Ao longo da vida deste blog, os sábados, têm sido reservados para o nosso mundo rural flaviense. Já fizemos várias rondas pela totalidade das nossas aldeias, quer com posts simples, pelo menos um post completo por aldeia, depois fizemos a ronda do post vídeo, em que cada aldeia teve direito ao seu vídeo e, ultimamente, estamos com a rubrica “Alminhas, nichos, cruzeiros e afins”, em que a ideia inicial era fazer jus ao título e deixar as capelas e igrejas para uma segunda série só a elas dedicada. Mas, embora os temas iniciais deem panos para mangas a verdade é que, mesmo assim, algumas aldeias iriam ficar de fora desta ronda, pelo que, vimo-nos obrigado a alargar a temática às capelas e igrejas, dividindo as igrejas em românicas e restantes.
Estes posts tentarão ser completos para cada aldeia, ou seja, trazerem aqui tudo que nas aldeias existe sobre a temática, mas, pois há sempre um mas, o post poderá não ser completo, por uma razão, a de que no nosso arquivo poderemos não ter registos de todos esses símbolos religiosos, isto porque quando fizemos as nossas visitas às aldeias, e a última já lá vai há uns anos, esta rubrica ainda não existia e daí não termos tido a preocupação de andarmos à procura deles ou perguntar nas aldeias se tais existiam. Hoje e nos próximos tempos fazemos fazendo os posts com aquilo que temos em arquivo, mas fica prometido que haverá uma nova ronda pelas aldeias flavienses e aí já teremos em atenção esta temática.
Acrescentámos e alterámos também na legenda do nosso mapa de localização/inventário os símbolos das capelinhas e capelas, igrejas, igrejas românicas e cruzes/padrões funerários, estas(es) últimos não são os dos cemitérios, onde naturalmente abundam, mas antes aquelas cruzes/padrões que aqui e ali se vão erguendo à beira dos caminhos e estradas, ou outros locais, assinalando mortes violentas, devido a acidentes viários, atropelamentos, afogamentos ou mesmo assassinatos. Mortes que em geral são de pessoas mais jovens, que aconteceram fora de tempo e do seu meio mais familiar. Estes símbolos funerários são também um dos traços da cultura portuguesa, erguidos pelos familiares das vítimas em sua homenagem e lembrança, apelam também orações aos crentes implorando pela salvação dos que aí morreram. Cruzes/padrões funerários que alguns são erguidos sem qualquer registo de identificação dos que aí tombaram, mas que noutros têm os nomes das pessoas, o dia da morte e às vezes até fotografias, assemelhando-se em tudo uma lápide fúnebre de cemitério.
Depois desta introdução explicativa e mais longa que o habitual, entremos então nas Nogueirinhas, onde já para trás deixamos em imagem a sua capela e uma cruz funerária em cima de uma rocha da barragem das Nogueirinhas. Já de seguida fica um cruzeiro sem cobertura, de construção recente (já deste século), junto à estrada entre as Noguerinhas e Curral de Vacas, que foi construída aquando da construção da barragem, um cruzeiro descoberto, com uma cruz com cerca de 3 metros de altura, em granito, com cristo crucificado numa imagem metálica tridimensional, a cruz é assente numa base também em granito (cubo), assente num pequeno patamar quadrado, servido em todas as faces por dois degraus.
O Santuário de Santa Luzia
Já por aqui tinha dado notícia da existência deste santuário em honra de Santa Luzia. Trata-se de um santuário privado, implantado em terrenos privados, mas com acesso público. Pelas informações que então obtive, trata-se de um santuário erguido recentemente (as imagens são de 2016) por uma pessoa natural da aldeia, então residente nas proximidades, e que eu saiba, é mesmo um santuário erguido por devoção dessa pessoa. Se o termo de arte naïf se pudesse aplicar aos santuários, este seria um santuário naïf, pois embora seja erguido em honra de Santa Luzia, nele temos representada a aparição e Nossa Senhora de Fátima aos pastorinhos, com a imagem da Senhora e dos três pastorinhos sem faltarem as ovelhas, mas pelo meio temos ainda imagens do Cristo Rei, de Santo António e num ponto mais elevado as três cruzes do Calvário, estas simples, em troncos de madeira, sem as figuras de cristo e dos dois ladrões que o acompanhavam na crucificação.
O lugar é bonito, quando lá fomos o verde da erva, bem aparada, cobria todo o chão, pelo meio umas oliveiras e sobreiros compunham o espaço, ao fundo alguns pinheiros rematavam o santuário. As rochas e elevações foram aproveitadas para colocar as imagens, à exceção das ovelhas que estava um pouco dispersas a pastar pelo recinto. A Norte o santuário remata num talude encimado por um caminho de terra batida, excelente para ver todo o conjunto. No meio, existia ainda uma pequena plataforma em cimento, sem degraus, apenas elevado do solo em cerca de 10 cm, coberto com um toldo, que segundo informações era um espaço reservado para celebrações religiosas, onde segundo apurei também na altura da nossa visita, já se celebrou lá missa campal.
Para terminar, fica o nosso mapa de localização/inventário com mais uma capela, um cruzeiro, uma cruz funerária e um “Santuário”.
Resto de um bom fim-de-semana.