila Pouca de Aguiar. Bem podemos dizer que a freguesia, é uma freguesia de limites…

 

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Hoje para além da aldeia de Pinho faremos também a abordagem a um dos santuários mais importantes do concelho de Boticas, o Santuário do Senhor do Monte, isto por ser um Santuário da freguesia, pois em proximidade, é a aldeia de Valdegas a que fica mais próxima, a uns escassos 500m de distância.

 

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Já que iniciámos com a localização da freguesia e suas aldeias, deixemos a sua localização completa, bem como o nosso itinerário recomendado para chegar até lá, que desta vez não precisamos de ir por aquela estrada que habitualmente nos leva até terras de Boticas, pois temos como mais próximo e melhor caminho, a Nacional 2 até à entrada de Vidago, mais propriamente até à ponte seca onde devemos deixar a EN2 e apanhar a R311, esta sim bem nossa conhecida nas andanças por Boticas, uma vez que é a estrada que mais aldeias serve no concelho, atravessando-o de uma ponta à outra no sentido nascente-poente, sendo o contrário também verdade. Em suma, para os flavienses, deixamos a EN2 e rumamos em direção à Paria de Vidago, Souto Velho e Anelhe, sem entrar nestas duas aldeias, mas seguindo sempre pela estrada principal após a ponte sobre o Tâmega (Praia de Vidago), onde a umas centenas de metros à frente entramos no Concelho de Boticas e Freguesia de Pinho, ficando a aldeia a menos de 6Km. No total, entre Chaves e Pinho, são 25,7Km. Ficam os mapas para melhor orientação e entendimento.

 

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Quanto à freguesia e aldeia de Pinho, ficando já nas montanhas com vertentes para o Rio Tâmega e a uma cota que varia entre os 500 e os 600 m, já assume características de transição entre o Barroso da terra fria e a terra quente que tem em frente para lá das serras do Brunheiro e da Padrela, daí o cultivo da terra já com espécies muito variadas e árvores de fruta, mas também a proximidade da sede do concelho, de Vidago e Chaves, fazem com que Pinho seja uma aldeia grande, que rebentou com as costuras do núcleo antigo da aldeia e se tivesse expandido para novos bairros e ao longo da estrada e caminhos.

 

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Vamos agora passar àquilo que se diz sobre Pinho na monografia botiquense “Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas”, começando pela descrição geral da freguesia.

 

Localização geográfica: A freguesia de Pinho situa-se na parte Sudeste do concelho de Boticas.

Distância relativamente à sede do concelho: aproximadamente 5,5 km .

Acesso viário: Pela ER 311, sentido Vidago, virando na indicação Pinho.

Área total da freguesia: 22,4 km2.

Localidades: Pinho, sede de freguesia, Sobradelo e Valdegas.

População: 478 habitantes.

Orago: Santa Marta

Festas e Romarias: Senhor do Monte, último domingo de Julho.

Património Arqueológico: Castro do Mouril Povoado da Lage / Prados

Património Cultural e Edificado: Calvário (Pinho), Santuário do Senhor do Monte

 

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FESTA DO SENHOR DO MONTE

Esta festa realiza-se anualmente no último domingo de Julho, no Santuário do Senhor do Monte em Pinho. Localizado na Serra do Facho, é um dos maiores santuários do Concelho, tem uma igreja com duas torres, a casa dos andores, e à volta uma vasta zona de pinheiros e um espaço para merendas.

 

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Conta a lenda, perpetuada pela tradição oral, que no tempo de antigamente não havia lá nada, apenas um caminho por onde passavam os almocreves que tudo comerciavam. O espaço onde hoje está localizado o Santuário era local de descanso onde costumavam parar e onde se encontrava um nicho onde os almocreves colocavam uma esmola apelando à protecção divina que os protegesse dos ladrões. Até que um dia, segundo a lenda, apareceu nesse sítio, em cima de um monte de pedras onde ainda hoje se podem ver as pegadas, o Senhor do Monte. As gentes da terra pegaram no Santo e levaram-no para a Igreja de Pinho, mas o Santo teimava em aparecer no mesmo lugar. Até que as pessoas se renderam à sua vontade e construíram uma capelinha junto ao lugar onde ele apareceu e no monte de pedras colocaram uma cruz. Com o passar do tempo o dinheiro das esmolas foi sendo cada vez mais. Tal fama de protector conquistou, que construíram uma igreja em pedra, carrada em carros de bois pelos lavradores das aldeias da freguesia.

 

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É considerado o protector dos animais e em sua honra realiza-se anualmente esta festa. Manda a tradição que no sábado, dia reservado à bênção dos animais, os lavradores levem o gado até ao Santuário e com ele dêem três voltas à igreja. Muitos são os percorrem longas distâncias, não só do concelho, mas também de concelhos vizinhos, outrora a pé, agora em carrinhas, para levarem os seus animais até ao santuário em busca da protecção do Santo. Nesse dia, dizem os fiéis, apesar da grande concentração de animais nesse espaço, não se vê uma mosca no pinhal. As esmolas das promessas ou agradecimentos pela protecção ou benesse recebida costumavam ser dadas em centeio, mas agora costumam dar dinheiro. No domingo o santuário enche-se de fiéis para assistirem à celebração religiosa e à majestosa procissão com diversos andores, que se realiza em volta do Santuário, acompanhada por várias bandas musicais. Depois, a festa prossegue, animada por um conjunto. Muitos são os que trazem merendas de casa e aproveitam para almoçar no recinto.

 

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A esta festa acorrem também muitos vendedores ambulantes com os mais diversos produtos.

 

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TRADIÇÕES

Casamento

Em Pinho, no dia antes do casamento, é costume juntar-se um grupo de rapazes e percorrem as ruas da aldeia a tocar buzinas aos noivos.

 

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Os Caminhos

São espaços comunais utilizados pela população para se deslocarem no espaço territorial da aldeia. Dado que todos utilizam estes espaços, o seu arranjo e manutenção era feito pela comunidade aldeã. Assim, no final do Inverno e início da primavera, o Regedor e o Cabo de Ordens, mais tarde substituídos nessas funções pelo Presidente da Junta ou um seu representante, ou o Presidente do Conselho Directivo, à saída da missa, no largo junto à igreja, convocavam o ajunto ou ajuntamento do povo (um homem de cada casa) para ir aos caminhos. No dia combinado, geralmente aos sábados, ao toque do sino, o povo juntava-se num largo da aldeia, junto a uma igreja ou capela, e iam dar um jeito aos estragos provocados pelos rigores do Inverno e limpar os caminhos. Se, na generalidade das aldeias, participava nestes trabalhos o povo todo junto, nos dias marcados para arranjar os caminhos, na aldeia de Pinho, em cada um dos dias, iam aos caminhos quatro ou cinco casas (um representante de cada uma delas) conforme os trabalhos a realizar, num sistema de rotatividade pelas casas da aldeia até dar a volta ao povo.

 

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A Água

A água, elemento dominante da paisagem uma boa parte do ano, desempenha um importante papel na sobrevivência das economias agro-pastoris da região. São inúmeras as suas aplicações: garante da produtividade das parcelas agrícolas e dos lameiros, sustento dos gados, força motriz dos inúmeros moinhos de água existentes ao longo dos corgos e dos rios; estende a sua utilidade ao quotidiano das aldeias, aos tanques, bebedouros dos animais e aos lavadouros públicos existentes.

Dadas as características dos solos e os rigores do clima da região, a água, seiva da terra, desempenha um papel fulcral na produtividade agrícola.

No território do concelho pratica-se a rega por gravidade. A água de rega, proveniente de várias fontes de água superficiais, localizadas nas encostas dos montes e serras junto às aldeias, é utilizada para regar as parcelas localizadas a juzante.

 

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Para optimizar a utilização deste recurso, foram criadas infra-estruturas para a rega. Os regos conduzem a água desde as nascentes, corgos ou ribeiras, até às poças/tanques de rega, reservatórios de retenção da água. Da poça/tanque, a água é encaminhada, também através de regos, até às parcelas agrícolas. Acontece, por vezes, as nascentes brotarem no local onde se encontra a poça/tanque. Em quase todas as aldeias, estas infra-estruturas, outrora em terra batida e pedra, foram alvo de obras de beneficiação, remodeladas, e construídas em cimento e betão armado, de forma a rentabilizar este recurso, reduzindo ao mínimo o seu desperdício ao longo do percurso que faz até às parcelas agrícolas.

 

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Geralmente, cada uma das aldeias dispõe, no seu termo territorial, de nascentes, regatos ou ribeiros, donde provém a água para rega. Todavia, existem situações em que diferentes aldeias têm que partilhar a utilização da água. A partilha de água entre aldeias, geralmente conflituosa, levou à criação de regras de utilização bem definidas, nem sempre respeitadas pelos seus habitantes, ou à posse dessa água por apenas uma das aldeias.

 

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(…)

No que se refere às quantidades de água, estas têm uma dimensão variável. Nalgumas aldeias, a divisão da água processa-se à poçada, mas a quantidade de água disponível para rega depende, em larga medida, do que cada uma das poças/tanques conseguir recolher, enquanto está fechada. Cada regante, geralmente de acordo com a dimensão da área a regar, pode ter direito a uma ou mais poçadas, ou apenas a uma parte de poçada (1/2 ou ¼). Nestes casos, quando numa poçada rega mais que uma pessoa, dividem a água no rego, de acordo com os direitos de cada um. Existe ainda outro método de divisão da água na poça/tanque, os décimos. Em Pinho e Sobradelo, cada poçada encontra-se dividida em 10 partes. Cada regante, geralmente de acordo com a dimensão da área a regar, tem direito a um determinado número de décimos ou a poçadas completas (10 décimos). Se em Pinho a divisão dos direitos de água se processa no rego, dividindo o caudal da água consoante tenha mais ou menos direitos, em Sobradelo a medição da água é feita com uma vara. Antes de abrirem a poça/tanque para regar procedem à medição da água com uma vara e fazem a divisão consoante o número de herdeiros e a quantidade de água a que cada um tem direito, colocando laços. À medida que o nível da água atinge cada um dos laços, assim cada um dos regantes rega. Normalmente, os regantes entendem-se bem, mas como se sabe “no tempo de rega não há santos”, como se costuma dizer “quem sacha mal, rega bem”, algumas pessoas tornam a água quando os outros andam a regar. Isto gera alguns conflitos dentro da comunidade mas acabam por ser resolvidos entre os intervenientes.

(…)

 

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Nalgumas aldeias, como em Pinho e Valdegas, existem os gestores da água, pessoas com um profundo conhecimento da distribuição da água, encarregues de organizar o rol semanal da água das diferentes poças de rega

 

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MARCAS DA HISTÓRIA ANTIGA

Castro do Mouril

Designação: Castro do Mouril

Localização: Pinho

Descrição: Este castro encontra-se no extremo do lado Nascente da freguesia de Pinho, a confrontar com a povoação de Arcossó, da freguesia de Vidago, do concelho de Chaves. O monte do Mouril é rodeado a Nascente e a Sul pelo rio Tâmega e fica na confluência da ribeira de Sampaio com o Tâmega, ribeira que limita o castro pelo Poente.

 

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O castro tem duas linhas de muralhas. Quase no cimo do topo Sul há um pedaço da primeira muralha com 40 m, feita de pedras de xisto e algumas pedras de granito, em forma de cunha e face do topo apicotado. A segunda muralha tem 2,6 m de largura e 50 a 60 cm acima da terra; tem um troço levemente arqueado a rodar para o topo do lado Poente do castro, com 30m de comprimento. Entre as duas muralhas há um patamar de 12 m de largura. Existem vestígios de três casas circulares e foi encontrada no local uma mó de um moinho manual. Existe também um penedo com gravuras e covinhas.

 

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E sobre Pinho vai sendo tudo, para já, pois ainda teremos oportunidade de trazer aqui a aldeia mais uma vez com o resumo da freguesia. Assim, hoje,só nos resta deixar aqui  o vídeo com todas as imagens da aldeia de PINHO que foram publicadas até hoje neste blog. Espero que gostem.

 

Aqui fica:

 

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no MEO KANAL895 607

 

E quanto a aldeias de Boticas, despedimo-nos até ao próximo domingo em que continuaremos na freguesia de Pinho, mas com a aldeia de teremos aqui a aldeia de Sobradelo.

 

 

17
Mai21

O Barroso aqui tão perto - Veral

Aldeias do Barroso - Concelho de Boticas


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VERAL - BOTICAS

 

Nestas andanças pelo concelho de Boticas, hoje vamos até Veral, a última aldeia que trazemos aqui da União de freguesias de Codeçoso, Curros e Fiães do Tâmega.

 

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Iniciemos já pela localização e itinerário para chegar até Veral. O ponto de partida é a partida da cidade de Chaves com partida e para o Concelho de Boticas, para a maioria das freguesias, e esta não é exceção, a melhor estrada é a de Braga (N103), até Sapiãos, aí deixamos a N103 e rumamos até Boticas, aí tomamos a direção de Ribeira de Pena apanhando a R311 até a Carreira da Lebre, onde, na rotunda devemos saír em direção a Ribeira de Pena, pela N312, onde passados cerca de 14Km encontraremos, à esquerda, a saída para Veral, ao todo, entre Chaves e Veral, são 41,1Km. Mas fica o itinerário em mapa, para melhor localização.

 

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Veral fica no limite do concelho de Boticas, a confrontar com o concelho de Ribeira de Pena, a Sul e com o concelho de Vila Pouca, a nascente, neste a linha divisória dos dois concelhos é o Rio Tâmega, que fica a cerca de 500 de Veral.

 

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Embora cada aldeia tenha as suas singularidades, também as há que partilham algumas identidades, no caso Mosteirão e Fiães do Rio partilham a sua condição em relação à proximidade do Rio Tâmega e as mesmas vistas, e até a forma como povoaram a encosta, dispondo as suas construções em anfiteatro.

 

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Quanto à aldeia, tem um capela, de vocação a S.Martinho, o orago da aldeia, localizada sensivelmente a meio do anfiteatro composto pelas construção da aldeia, com a particularidade de ter a torre sineira separada da capela, o que torna a capela muito mais interessante.

 

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Como pontos de interesse, tem ainda a ponte de arame sobre o rio Tâmega que liga a aldeia de Veral a aldeia de Monteiros, esta de Vila Pouca de Aguiar. Ponte de arame que infelizmente, este ponto de interesse turístico, irá ficar submersa com a barragem em construção no rio Tâmega. Infelizmente, também,  não temos imagens desta ponte.

 

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 A respeito da água que serve estas povoações, vamos transcrever alguns parágrafos do que se diz na monografia de Boticas “PRESERVAÇÃO DOS HÁBITOS COMUNITÁRIOS NAS ALDEIAS DO CONCELHO DE BOTICAS”

 

As aldeias de Bobadela e Fiães do Tâmega, que partilhavam água com as aldeias vizinhas (Nogueira e Veral), recorrendo a determinadas estratégias, conseguiram ficar na posse dela. Na freguesia de Bobadela, ficou na memória dos aldeãos a história do “Santo Ladrão”.

 

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Conta a história que, há muitos anos atrás, no tempo dos antigos, Bobadela e Nogueira dividiam entre si uma água que vinha da Serra do Leiranco. Os de Bobadela achavam que aquela água lhes pertencia por direito e que não tinham que partilhá-la com os de Nogueira, pois estes já tinham muita água, doutras nascentes dessa Serra.

 

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Assim, arranjaram um estratagema para ficarem com a água toda, sem que os de Nogueira pudessem contestar tal apropriação. Um dia, juntaram-se as pessoas de ambas as aldeias, dirigiram-se à Serra, ao tornadouro de divisão das águas e combinaram deitar metade da água para Bobadela e a outra metade para Nogueira. A aldeia onde a água chegasse primeiro, ficava com ela. O sinal da chegada da água era o toque do sino da capela, em Nogueira, ou da capela de S. Lourenço, em Bobadela. Ora, os moradores de Bobadela, já com ela fisgada, ainda a água vinha longe, já eles estavam a tocar o sino. Os de Nogueira aceitaram a sentença, mas, convencidos que tinha havido batota, passaram a chamar-lhe o Santo Ladrão.

 

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Em Fiães do Tâmega, a água da Poças das Breiras era pertença comum dos habitantes de Fiães do Tâmega e Veral. Reza a história que, estes tentaram apropriar-se da água, mas os de Fiães do Tâmega foram mais rápidos. Numa noite, juntaram-se todos e fizeram um rego pela serra abaixo. Botaram a água para Fiães e fizeram um rol da água para que os moradores de Veral não a pudessem reclamar

 

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E com esta nos vamos até ao vídeo, com todas as imagens hoje aqui publicadas. Espero que gostem. Mas antes, avisar que o próximo post de “O Barroso aqui tão perto”, será os post resumo da União de freguesias de Codeçoso, Curros e Fiães do Tâmega, onde termos oportunidade de mais uma vez abordarmos esta aldeia de Veral.

 

Aqui fica o vídeo:

 

 

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no MEO KANAL Nº 895 607

 

Boa semana!

 

 

28
Mar21

O Barroso aqui tão perto - Curros


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CURROS - BOTICAS

 

Seguindo a metodologia que adotámos para o concelho de Boticas de abordar as aldeias do concelho por ordem alfabética das freguesias e dentro destas a ordem alfabética das aldeias, hoje vamos até a aldeia de Curros, que até 2013 era sede de freguesia, mas com a reorganização administrativa do território das freguesias (Lei n.11-Al2013) passou a fazer parte da união de freguesias de Codeçoso, Curros e Fiães do Tâmega.

 

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Iniciemos já pela localização e como ir até Curros, com partida como sempre desde a cidade de Chaves e pelo caminho do costume, ou seja pela EN103 (estrada de Braga) até Sapiãos, aí saímos para Boticas onde, na rotunda da entrara devemos seguir a indicação de Ribeira de Pena, o mesmo na segunda rotunda e terceira, quando sairmos desta última (em direção a Ribeira de Pena)  já estamos R311, seguimos por ela, passa-se por Quintas e logo a seguir temos a Carreira da Lebre.

 

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No final da Carreira da Lebre, na rotunda, devemos sair da N311 e tomar a N312 em direção de Ribeira de Pena (à esquerda), mas apenas durante 4km, onde devemos tomar o desvio à esquerda em direção a Antigo de Curros, esta a 1km de distância, mas só vamos passar ao lado de Antigo, pois o nosso destino fica 800m mais à frente.

 

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Recordo que uma vez, um amigo, me dizia que reconhecia e guardava com ele os cheiros dos locais e cidades por onde tinha passado e vivido. Outros falam-me que recordam a luz ou luzes dos sítios, curiosamente eu costumo recordar o tempo (meteorológico) dos sítios onde vou pela primeira vez, o frio ou calor, chuva, nevoeiro, vento… são esses os registos que naturalmente guardo na memória. Tudo isto para voz dizer que quando abordámos Curros, estava um frio de rachar. Fui rever o exif das fotos, e é natural que estivesse, pois foi em 1 de novembro de 2017 que passámos por lá, por sinal no dia em que Chaves vive a sua grande festa da Feira dos Santos, o dia mais concorrido da feira em que, da minha parte, já é habitual ficar em casa ou sair da cidade, pois a minha feira termina quase sempre no dia 31 de outubro.

 

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Claro que em dias de inverno nunca dá para sair para longe de casa, isto por causa da luz, que por natureza já é pouca e dura pouco tempo, pois estamos a caminhar para os dias mais pequenos do ano, daí termos andado pelo concelho de Boticas. O engraçado é que saímos de Chaves e logo na primeira fotografia que captámos em Curros, lá estava a cidade de Chaves ao longe, vista desde a capela do cemitério e também ainda mais perto, a vila de Vidago.

 

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Ao fundo parte da cidade de Chaves e aldeias de StºEstêvão e Faiões

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Ribeira de Oura, Viaduto de Arcossó e Vila de Vidago

 

Já no post que dedicámos ao Antigo de Curros referíamos que estes pontos altos eram verdadeiros miradouros, este de Curros, é mais um miradouro sobre Chaves e Vidago. Aliás penso que Curros é a única aldeia desde onde se avista a cidade de Chaves, ou parte dela, pois apenas se vê a Madalena e bem mais visíveis as aldeias de Faiões e Stº Estevão e parte da veiga de Chaves. Em suma, e mesmo o Barroso aqui tão perto que até a cidade se avista desde Curros e o contrário também é verdade, embora mais complicado de identificar.

 

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Quanto a Curros, é uma aldeia pequena, mas muito interessante, com o seu povoamento muito concentrado e já na encosta da montanha, esta sim a descer já para o rio Tâmega que fica a cerca de 2,5 km (em linha reta) de Curros, havendo no entanto ainda mais uma aldeia pelo meio – Mosteirão que em breve abordaremos aqui no blog.

 

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Segundo a monografia de Boticas ficámos a saber:

 

Que era nesta freguesia, conjuntamente com as freguesias de Dornelas e Fiães do Tâmega onde se concentra a maior parte da florestas do concelho de Boticas . Por sua vez  “a quebra de natalidade registada não permitiu uma renovação geracional capaz de inverter a tendência de diminuição da população residente, existindo freguesias no concelho que registam valores populacionais mínimos, como é o caso da freguesia de Curros com apenas 87 residentes repartidos por três aldeias: Antigo de Curros, Curros e Mosteirão.

 

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Ainda na monografia, mas dados referente à antiga freguesia de Curros, que era constituída por Antigo de Curros, Curros e Mosteirão. Atenção que os referem-se à data de publicação da monografia, e, maio de 2006:

 

“Dois Abrigos de Montanha

Localização geográfica: A freguesia de Curros situa[1]se na parte Sul do concelho de Boticas.

Distância relativamente à sede do concelho: aproximadamente 10,5 km.

Acesso viário: pela ER 311. Apanhando a EM312 no  lugar da Carreira da Lebre, em direcção a Ribeira de Pena, vira-se depois na indicação Antigo de Curros e  percorre-se o CM 1048; em alternativa pode seguir-se  pelo CM 1050 e depois pelo CM 1048.

Área total da freguesia: 12 km2

Localidades: Antigo de Curros, Curros, sede de freguesia, e Mosteirão.

População: 87 habitantes

Orago: Nossa Senhora das Neves

 

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Festas e Romarias:

- S. Brás, 03 de Fevereiro, Antigo de Curros

- Santo António,* 13 de Junho, Curros

- Nossa Senhora das Neves,* 05 de Agosto, Curros

- Nossa Senhora de Fátima e Santa Bárbara, em Agosto, Mosteirão

- Santa Bárbara,* 04 de Dezembro, Mosteirão

(*) Apenas celebração religiosa.

 

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Património Cultural e Edificado

- Capela de Mosteirão

- Capela de S. Brás (Antigo de Curros)

- Cruzeiro

- Forno do Povo de Antigo de Curros

- Forno do Povo de Curros

- Igreja de Nossa Senhora das Neves

Outros locais de interesse turístico

Forno do Povo de Mosteirão (construção recente)

 

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Ainda nos cadernos da monografia de Boticas temos:

 

UM DOCUMENTO DE 1758

No ano de 1758 o Rei D. José através do seu ministro Marquês de Pombal, desenvolveu um inquérito a todas as paróquias do Reino de Portugal continental que hoje se encontram no IANlTT.

Este inquérito, que foi respondido pelos párocos das freguesias, era composto de três partes:  a primeira respeitante  a paróquia, onde se tratava de saber da sua história, produções agrícolas, população. instituições locais, igreja e  capelas com suas devoções e romagens; a segunda tratava da serra e das suas caracteristicas, se tinha lagoas e nascentes, monumentos, capelas, caca e arvores; a terceira perguntava sobre os rios e ribeiros que nela existissem, assim como das levadas, represas,. moinhos, pisoes e culturas nas suas margens.

É graças a este inquérito que se pode obter uma visão mais ou menos completa sabre as freguesias portuguesas e entre etas a freguesia de Curros[i] . Antes porém, no ano de 1747 foi publicada a resposta a um inquérito mais simples, com o seguinte texto: Freguesia na província de Trás-os-Montes, Arcebispado de Braga, Comarca de Chaves, termo da vila de Montalegre : tem setenta moradores. A igreja paroquial dedicada a N. S. das Neves tem três altares: o maior, o de Cristo crucificado e o de N. S. do Rosário com a sua irmandade.

O Pároco e cura , da apresentação do D. Abade de S. Bento de Refojos de Basto, que dá ao pároco oito mil reis e por tudo rendera vinte e quatro mil reis. Colhem os moradores centeio e milho, de tudo em muito pequena quantidade por causa de ser uma terra demasiadamente fria [ii].

Relativamente a memória paroquial de 1758, apresentamos as respostas dadas pelo pároco da freguesia de Curros. Para melhor leitura foi actualizado o Português naquelas palavras que consideramos necessário, introduzindo-se-lhe pontuarão e parágrafos.

 

Em resposta a uma ordem do Muito Reverendo Senhor Doutor Vigário Geral da comarca de Chaves, Arcebispado de Braga Primaz.

Aos sete dias do mes de Margo de 1758 Esta igreja de Nossa Senhora  das Neves de Curros, desta comarca de Chaves, pertence a Provedoria de Trás-os-Montes, Arcebispado de  Braga Primaz, da dita comarca, termo da vila de Montalegre e é matriz.

Esta igreja é da visita do Reverendo Padre Dom Abade do Mosteiro de São Miguel de Refojos de Basto e e da vila do dito senhor.

Tem esta freguesia quatro lugares: Curros, onde esta situada a igreja, Antigo, Fiães e Mosteirão. Estes lugares todos tem sessenta e nove fogos ou vizinhos, tem esta dita freguesia duzentas e cinquenta e cinca pessoas.

Esta igreja esta situada num monte, entre montes. Do dito monte, avista-se a vila e Campo de Chaves até junta a Monte Rei, terra de Galiza; também se avista a Ribeira doura e terra de Vila Pouca.

Deste não há coisa que se possa dizer.. Esta igreja esta fora do lugar de Curros e não tem [arrabalde] algum. Tem esta freguesia quatro lugares, a saber: Curros, Antigo, Mosteirão e Fiães. O orago desta freguesia e Nossa Senhora das Neves deste lugar de Curros.

0 orago desta freguesia e Nossa Senhora das Neves de Curros. Tem três alta­ res, a saber: o altar - mor que tern a Senhora das Neves, um dos colaterais e do Sagrado Nome de Jesus, não tem mais imagem nenhuma e o outro colateral e da Senhora do Rosário, este altar tem as imagens da Senhora do Rosário, Santa Barbara, S. Sebastião e Santo António.

O pároco desta freguesia e cura anual e é apresentado  pelo padre  Dom Abade do mosteiro de Refojos de Basto, termo de Cabeceiras de Basto, comarca de Braga. Tem de renda [oitenta] mil reis, seis libras de cera, um almude de vinho, um alqueire de trigo e uma canada de azeite.

(…)

 

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Os frutos que da esta freguesia são: o centeio, milho, trigo, vinho e pouco azei­ te. E todos estes frutos não chegam para o sustento dos ditos lavradores.

Esta freguesia esta sujeita ao juiz de fora da vila de Montalegre, nomeado por Sua Majestade.

Esta freguesia não tem correio, só se serve do correio da vila e praça de Chaves e desta freguesia ao correio de Chaves são quatro léguas.

Dista esta freguesia da cidade de Braga Primaz doze léguas, e desta freguesia à cidade de Lisboa, capital do Reino, setenta e duas léguas e meia.

Alguns dos moradores desta freguesia são feudatários do convento de Refojos de Basto.

 

A segunda materia que toca a serras

 

Tem esta freguesia de fronte, ao nascente, a serra da Seixa.

 

Que tem de comprido uma grande légua e de largo outra pouco mais ou menos. Começa nos confins do Lugar de Mosteirão e acaba no lugar de Valdegas, freguesia de Santa Marta de Pinho, tudo da Comarca de Chaves.

 

A dita serra tem um clima muito frio e demasiado áspero.

0 que se cria na dita serra: cabras e crestois. E o que nela há são: lobos, javalis, coelhos, perdizes,Corças bravas e nada mais.

Deste nada.

Deste nada.

 

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Matéria terceira, dos rios há o seguinte Nesta freguesia há um rio chamado Tâmega. Corre pelos subúrbios desta freguesia, começa no reino da Galiza e juntam-se-lhe vários regatos que não têm nome.

Dizem que nasce brandamente e [atura] com boa torrente e em partes caudaloso, em todo o tempo.

Junta-se a ele outro rio nos limites desta freguesia junta ao lugar de Mosteirão.

Deste não há o que possa dizer.

Não há duvida de que desde que entra nesta freguesia tem um curso impetuoso.

E despinhadissimo e corre de nascente para poente.

Cria muitos peixes, a saber: poucas trutas, barbos, bogas, bordalos, leirogas, enguias, mexilhões e lontras comedoiros do dito peixe.

Sempre conservou e conserva este nome.

Não sei onde termina. Apenas me informaram que se junta ao Douro, juntamente com o rio Beça e outros que se lhe juntam até ao Douro.

Tem este rio uma grande ponte de cantaria na vila de Chaves chamada a ponte da Madalena, tem outra chamada ponte de Cabez, concelho de Cabeceiras de Basta e tem outra ponte na vila de Amarante.

 

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Tem muitos moinhos, azenhas de maquia e de lavradores. Deste rio, em nenhuma parte deste distrito me consta que os lavradores utilizem a agua dele para regadio por correr muito fundo, em demasia.

informaram-me que tem este rio, desde a sua nascente ate ao Douro, pouco mais ou menos, com suas retroceduras, mais de quarenta léguas. lsto e o que me dizem, não sei ao certo.

Deste não há que dizer.

E o que se me oferece dizer, o que conheço e não há outras coisas mais dignas de memória nesta freguesia de Nossa Senhora das Neves de Curros, desta comarca de Chaves, Arcebispado de Braga Primaz. 0 pároco Domingos Afonso Pereira.

E o que se oferece e posso dizer conforme os interrogatórios, ao que assistimos o Reverendo Reitor do Salvador de Canedo, Bento Pereira; o Reverendo Vigário de S. Lourenço de Codessoso, Pedro Pires e eu que preenchi esta e do que vai escrito afirmo in verbo sacerdotis, hoje doze de Março do ano de mil setecentos e cinquenta e oito.

0 padre Domingos Afonso Pereira

O pároco Bento Pereira

0 padre de Codessoso Pedro Pires

 

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E agora sim, o vídeo com todas as imagens da aldeia de CURROS que foram publicadas até hoje neste blog. Espero que gostem .

 

Aqui fica:

 

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no MEO KANAL Nº 895 607

 

 

E quanto a aldeias do Barroso de Boticas, despedimo-nos até ao próximo domingo em que teremos aqui a aldeia de Fiães do Tâmega.

 

 

 

[i] 0 documento integral vem publicado em Boticas nas Memórias Paroquiais de 1758, Ed. C. M. de Boticas, 2001.

 

[ii] CARDOSO, P. Luís, 1747-1751, Dicionário Geográfico, 2 tomos, Lisboa.

 

 

07
Fev21

O Barroso aqui tão perto - Carreira da Lebre

Aldeias do Barroso - Concelho de Boticas


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Carreira da Lebre - Boticas

 

Seguindo com as nossas visitas a “O Barroso aqui tão perto” vamos até mais uma localidade do concelho de Boticas – Carreira da Lebre.

 

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Desde já vamos iniciar por uma breve explicação que se exige. É certo que já percorri todo o Barroso e embora eu não seja barrosão de nascença, toda a minha família materna mais direta o são, incluindo os meus irmãos, primos, tios,  mas daí a ser um conhecedor profundo ou uma entidade sobre o Barroso, estou muito longe disso, falta-me a vivência do dia a dia, para além de o Barroso, em território, ser uma grande região que abrange cerca de 1200km2.

 

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Vista desde o Castro Lesenho

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Se repararem, tive o cuidado de começar este post referindo-me à Carreira da Lebre como uma localidade, porque isso sei que o é, uma localidade, como quem diz um lugar, sítio, com um aglomerado de casas e uma povoação que as habita, mas daí a ser uma aldeia, disso já não tenho a certeza, nem consegui esclarecer se administrativamente o é, embora na página oficial da Câmara Municipal de Boticas, na freguesia de Beça, apareça a Carreira da Lebre como uma povoação a par das outras aldeias da freguesia, no entanto, também lá estão como povoação as Minas de Beça, que tal como sabemos e vimos quando lá fomos, as minas já não existem tal como não existe propriamente uma povoação, mas sim meia dúzia de casas dispersas e desabitadas (exceto uma) e parte delas já estão no concelho de Montalegre.

 

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Agora também é verdade que não há qualquer dúvida que a Carreira da Lebre é uma povoação, tem casas e população, mais que muitas das aldeias do Barroso, no entanto, a minha dúvida é mesmo se a Carreira da Lebre pode ser considerada ou não uma aldeia. De uma coisa tenho a certeza, até pode ser considerada uma aldeia, mas não é uma aldeia típica do Barroso, nem com o mínimo de características barrosãs. A Carreira da Lebre, tal como é, poderia ser uma qualquer povoação nova do nosso Portugal, que nasce, tal como esta nasceu, junto a um cruzamento com ligações importantes e próxima de uma localidade mais importante, que no caso é a sede do concelho – Boticas, pois apenas 4 km separam as duas localidades.

 

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Independentemente de ser ou não ser aldeia é uma povoação, tem um aglomerado de casas, restaurantes, um hotel, posto de abastecimento de combustíveis, comércios e pequenas indústrias, armazéns, movimento, vida, pessoas e daí ter todo o direito a ter o seu post, o seu vídeo e uma palavras, não da sua história, porque essa é muito recente, mas com aquilo que tem,  e nem que fosse só e apenas por ser um dos locais de referência onde se pode comer uma boa refeição à barrosã, já valia para estar aqui.

 

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Toda esta introdução e explicação exigia-se para justificar a maioria das imagens que hoje deixo aqui, quase todas à volta do rio Beça e das suas três pontes. Aliás com o aglomerado do casario, só deixo mesmo vistas gerais, que além de interessantes, provam que a Carreira da Lebre existe mesmo como uma localidade, de resto, o novo casario, que não é mais que o casario construído já na minha geração, não me fascina em termos fotográficos, precisamente por, tal como já disse atrás, não ser característico de uma região e ser mais ou menos igual em todos os novos bairros das aldeias, vilas e periferia das cidades. Em suma, é certo que este aglomerado de casario da Carreira da Lebre foi construído bem no meio do Barroso, mas se fosse, por exemplo, um dos novos bairros da cidade de Chaves, ninguém estranharia nada.

 

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Vista desde o Miradouro de Boticas

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Do único que poderemos falar são dos restaurantes onde vamos quando por lá passamos à hora de almoço, por sinal ficam quase um em frente ao outro. Um é mais seleto na apresentação e serviço, com um ambiente naturalmente mais selecionado, mas não diferenciam quem entra e quem servem. O outro é mais terra-a-terra, com pratos do dia e frequentado por todos. Em ambos se come bem, comida farta e o preço a condizer. Trata-se no primeiro caso do restaurante do Hotel Rio Beça e no segundo do Restaurante O Caçador, ambos na rua/estrada principal da Carreira da Lebre.

 

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Poderia dar o meu testemunho sobre ambos, pois já fui aos dois várias vezes, mas prefiro deixar aqui a descrição daquilo que os próprios anunciam ou testemunhos de outros que encontrei nas páginas da especialidade, em que em geral, elogiam ambos, mas também há quem reclame, um por exemplo, reclama que teve de esperar quase 2 (dois) minutos para ser atendido. Realmente é preciso ter muita paciência para esperar tanto tempo… mas enfim, vamos aqueles mais realistas que melhor descrevem os sítios.

 

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Na página oficial do Hotel Rio Beça (***) pode-se ler o seguinte:

...destaca-se pela gastronomia típica e diversificada do seu restaurante, Restaurante Rio Beça, tendo como expoente máximo a suculenta carne de vitela barrosã (DOP) e o seu famoso Cozido barrosão, o Cabrito Barrosão, o Javali com castanhas e ainda o Presunto, Alheira e Linguiça.

À exceção do Javali com castanhas, já tive oportunidade de experimentar o restante. Claro que o presunto, alheira e linguiça são entradas que caem sempre bem, do restante, tanto faz, marcha tudo, mas sem misturas, um de cada vez. Recomendam-se. Tem uma boa carta de vinhos, mas o vinho da casa é sempre bom. Aliás é curioso que o Barroso não produz vinho mas tem sempre bons vinhos nos restaurantes (e nas casas).

 

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Quanto ao Restaurante Caçador, transcrevo dois depoimentos que encontrei em páginas da especialidade:

Este restaurante oferece culinária Portuguesa. Os funcionários graciosos neste restaurante mostram o quanto apreciam os clientes. É sempre agradável comer aqui por causa do serviço veloz.

E mais esta, sem espera de 2 minutos…

Fomos Jantar a este restaurante por mera do acaso passamos vimos o caçador e como eu sou caçador paramos para experimentar entramos fomos logo encaminhados para uma mesa de 6 pessoas, a empregada de mesa perguntou se queríamos entradas e se queríamos pão depois entregou a ementa e disse que podíamos escolher eu escolhi posta a empregada disse me que uma posta geralmente dá para duas pessoas confiando nela eu mandei vir 3 postas para nos os 6. as postas eram realmente enormes e de grande qualidade a carne tenrinha e muito saborosa e mesmo assim não deu para comer tudo, pedimos a sobremesa comemos o pudim caseiro 5 estrelas o preço dentro do normal recomendo gente simpática (excelente) 5 estrelas.

 

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Mesmo sem o casario da Carreira da Lebre estamos a chegar ao fim do nosso post, mas bem podemos dizer que aquilo que nos oferece o rio Beça e as três pontes compensam a ausência das casas. E  agora só falta mesmo indicar-vos o caminho para lá chegar, com saída, como sempre de Chaves, Estrada de Braga até Sapiãos, depois viramos em direção a Boticas onde devemos seguir as placas que indicam Ribeira de Pena, Cabeceiras de Basto e Salto, ou seja a R311, mal entremos nesta estrada, mais 4 Km e estamos na Carreira da Lebre. Atenção que estes itinerários têm início na cidade de Chaves, mas se quiser ir à Carreira da Lebre e tiver de utilizar a autoestrada, não é necessário entrar em Chaves, deverá sair no nó que existe entre os nós de Chaves e Vidago, numa saída que, embora seja junto à aldeia de Curalha e já próxima de Chaves, se não me engano, só tem a indicação de Boticas e Carvalhelhos.

 

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E agora sim, o vídeo com todas as imagens da CARREIRA da LEBRE que foram publicadas até hoje neste blog. Espero que gostem.

Aqui fica:

 

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no MEO KANAL Nº 895 607

 

Com a Carreira da Lebre terminámos a abordagem a todas as povoações da freguesia de Beça, assim, no próximo domingo teremos o post da freguesia de Beça, com uma abordagem geral, que também terá imagens de vídeo da freguesia.

 

 

 

 

28
Jun20

O Barroso aqui tão perto - Alturas do Barroso

Aldeias do Barroso - Concelho de Boticas


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ALTURAS DO BARROSO

Boticas - Barroso

 

Já sabem que aos domingos o Barroso marca aqui presença, agora com o Barroso do Concelho de Boticas, e seguindo a nossa metodologia de agora trazer aqui as aldeias pela ordem alfabética das freguesias, hoje calha a vez a Alturas do Barros, ainda e só a aldeia, pois o post da freguesia só estará aqui quanto todas as aldeias da freguesia forem abordadas.

 

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Freguesia das Alturas do Barroso que com a última reforma administrativa do território, passou a ter também anexada a freguesia de Cerdedo. Mas tal como disse atrás, hoje não estamos aqui para abordar a freguesia(s) mas sim a aldeia de Alturas de Barroso.

 

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Para quem gosta de saber a origem das coisas, neste caso a origem do topónimo de Alturas de Barroso, esta é fácil, pois não estivesse a aldeia implantada quase na croa da Serra do Barroso, acima da aldeia, só estão mesmo os cornos do Barroso, dois que até são três picos da serra que se elevam, mas que vistos ao longe, apenas se veem dois, que tal como os cornos de um touro que os que atingem mais altura, também nesta serra assim. Então temos Alturas do Barroso por estar lá bem no alto da Serra do Barroso, mais precisamente na cota dos 1.100m. Saliente-se que a serra do Barroso atinge os 1279 metros, sendo a terceira serra mais alta do Barroso, logo a seguir à serra do Gerês e do Larouco.

 

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Quanto à localização da aldeia de Anturas do Barroso, encontra-se no limite do concelho de Boticas, a noroeste de Boticas, a confrontar com o concelho de Montalegre, A serra do Barroso vai servindo de fronteira entre os dois concelhos. Aliás a encosta da serra oposta a Alturas do Barroso, confronta diretamente com a barragem do Alto Rabagão (Pisões).

 

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Embora a aldeia já estivesse mais ou menos localizada, ficam atrás os nossos mapas para melhor localização, onde deixamos também um dos itinerários possíveis para lá chegar. Uma vez que se trata de uma aldeia do concelho de Boticas, privilegiamos o traçado maioritariamente por este concelho. Ah! Já sabem que o início do nosso itinerário é sempre na Cidade de Chaves, depois, como para a maioria das aldeias a passagem por boticas é obrigatória, e logo a seguir a Carreira da Lebre é também ponto de passagem para grande parte das aldeias, e hoje não é exceção, pois também temos de passar por lá, mas sem abandonar a ER311, mas logo a seguir à Carreira da Lebre, apenas a 100 metros, temos que fazer o desvio em direção a Carvalhelhos, mas sem chegar a entrar nesta aldeia. Vejam o mapa, e de resto, não há grandes problemas, pois em geral, quanto a localidades, as estradas de Boticas estão muito bem sinalizadas.

 

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Mas entremos em Alturas do Barroso, uma velha conhecida nossa, principalmente desde que descobrimos as festas comunitárias do São Sebastião e fizemos promessa de lá ir todos os anos. Aqui por Chaves, quando se fala em festa comunitária de São Sebastião, quase todos conhecem, mesmo sem lá ter ido a de Dornelas, que por acaso até é na Vila Grande. Mas a festas comunitária do São Sebastião não é exclusiva da Vila Grande, antes pelo contrário, repete-se um pouco por muitas aldeias da região, não só do Barroso, como noutros concelhos vizinhos e igualmente com características comunitárias, mas, todas do São Sebastião, mas todas diferentes.

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Sem dúvida alguma que as da Vila Grande, da freguesia de Dornelas, são muito conhecidas, principalmente pela mesinha de São Sebastião se estender ao longo do arruamento principal, mas é uma festa que tão depressa enche de gente, como se esvazia. Lá diz o ditado popular, merenda comida, companhia desfeita, e como o pessoal é aviado entre a 1 e as 2 horas da tarde, acaba de comer e vaza, mas não vão para casa, não senhor, vão todos direitinhos para as Alturas de Barroso, onde aí, sim, a festa dura toda a tarde e entra pela noite dentro.

 

 

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Mas ainda antes de abordar a festa de São Sebastião das Alturas de Barroso, falta dizer ainda a respeito destas festas que, entre outras aldeias, em Cerdedo também se celebra o São Sebastião, logo pela manhã e ainda antes da Vila Grande, e também em Salto, este já do concelho de Montalegre também há São Sebastião. Cá por Chaves, noutros moldes, também é conhecida a festa do São Sebastião de Valdanta.

 

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Já sabemos que quem descobre o Barroso descobre uma paixão. Os poetas, escritores e outros artistas, não são exceção, e alguns dos nomes mais sonantes da literatura portuguesa encontraram no Barroso a sua inspiração. Nomes como Camilo Castelo Branco, Ferreira de Castro, Miguel Torga e o poeta, escritor, político e flavienses António Granjo, são alguns dos exemplos

 

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Ainda antes de passarmos às referências daquilo que encontrámos nos livros e documentos, e do vídeo, com que finalizaremos o post, queremos deixar aqui uns breves apontamentos. Um quanto às imagens de hoje em que se tentou dar a conhecer um pouco da aldeia, com as suas ruas no viver do dia a dia ou em dia de festa, igreja e capela, as pessoas, algumas em particular porque lhe prometemos estarem aqui hoje. Imagens dos seus verões quentes e soalheiros a contratar com imagens dos seus rigorosos invernos com a aldeia coberta de neve, imagens das paisagens verdes que rodeiam a aldeia e finalmente imagens do São Sebastião e da festa, sobretudo a dos homens das concertinas e do povo minhoto que os acompanha e vive intensamente estes momentos. Imagens estas da Festa do São Sebastião que continuaremos a deixar por aqui nas próximas edições da festa, que esperemos não sejam incomodadas com esta coisa do vírus Covid19. Por último, resta-nos dizer que Alturas do Barroso continuará a constar nos nossos roteiros pelo Barroso, que com frequência é por aí que fazemos a passagem para o Barroso de Montalegre ou vice-versa, nunca deixando de apreciar a paisagem que desde aí se vislumbra e nos apaixona. E embora este post ainda não tenha terminado, sabemos de antemão, estamos cientes disso, que muito mais haveria para dizer sobre esta aldeia, ainda cheia de vida e até de juventude.  

 

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Alturas do Barroso, 21 de Setembro de 1969

A paz destes barrosões, sentados no combro de uma lameira a guardar a junta de bois! Parecem sonâmbulos a apascentar a eternidade.

Miguel Torga in “Diário XI”

 

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Alturas do Barroso, 1 de Setembro de 1991

 

Incansavelmente atento às lições do povo, venho, sempre que posso, a este tecto do mundo português, admirar no adro da igreja, calcetado de lousas tumulares, o harmonioso convívio da vida com a morte. Os cemitérios actuais são armazéns de cadáveres desterrados da nossa familiaridade, lacrimosamente repelidos do seio do clã mal arrefecem, cada dia menos necessários, no progressivo esquecimento, à salutar percepção do que significam na dobadoira do tempo. Ora, aqui, cada paroquiano pisa, pelo menos dominicalmente, a sepultura dos ancestrais, e se liga a eles, quase organicamente. Vive, numa palavra, referenciado. Sabe que tem presente porque houve passado, e que, mais cedo ou mais tarde, enterrado ali também, será para os descendentes consciência e justificação do futuro.

 

Miguel Torga, In Diário XVI

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Alturas do Barroso, 27 de Junho de 1956

 

Entro nestas aldeias sagradas a tremer de vergonha. Não por mim, que venho cheio de boas intenções, mas por uma civilização de má-fé que nem ao menos lhe dá a simples proteção de as respeitar.

Miguel Torga, In Diário VIII

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Quanto a António Granjo, temos vindo a publicar, na rubrica “Crónicas Estrambólicas” do Luís de Boticas, as 15 crónicas que António Granjo escreveu e publicou no jornal  “A Capital”, em 1915. Uma delas, já publicada, relata a longa viagem de meio dia de jornada,  que fez montado num garrano entre Boticas e a serra de Barroso. Crónica que poderá rever, ler ou ver aqui:  https://chaves.blogs.sapo.pt/cronicas-estrambolicas-2012190 .

 

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Na monografia de Boticas - Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas, pudemos apurar o seguinte:

 

Marcas da História Antiga

Côto dos Corvos

Designação: Castro do Côto dos Corvos

Localização: Alturas do Barroso

Descrição: No termo da aldeia de Alturas do Barroso, a cerca de 1km para Noroeste, há dois altos picotos graníticos designados como Cornos das Alturas do Barroso. O do lado Nascente, sobranceiro à estrada que desce para a barragem dos Pisões, é o Coto dos Corvos, e o outro que lhe fica pelo Poente, é o Coto do Sudra. No Coto dos Corvos existem escassos vestígios do castro, reduzidos aos alinhamentos das suas quatro muralhas, três na encosta voltada a Nascente e uma quase no alto da pedregosa encosta do Poente. A primeira muralha mede 255 m de comprimento, na maior parte da sua extensão segue quase a linha de nível, mas no extremo do lado Norte inflecte à esquerda e sobe até ao montão de penedos onde esbarra. A segunda muralha tem 105 m de comprimento, segue 56 m acima da anterior e a sua ponta setentorial termina no mesmo montão de penedia onde esbarra a primeira muralha e perto dela. A terceira muralha é a mais curta, mede apenas 40 m de comprimento, fica a 55 m acima da segunda e termina do lado Norte na penedia que se estende até à crista do monte. Nos escassos terraplanos, a que os quase apagados restos de muralhas fazem amparo, não se viram quaisquer restos de alinhamentos de pedras que sugerissem tratar-se de construções, especialmente de casas.

 

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Ainda na monografia de Boticas:

 

Orago: Santa Maria Madalena

 

Festas e Romarias

Festas e Romarias S. Sebastião, 20 de Janeiro.

Sto António,* 13 de Junho.

Santa Maria Madalena,* 26 de Junho

Santa Ana, 26 de Julho* / inicio de Agosto

 

Património Edificado

Capela de Nossa Sra. de Fátima

Forno do Povo de Alturas do Barroso

Igreja Paroquial de Santa Maria Madalena

 

Outros locais de interesse turístico

Casas com cobertura de colmo

Miradouros Naturais da Serra do Barroso

Moinhos

Museu Rural de Alturas do Barroso

Parque de Lazer de Peade

Percursos Pedestres

 

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Ainda na monografia de Boticas:

 

Baldios

(…)

Cada uma das aldeias do concelho possui extensas áreas de baldios, cobertos de vegetação arbustiva espontânea (giesta, urze, carqueja, etc.). Estes espaços são propriedade de toda a comunidade aldeã, terrenos maninhos, indivisos, situados na parte mais distante da aldeia, em geral nos altos e nas encostas impróprias para a agricultura, e desempenham um papel importante na economia agro-pastoril. Tendo em conta que estas populações dependem das actividades agro-pastoris, e dada a limitação, quer em termos de área, quer em termos produtivos, das propriedades particulares, os baldios são fundamentais para a sobrevivência dos agregados domésticos. Enquanto terrenos comunais – logradouros comuns – são passíveis de serem utilizados de diversas formas: como área de pastagem para o pastoreio do gado ovino e caprino ao longo do ano e do gado bovino no Inverno; área de recolha de lenha e de mato (carqueja, giesta, tojo, urze, etc.) para a cama do gado e preparação do estrume. Algumas parcelas destes terrenos, as cavadas, também eram exploradas individualmente pelos aldeãos mais pobres, muitas vezes sem qualquer outro recurso fundiário para cultivo, de forma a mitigar um pouco a sua pobreza e garantir recursos mínimos de subsistência. Actualmente, ainda existem cavadas, na aldeia de Alturas do Barroso.

 

 

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Ainda na monografia de Boticas:

 

Festa de S. Sebastião em Alturas de Barroso

 

Em Alturas do Barroso realiza-se anualmente, no dia 20 de Janeiro, a Festa em honra

 de S. Sebastião. Reza a lenda que esta festa se começou a fazer por causa de uma peste que há muitos anos atrás matou muito gado. Prometeram então, os habitantes da aldeia, festejar anualmente o S. Sebastião, advogado contra a fome e a peste.

Esta festa é organizada por mordomos (4 ou 5 vizinhos) num sistema de rotatividade pelas casas da aldeia. Antigamente, era hábito darem pão e vinho para as pessoas comerem. Há, aproximadamente, 15 anos começaram também a oferecer feijoada ao final da tarde e desde então para cá a sua dimensão e a sua fama tem vindo a crescer.

Antes da realização da festa, os mordomos andam pela aldeia a recolher a contribuição que cada uma das casas queira oferecer, desde o fumeiro à carne de porco (pé e peito) e dinheiro com o qual se compram vários alimentos como arroz, feijão, pão e vinho.

Os preparativos para a festa começam uma semana antes. Preparam-se as loiças, o espaço, a lenha e a comida. No dia 20, ainda de madrugada, na ampla sala do edifício da sede de Junta de Freguesia, numa lareira construída para o efeito, começa a confeccionar-se a refeição comunitária que consistirá em feijoada, arroz, pão e vinho.

De manhã, por volta das 10:30h realiza-se uma missa em honra de S. Sebastião, no final da qual se faz uma procissão, com o andor de S. Sebastião a desfilar pelas principais ruas da aldeia até ao local da festa. Entoam-se cânticos e orações pedindo a protecção do Santo ou agradecendo pelas benesses concedidas. Chegados ao local da festa, o padre procede à bênção da comida, em especial do pão que mais tarde vai ser distribuído pelos fiéis “… que depois o comem ou o dão aos animais para ficarem livres de doenças”. O andor com o Santo é colocado numa mesa à entrada da sala, onde, como patrono, preside à refeição.

Depois inicia-se a refeição comunitária. À entrada da sala os mordomos pedem esmolas às pessoas que, em fila, aguardam a sua vez de entrar. Cada um que lá vai tem direito a um prato de feijoada, a pão e vinho. Também há broas a vender.

 

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E vamos dando por terminado este post, passando de seguida ao vídeo resumo, onde inclui todas as imagens deste post, bem como outras imagens que fomos publicando por altura do São Sebastião dos últimos anos e ainda algumas fotografias não publicadas que farão parte do post final da freguesia de Alturas do Barros e Cerdedo.

 

Aqui fica, espero que gostem:

 

 

 

Post do blog Chaves dedicados às festas de S. Sebastião:

 

https://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-festas-do-1487355

 

E quanto a aldeias do Barroso de Boticas, despedimo-nos até ao próximo domingo em que teremos aqui a aldeia de Atilhó.

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

CÂMARA MUNICIPAL DE BOTICAS, Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas - Câmara Municipal de Boticas, Boticas, 2006.

TORGA, Miguel – Miguel Torga – Obra Completa - Diários VIII, XI, e XVI - Circulo de Leitores, Rio de Mouro, 2001.

 

WEBGRAFIA

 

http://www.cm-boticas.pt/

07
Jun20

O Barroso aqui tão perto - São Salvador de Viveiro

Aldeias de Barroso - Boticas


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São Salvador de Viveiro

 

Nesta nossa ronda pelo Barroso de Boticas, hoje chegou a vez da aldeia de São Salvador de Viveiro, ou simplesmente Viveiro, como comummente é conhecida.

 

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Era uma aldeia que tínhamos uma certa curiosidade em abordar, isto porque alguém nos falara dela, dizendo-nos ser uma das aldeias mais interessantes do concelho de Boticas, e por conseguinte, o seria também do Barroso.

 

 

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Já ia sendo nossa conhecida ao longe, pelo menos vista desde o Outeiro Castro Lesenho ou da estrada que liga a ER311 à aldeia de Carvalho, desde onde, de ambos os locais, dá para perceber um pouco da aldeia no seu todo, sendo nítido que São Salvador de Viveiro se desenvolve em dois núcleos distintos e até separados fisicamente. Um núcleo mais antigo e o outro bem mais recente. Colocadas e parecendo terem sido construídas e localizadas estrategicamente, e precisamente entre esses dois nucelos, está a estrada de acesso à aldeia e escola primária. Mas penso ter sido apenas uma coincidência.

 

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Claro que estes dois núcleos têm características completamente diferentes. O núcleo mais antigo é mais concentrado e denso, com ruas estreitas e o casario antigo e tipicamente barroso-transmontano, com casas construídas em granito de pedra solta, à vezes em perpianho e quase todo unido por paredes meeiras a desenvolver-se ao longo desses arruamentos.

 

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Já o núcleo mais recente, embora concentrado é mais disperso, com construções isoladas, cada uma delas com os seus quintais de terreno envolvente, com um tipo de construção mais globalizado, pós anos 70 e um pouco igual por todo o país, onde a pedra é substituída por paredes de alvenaria de tijolo ou bloco de cimento, rebocadas e pintadas ao gosto do freguês, onde não faltam também, algumas de influência francesa e suíça, tipo “maison”.

 

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O Núcleo novo, por ser mais aberto, disperso e mais colorido, ou pelo menos a emitir a luz que o granito velho das casas antigas não emite, torna-se mais visível ao longe, enganando quem vê a aldeia à distância, pelo menos a nós que nos interessa muito mais o Barroso típico e mais antigo. Mas lá diz o ditado, “as aparências iludem”, e aquilo que a aldeia aparenta ao longe, não mostra a realidade da sua intimidade. Diga-se também, em abono da verdade, que pelo menos houve o bom senso de manter o núcleo antigo mais ou menos bem preservado, enquanto que o novo núcleo, é implantado num espaço próprio, que em nada interfere com o antigo, tal como deveria acontecer em todas estas aldeias seculares.

 

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Mas avancemos para a intimidade da aldeia,  e para a nossa primeira e única visita que lhe fizemos para a recolha fotográfica e de algumas informações,  para a podermos ter hoje aqui. Pois foi assim, segundo os meus apontamentos do dia, registados à chegada e entrada da aldeia, com a escola em frente, temos:  “Viveiro, dia 1 de junho de 2018, chegada às 8h07, dia muito nublado e escuro”. Recordo que a seguir a estas notas, vimos uma placa que nos indicava – SANTUÁRIO -  para a direita. Ora já nem parámos, tão rápido entramos na aldeia como saímos, em direção ao Santuário, que mais à frente, noutra placa, viemos a saber ser o  Santuário do Divino Salvador.

 

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Bendita a hora em que vimos e seguimos a placa do santuário, pois este post não ficaria completo sem as suas imagens do santuário. Um pequeno conjunto isolado e protegido por uma pequena elevação, onde o silêncio só não é silêncio porque a passarada insiste em quebrá-lo com o seu chilrear e algumas melodias.

 

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Visitado o Santuário, onde acabámos por estar quase uma hora, regressámos à aldeia, nova passagem pelo seu núcleo novo, sem parar, e fomos indo até atingirmos um pequeno largo antes da igreja. Parámos para as primeiras fotos, e pelos inícios a aldeia prometia. Não só o casario mas também o movimento da aldeia, em hora de ponta da saída do gado para as pastagens.

 

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Gado que se repetia, no seu andar pachorrento, em quase todas as ruas da aldeia havia vacas e de vez em quando um touro, de raça barrosã e outras raças à mistura, tantas, que cheguei a uma altura comentei com um senhor da aldeia que levava meia dúzia delas para a pastagem: “ Caramba, nunca vi uma aldeia com tanta vaca…”, ao que me respondeu, e isto não é nada, só tenho 9, há e um que tem 40.

 

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E la fomos andando e indo pelas ruas da aldeia, aqui e ali mais vacas, todas a sair da aldeia em direção às suas pastagens, e no entretanto uma cadelita aproximou-se de nós, não sei se meiga ou desconfiada, acompanhou-nos uns instantes até que fez um pequeno desvio, abeirou-se de umas portas carrais e de um buraco espreitam dois cachorrinhos. Ah! Mãe vaidosa, sabedora de ser mãe de cachorrinhos tão bonitos e tratados, foi chamar-nos e chamar os cachorrinhos para a fotografia.

 

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Claro que nos deliciamos a fotografar aquelas beldades, a cadelita, sempre ao nosso lado, continuava meiga e vaidosa, penso mesmo que estava a perceber aquilo que dizíamos. Mas foi tempo de partir, que o caminho faz-se andando e nós para esse dia ainda tínhamos muito caminho para trilhar, e Bostofrio já estava à nossa espera.

 

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Tentámos a partida umas quantas vezes, mas era andar umas dezenas de metros e novo motivo nos obrigava a parar, ou mais vacas, ou paisagens até um casal de coelhos bravos nos fez parar, mas sem tempo de podermos fazer tudo, pois entre o parar, pegar na câmara fotográfica e apontar, já os coelhos se tinham posto a milhas, escondidos entre as urzes e as giestas, depressa desapareciam. Pelo caminho ainda apareceu mais um coelho e pelo menos uma bubela, ou poupa-eurasiática de nome científico   Upupa epops. É muito comum nestes vê-las nestes campos de Barroso, e pessoalmente acho-a lindíssima, principalmente pelo seu colorido amarelado cor de mel, com a sua poupa e listas brancas e negras. Bonitas, mas todos me dizem que cheiram mal. Mas isso não o sei, pois nunca estive muito perto de nenhuma, o mais perto que as costumo ver é a uns 8, 9 ou 10 metros de distância.

 

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Pois o meu destaque para esta aldeia de São Salvador de Viveiro, ou as minhas recomendações para se for lá de visita, são, primeiro, de visita obrigatória, o Santuário do Divino Salvador. Depois tem de apreciar uma vista geral sobre o núcleo velho da aldeia, que à saída para Bostofrio, a estrada transforma-se num autêntico miradouro, não só sobre o núcleo velho da aldeia mas também sobre a paisagem e pastagens que envolvem a aldeia.

 

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Obrigatório também é percorrer as suas ruas e ir apreciando o casario, a sua igreja, alminhas, tanques e bebedouros, canastros etc. E se for logo pela manhã ou pelo fim da tarde, delicie-se com o movimento das ruas e a música pausada dos chocalhos a chocalhar conforme o andar das vacas, e nas manadas maiores, tente descobrir no meio delas, o touro, fácil de identificar, e em geral são mansos, tal como as vacas, convém é respeitar o caminho dele e delas, dar-lhes prioridade à passagem, evitar gestos bruscos, etc, ou seja, respeite-as e não se meta com elas, que elas também não se metem consigo. Pode cumprimenta-las, falar com elas, tirar-lhe fotografias, etc, mas não espere por qualquer resposta.

 

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Isto do gado nas aldeias é engraçado e muitas vezes veem-se a andar pelas ruas sozinhas, pachorrentas, mas nunca param, e uma vez conhecido o seu itinerário, seguem em manada sozinhas para os seus destinos, que em geral só são dois, o da pastagem e o da corte onde dormem.      

 

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E agora vamos ao nosso itinerário para chegar a São Salvador de Viveiro. Itinerários que em Boticas, primeiro parecem complicados, mas que depois de se conhecer, são muito simples, pois basta ter como referência 3 ou 4 localidades e estradas. A grande maioria dos itinerários para as nossas visitas têm como ponto de partida a EN103 até Sapiãos, depois o desvio para Boticas e depois a ER311,  e por fim a Carreira da Lebre. A negrito e sublinhado ficaram as estradas e locais a ter em conta, ou por onde obrigatoriamente temos de passar para a grande maioria dos nossos destinos de Boticas, onde só há duas exceções para outros itinerários, que falaremos deles quando formos para uma das suas aldeias. Para já, o ponto mais importante até é a Carreira da Lebre, pois a partir de aí temos de tomar uma decisão, o se seguir em frente, virar à esquerda ou à direita. Para o de hoje, tal como paras as aldeias que já abordámos até hoje, vamos em frente, e a partir da rotunda da Carreira da Lebre é só ir com atenção às placas da estrada, para vermos quando aparece o nome da aldeia que queremos visitar. Claro que o nosso ponto de partida é sempre a cidade de Chaves. Ficam os nossos mapas e com as indicações já dadas nada mais acrescentamos.

 

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E agora vamos ao que dizem os documentos sobre esta aldeia, começando pela monografia de Boticas - Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas:

 

Localização geográfica: A freguesia de S. Salvador de Viveiro situa-se na parte Centro/ Oeste do concelho de Boticas.

Distância relativa à sede do concelho: aproximadamente 11,5 km

Acesso viário: pela ER 311 até aparecer a indicação Viveiro. Percorre-se um pequeno troço da EM 519-B e segue-se pelo CM 1036. Em alternativa segue-se pela ER 311 e, virando na indicação Viveiro, segue-se pelo CM 1036.

(…)

Orago: Divino Salvador do Mundo

Festas e Romarias: S. Sebastião, Janeiro, Viveiro; Divino Salvador do Mundo ou S. Salvador do Mundo, segundo Domingo de Agosto, Viveiro

(…)

Pontos de Interesse: Forno do Povo de Viveiro;  Santuário do Divino Salvador do Mundo.

 

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E concluímos hoje a abordagem de todas as aldeias da freguesia de Vilar e São Salvador de Viveiro, ao todo 6 aldeias (Agrelos, Bostofrio, Campos, Carvalho, Vilar e Viveiro). Assim, no próximo domingo, faremos o post da freguesia, que será mais das antigas freguesias de Vilar e Viveiros, hoje uma só. Será um post um bocadinho diferente daquilo que é habitual, pois é dedicado ao conjunto, onde abordaremos temas como o do evoluir da população, o território, etc., em que ficará também um resumo com todos os pontos de interesse sobre a freguesia.

 

 Assim, ficamos por aqui e só nos resta apresentar o vídeo resumo com todas as imagens hoje aqui publicadas, espero que gostem.

 

 

BIBLIOGRAFIA

CÂMARA MUNICIPAL DE BOTICAS, Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas - Câmara Municipal de Boticas, Boticas, 2006

 

WEBGRAFIA

http://www.cm-boticas.pt/

 

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