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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

02
Dez13

XX Encontro de Fotógrafos e Blogues em Alhariz


 Santa Mariña de Augas Santas

Cumpriu-se mais um encontro de Fotógrafos e Blogues promovido e organizado pela Associação de Fotografia e Gravura – LUMBUDUS, o XX encontro, este a acontecer mais uma vez na vizinha Galiza, mais propriamente à volta de Alhariz, com visitas a Santa Mariña de Augas Santas, ao Castro de Armeá, Ecoespazo do Rexo e Alhariz.



Santa Mariña de Augas Santas

Mais de 50 participantes sem medo ao frio cumpriram um programa que, pelo interesse dos motivos, dos locais e da sua história, precisava de muito mais tempo  para ser cumprido eficazmente, mas cumpriu-se, pena, que fosse precisamente Alhariz a prejudicada com a velocidade em que a luz do dia se esfuma nesta época do ano. Mas outras oportunidades haverão para que Alhariz tenha o merecido clique dos Lumbudus.



Santa Mariña de Augas Santas

Em Santa Mariña de Augas Santas a imponência da igreja atrai logo os primeiros olhares, mas depois de se entrar na pequena localidade dá para ver que não é só a igreja, que só por si merece todas as visitas. Por lá tudo é imponente, as vistas sobre Orense, os majestosos e seculares carvalhos no átrio da igreja, o casario eclesial onde que dá guarida ao bispo de Orense nos dias quentes de verão e até as esculturas dos cães que servem de guarda ao casario eclesial demonstram a sua imponência e poderíamos ficar por aqui se o Castro de Armeá e a Basilica de Asunción e os fornos não ficassem a umas poucas centenas de metros de Santa Mariña.



Castro de Armeá

Há toda uma tradição ligada à Santa Mariña e à sua morte ligada à Basilica da Asunción e aos fornosonde a santa foi condenada a morrer, bem como ao Castro de Armeá, a uma centena de metros destes fornos.


Castro de Armeá

O tempo dos relógios é implacável, nunca para, e até parece que os ponteiros andam mais depressa quando o interesse dos locais visitados aumenta, mas há momentos do programa que não podem ser, ou não convém serem adiados, como é o caso do almoço e, o bom censo recomendou o consenso de se deixar para p período da tarde a visita ao Ecoespazo do Rexo.


Basilica da Asunción e os Fornos




Após o almoço, este sim em Alhariz, que saciou os estômagos e aqueceu os corpos e o espírito partiu-se então para o Ecoespazo do Rexo localizado em Requeixo de Valverde (a poucos quilómetros de Alhariz) onde a arte se concilia e confunde com a natureza. As pastagens, ovelhas um riacho são harmoniosamente quebradas pelas pinturas de rochas e árvores de autoria de Agustin Ibarrola. Sem dúvida um bom exemplo de como o espaço rural pode ser recuperado e valorizado como neste caso, com uma exploração de ovelhas, uma quinta-escola silvo-pastoril e uma fábrica de queijos, conciliando-se com um espaço artístico, conjunto que além da recuperação do espaço se transforma num polo de interesse turístico que pela certa encanta todos quantos o visitam.



Castro de Armeá

Por fim a visita a Alhariz, já com a noite a anunciar-se, ou seja, já com a escassez da luz que os fotógrafos tanto necessitam para as suas imagens. Como a visita fotográfica às margens do rio ficava assim abortada, o grupo dividiu-se entre uma visita nas ruas do centro histórico de Alhariz e pela visita à Fundación Vicente Risco, onde, na véspera do 1º de dezembro que em Portugal se celebra a restauração da independência, pudemos visitar uma exposição sobre Bernardino Machado e a I República Portuguesa. Esta alusão ao 1º de dezembro nada tem a ver com a exposição da Fundação Vicente Risco, mas apenas é curiosa por os galegos manifestarem um interesse pela história de Portugal quando nós (salvo seja) cada vez mais a desprezamos, e  uma prova disso é a do dia de hoje, 1º de dezembro em que o feriado que celebrava a Restauração da nossa Independência de 1640, passou a dia comum, em prol da recuperação de uma economia que cada vez se afunda mais.

 


Alhariz

Mas o interesse da Fundação não se fica nesta exposição, mas na sua missão de ter ao dispor dos investigadores toda a bibliografia e documentação de Vicente Risco e do seu filho Antón, precisamente naquela que foi a casa de família.



Ecoespazo do Rexo

Curiosamente também se guarda nesta fundação um busto de Manuel Blanco Romasanta – o “Homem Lobo” galego que era visita frequente de Chaves, pois segundo ficou apurado no seu julgamento, deslocava-se com alguma frequência a Chaves para vender unto a uma farmácia da Rua Direita, isto ainda nos meados do século XIX.



Ecoespazo do Rexo

Segundo reza a história Manuel Blanco Romasanta nasceu em Regueiro, em 1809 e a sua história quase desde o berço que começa a intrigar os estudiosos, pois foi batizado com o nome de Manuela e crismado com o nome de Manuel, talvez um possível caso de hermafroditismo, dizem alguns.  Alfaiate de profissão, sabia ler e escrever, bom cristão de aparência frágil, caráter afável e educado até que a sua vida muda bruscamente após a morte da sua mulher, três anos após o casamento, passando a vendedor ambulante fazendo-se acompanhar nas suas viagens de mulheres com filhos que iam desaparecendo de maneira misteriosa.



Ecoespazo do Rexo

O imaginário do povo começa a sugerir cenas horríveis e a divulgar a crença de que o unto que vendia, principalmente em Chaves, era feito de gordura humana.  Em 1852 é capturado perto de Toledo e posteriormente, em 1853, é julgado em Alhariz, confessando ter devorado 13 pessoas sendo o caso intitulado com “Causa contra o homem lobo”, que lhe valeu a condenação à morte, que viria a ser revogada para prisão perpétua e degredo em Ceuta, onde viria a morrer 10 anos depois. A vida real e muita lenda associada a este personagem do homem lobo levou a escrita de alguns romances, muitas canções e alguns filmes.


Fundação Vicente Risco

Fundação Vicente Risco - Luís Risco Daviña a mostrar o busto do homem lobo

Fundação Vicente Risco - Cartaz de um dos filmes sobre o homem lobo

E com a história do homem lobo terminamos também este breve relato daquele que foi o encontro de inverno, o XX Encontro de Fotógrafos e Blogues, promovido e organizado pela Associação de Fotografia e Gravura, Lumbudus, ficando também a foto de “família” de todos os participantes.




Um agradecimento especial para Luis Risco Daviña por toda a colaboração neste encontro e pela visita guiada à Fundação Vicente Risco e a Alfonso Vasquez Monjardin por nos ter servido de guia e contado a história dos locais visitados durante toda a manhã.



07
Set11

Palavras colhidas do vento... por Mário Esteves


 

Já vão anos, quando pelas manhãs nos reuníamos ocasionalmente, eu e o doutor Mário Carneiro numa pastelaria da Rua Direita, e depois de cada um pedir um pastelinho de Chaves ou um bolo, um pingo directo ou um galão, contávamos, ele, cada vez mais o número de aquistas e as virtualidades das termas de Chaves e eu, mais crítico, as desditas e as potencialidades da urbe.


Devo dizer que o doutor Mário Carneiro me conhecia desde criança, não só pela sua condição de médico, injustamente amarrado à fama de bom “doutor de crianças”, como pela minha frequência desde muito cedo das Caldas, graças a uma tia materna, que me perdoem, era uma autêntica ninfa daquelas águas termais.


Ainda tenho uma fotografia de grupo, na qual, além da minha tia Lina, figuram o António, o Bexigas banheiro e as meninas da “buvette”, eu de cócoras, de boina e calções, meias e sapatos brancos.

 



Em casa, dizia-se que eu estava no “livro de ouro” das curas prodigiosas das termas, pois tinha nascido com icterícia, e a conselho do doutor Carneiro, deram-me nos primeiros tempos de vida um nadinha de água diariamente o que fez erradicar em pouco tempo aquele mal. Nunca indaguei o doutor Carneiro, nem acerca da cura ou da terapêutica, mas o certo foi ter a sua amizade até ao seu falecimento, salvo um amuo pouco resistente da parte dele, por não me ter inscrito como sócio nem angariado outros para os “Lyons”, com a finalidade de criar uma secção local.


Como sabem o doutor Carneiro foi celebrado director clínico das termas - não conheci outro, salvo o doutor J. Afonso Guimarãis, assim mesmo com esta grafia -  e nessa função, corria Seca e Meca, e Olivares de Santarém, para honra e glória das Termas e correspondia-se com hidrólogos e outras personalidades relevantes da ciência médica e da cultura. De tal modo era o seu fervor pelas Caldas, que não hesitava em limar as arestas rígidas da verdade científica em prol das virtudes das águas de Chaves. Nada grave, nem censurável que não fosse justificado pela sua incomensurável dedicação às Caldas de Chaves, a esta cidade e às gentes flavienses.

 


Durante algum tempo, malquisto com a presidência da autarquia, beneficiou posteriormente de um reconhecimento merecido.


Nesse período e aproveitando uma dessas nossas tertúlias matinais, no decorrer da conversa e sabendo eu que o município de Allariz - “chave do reino de Galiza”, no dizer de um dos filhos de Afonso X, e que eu visitava amiúde e há muito -, tinha recebido o Prémio Europeu de Planificação Urbana, em 1994, alvitrei porque, agora congraçado com a edilidade, não levava os responsáveis, de passeio à vila alaricana, que eu considerava e ainda considero um exemplo.


Além das razões que tinham a ver com a cidade em si, a forma de organização, crescimento e planificação, que me entusiasmavam, açodei-o com um poderoso e sólido argumento, que era poder degustar umas enguias na então familiar Casa Fandiño.


Passadas uns largos tempos, uma manhã lembrei-me, de perguntar-lhe se chegara a visitar Allariz e na companhia sugerida, ao que me respondeu afirmativamente e até com visível satisfação.

 


Quanto às enguias, nem foi necessário referir. As enguias, as amêijoas, o cabrito …


Em relação ao resto, mais importante, insisti, pretendendo pormenores.


-“ Gostaram …” - Disse entre sério e evasivo.


Entretanto, como dias antes, começassem a surgir uns patos no Rio Tâmega, nas proximidades da ponte Romana e as poldras, e o mesmo sucedia no Arnoia, rio que banha Allariz, mais precisamente a montante do Museu do Couro - “Fábrica de Curtidos Familia Nogueiras” e próximo do “Muiño do Burato” - Museu do Tecido “O Fiadeiro”, onde até lhe edificaram um refúgio no meio do rio, que mais tarde, este num dia de ira destruiu, desafiei-o:


- Parece-me que da visita, apenas trouxeram os patos …


Sorriu e fazendo intenção de se levantar, respondeu:


-“ Bem … esperam-me os amigos das caldas.”


Passaram vereações e ainda existem patos no rio Tâmega. Poucos e mais para lá da Ponte Nova ou Marechal Carmona. Uns três ou quatro, que são os que tenho visto, mas existem, dos muitos que em seu dia chegaram a haver.


As margens do rio, no âmbito do Programa Polis, entre a azenha do Agapito até à estação elevatória da água, foram objecto de uma intervenção, do que resultou entre outras coisas, um circuito pedonal e uma via para ciclistas, ambos frequentados com sucesso.


 Enquanto, Allariz, prossegue a melhorar o seu Parque Etnográfico do Rio Arnoia, do qual já referimos dois dos seus espaços museológicos, usufruindo ainda a vila e os seus numerosos visitantes, do Museu do Brinquedo (Museo Galego do Xuguete), o Museu Aser Seara – Museu Iconográfico de Allariz, a Fundação Vicente Risco com uma recriação da casa do escritor e ensaísta, autor de prolifica obra, e o museu de arte sacra do convento de Santa Clara de Allariz, este fundado pela Rainha Dona Violante, esposa de Afonso X, o Sábio, de cujo acervo não podemos deixar de assinalar a “Virxe Abrideira” e “a cruz de cristal”.

 


Arruar por Allariz, pisar as grossas lajes de granito, levantar os olhos para as suas igrejas - as igrejas de San Esteban (Santo Estevo) e de Santiago -, antigos paços, entrar na venda de licores Zirall, admirar a magnifica frontaria do edifício que a aloja, é um deleite para os sentidos e a alma, quem a tem.


Nos arredores deixar de visitar a Igreja de Santa Mariña de Águas Santas ou a cripta do santuário do mesmo nome ou o bosque do Rexo do mágico Agustin Ibarrola, é pecado sem remissão.


Conversar com Xan Bobillo, antigo viajante forçado e infatigável, provisoriamente encalhado em Allariz e dela ausenta agora, familiar do poeta Antón Tovar Bobillo, saber novas na Oficina de Información através do sempre solícito Xose Manuel, perambular pelas estantes da Aira das Letras ou nela iniciar uma cavaqueira sem fim com o professor Estraviz e finalmente abancar na Baiuca ou na “Sociedade Nacionalista Roi Xordo” e saborear um “cortado” e uma “augardente de herbas”, ou amesendar-se no restaurante “A Fábrica de Vilanova”, e cear sob as sábias sugestões de André Arzúa, são um autêntico prazer vivido. 

   

A dor visita-me o ombro e o braço em convalescença e só por isso sou obrigado a deixar de escrever, pois muito haveria que contar…, ficam de fora a festa do boi, do Xan de Arzúa, a festa de San Benito ou San Bieito, dos “dulces e almendrados”, por outro lado convém interromper esta autêntica torrente, pois se continuo a cortejar Allariz, a minha paixão é Chaves. 

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