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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

01
Abr16

Discursos sobre a cidade - Por António de Souza e Silva


SOUZA

 

 

DESENVOLVIMENTO DO ALTO TÂMEGA

AS NOSSAS INTERROGAÇÕES

 

I

 

Os sistemas produtivos locais das "regiões que ganham" organizam-se em torno de dois eixos:

 

  • a coesão interna: capacidade de os vários actores do sistema conceberem uma estratégia comum de desenvolvimento;

 

  • a abertura ao exterior: a capacidade de o local estabelecer contactos externos e aceder às dinâmicas de desenvolvimento globais.

 

Na base deste dois eixos está o conceito de densidade institucional, essa característica que, assente nas relações de proximidade, assegura a coesão dos sistemas produtivos locais pela lógica de ação coletiva fundada nas convenções e instituições locais, e deste modo, funciona como o ponto de partida para os territórios construírem os seus processos de desenvolvimento.

 

Temos a base e os eixos em que se articula o desenvolvimento territorial. Mas como se criam as competências fundamentais para a competitividade desses sistemas produtivos? Para a elaboração deste emergente paradigma do desenvolvimento local e a "explicação" da competitividade territorial surgem quatro conceitos chave que estão obviamente interligados e se reforçam mutuamente (BRAMANTI):

 

  • inovação; learning (aprendizagem); redes; governância.

 

 

figura 1.JPG

 

 

 Fonte: Bramanti (1999); (Retirado de Cerqueira, 2001)

    Figura 1.– O emergente papel do território: uma visão diagramática dos quatro fatores chave

 

Desde a nova teoria do crescimento endógeno até às abordagens evolucionistas, a inovação é hoje consensualmente vista como um motor de crescimento. O que as novas abordagens do desenvolvimento regional fizeram foi incorporar o espaço como um fator "interno" no processo de criação e difusão de inovação.

 

Mas devemos aqui entender inovação no seu sentido mais lato, ou seja, mudanças benéficas, sejam ela técnicas (novos produtos ou melhorias nos existentes), organizacionais (métodos de gestão) ou institucionais (mudanças de hábitos ou mentalidades) (MAILLAT e KÉBIR).

 

A importância dos processos de aprendizagem já foi salientada para a criação das "competências" necessárias aos sistemas produtivos locais (tecnologia, know-how, qualificação dos recursos humanos e métodos de gestão) para responder aos desafios da globalização e da learning economy. Globalização e learning economy são dois conceitos intimamente ligados por um processo de causalidade cumulativa: o surgimento de uma economia mundial integrada permitiu uma aquisição de informação, competências e tecnologias mais rápida e com menos custos que no passado; por outro lado, a globalização tem sido impelida pelas novas tecnologias de informação, que tem funcionado um pouco como o seu "meio de transmissão" (JOHNSON e LUNDVALL). Ou seja, quanto mais global é uma economia mais learning economy se torna, e vice-versa.

 

O impacto positivo das novas tecnologias de informação na produtividade só poderá ser aproveitado pelo local se as suas redes de cooperação forem capazes de integrar e difundir estes processos de inovação, tornando-se também redes de "conhecimento intensivo". E a competitividade territorial só será alcançada se essas redes, apoiadas na sua base local, ultrapassarem essa dimensão conseguindo gerir as diferentes fases da atividade produtiva (financeira, I&D, marketing, distribuição) que hoje se realizam a uma escala global.

 

A governância é o conceito usado para descrever o processo organizativo, ou se preferirmos, político, que une conceitos (inovação, aprendizagem e redes) na elaboração duma estratégia de desenvolvimento, e que é dependente da capacidade dos atores e instituições duma região, ou seja, da sua densidade institucional.

 

O que daqui resulta é que para além da força motriz do mercado e da capacidade reguladora do Estado, deve existir uma outra entidade a que BRAMANTI chama de integradores do sistema (sejam agências de desenvolvimento, associações empresariais, etc.), e cuja função será fomentar os processos de criação de bens públicos e sobretudo bens relacionais, ou seja, funcionarem como agentes de mediação no estabelecimento da estratégia de desenvolvimento que passa, como vimos, pela inovação, redes e processos de aprendizagem. É o papel das instituições que promovem a confiança para cooperar e interagir que facilita a incorporação desse conhecimento. E o que é válido para os processos de aprendizagem também o é para a inovação e a criação de redes, onde a dicotomia mercados/Estado dever ser substituída por uma relação de complementaridade traduzida numa governância de base local.

 

figura 2.JPG

 

Fonte: Bramanti (1999); (Retirado de Cerqueira, 2001)

 Figura 2. O Os processos de desenvolvimento territorial - Da base ao ponto de chegada

 

São estes os quatro pilares em que assenta uma estratégia de desenvolvimento local e a forma como eles se interrelacionam. E é da combinação "correta" desses fatores que se explica as histórias de sucesso de certas regiões e o declínio de outras. Esta combinação deve ser vista em articulação com os dois eixos atrás definidos: o grau de coesão interna do sistema e a sua capacidade de abertura ao exterior (redes transnacionais ou o circuito global de produção), isto é, se o isolamento do exterior provoca uma "morte por entropia", o excesso de abertura anula os efeitos da proximidade e provoca a desintegração do sistema. É então no equilíbrio entre este dois eixos que a mencionada combinação correta se estabelece.

 

Contudo, as regiões mais desfavorecidas não possuem as pré-condições necessárias – uma densidade institucional que, articulada numa coesão interna e numa relação com o exterior, construa um processo de desenvolvimento baseado nos quatro fatores chave atrás referidos - o que as remete para um círculo vicioso de pobreza e desfasamento.

 

O que aparece então como central numa política pública de desenvolvimento local para as regiões mais desfavorecidas é a inversão desse círculo vicioso. A estratégia para estas regiões deve ser a de estabelecer os meios com os quais se ultrapassem os limiares mínimos de densidade material e institucional que qualificam um determinado espaço (REIS, 1999). O que passa por intensificar as bases (económicas, sociais e culturais) que concorrem para a formação duma coesão interna apoiada em características coletivas (não privadas), e lançar instituições formais, sobretudo as que incentivam os processos de aprendizagem. Desta forma, iniciam-se processos de causalidade cumulativa para criar a necessária densidade institucional, a condição primeira para uma competitividade territorial capaz de gerar o bem-estar local.

 

Ou seja, há um limiar mínimo de densidade que é necessário atingir, uma base que é necessário criar. Temos pois a necessidade de uma nova política de desenvolvimento local que, articulada com esses integradores do sistema ou agentes de mediação, os fomentadores dos processos de criação de bens públicos e relacionais, possa criar essa base para uma estratégia de desenvolvimento que passa, como vimos, pela inovação, processos de aprendizagem, redes e governância.

 

II

 

Lemos atentamente o documento «Alto Tâmega – Estratégia de Desenvolvimento Territorial». Feito, naturalmente, por técnicos cuja competência não pomos em causa e que, no papel, esquadrinharam a estratégia de desenvolvimento do Alto Tâmega, do qual, o concelho de Chaves, faz parte.

 

A responsabilidade deste documento, e da sua estratégia gizada, é da CIM (Comunidade Intermunicipal) do Alto Tâmega.

 

Sabemos qual seja o maior desiderato deste documento e estratégia – a obtenção do maior número de Fundos Comunitários possível de uma Comunidade Europeia que anda a desnorte.

 

Pondo este desiderato de lado, nossa maior dúvida vai para a real eficácia daquele documento e consequente estratégia que propõe. Na verdade, pergunta-se:

 

  • Onde está a capacidade de coesão interna do Alto Tâmega, quando sabemos que, por parte, fundamentalmente, dos seus autarcas, cada qual “puxa” para o seu “feudo”, não vendo a região onde se inserem como um único território e com uma única visão?

 

  • Onde está a abertura ao exterior dos seus autores e atores locais, fazedores do seu próprio desenvolvimento? Temos no Alto Tâmega uma densidade institucional suficientemente credível e forte, com instituições que o compõem, capazes de elas próprias serem integradoras do sistema (territorial) e agentes de mediação capazes de criarem uma base suficientemente forte para uma verdadeira e eficaz estratégia (autossustentada) de desenvolvimento?

 

 

Temos sérias dúvidas.

 

No próximo «discurso» voltaremos a este assunto, esclarecendo nosso ponto de vista.

 

António de Souza e Silva

 

 

17
Jan16

Os domingos de Vidago e algumas meditações...


1600-vidago (1139)-1

 

Hoje deixo-vos Vidago em três momentos, em três composições ou em três estados da sua alma ou de quem a vê. Três momentos e composições que poderiam multiplicar-se ou substituir-se por outros diferentes, mas hoje ficam estes, começando por uma composição aos quais eu gosto de chamar poesia dada em imagem onde o poema e cada um dos seus versos pode resultar daquilo que cada um sente ao entrar nela.

 

1600-vidago (1129)

 

A segunda imagem, que nada tem a ver com a primeira ou a última, leva-nos até outros passeios e outros olhares. Vidago também lá está, por sinal no lugar mais nobre da fotografia, mas a nossa curiosidade leva-nos até à exploração de Arcossó ou lá mais ao longe, de Pinho. Uma imagem à primeira vista até é desinteressante, mas que se for explorada e um pouco explicada, ganha o seu interesse. Nela vemos a Vila de Vidago em primeiro plano e logo a seguir Arcossó no alto de uma montanha com uma das vertentes para o Rio Tâmega que não se vê, mas está lá. Rio Tâmega que ali naquele preciso lugar serve de fronteira entre o Concelho de Chaves e o Concelho de Boticas mas também fronteira de uma região mais abrangente, ou seja a fronteira ente a região do Alto Tâmega e o Barroso. Claro que se fala em fronteiras administrativas, quando muito geográficas se considerarmos o rio como uma barreira natural, mas que na imagem é um todo que visto à distância é mais do mesmo, e na realidade assim é, pois tudo que se vê é apenas um pedacinho, pontinhos apenas no mapa de Trás-os-Montes. Enfim, poderia continuar por aqui a explorar geograficamente falando a imagem que, embora sem poesia, bem explorada, pode ser muito mais interessante do que a primeira imagem.

 

1600-vidago (1132)

 

O terceiro momento de hoje é de uma imagem a preto e branco. Se não fosse pela poesia e por outros devaneios que se atribuem às imagens coloridas, dos quais até gostamos de desfrutar, eu diria que a essência da fotografia está toda na imagem a preto e branco onde tudo que é acessório se despista e no final fica só o essencial. Eu diria mesmo que a verdadeira fotografia é a preto e branco, só aí poderemos encontrar a sua magia. Mas tudo isto é a minha opinião e, se por acaso tiverem uma opinião diferente, têm toda a razão, porque a fotografia é tão popular e democrática que cabe em toda as definições e serve todos os fins, é como a tinta…

 

 

18
Abr12

Daqui ao lado


Hoje vão-me desculpar mas vou sair de Chaves e dar uma voltinha por aí, pelos concelhos vizinhos de Chaves e claro que tinha de começar o meu passeio pelos deuses, no caso o Deus Larouco. Fica para uma próxima oportunidade uma visita à Vila (de Montalegre) ou à Portela por uma questão de origens, mas o Larouco é que é o Deus do Barroso.

 

 

Claro que a segunda visita vai para uma aldeia que é também a capital dos canastros ou se preferirem dos espigueiros e pela simples mas muito especial razão do carinho e sentir que tenho por essa aldeia. São novamente as origens a falar. Parada de Aguiar que também pode ser Parada do Corgo, ali logo a seguir a Vila Pouca de Aguiar, como quem desce a montanha para entrar na veiga aguiarense.

 

 

A terceira visita vai ser por Vilarinho Seco um autêntico património da humanidade, cultural e rural onde o barroso ainda se sente e vive. É uma pérola entre montanhas digna de ser visitada sempre, mas não só, pois quase todas as aldeias de Boticas ainda mantêm a sua integridade sem muitas ofensas da modernidade. Vale a pena fazer por lá uns passeios, aliás por todo o Barroso e quase sem exceção, não só porque faz bem à vista mas também podemos sair de lá regaladinhos da barriguinha.

 

 

E da terra fria vamos para a terra quente, mais propriamente para Fornos do Pinhal, em Valpaços, onde para além da riqueza dos bons produtos da terra, mas principalmente do que resulta deles, em especial para os excelentes vinhos, passando pelo azeite e por tudo que resulta dos saberes rurais, podemos apreciar já outro tipo de paisagem mais aberta à luz mas também algumas preciosidades, como o casario solarengo que hoje vos deixo.

 

 

Vinhais também é aqui ao lado e não é só fumeiro que por lá há. Entramos noutra terra fria onde o granito dá lugar ao xisto e a um curioso casario com coberturas singulares também em xisto. Raras mais ainda por lá se encontram, um bocadinho como acontecia e ainda acontece raramente com as coberturas de colmo do Barroso. Vamos até à uma aldeia que dá pelo nome de Cisterna e embora ainda haja por lá as tais construções, deixo-vos com um pormenor que já não é muito usual ver nas varandas rurais. Um mimo.

 

 

E claro, que falando de vizinhos de Chaves, não posso esquecer os nossos amigos galegos. Aliás todas as aldeias da raia deveriam ter um estatuto especial de aldeias irmãs ou qualquer coisa assim parecida como euroaldeias, mas a sério, e não como a eurocidade que se fica pelas aparência, aldeias irmãs como se gozassem de dupla nacionalidade que, quase como na realidade, existe entre os povos dos dois lados da raia.

 

Vamos até um cantinho, outra pérola entre montanha,  ali ao lado de Segirei e que pertencem (e desculpem se me engano) a Soutochão na Galiza, São as cascatas que encantam qualquer que as descubra.

 

 

E por hoje é tudo mas tenham em conta alguns destes passeios e de belezas que não é preciso ir lá fora procurá-las, estão aqui mesmo ao lado e, agora em tempo de crise, em que ainda por cima nos roubaram o subsídio de férias, nem há como se pensarem a sério alguns passeios pelo que é nosso.   

 

 

21
Mar12

Os Castelos que já não nos protegem dos maus...


Castelo de Chaves

 

O Sr. Doutor Cavaco Silva, que também foi professor, funcionário público, economista, 1º Ministro e hoje é Presidente da República e que já tem uma certa idade e por isso também é reformado e deve ter alguma experiencia numas das coisas que foi, deu-se conta, agora, que é preciso repovoar o mundo rural e levar (no nosso caso trazer) de volta as pessoas para a agricultura, a mesma que,  com todos os políticos de todas as cores, ajudou a deixar de poulo quando todas as suas (deles) políticas contribuíram para o despovoamento do mundo rural. Um destes dias também vai dar conta que há poucos barcos a pescar no mar, que em tempos tivemos grandes estaleiros navais com o último em vias de ir à vida e que os comboios afinal também fazem falta e, talvez até se lembre que foi ele (o atual Presidente) quem roubou o Comboio à cidade de Chaves quando esteve no outro poleiro.

 

Castelo de Monterrei - Galiza

 

Claro que o repovoamento rural faz falta e se calha a urgência do repovoamento já é tardia demais. Que venha o povo de volta para o campo, mas primeiro, é preciso dar-lhes condições para voltarem, pois o povo de hoje já não se contenta (e bem) com cultivar os campos para apenas sobreviver. Também querem ter condições e ter por perto aquilo que existe nas grandes cidades, sobretudo ao nível de apoio e infraestruturas sociais e comunitárias, falo-vos por exemplo de hospitais a sério, escolas, pólos de cultura (cinema, espetáculos, música, festas, etc), mas também de outros modos de vida para além da agricultura, pois só a agricultura não chega, mas pode e deve haver um monte de atividades e pequenas indústrias a ela ligadas. Os senhores de Lisboa são pagos por todos nós para pensar e agir. Que pensem (se conseguirem), que reconheçam os seus erros do passado e que ajam pela primeira vez a pensar nos outros para além deles e das seitas que os acompanham e, sobretudo, que ponham os ricos (a quem eles se rendem) a trabalhar para a riqueza de Portugal em vez trabalharem só para a deles.

 

Castelo do Pontido - Vila Pouca de Aguiar

 

Todos sabemos que temos muitas mais riquezas por explorar para além da agricultura. Uma delas é o turismo, mas um turismo a sério, com gente por trás a trabalhar a sério nele, devidamente formada para trazer e receber turistas, e não estou a falar de licenciaturas em turismo, embora também façam falta, mas nos (a)gentes que diretamente trata e terá de tratar com os turistas e nesses, cabemos todos, nós os autóctones, os nossos comerciantes, a restauração e hotelaria, as associações mas sobretudo os políticos têm de ser os primeiros interessados, pois motivos turísticos, não nos faltam,  aliados àquilo que melhor temos – hospitalidade e uma boa mesa.

 

Turismo natural, de montanha, termal, histórico e religioso, de aventura (ligado ao desporto à montanha, ao ar e aos rios), a caça e a pesca (para além dos clubes e associativas). Eu sei lá. As cabecinhas pensadoras de Lisboa e os imitadores de província que pensem nisso em vez de andarem para aí a esbanjar dinheiro em obras inúteis e em querer arranjar outros futuros que não queremos nem têm o mínimo de sustentabilidade.

 

Castelo de Montalegre

 

Mas não quero com isto dizer que o nosso futuro passa pelo turismo. Não, bem longe disso. O turismo poderá ser apenas uma parte de um todo que temos potencialidade de desenvolver, onde também se inclui a agricultura, as pequenas indústrias ligadas às coisas da terra, o comércio e o resto virá por acréscimo onde, se calha, virá também o comboio e retomem o antigo projeto de ligação à Galiza. Agora que o TGV já foi à vida, pois não acredito que tenham coragem de voltar a essa grande asneira que em nada iria contribuir para a nossa felicidade e muito menos economia, pode ser que se lembrem novamente de termos uma rede ferroviária como deve ser, porque o desenvolvimento também passa por aí.

 

Castelo de Monforte de Rio Livre - Chaves

 

Isto tinha aqui conversa para todo o dia e para páginas e páginas de escrita e, estou em crer que os pavões dos políticos também têm alguma capacidade para conseguirem pensar em algumas destas coisas, mas o sistema da busca do “lucro” fácil e rápido que dá acesso ao voto de manutenção é mais atrativo. Concordo com umas palavras que ouvi há dias em que diziam que este sistema está falido, não a democracia, mas já está na altura de deixarmos a alínea a) e passar à alínea b) da democracia. A a) já está esgotada e já vimos que não resulta.

 

Para compor o texto, deixo-vos um roteiro pelos castelos cá do sítio, quem embora não tivesse medido estou certo que cabem todos num circulo com 50 quilómetros de diâmetro e que também já não nos protegem de quem nos quer fazer mal, mas bem podem, ainda, fazer parte de uma parte de um projeto do nosso futuro.

 

 

  

24
Jan11

Crónicas Ocasionais - " ... ou da Meca dos Chouribebes"


 

 

 

“…ou da Meca dos Chouribebes”

 


A NORMANDIA TAMEGANA (para os mais apressados nas leituras esclarecemos que este é o nome que criámos e preferimos para o “Alto Tâmega”) é rica e cheia de preciosidades   - no património Histórico-cultural, na multiplicidade de quadros da Natureza,  nas matizes multicoloridas dos seus céus, na “bendição” (bênção”) dos imensos frutos da sua terra, e na grandeza de alma das suas Gentes.

 

Ninguém  ama com tanta paixão, ninguém sofre com tanta saudade, como um TRANSMONTANO e, em especial, como um NORMANDO TAMEGANO.


…. “Porque és Tu A NOSSA TERRA”!

 

Assim  a cantamos e celebramos na corrente de uma lágrima, sempre teimosa em orvalhar-nos o olhar e a afogar-nos o coração.

 

Já o dissemos, porque o sentimos e o vivemos, que essa TORRE DE MENAGEM é o ponto cardeal de referência de todos esses Lugares, Aldeias, Vilas e Cidades que se albergam na NORAMANDIA TAMEGANA.

 

 

 

 

Por isso, quando nos lembram, sempre que nos falam, de Tourém ou de Salto, da Venda Nova ou de Mourilhe; de Atilhó ou de Torneiros, de Pinho ou de Serraquinhos;   de Canedo e de Santo Aleixo,  de Agunchos,  de Alvadia ou de Penalonga; de Vilarandelo ou de Lebução, de Sonim ou de Águas Revés e de Carrazedo de Montenegro; do Peto de Lagarelhos ou do Cambedo, de Stª Cruz da Castanheira ou de Vilela do Tâmega; do Castelo de Monforte ou do Castelo de Montalegre; do Castro de Curalha ou do Castro de Carvalhelhos; da Srª da Livração, da Srª da Guia e da Srª da Saúde, de Valpaços, ou da Srª da Saúde de Agostém;  da Srª das Brotas, dentro da Fortaleza; do Sr. da Piedade (na Meca dos Chouribebes), ou do Senhor do Monte e do S. Caetano;  do Museu de Fornos do Pinhal, ou do Centro de Artes Nadir Afonso; da Pedra da Bolideira ou da Pedra de Pevide; dos penedos da Mijareta, ou dos lagares na pedra, nos cabeços de Santa Valha; da Srª da Azinheira ou a Capela do Anjo da Guarda (Lebução); das Trutas do Beça e do Mente, ou das Bogas do Rabaçal ou de Paradela; da Sêmea de Lebução e do trigo de 4 cantos, de Faiões, ou da bica de manteiga de Barroso e da costeleta de vitela, do mesmo sítio; do cabrito de Macieira ou da Padrela, ou do cordeiro de Castelões; da «pinga» de Sonim ou de Anelhe, ou de «Balcerdeira» e de Asnela;  do fumeiro de qualquer dessas ALDEIAS, dos grelos da Gaiteira, do Azeite de Valpaços, da aguardente de Merogos, de S. Lourenço; do mel de Boticas; das chegas de touros; d’“O Desportivo”, do Atlético ou do Flávia ; do padre Fontes e Mons. Alves da Cunha; dos «Pardais», dos «Canários» e do «Calypso»; das Verbenas, no Jardim Público; da Feira dos Santos; da bruxa de Escarei ou da bruxa de Amoinha; do Café e do Livro “Terra Fria”; do «Jardelino» e da «Soreta»; do «Pàraqueto», do «Jorge», do Central ou do Ibéria; por isso, quando nos lembram,  sempre que nos falam, dos signos e dos símbolos, dos mitos e dos deuses, dos santos e heróis da NOSSA TERRA, prestamos atenção, escutamos com interesse, e exultamos de emoção.

 

Terra de tesouros , é tempo de cessar de ser maltratada e posta «à margem»!

 

 

Tupamaro

 


02
Jun09

Os olhares de Filipe Martins sobre a cidade


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Há uns anos atrás, o Filipe veio a Chaves ver a bola. Acompanhava o seu clube, o SC Braga, mas além da bola, deitou um olho à cidade e ao centro histórico, que segundo o Filipe, “cativa quem por lá passa”.

 

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Pois pela certa que o cativou mesmo e vai daí que o Filipe parte de novo rumo a Chaves, mas desta vez não pela bola, pois lamenta não acompanhar o seu clube para o ver jogar com o Desportivo de Chaves, num jogo entre os Grandes do Futebol, mas veio (suponho) de passeio, agora munido de máquina fotográfica para tomar umas fotos de Chaves e, ainda bem que veio, pois retratou a cidade no que vai tendo do seu melhor e, hoje honra este blog com as suas fotos.

 

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Tem a fotografia como hobby para além das contabilidades na sua vida de 32 anos, habitante de Braga mas que conhece bem este cantinho e que até o aprecia e diz ele, que recorda bem e até com boas lembranças de miúdo o “martírio” que era fazer a Nacional 103. Pois também eu meu caro Filipe guardo esses martírios de uma longa viagem nas “camionetas cinzentas do António Magalhães” até Braga e vice-versa. Além de um martírio, era uma autêntica aventura para a miudagem, mas compensada com as vistas sobre as barragens e sobre terras do Gerês. Era um mundo novo que se descobria e que também o Filipe nos confessa redescobrir numa viagem de 6 horas entre Chaves e Braga, com muitas fotos pelo caminho.

 

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Habituados que agora vamos estando a vias rápidas e auto-estradas, também eu já começo a ter saudades de uma viagem pela Nacional 103, com todo esse tempo do mundo, com muitas fotos pelo caminho na redescoberta dessas terras tão fantásticas e únicas que se dão numa viagem Chaves-Braga, ou Braga-Chaves, se preferirem. Uma viagem que sem dúvida recomendo a todos, mas com o espírito de levar consigo todo o tempo do mundo, para parar onde lhe apetecer e se necessário for, demorar entre as duas cidades as tais 6 horas do Filipe, ou 7, 8, 9 ou 10 horas, até um dia ou dois, se necessário for, pois encanto como o da Estrada Nacional 103 não há pela certa em todo o nosso Portugal. A mesma nacional 103 que nos atravessa o concelho de lés-a-lés, para levar quem quiser de Braga a Bragança.

 

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Na troca de cartas electrónicas que tive com o Filipe para a devida autorização para publicação das suas fotos, há umas palavras dele que quero transcrever tal-qual como ele mas deixou:

 

 

 

“Sou minhoto e por isso, é-me complicado dizer que existe zona mais bela que o Minho no entanto Trás-os-Montes é seguramente uma paixão... e nessa particular, Chaves é uma pérola em toda essa região. Sempre que posso, aconselho vivamente todas as pessoas a descobrirem essa região... e claro está, não podem esquecer Chaves, cidade que possui um capital histórico e monumental enorme, sendo mesmo uma das principais cidades transmontanas nesse aspecto (tendo como rival maior, Bragança - curiosamente... ambas com fortes raízes romanas.... assim como Braga).” 

 

Como flaviense que sou e, conhecedor também de quase todo o Minho e Trás-os-Montes e Alto Douro, só posso concordar com o Filipe e só tenho pena que este nosso potencial turístico com belezas naturais únicas, tradições e toda uma cultura, sejam tão desprezados e ignorados por quem tem responsabilidades neste país. Infelizmente, continuamos a ser o resto que é paisagem e não é só para os senhores de Lisboa, pois também os de cá, com responsabilidades, se resumem ao provincianismo e à ilusão de um poder renovado de 4 em 4 anos.

 

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Vão-nos valendo as fotografias daquilo que vamos tendo de melhor para fazer valer alguma justiça sobre estas terras, e o Filipe Martins, também contribuiu para esse levar Chaves e estas terras do Norte por esse mundo fora, com que muitos, de terras longínquas, se deliciam.

 

Obrigado Filipe pelas tuas fotos de Chaves mas também pelas tuas simpáticas palavras e paixão que tens por estas terras. Aparece sempre, mas nunca te esqueças da máquina fotográfica.

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E como sempre, fica também o link para a galeria de fotos do Filipe Martins no flickr, onde se apresenta com o curioso nome/nick de Filipe (aka Estico...nhiconhek), galeria que poderá e deverá visitar aqui:

http://www.flickr.com/photos/esticonhiconhek/

Mas o Filipe é também um companheiro da blogosfera, onde vai partilhando as suas fotos e os seus textos, num espaço que intitula de “Minha Sombra” e que também merece uma visita, que a partir de hoje, ficará também com link neste blog:

 

http://minhasombra.blogspot.com/

 

Obrigado Filipe pelas fotos, e ficas debaixo de olho para novos olhares sobre Chaves.

 

Até amanhã.

31
Mai09

São Pedro de Agostém - Chaves - Portugal


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Não há aldeia deste concelho que não se preze do festejo ao seu Santo ou Santa e, da festa anual que chama a si todos os seus filhos e, mesmo que não venham à festa, lá bem longe, onde quer que estejam, recordam os momentos felizes que nela passaram em anos anteriores, alguns já bem longe no tempo, mas para sempre registados na memória.

 

Mas há festas e festas, pois se umas reúnem todos os seus, os vizinhos e amigos, outras há que chamam a si todo o concelho e até gentes de outras paragens bem distantes, não só pela tradição da festa feita de muitos anos, mas também para pagar promessas e por devoção quase obrigatória.

 

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O São Caetano e a Nossa Senhora da Saúde, são sem dúvida alguma aqueles que mais tradição têm neste concelho de Chaves e, também os que mais gente chamam aos seus santuários, aqueles em quem o povo deposita mais fé e aqueles a quem o povo, por cá, mais agradece.

 

Se o São Caetano tem um Santuário isolado no meio da montanha, já o mesmo não se passa com o Santuário da Nossa Senhora da Saúde, que fica mesmo juntinho e ligado à aldeia de São Pedro de Agostém.

 

Pois hoje começam as festividades em honra da Nossa Senhora da Saúde, embora o seu dia grande seja só amanhã e como  hoje, neste blog, também  é dia de aldeias, vamos até São Pedro de Agostém  e até à Nossa Senhora da Saúde e assim tornar possível em imagem, à distância e virtualmente, ter também por aí um pouco da aldeia e da festa.

 

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Quanto à festa, pouco ou nada tenho a dizer, pois os momentos que por lá se vivem têm mesmo de ser vividos in loco e não há palavras para os descrever, pois são momentos únicos que cada um vive com a sua fé ou espírito de festa, mas quanto à aldeia de São Pedro de Agostém, já há umas palavrinhas para dizer.

 

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Curiosamente está aldeia dá pelo nome de São Pedro de Agostém, seu Orago também, mas tem como festejo principal a Nossa Senhora da Saúde, e não é caso único ao nível das aldeias, aliás por tanto acontecer até se torna vulgar festejar para além do seu Orago um outro santo ou santa. Mas como o próprio nome da aldeia indica, trata-se de São Pedro de Agostém, e Agostém é o nome da aldeia mais próxima, que segundo me disseram por lá, hoje seria o dia da sua festa grande, a festa do Espírito Santo e só amanhã haveria lugar ao festejo em em S.Pedro de Agostém em honra da Nossa Senhora da Saúde.  Seja como for e também curiosamente, Agostém não tem nos seus festejos nem a Nossa Senhora da Saúde nem o São Pedro, e a aldeia de São Pedro de Agostém, também não tem o seu Orago nos festejos do seu dia grande de festa. Coisas complicadas de entender mas ainda mais de explicar, mas o que interessa mesmo, é a tradição, pois é ela que manda e contra ela não há argumentos, pelo menos, válidos.

 

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Muita gente que se desloca à festa da Nossa Senhora da Saúde e ao seu Santuário, apenas conhecem o seu recinto e deixam passar ao lado a aldeia de São Pedro de Agostém e, é pena, pois a aldeia merece uma visita atenta.

 

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Para além da Igreja do Santuário que a si chama a maioria dos fieis, a aldeia tem outra igreja, tanto ou mais interessante que a Igreja do Santuário e muito mais antiga. Mas não é só a Igreja e o seu largo que são interessantes, mas toda uma longa rua que nasce precisamente no largo da Igreja e ao longo da qual existem belos exemplares da nossa arquitectura tradicional rural, mas também algum casario mais nobre. Aldeia que pelas suas características e casario bem merecia ter alguma atenção virada para o seu núcleo histórico que seria de toda a conveniência preservar. Preservar sim, mas não só preservar, pois também incentivar a sua preservação e recuperação era necessário, mas que, à luz do que é costume, também é sinónimo de complicar, pois mesmo que as Leis existam, os incentivos ficam sempre na gaveta. A coisa de interesse público é de todos e como tal deveria ser entendida, em todos os aspectos.

 

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São Pedro de Agostém é aldeia e sede de freguesia, que a par de Nogueira da Montanha, é a freguesia com mais aldeias, num total de 11 aldeias, a saber: São Pedro de Agostém, Agostém,  Bóbeda, Escariz, Lagarelhos, Paradela, Pereira de Veiga, Peto, Sesmil, Ventuzelos e Vila Nova de Veiga. Sem dúvida que é uma freguesia grande em número de aldeias e também em território, pois os seus 25,64 km2 de área situam-na em 3º lugar nas freguesias com mais território, só ultrapassada por São Vicente da Raia (36.00 Km2) e Águas Frias (27.95 Km2).

 

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Grandeza que já não se reflecte em termos de população, embora seja uma das freguesias com mais população, mas que tem apenas 1513 habitantes residentes (dados do Censos de 2001). Pois neste campo seria de esperar muita mais população, principalmente pelo número de aldeias e pela sua proximidade com a cidade de Chaves, pois a aldeia mais próxima de Chaves dista apenas 3 quilómetros da cidade e a mais distante, 10 Km.

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Coisas que à primeira vista não se entendem muito bem, mas que já se entendem perfeitamente se tivermos em conta as causas do despovoamento das aldeias, onde o ser uma freguesia essencialmente ligada à agricultura, poderá ser a resposta para todos os seus males da falta de povoamento.

 

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Agricultura que chega a entrar em terras da veiga de Chaves, portanto em terras férteis, mas não só. Poder-se-ia dizer que por lá se davam todas as culturas, mas as mais relevantes são mesmo o vinho, a fruta, os cereais, a batata e também a castanha. Mas também a floresta tem uma palavra a dizer, tal como a pastorícia e a pecuária, mas neste campo, cada vez menos, pelo menos no aspecto tradicional.

 

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Quanto à história da freguesia, possivelmente já é povoada desde o Século VIII, altura em que pelas famílias do afamado Bispo Oduário, teria nascido a Igreja de S.Pedro. Diz a história também que as terras da freguesia teriam sido Couto dos Bispos de Braga e doado em 1133 por D. Afonso Henriques  ao Arcebispo D.Paio Mendes. Reza ainda a história, que D.João I e Nuno Álvares Pereira e os seus cavaleiros, teriam passado em São Pedro de Agostém o Natal de 1385, não de visita aos familiares como é tradição no Natal, mas antes para libertar a cidade de Chaves a Castela.

 

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A localização geográfica da freguesia, as suas montanhas e domínios de vistas sobre Chaves, tornam a freguesia também importantes em termos militares, pelo menos no passado, e se uns a utilizaram heroicamente para libertar Chaves dos Castelhanos, já de outros não se poderá dizer o mesmo, pois foram também estas terras que o General Silveira utilizou quando fugiu cobardemente dos franceses (atenção que o termo de cobarde não é meu, mas da população de Chaves da altura).

 

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E para finalizar uma palavra de apreço para o padre da freguesia, o Padre Ladislau José de Sousa e Silva, que além de amigo é (como costumo dizer) o meu padre de cerimónias, pois foi ele que me casou, que baptizou os meus filhos, mas também os meus afilhados, entre outras cerimónias, todas elas realizadas também, nas duas igrejas da aldeia de São Pedro de Agostém. Também pelo Padre e pelas cerimónias, tenho um carinho especial pela aldeia de São Pedro de Agostém.

 

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Claro que para finalizar tinha de deixar por aqui o programa e cartaz da festa de este ano e, honra da Nossa Senhora da Saúde, que como sempre, vai estar banhada de muito calor, não só o do clima, mas também o calor humano que todos os anos enche o recinto do Santuário.

30
Mai09

Mosaico da Freguesia de Tronco


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Tronco

 

Localização:

A 18 km da cidade de Chaves, a Nascente desta, no limite do concelho, situa-se na vertente da montanha que descai para terras de Valpaços, entre terras de Monforte, da Castanheira e do grande planalto de Travancas.

 

Confrontações:

Confronta com as freguesias de Lebução e Nozelos do Concelho de Valpaços e com as freguesias de Bobadela, Águas Frias, Paradela (num único ponto), Travancas (num único ponto) e Cimo de Vila da Castanheira.

 

Coordenadas: (Adro da Igreja)

41º 46’ 37.84”N

7º 17’ 42.17”W

 

Altitude:

Variável – acima dos 750m e Abaixo dos 910m

 

Orago da freguesia:

São Tiago

 

Área:

8,18 km2.

 

Acessos (a partir de Chaves):

– Estrada Nacional 103 em direcção a Bragança.

 

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Aldeias da freguesia:

            - Tronco

           

 

População Residente:

            Em 1900 – 417 hab.

            Em 1920 – 400 hab.

Em 1940 – 577 hab.

            Em 1960 – 686 hab.

            Em 1981 – 429 hab.

            Em 1991 – 325 hab.

            Em 2001 – 326 hab.

 

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Principal actividade:

- A agricultura.

 

Particularidades e Pontos de Interesse:

            A respeito da origem de Tronco pouco se sabe, pois nas suas redondezas mais próximas não são conhecidos achados ou estações arqueológicas que possam testemunhar a sua antiguidade, no entanto na sua envolvente junto ao Ribeiro da Pulga foi encontrado um lagar cavado na rocha e nos arredores apareceu uma ara romana dedicada a Júpiter e uma lápide funerária dedicada aos Deuses Manes, que segundo consta, se encontram ambas no Museu Soares dos Reis, no Porto.

 

Também quanto ao seu topónimo não há certezas, pois uns defendem que Tronco andará ligada a uma suposta  característica  da topografia local (em forma de tronco) enquanto que outros defende que estará ligada a um antigo cárcere ou prisão que aí teria existido destinado aos condenados da região de Monforte de Rio Livre.

 

Desconhece-se a sua antiguidade mas sabe-se que já existia e era pertença da “terra” medieval e depois do Concelho do Rio Livre, extinto em 1853.

 

Também a nível eclesiástico, S.Tiago do Tronco foi um curato da apresentação do reitor de S.João da Castanheira, tendo passado posteriormente a Reitoria.

 

A nível de património da aldeia, além do seu casario do núcleo, algum ainda bem interessante, existe a Igreja Paroquial e a Capela do Senhor dos Passos e alguns Nichos de Alminhas.

 

A principal festa religiosa de tronco é dedicada ao Senhor dos Passos e acontece no segundo Domingo de Agosto.

 

De interesse é também a paisagem natural da aldeia e redondezas, com abundantes carvalheiras e soutos, onde existem castanheiros seculares, alguns com troncos entre 2 e 3 metros de diâmetro.

 

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Dada a sua altitude e localização geográfica, avistam-se desde Tronco largos horizontes, todos lançados para Nascente e Sul, com vistas que alcançam as montanhas de Nogueira, Bornes e Santa Comba.

 

Os terrenos produzem centeio, boa batata, legumes, hortaliças e castanha, o típico das terras altas e frias.

 

Tronco é a última aldeia do concelho servida pela Estrada Nacional 103, estrada que desde S.Domingos (limite do concelho a confrontar com o de Boticas) atravessa todo o concelho (passando pela cidade de Chaves). Estrada que tem início em Braga e termina em Bragança.

 

 

Link para os posts neste blog dedicados a Tronco:

 

            - http://chaves.blogs.sapo.pt/365647.html

03
Mai09

Calvão - Chaves - Portugal


 

Hoje vamos até Calvão e o seu post alargado.

 

Tardou chegar aqui, não por falta de visitas ou fotos, antes pelo contrário, pois Calvão tem tanto para mostrar que a indecisão estava mesmo em escolher as fotos que a representassem e, de cada vez que por lá passava, as fotos aumentavam. Resolvi que seria hoje o dia de Calvão, porque já era tempo de estar aqui.

 

 

Há quem defenda que a região de Barroso termina no rio Tâmega e de facto o Rio Tâmega e o vale de Chaves fazem a transição entre a terra fria do Barroso e a terra quente que desde Mirandela se prolonga até nós.

 

Calvão, acompanhada por Castelões, Soutelinho da Raia e Seara Velha, parecem testemunhar isso mesmo, pois conhecendo-se as características das aldeias barrosãs, também se conhecem as características destas aldeias, mas tal como algumas aldeias barrosãs, também Calvão tem características únicas que as deve ao seu aconchego à montanha que a protege dos ares frios de Barroso e goza da condição de um pequeno vale que se começa a desenhar em terras de Ervededo e se prolonga até Seara Velha, onde de novo o concelho encontra terras oficiais de Barroso.

 

 

Fronteiras que se desenham oficialmente e politicamente, mas que na realidade se diluem num mesmo povo com características mais amplas, as características das terras altas de montanhas e serras, com pequenos vales e altos planaltos, onde o frio de inverno é frio e o calor de verão é de inferno, terras onde, como dizia Torga, não há raças, há castas, as castas transmontanas.

 

Pois à casta transmontana e alto-tamaguense, com terras quentes e terra fria de Barroso à mistura, é que Calvão não escapa.

 

Calvão onde é sempre agradável ir, para visitar, apreciar e estar.

 

 

Visitar porque é uma das nossas aldeias de visita obrigatória para apreciar não só o casario típico e rural da pedra de granito e da madeira, sem casas senhoriais ou solarengas é certo, mas com um conjunto de casario que se desenvolve ao longo das suas várias ruas com o aconchego da encosta da montanha e que dentro do típico rural, há uma diversidade de pormenores que são dignos de serem apreciados, desde a capela do cemitério, ao cruzeiro, às fontes de mergulho, à igreja com o seu “Cristo Rei”, às muitas fontes de água que ainda registam o símbolo do estado novo, belíssimas fontes por sinal e que aqui foram preservadas, e bem, e, fazem o testemunho e também a história de uma fase da nossa república portuguesa.

 

 

E se o casario encanta, nem há como continuar esse encanto no Santuário da Nossa senhora da Aparecida, com um belíssimo parque de merendas, uma capela também interessante, fontes e muita paisagem para ser apreciada, paisagem que nem parece terrestre se deitarmos o olhar para os picos das montanhas que se desenvolvem até Seara Velha e se prolongam em direcção a terras de Ardãos, já do concelho de Boticas.

 

E tal como atrás dizia, se Calvão é aldeia para ir e apreciar, então o recinto do Santuário da Nossa senhora da Aparecida é local para ir, apreciar e estar, pois o local convida mesmo a estar por lá um dia inteiro, com merenda, claro, e de preferência nesta altura do ano que se avizinha de fim de Primavera e Verão. Merendas ou almoços aos quais não faltam mesas, churrasqueiras e com sorte até bar de apoio, também com características simpáticas pelo seu desenvolvimento ao ar livre para a população. Se gostar de montanhismo e caminhadas, delicie-se também, pois por ali não faltam montanhas que convidam à sua descoberta e à sua caminhada, mas se for dos que gostam de “botar” uma soneca à beira da merenda, sombras não faltam por lá, ou sol, se o preferir.

 

 

Quanto à Senhora da Aparecida, conta a tradição que em 1833 teria aparecido a Senhora a três pastorinhos de nomes Manuel, Maria Rosa e Teresa Fernanda. Então, o povo perante a divulgação do acontecimento, erigiu logo uma capela para em 1842 levantar uma outra com maiores dimensões, ligada à primeira. Mas não pararia por aqui, pois em 1880 seria construída outra capela em forma de nicho. Começava-se a desenhar o actual santuário, principalmente após a construção de uma fonte, aberto um espaço arborizado e claro, a colocados  de coretos (três). Tudo isto, porque a romaria à Senhora da Aparecida, realizada em cada primeiro domingo de Setembro, foi sendo cada vez mais importante e concorrida, pelas graças que corriam de boca em boca.


Os romeiros depois de participarem nas cerimónias religiosas, cumprirem as suas promessas, comerem
as merendas e ouvirem as bandas tocar, despedem-se do local, rezando ou cantando em adeus:


Ó Senhora d'Aparecida
As costas vos vou virando
A saída é agora.
A volta já não sei quando.

 

 

Continuando um pouco no deleite dos parágrafos anteriores existe neste pequeno rincão Norte do concelho mais que motivos que merecem a nossa visita e a visita de muita gente. Um rincão que embora conhecido por nós, não é devidamente aproveitado e explorado por quem de direito e que bem poderiam contribuir para o desenvolvimento dessas aldeias, bem como contrariar o despovoamento das mesmas. De facto além do interesse das aldeias em redor de Calvão, como as aldeias da freguesia de Ervededo, Castelões, Soutelinho da Raia e Seara Velha, concentram-se também aqui os santuários mais importantes do concelho, como o já referido da Srª da Aparecida, o de S. Caetano, o da Srª do Engaranho de Castelões, mas também toda a história que está relacionada com o Couto de Ervededo e o seu antigo concelho, história que se prolonga na arqueologia, mas também em usos e costumes.

 

 

Terras que tantas vezes foram cantadas por Torga e por quem a descobre, que são também referência para alguns estudiosos e historiadores, referencia também religiosa. Pode-se dizer que é uma mina por explorar em actividades turísticas naturais, religiosas e culturais, com temáticas e de montanha, tendo as aldeias e as suas gentes, as suas tradições, usos, costumes e produtos como uma forma sustentável desses mesmos interesses culturais e turísticos… mas enfim, como sempre, esquecemos e desprezamos o que temos de melhor para apostar também no centralismo na e em torno da cidade, pois o brilho das luzes sempre atraiu… para vidas que se pensam melhores.

 

 

E enquanto os senhores de Lisboa e outros de cá andam distraídos com projectos feitos para 4 anos que encham o olho a quem os vê, mesmo que deles não se tire proveito ou futuro as nossas aldeias vão sendo despovoadas e envelhecidas e uma das provas disso mesmo é que há umas dezenas de anos atrás havia necessidade e era ambição das populações das aldeias terem a sua igreja, pois a capela tornava-se pequena, ter uma escola, electricidade, água canalizada e saneamento, coisas do passado que com o tempo e a custo até as conseguiram, mas talvez tarde demais e sem políticas em paralelo para reter as populações na sua terra, pois hoje, as necessidades das aldeias são bem diferentes. Os jovens partiram, as escolas fecharam e a população que resta, hoje anseia por uma casa mortuária, o alargamento do cemitério e um lar para poder passar os seus últimos dias com alguma companhia, mas que assistência. Não me estou a referir a Calvão em particular, mas a todas as nossas aldeias despovoadas.

 

 

As soluções para contrariar despovoamentos são conhecidas e até fáceis de por em prática e concretizar, principalmente em aldeias que distam da cidade apenas uma dúzia de quilómetros e que bem poderia manter por lá os seus filhos, mas para isso teria que haver políticas acertadas e preocupadas em que isso acontecesse, mas não há, em troca, têm-se cidades com atabalhoados, emaranhados e amontoados de betão, onde as pessoas vivem metade das suas vidas em meia dúzia de metros quadrados entre as suas paredes… mas claro que contra o b€tão, não há argumentos, nem urbanismo que lhe resista, porque afinal é o b€tão que paga tudo, não é!?

 

 

Pois é, e também Calvão, embora com os seus atractivos e interesse, sofre e segue a linha da tendência do despovoamento, números que vos apresentarei aqui no mosaico final quando a freguesia (com Castelões) tenha por aqui a sua cobertura num post alargado.

 

Calvão que é sede de freguesia à qual pertence também a aldeia de Castelões, fica a 12 quilómetros de Chaves a Norte da mesma e ocupa 19,62 km2 de área (a freguesia).

 

 

Essencialmente agrícola tem como produções mais significativas o vinho, centeio, milho, batata e feijão.

 

A igreja paroquial, muito imponente com os seus campanários a subirem bem alto e a destacarem-se além dos telhados do casario, foi reconstruída nos finais da década de 1940, após a igreja existente ter sido destruída por um ciclone. É muito maior que a antiga igreja, a primitiva, denominada de Santa Maria de Calvão seria uma das que faz parte da estória da lenda de Maria Mantela.

 

 

E por hoje é tudo. No próximo fim-de-semana cá estaremos outra vez de volta às nossas aldeias e às freguesias, entretanto durante a próxima semana, como sempre, cá estaremos diariamente e, por cá, às quartas também há feijoada, ou peixeirada ou então devaneios, logo se vê.

 

Até amanhã.

 

 

11
Abr09

Mosaico (completo) da Freguesia de Moreiras


 

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Localização:

A 16 km da cidade de Chaves, a Sul desta, no limite do concelho, onde a Serra da Padrela se começa a desfazer para a Serra do Brunheiro situa-se a freguesia de Moreiras, em plena montanha a tocar já terras de Valpaços, mas próxima também de terras de Vila Pouca de Aguiar.

 

Confrontações:

Confronta com as freguesias de Loivos, S.Pedro de Agostém, Nogueira da Montanha, Serapicos (Valpaços) e Stº Leocádia.

 

Coordenadas: (Largo do Cruzeiro)

41º 38’ 25.88”N

7º 28’ 39.95”W

 

Altitude:

Variável – Entre os 750m e os 850m

 

Orago da freguesia:

Santa Maria

 

Área:

11,61 km2

 

Acessos (a partir de Chaves):

– Estrada Nacional 314

 

Acessos (a partir de Vidago):

– Estrada Nacional 311-3

 

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Aldeias da freguesia:

            - Moreiras

            - Almorfe

            - France

            - Torre de Moreiras

 

População Residente:

            Em 1900 – 514 hab.

            Em 1920 – 535 hab.

Em 1940 – 635 hab.

            Em 1950 – 797 hab.

            Em 1960 – 789 hab.

Em 1981 – 511 hab.

            Em 2001 – 308 hab.

 

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Principal actividade:

- A agricultura.

 

Particularidades e Pontos de Interesse:

Vulgarmente conhecida por Moreiras, o topónimo da aldeia e freguesia é no entanto Santa Maria de Moreiras, sendo uma freguesia rica em história e arqueologia onde se incluem o alto dos Crastos ou Outeiro dos Mouros, que segundo J.B.Martins seria assento de um antigo povoado castrejo da idade do ferro. Mesmo ao lado de Moreiras e bem próxima localiza-se a aldeia da freguesia de Torre (de Moreiras), cujo topónimo os historiadores locais dizem ter origem numa edificação senhorial fortificada da Baixa Idade Média.

 

France e Almorfe são as outras duas aldeias da freguesia que segundo os historiadores apontam, os topónimos terão origem em raízes etimológicas alti-medievais, relacionadas com a reconquista e influência árabe.

 

Na proximidade do Monte Crasto, ou Castra, dizem existir uma velha calçada que dizem romana.

 

Quanto ao topónimo Moreiras, uma das origens apontadas é a de derivar do “moraria”, termo arcaico ligado à amoreira (do latim “morus”), a árvore de fruto que dizem, outrora, era vegetação com abundância na freguesia e que a ser verdade estariam ligadas à seda, talvez como aconteceu e é conhecido o mesmo fenómeno no “Couto de Ervededo”.

 

Santa Maria de Moreiras teria sido um importante centro da Ordem dos Templários que daria origem à Ordem de Cristo numa região que se prolongaroa desde Arcossó até S.Julião de Montenegro onde o símbolo utilizado por estas ordens se repete em marcos, cruzeiros e cruzes dos templos religiosos existentes nesta região, onde se encontram imóveis com valor patrimonial, como o é a Igreja Paroquial de Moreiras que invoca Santa Maria, os cruzeiros bem próximos destas ou ainda as capelas de S.Vicente da Torre em France e de Almorfe.

 

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Do casario e arquitectura civil, há a realçar o existente em Moreiras com a Casa das Bravas e a Fonte do Cruzeiro, a imponente chaminé de uma das construções bem próxima da igreja mas também alguns atentados recentes numa das suas casas senhoriais com brasão e que atenta no seu interesse.

 

Quanto a festas religiosas destacam-se as que se levam a efeito em honra do Espírito Santo sete semanas após a Páscoa, as festividades de Nossa Senhora dos Favores (a 15 de Agosto), de Nossa Senhora do Rosário (em 7 de Outubro) e Santa Luzia (a 13 de Dezembro).

 

É sem dúvida alguma mais uma das freguesias que se tem de ter em conta nos itinerários de interesse do concelho, com passagem obrigatória por France (curiosamente às vezes também designada por França), uma breve vista de olhos à pequena povoação de Almorfe e vistas mais demoradas sobre Moreiras e todo o conjunto do Largo da Igreja, cruzeiros e fonte, sem esquecer dar um pulo a Torre de Moreiras. Quanto à chaminé que me referi atrás em Moreiras, não é necessário fazer-lhe referência à localização, pois pela certa será onde a sua vista se vai prender quando chegar a Moreiras.

 

Freguesia também conhecida pelos rigorosos e frios invernos onde raro é o ano em que a neve não brinda a freguesia com um pintura a branco. Bonito de ver, mas frio e difícil de suportar, talvez por isso, a tendência, seja a de mais uma freguesia onde se conjuga o verbo do despovoamento, aliás bem visível no gráfico que atrás se apresenta.

 

Referência também para a gente amiga que por lá se granjeia, que após se conseguir a amizade, é como se fossem da família.

 

 

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Linck para os posts neste blog dedicados às aldeias da freguesia:

 

            - Almorfe - http://chaves.blogs.sapo.pt/217663.html

 

            - France - http://chaves.blogs.sapo.pt/221519.html

 

            - Moreiras - http://chaves.blogs.sapo.pt/305322.html

 

            - Torre de Moreiras –  http://chaves.blogs.sapo.pt/219324.html

 

 

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