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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

16
Mai22

De regresso à cidade...

Braguinhas - S.Bento - Chaves


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O regresso à cidade de hoje faço um regresso ao passado dos meus regressos à cidade e a casa, que fui fazendo até ao início da minha adolescência, com a passagem obrigatória pelos “braguinhas”, onde ainda sem perceber nada de arquiteturas, passava encantado pelo conjunto de casario, de ambos os lados da estrada, onde as artes da arte de bem construir, desde a arte de pedreiro e canteiro, à de carpinteiro e marceneiro até à de serralheiro, uniram todos os mestres para fazerem uma verdadeira obra de arte da arquitetura que ainda hoje encanta no seu todo e em todos os pormenores.  Hoje, fica apenas o pormenor da entrada no Casal de Santo António, também ele cheio de pormenores.

 

Uma boa semana!

 

08
Fev22

Chaves de Ontem - Chaves de Hoje

Uma moradia com arquitetura de Nadir Afonso


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ontem-hoje

O Chaves de ontem e de hoje que vos deixo,  exige uma explicação, pois embora possa parecer que as imagens estão trocadas no tempo, o facto é que na realidade trata-se da mesma imagem, e foi recolhida no local em 16 de março de 2021, em que a segunda imagem (que fica a seguir)  é o original da fotografia, sem alterações,  tal e qual hoje existe.

 

1600-cooperativa (149)

 

Trata-se de uma moradia unifamiliar cujo projeto é de autoria do Arquiteto Nadir Afonso, datado de 1960, e construída nos anos de 1962-63. Com o decorrer do tempo a pintura foi envelhecendo alterando-se significativamente a cor original, principalmente no que toca à cor laranja inicial que deu lugar a um castanho claro. No entanto, em alguns panos de parede, embora gasta pelo tempo, ainda se conseguem ver as cores próximas do original, nomeadamente em panos de parede de uma das fachadas laterais e posterior, menos expostas ao sol.

 

Nas minhas recordações de criança, dos finais dos anos 60, retenho no meu imaginário duas moradias em Chaves, que me chamavam a atenção por se destacarem em beleza de tudo o restante que existia então na cidade. Duas moradias de arquitetura completamente distintas, mas igualmente de uma beleza, para mim, ímpar. Uma vai-se mantendo como sempre foi, muito graças aos materiais nela utilizados, maioritariamente a pedra com aprimorado e artístico trabalho de cantaria à vista, refiro-me à casa solarenga dos “braguinhas”, no lugar de S. Bento, entre os bairros do Campo da Fonte e da Casa Azul. A outra moradia degradou-se com o tempo dos quase sessenta anos que já passaram por ela. Trata-se da que fica hoje em imagem e que então, anos 60/70 do século passado se destacava pela sua arquitetura, principalmente pelo colorido. Cores que ao desaparecem, mesmo mantendo no restante a arquitetura original, lhe retiram a beleza inicial, transformando-a, quase, numa vulgar habitação.

 

Quis satisfazer a minha vontade de lhe dar as cores originais, com recurso, claro, ao Photoshop, tendo o cuidado de in loco recolher amostras de tinta originais (embora gastas pelo tempo) e com a ajuda de uma das proprietárias da construção, que habitou a moradia desde início, fui afinando e aproximando o mais possível as cores de acordo com as cores originais, que finalizado o trabalho, deu na imagem que hoje vos deixo na abertura deste post.

 

Resta-me agradecer à Mª João Chaves o ter-me dado acesso à moradia e toda a ajuda (que foi preciosa) e disponibilidade, para podermos ter aqui a fachada principal da moradia com as suas cores originais.

 

 

 

 

31
Jan22

De regresso à cidade...

com o azul do céu e da terra


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Mais um regresso à cidade, hoje com a companhia do azul do céu, que gostaria de o fazer a voar, como se fosse uma ave, nem que fosse e só, para que o azul tivesse o sentido do céu, mas como não o posso fazer, junto-lhe um pormenor, também azul, de um recanto da nossa cidade antiga, que lá em cima, parece desafiar esse mesmo céu com o azul da terra.

 

Uma boa semana!

 

 

08
Jun18

A arte da cantaria e dos Mestres Canteiros


1600-(26031)

 

Se há arte que aprecio, é a arte de cantaria, a arte dos Mestres Canteiros, a verdadeira arte pela arte, quase sempre anónima, e temos pena, pois esses mestres da cataria também tinham nome.

 

Fica a minha humilde homenagem a esses mestres canteiros, principalmente aos nossos, os portugueses, que tão bem a conseguiram em Portugal e tão bem a levaram aos quatro cantos do mundo, penso que para além da língua portuguesa, a arte da cantaria é das poucas coisas que levámos além de Portugal das quais nos podemos orgulhar.

 

Para esta pequena homenagem aos Mestres Canteiros, fica um pouco da sua história, mas também a riqueza do glossário que foi construído à volta desta arte

 

Esculpir ou trabalhar as pedras é, certamente, uma das mais antigas atividades de engenho do ser humano e a utilização da rocha como elemento construtivo tem sua origem numa mudança social na pré-história. Provavelmente, isso aconteceu quando o homem deixou de ser nômade, abandonando as cavernas e dando origem a uma organização social definida e com abrigos mais sólidos.

 

 A técnica de cantaria consiste em lavrar a rocha em formas geométricas ou figurativas para aplicação em construções, com finalidade ornamental e/ou estrutural. As construções mais antigas, com as limitações técnicas e ferramentas escassas, eram caracterizadas por estruturas irregulares de pedras soltas e de tamanhos desiguais, compondo uma arquitetura bastante rudimentar.

 

 A civilização egípcia é uma das mais antigas, e de suas técnicas de cantaria existem registros desde 3000 a.C. Associando a disponibilidade de materiais líticos e o desejo de construir para a eternidade, os egípcios foram mestres na arte da cantaria, com obras monumentais, como os túmulos do Império Antigo, a Esfinge e as Pirâmides.

 

 As civilizações posteriores, como os gregos, etruscos e romanos, fizeram uso dessas técnicas e, principalmente a partir do século VI a.C., com o início das conquistas e expansão do Império Romano, iniciou-se a organização e regularização do ofício de mestre canteiro.

 

A abundância de rochas ornamentais relativamente fáceis de se talhar, como tufo vulcânico, calcário e arenito, permitiu rápida difusão das técnicas por toda a Europa e passou a expressar as qualidades artísticas de cada povo. Do norte da África até a Inglaterra, por onde passou o exército romano, encontram-se até hoje ruínas e edificações que revelam a sofisticação técnica já alcançada na época.

 

Foi nesse período que surgiu, em função da atividade bélica e do expansionismo, a primeira associação de construtores, acompanhando as legiões romanas para a reconstrução do que era destruído. Dos obreiros, regulamentados e organizados pela associação, a maior parte era de canteiros – os artesãos que executam a cantaria.

 

Com a queda do Império em 476 d.C., embora um pequeno grupo tenha persistido em Constantinopla, centro do Império Romano do Oriente, a associação entrou em decadência, deixando essa arte “perdida”, sem uma organização que desse continuidade à transmissão das técnicas.

 

Sobrevieram, porém, as invasões bárbaras, e os segredos dessa arte acabaram restritos às associações monásticas, graças aos clérigos que davam refúgio, em seus conventos, aos artistas e arquitetos.

 

Por volta do século X, pela necessidade de expansão, os frades começaram então a difundir a arte novamente, com a instituição das confrarias laicas.

 

Foi somente no século XII que surgiu novamente uma organização laica de canteiros, instituída por operários alemães - os Steinmetzen - que trabalharam na construção da catedral de Strasburgo e alcançaram grande notoriedade. Desde então, com o fundamental auxílio de associações como as guildas e os corpos de ofícios (corporações), a cantaria voltou a ser difundida em toda a Europa.

 

(…)

 

Glossário

 

Abóbada – teto de forma arqueada compreendido entre paredes ou colunas.

Adro – pátio à frente ou em torno das igrejas.

Alcatruz – conduto de água feito de pedra e usado nas cidades antigas de Minas Gerais.

Apicoado – desbastado de forma rústica com o picão.

Arco butante – arco que descarrega sobre o solo um empuxo lateral e interior em relação à parede de um prédio.

Arco-cruzeiro – arco que divide a nave principal de uma igreja do “transepto” e que se encontra voltado para a entrada do templo.

Arco de meio ponto – arco formado por meia circunferência.

Arquitrave – parte inferior do entablamento, que liga os capitéis das colunas entre si.

Ático – parte lisa que coroa uma ordem ou platibanda que encima uma edificação.

Balanço – parte de uma construção que avança sobre outra, projetando-se no espaço sem apoio.

Beiral – beira do telhado, bordas.

Buzinote – tubo destinado ao escoamento das águas dos balcões ou terraços, vertendo-as diretamente nos pátios ou jardins.

Bujarda – ferramenta com dentes que permite nivelar a superfície das peças e colocar a superfície de trabalho em um ângulo de 60º com a superfície horizontal.

Canga – rocha formada a partir de solos ferruginosos, usada principalmente na construção de muros e alicerces em Ouro Preto.

Cantaria – técnica de entalhar rochas para uso ornamental e/ou estrutural na construção civil

Capela-mor – capela principal das igrejas, que fica no fundo da nave central.

Capitel – parte superior de uma coluna, em geral mais larga e bastante ornamentada.

Carranca – figura de rosto humano entalhado, geralmente usada em chafarizes.

Cariátide – figura feminina entalhada ou posicionada como pilares, com função estrutural.

Cimalha – arremate superior da parede que faz a concordância entre ela e o forro ou o beiral, semelhante à cornija.

Cinzel – ferramenta de aço, ferro ou vídea de seção retangular e ponta em forma de cunha, utilizada para gravar, desbastar e nivelar superfícies e talhas ornamentais.

Coluna lapidar – coluna feita de pedra.

Colunas torsas – colunas que apresentam o fuste retorcido, originando hélices que podem ser ornamentadas ou não.

Contraforte – maciço de obra posicionado contra uma parede para reforçar os pontos de apoio onde nascem os arcos ou se apoiam as vigas.

Coruchéu – ornamento em forma de bipirâmide posicionado no alto de cunhais.

Cunhal – ângulo externo de uma edificação, às vezes representado por pilastras de cantaria.

Cruz papal – cruz de três braços horizontais representando o poder do papa na Igreja.

Empena – parede que fecha o vão triangular formado entre duas águas de telhado.

Entablamento – elemento apoiado sobre os capitéis das colunas, composto por três faixas horizontais.

Friso – elemento colocado entre a arquitrave e a cornija, constituído por série de peças dispostas transversalmente em relação à arquitrave.

Frontão – empena posicionada na fachada, coroando a parte central do frontispício.

Fuste – parte principal da coluna (meio).

Gárgula – abertura por onde correm as águas pluviais no telhado, podendo ser ornamentada.

Gradina – semelhante ao cinzel com o corte formado por dentes de seção retangular e trapezoidal.

Ilharga – parte lateral e inferior do interior de uma igreja.

Lioz – rocha carbonática, normalmente um calcário, utilizada na cantaria europeia.

Nave – parte interna principal da igreja da entrada até a capela-mor.

Óculo – abertura ou janela circular ou elíptica em igrejas, destinada à passagem de ar ou luz.

Pestana – bordas salientes destinadas à proteção contra a chuva.

Portada – grande porta enquadrada por composições ornamentais.

Púlpito – tribuna para pregação posicionada nas laterais da nave.

Quartzito – rocha metamórfica composta essencialmente de quartzo, produto de metamorfismo intenso de arenito.

Retábulo – moldura ou acabamento bastante decorado que envolve a tribuna arrematando-a com a parede da igreja.

Risco ou traça – desenho ou prospeto arquitetónico da época da construção das igrejas, sendo muitas vezes delineado na própria parede da obra.

Sineira – vão destinado à colocação dos sinos nas torres.

Transepto – corpo da igreja que atravessa a nave e corresponde aos dois braços de uma cruz, nas plantas que apresentam esse desenho.

Tribuna – nicho ou lugar reservado e elevado para imagens ou espécie de varanda para assistir à cerimônia religiosa.

Voluta – espiral que se desenvolve ao redor de um círculo.

Verga – peça de cantaria que se apoia em portas ou janelas para sustentar a parede acima do vão.

Xisto - rocha metamórfica acentuadamente foliada, composta predominantemente de micas orientadas (biotita, muscovita, clorita, sericita, etc.) e quartzo em menor proporção.

 

 

Referências:

“ A Arte da Cantaria” de Carlos Alberto Pereira, António Liccardo e Fabiano Gomes Silva,  C/Arte - Belo Horizonte - 2007

 

 

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