Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

06
Jul22

As Freiras, o calor e a arte

Exposição de Cerâmica de Marta Malheiro


1600-(55056)

 

Chaves, julho de 2022, estamos em tempo de calor, muito calor, num dos três meses de inferno habituais, com mais ou menos alterações ou perturbações e como habitualmente, porque já estamos habituados aos frios rigorosos dos “9 meses de inverno”  e aos calores infernais dos “3 meses de inferno”, lá nos vamos protegendo como podemos. Nas freiras, os mais pequenos, em jeito de brincadeira,  lá se vão refrescando com os jatos de água dos repuxos enquanto que dentro de portas das instituições vão acontecendo coisas, tal como acontecia neste momento congelado em imagem, outros momentos aconteciam na sala polivalente da Biblioteca Municipal com a inauguração da exposição de cerâmica de Marta Malheiro, integrada no ciclo de exposições de artistas flavienses que a Câmara Municipal de Chaves tem levado a efeito mensalmente. É para esses momentos que agora vamos.

 

cartaz-mar.jpg

 

Marta Malheiro nasceu a 19 de Abril de 1989 em Chaves. Licenciou-se em Design pela Universidade de Aveiro e tirou Mestrado em Ilustração na Camberwell College of Arts em Londres. Participou em exposições colectivas de fotografia, desenho e cerâmica em Londres, Leipzig, Amsterdão e Porto. Iniciou o contacto com a cerâmica em 2017 num kibbutz no deserto do Negev em Israel, consolidando mais tarde a sua aprendizagem de técnicas de modelação manual com artesãs locais na Cordilheira do Atlas em Marrocos. Recentemente criou a marca Barro Alto, com apoio do programa StartUp Voucher, com o objectivo de dar nova vida ao barro local do vale de Chaves.

 

folha-sala-capa-mar.jpg

 

Segundo Teresa Szepes, artista e curadora “No trabalho da Marta é clara a sua apreciação pelos elementos que compõem a beleza natural das coisas. O olhar dela permite-lhe transferir detalhes daquilo que a rodeia para as suas peças e é desta forma que consegue dar vida à matéria: criando uma ligação entre o objecto e a paisagem, a terra literal e metafórica.

Este conjunto de peças produz uma composição que atravessa barreiras devido à intersecção de contextos distintos cujo resultado é uma viagem sob a forma de texturas e cores. Uma vez mais a questão sobre se será um objecto utilitário ou artístico perde a importância no momento em que a peça se destaca pela sua estética e cuidadoso trabalho manual.

 

 

folha-sala-miolo-mar.jpg

 

Ficam alguns momentos da inauguração da exposição de Marta Malheiro, exposição essa que estará patente ao público, nos horários da Biblioteca Municipal, até 29 de julho.

 

1600-CMC_1922

Vice-Presidente da CMC Francisco Chaves Melo e Artista Marta Malheiro 

1600-CMC_1878

 

1600-CMC_1890

 

1600-CMC_1909

 

 

21
Jan22

Sem título, por não me ocorrer nenhum...


1600-vilar (46)so-fb

 

Arte contemporânea!?

Arte Naïf!?

 

Talvez as duas coisas, num tipo de arte contemporânea naïf, ou então são engenhocas que também podem ser geringonças, mas lá no fundo, como por ali sai fumo, temos a certeza que existe uma lareira, logo, aquilo, não passa de simples chaminés, quando muito, são chaminés artísticas de um telhado próximo de nós.

 

Tudo isto acontece como um entretém e apenas para vos dizer que ainda hoje, lá mais prá noite, teremos aqui mais um vídeo de uma aldeia do Barroso.

 

Até lá.

 

 

31
Dez21

Últimas publicações do ano

Com a cidade de Chaves e a arte


1600-(54185)

 

Meio ausente ou sem a regularidade habitual de postar a tempo e horas, mas são coisas, consequências de outros afazeres e das nossas rotinas andarem meio baralhadas com normas do Covide e as luzes de Natal. Mas não queria terminar o ano sem cumprir e vir aqui com mais algumas imagens da nossa cidade, com aquelas que foram algumas das últimas imagens do ano, fresquinhas, mas já de há dois dias, resultantes de um pequeno passeio pela rota "Margem dos Sentidos", à beira rio, onde, claro, não poderia faltar mais um registo da nossa ponte romana e daquele conjuntinho da Madalena que fica tão bem na fotografia.

 

1600-(54194)

 

Foi assim uma espécie de libertação dos sentidos para percurso artístico pela natureza, talvez inspirado pela  exposição que Serralves trouxe até o Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, precisamente intitulada “Percursos artísticos pela natureza” e que deu os seus frutos, pois não é todos os dias que se veem a exuberância das cores de um “guarda rios” que de tão depressa que passou na rasante ao rio Tâmega, só tive tempo para lhe registar as cores, e por sorte, pois não estava a contar com a passagem nem tinha equipamento para o registo.

 

1600-(54127)

 

E já que terminamos o ano em maré de poesia e arte, porque não ficar com mais uma imagem de arte, no caso arte de rua que se vai praticando nos últimos tempos em Chaves, e em boa hora, pois sempre se dá um ar agradável aos monos dos armários de eletricidade espalhado por toda a cidade. E para já é isto, mas ainda vamos ter mais uma publicação, já de seguida, e essa sim, será a última do ano. Até já.

 

 

 

17
Dez21

Cidade de Chaves em dia de névoa

Percursos artísticos pela natureza


1600-(54105-6)

 

Para esta pequena volta à volta da névoa que pelas manhãs invade o vale de chaves, pedimos emprestado o título da exposição que inaugura hoje no MACNA, e no nosso percurso fomos desde o global até ao pormenor de ponte em ponte e de jardim em jardim, bastando dois de cada. É isso que vos deixo para já, não para hoje, pois ainda teremos, quase pela certa, mais duas publicações, uma à volta dos verdadeiros “Percursos artísticos pela natureza” e outra com mais um vídeo de uma aldeia do Barroso, mas para já fica um pouco da manhã de névoa de ontem.

 

1600-(54034)

1600-(53920)

 

E se pensais que só vós é que apreciais a natureza,  como diria Álvaro de Campos ­— “Ó sombra fútil chamada gente! — há outras vidas para além das nossas que também a apreciam, se calha até com mais atenção e a sentir o mesmo frio nos ossos…

 

1600-(54089)

1600-(54064)

 

Por último faço meu o convite da Câmara Municipal de Chaves para assistir hoje, às 17 horas, a um concerto do Quarteto Euterpe — Desvendando um Norte Erudito” — seguido da abertura ao público da exposição “LINHAS DE VENTO – Percursos Artísticos pela Natureza”, que a Casa de Serralves traz até ao MACNA-Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso.

 

1600-natureza.jpg

 

Atenção que as estradas no MACNA, vão estar limitadas à lotação do auditório e, embora a entrada seja gratuita, vai ser necessário bilhete de entrada, que poderá levantar previamente na Biblioteca Municipal de Chaves, nos postos de Turismo de Chaves e do Alto Tâmega e no MACNA.

 

Até mais logo.

 

P.S. - E mais uma vez, um obrigado à SAPOBLOGS pelo destaque do nosso blog.

 

 

 

 

30
Set21

Olhares sobre a cidade

Cidade de Chaves e a arte de rua


1600-(53526)

 

Há modas que se dispensam, mas há outras que são bem-vindas. Nos últimos anos, principalmente após o grande boom da construção de novos edifícios entrar em declínio na cidade de Chaves, o Centro Histórico começou a merecer a atenção dos investidores privados, também um pouco a pensar no turismo e nos seus gostos. A par dos privados, também o Município de Chaves se tornou mais exigente naquilo que se faz no centro histórico e na limpeza de publicidade e de um emaranhado de  cabos elétricos e telefónicos que invadiam as fachadas das construções, mas os pequenos mamarrachos cinzentos de plástico dos armários de eletricidade continuaram a poluir nas ruas da cidade, e como se não bastassem já por si incomodar visualmente, depressa ganhavam um ar sujo, porco e terceiro-mundista ao servirem para afixação de cartazes e outras publicidades…

 

1600-(53006)

 

Mas finalmente a moda de pintar estes armários de eletricidade chegou a Chaves e em boa hora, os artistas flavienses viraram a artistas de rua e têm transformado estes inestéticos armários em autênticas obras de arte. Um bem-haja para eles, e espero que a moda continue, com bom gosto e que se estenda até à Madalena, que também merece a atenção dos nossos artistas.

 

 

 

06
Mai21

Reino Maravilhoso - O Rexo (Allariz)

Douro e Entre os Montes


1600-xx-enc-alhariz (256)

1600-reino maravilhoso

 

O Rexo – Allariz

 

O nosso destino de hoje neste Reino Maravilhoso é entre os montes galegos, próximos de Allariz,  a caminho de Orense.  Allariz que é também um destino bem conhecido por muitos flavienses, mas que passam ao lado, ou desconhecem o Centro de Educação Ambiental – O Rexo, onde se promovem várias atividades em pleno ambiente rural na companhia de um autêntico museu de arte contemporânea ao ar livre.

 

1600-xx-enc-alhariz (263)

 

Para que não haja dúvidas onde fica o nosso destino, fica o mapa com o itinerário, mas podemos adiantar que O Rexo, fica a pouco mais de 3Km de Allariz, junto à povoação de Requeixo de Valverde, a 78 km de Chaves, e quase todos podem ser feitos em autoestrada e autovia grátis.

 

1024-mapa.jpg

 

Sobre o que lá existe, fica o que se diz na página oficial do Rexo, com link no final.

 

O texto está em galego, mas compreende-se bem, é assim como se fosse em português, mas com alguns erros pelo meio.

 

1600-xx-enc-alhariz (194)

 

O Centro de Educación Ambiental O Rexo está situado na Reserva da Biosfera Área de Allariz xestionada pola Fundación Ramón González Ferreiro.

 

Este espazo preséntase como un recurso, medio de apoio e complemento aos programas escolares, asociacións e familias. Conta cunhas instalacións (aula, granxa e queixería) acomodadas para desenvolver un proxecto educativo, que ten como fin e obxectivo xeral pór en coñecemento e valorización, iniciativas de desenvolvemento rural que axuden a preservar o medio natural.

 

1600-xx-enc-alhariz (321)

 

A través de xogos, dinámicas grupais, cancións e sobre todo da participación dos visitantes, os monitores achegan ós visitantes á flora e a fauna da Reserva da Biosfera, as tarefas e coidados na granxa, sensibilización ambiental, o traballo nunha queixería…

 

A edificación do centro levouse a cabo seguindo criterios bioclimáticos e coa instalación de enerxías renovables para un mellor aproveitamento dos recursos naturais na busca da coherencia co proxecto educativo. Así mesmo o edificio é unha ferramenta educativa máis a través das que traballamos a eficiencia enerxética, bioconstrucción, enerxías alternativas…

 

1600-xx-enc-alhariz (262)

 

INSTALACIÓNS

  • Aula, con capacidade para 50 persoas aproximadamente
  • Granxa de ovellas
  • Queixería
  • Casa de Palla
  • Charca con vida

 

1600-xx-enc-alhariz (140)

 

CONTIDOS

Desenvolvemento rural; Construcción sostible; Enerxía e cambio climático; Coñecemento do medio; Arte na natureza; Sensibilización e conservación ambiental…

 

1600-xx-enc-alhariz (213)

 

GRUPO DE VOLUNTARIADO

Dende o 2012 creamos o noso grupo de voluntariado a través do cal tentamos axudar a mellorar o noso entorno natural con saídas de limpeza e charlas divulgativas.

 

1600-xx-enc-alhariz (118)

 

ACTIVIDADES

As propostas do Centro de Educación Ambiental do Rexo personalízanse pensando nas características concretas dos participantes, idades, procedencia, nº de participantes… e sempre estamos abertos a suxerencias e aportacións.

 

Para os que dispoñen de pouco tempo está a Visita Básica, para aqueles que queiran gozar máis con nós están os obradoiros, xogos, roteiros e demáis visitas que vos darán a oportunidade de pasar no Rexo unha xornada enteira ou varias.

 

Fica o link para saber mais sobre O Rexo: https://fundacionrgf.org/cea-orexo/

 

 

 

 

25
Out20

JOÃO RIBEIRO - EXPOSIÇÃO DE PINTURA

BIBLIOTECA MUNICIPAL DE CHAVES * 24.OUT.2020 a 10-JAN-2021


1600-jr-hom-cav (4)-1.jpg

Homem Conversando com Cavalo (2001)

 

Abriu ontem, sábado, dia 24 de outubro e prolongar-se-á ate dia 10 de janeiro de 2021, na Biblioteca Municipal de Chaves, exposição de pintura de João Ribeiro – “ UM MUNDO PROVISÓRIO ÀS AVESSAS

 

joao ribeiro 1.jpg

 

A vanguarda apenas interessa a João Ribeiro enquanto conceito. A praxis que hoje lhe é associada, seja a da arte conceptual ou a da arte multimédia, enquanto arte panfletária de uma pretensa vanguarda, anquilosada e cristalizada num conceito secular, interessa-lhe apenas como isso mesmo, como efémero epifenómeno agrilhoado ao decadente esplendor de um conceito.

 

Por outro lado, a João Ribeiro interessa, sim, a pintura, a pintura no sentido clássico, uma pintura que se alicerça ainda, devotamente, no desenho. Isto torna-se evidente quando a liberdade gestual do tratamento de fundo das suas obras cede lugar ao minucioso tratamento das figuras apresentadas em primeiro plano.

 

Para além deste obsessivo culto pelo desenho e de uma inalienável paixão pela pintura, João Ribeiro conjuga ainda uma irreprimível necessidade de constantemente experimentar diferentes suportes com o frenesim de alterar periodicamente as temáticas das suas séries, complementando esta atitude com um acentuado gosto pelos trocadilhos subversivos e pelo ensaio paródico.

 

É a transmutação de tudo isto que a sua exposição agora nos oferece, seja através de séries mais antigas, como Biombos, Homens Conversando com Cavalos e Mapas Alquímicos, seja através de séries mais recentes, como Contos da Chuva Agreste e Tábuas Sírias.

 

Esta exposição, comissariada por António Augusto Joel, assinala e celebra a doação de duas importantes obras do artista, Homem Conversando com Cavalo (2001) e Oklahoma (2009), ao Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso.

 

joao ribeiro 2.jpg

 

JOÃO RIBEIRO (Lisboa, 1955) Licenciatura em Pintura / FBAUL. Mestrado em Artes Visuais / Ensino / ULHT https://www.joaoribeiroartistavisual.com

BIBLIOGRAFIA Alexandre Melo, Amadeu Lopes Sabino, Ana Isabel Ribeiro, António Augusto Joel, Batista-Bastos, Bernardo Pinto de Almeida, Cristina de Azevedo Tavares, Eduardo Paz Barroso, Eurico Gonçalves, Fernando Pamplona, Fernando Pernes, João Pinharanda, Joaquim Saial, José Luís Porfírio, José Manuel Anes, Mário Caeiro, Nuno Crespo, Nuno Rebocho, Rocha de Sousa, Rodrigues Vaz, Sílvia Chicó

 

COLEÇÕES INSTITUCIONAIS

 BIBLIOTECA DE SANTA MARIA DA FEIRA / BIBLIOTECA DA FCT-UNL / CM CHAVES / CM MATOSINHOS / CM PORTALEGRE / CM REGUENGOS MONSARAZ / CM SEIXAL / CM VILA NOVA DE FAMALICÃO / COLEÇÃO DA CGD / COLEÇÃO DO BCP / COLEÇÃO DOS CTT / MINISTÉRIO DA JUSTIÇA / MUSEU DA CIDADE DE VILA FRANCA DE XIRA / MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA NADIR AFONSO, CHAVES / MUSEU DE ARTE E PINTURA DIOGO GONÇALVES, PORTIMÃO / TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE SEIA

 

FILMOGRAFIA

2010 Pássaro Cego, vídeo de João Ribeiro com música de Manuel Paulo e palavras de João Monge

2009 Oklahoma, vídeo de Ricardo Reis sobre a obra homónima, com música de Kalu e Vasco Pinhol

2007 O Artista no seu Atelier, filme de Álvaro Queiroz no acervo da Cinemateca / ANIM

2005 Entre Nós, filme da RTP2 / Universidade Aberta

 

PARCERIAS ARTÍSTICAS E PROJETOS

2018 «WRS», exposição e projeto coletivo na Casa da Liberdade / Mário Cesariny, Lisboa

2017 «Além Marchas», exposição e projeto coletivo na Galeria Perve e na Sociedade Boa União em Alfama, Lisboa «Conexões Afro-Ibéricas Americanas», exposição e projeto colectivo, com organização da Galeria Perve, na UCCLA, Lisboa

2012 Com a VOARTE, autor do libreto do bailado no projeto multidisciplinar «O Nada», Guimarães, capital da Cultura «Objet Trouvé», instalação com vídeo e duas pinturas, projeto coletivo com curadoria de Mário Caeiro, na Galeria Plataforma Revolver, Lisboa

2011 «Vicente», instalação com desenho, projeto coletivo na Galeria Ermida de Nossa Senhora de Belém, com curadoria de Mário Caeiro, Lisboa

2010 Com a VOARTE, no projeto multidisciplinar «Depois»

2009 A convite de Joaquim Benite, realiza o espaço cénico da peça Dois Homens, de José Maria Vieira Mendes, e inaugura a exposição «Oklahoma» no Teatro Municipal de Almada A convite do Festival Imaginarius, colabora com Gonçalo M. Tavares, João Gil e Pedro Sena Nunes no projeto de vídeo e instalação «Ladrões de Deus», Mercado de Santa Maria da Feira Com João Monge, Manuel Paulo e Nancy Vieira colabora no projeto musical e vídeo «Pássaro Cego» Com a VOARTE, colabora no projeto multidisciplinar «O Aqui» Realiza a instalação / projeção «Lágrimas de S. Lourenço», com curadoria de Mário Caeiro, Skyway 09, Tórun / Polónia

2003 Realiza um biombo monumental no Museu da Cidade de Vila Franca de Xira, em colaboração com o arquiteto Cândido Chuva Gomes

 

PRÉMIO ESPÍRITO SANTO ESTEVES /II BIENAL DE CHAVES /PORTUGAL /1985

 

PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES COLETIVAS

1988, 1986, 1984 BIENAL DE LAGOS / PORTUGAL

1987, 1985 BIENAL DOS AÇORES / PORTUGAL

1987 MARCA / MADEIRA / PORTUGAL

1985 BIENAL DE CHAVES / PORTUGAL

1985 BIENAL DE DESENHO / COOPERATIVA ÁRVORE / PORTO / PORTUGAL

1984 BIENAL DE VILA NOVA DE CERVEIRA

 

joao ribeiro 3.jpg

 

PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS:

2018 3 GERAÇÕES / MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA NADIR AFONSO / CHAVES

2017 MAPAS ALQUÍMICOS / BIBLIOTECA CAMÕES / CÂMARA MUNICIPAL / LISBOA

2016 A SANTIDADE DA ÁGUA / SPGL / LISBOA

2015 WHISPERS / GALERIA PERVE / LISBOA

2009 OKLAHOMA / TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA

2007 DEUSES DE JARDIM / BIBLIOTECA UNL / CAMPUS DA CAPARICA

2005 O PARAÍSO PROVÁVEL / GALERIA CUBIC / LISBOA

2003 O PARAÍSO IMPROVÁVEL / GALERIA ENES / LISBOA

1999 VIVA PORTUGAL / CASA DA CULTURA / V.N. FAMALICÃO

1998 VIAGEM / GALERIA ALMADA NEGREIROS DO CGP / TORONTO / CANADÁ A LUA COM A MÃO ESCONDIDA / GALERIA ENES / LISBOA

1993 O PARAÍSO DE ALFREDO / GALERIA DE S. BENTO / LISBOA

1991 BAPAUMESTRAAT / GALERIA DE S. BENTO / LISBOA CONTES FANTASTIQUES / GALERIE FAYLA / BRUXELAS / BÉLGICA

1987 NIRVANA URBANA / GALERIA DE S. BENTO / LISBOA

 

 

 

07
Out20

Arte de Rua - Street Art em Chaves - 2

Jardim do Tabolado com Alfredo Espírito Santo


1600-(52160)

 

Dando continuidade ao que publicámos ontem sobre a arte de rua, neste caso, de autoria de Alfredo Espírito Santo, deixamos hoje mais 4 capítulos da “estória” que o artista nos conta ao longo do jardim do Tabolado, escrita nos armários de eletricidade.

 

1600-(52162)

 

1600-(52164)

 

1600-(52165)

 

 

 

 

29
Set20

Será que a Gioconda tem alma?

Cidade de Chaves - Rotunda da Praça do Brasil


1600-8498

 

Será que a Gioconda tem alma?

 

Uma pergunta cada vez mais pertinente, que logo desde início o era, pelo menos intrigante, que implicava connosco… a arte é assim, uma peça conseguida, esta conseguida a partir do granito bruto,  que Susana Piteira idealizou e moldou para uma rotunda jardim de Chaves, na Praça do Brasil, integrada no Simpósio do Granito, 1993, do Encontro de Arte Jovem, de onde resultou esta escultura e mais meia dúzia delas espalhadas pela cidade, que infelizmente, duas delas não sobreviveram até aos nossos dias, ou então, estão em paradeiro desconhecido, pelo menos para mim que não sei onde elas poisaram…

 

8497-des-1.JPG

 

Mas voltemos à pertinência da questão – “Será que a Gioconda tem alma?”, uma questão que nos abria o caminho para a discussão, nem que fosse apenas interior, e talvez naquele sítio da então rotunda-jardim “ela” ganhasse alguma alma, mesmo que fosse num breve olhar do atravessar de um peão pelo local. Com o tempo a rotunda perdeu os seus caminhos de passagem, passou simplesmente a rotunda ajardinada e a “alma da Gioconda” sucumbiu, perdeu-se nas passagens apressadas sem olhares, continua lá, mas ninguém dá por ela, em que os líquenes, o musgo e o envelhecimento do granito ajudam, por um lado à sua camuflagem, mas também por outro, a sua integração como um elemento natural, o que levanta de novo a questão: Será que a Gioconda tem alma?

 

8497-des-2.JPG

 

Desde início que de entre as peças do Simpósio do Granito de 1993, foi uma das que mais me intrigou e implicou comigo, uma delas, é(ra) uma das desaparecidas, colocada na rua Direita e que pouco tempo esteve de pé. Quanto a esta, intitulada “Será que a Gioconda tem alma?”, agora que a rotunda é só rotunda, merecia um local mais nobre, onde as pessoas olhassem para ela não como uma pedra natural “nascida” no meio de um relvado, mas como uma obra de arte onde as pessoas que costumam interrogar-se, pudessem levar para casa a questão - Será que a Gioconda tem alma?

 

 

P.S. – Para saber mais sobre a artista: http://www.susanapiteira.com/

 

 

09
Jul20

Paula Rego em Chaves

Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso


1600-macna (2355)

 

Ontem trouxemos aqui um pouco de história do 8 de julho e do ilustre flaviense António Granjo, mas ontem, também foi um dia importante para a cultura flaviense, pois não é todos os dias que se inaugura uma exposição de uma das mais conceituadas pintoras portuguesas da atualidade, tal como ontem aconteceu no MACNA – Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso.

 

1600-p-rego-inaug (58)

 

Inauguração que por força das medidas de segurança relacionadas com o Covid-19, foi fechada ao público e restrita à presença de 20 pessoas, tendo para o ato sido convidados apenas a imprensa, o executivo municipal, representantes de eleitos locais e representantes da Casa de Serralves, entre os quais a Presidente do Conselho de Administração Ana Pinho, o Diretor do Museu de Serralves Philippe Vergne, a Diretora Adjunta do Museu e curadora desta exposição em Chaves Marta Almeida, que fez uma visita guiada à exposição para todos os presentes.

 

1600-p-rego-inaug (57)

 

Uma inauguração diferente daquilo que vem sendo habitual, principalmente pela ausência de público em geral. Assim, ao público, a exposição só hoje é que abre portas com visitas guiadas e não guiadas, uma maratona de visitas que se vai prolongar desde a abertura ao encerramento do museu, que mais uma vez por força das regras de segurança do Covid-19, vão ser visitas limitadas a grupos de 10 pessoas que se inscreveram previamente, tendo as inscrições terminado ontem.

 

1600-p-rego-inaug (56)

 

Assim se não se inscreveu, e quiser ser dos primeiros a visitar esta exposição, vai ter de esperar pelo dia de amanhã, dia 10 de julho, aí, só com as restrições habituais tomadas desde a reabertura do museu em que a capacidade máxima está limitada a 40 pessoas dentro do museu, não podendo nas salas de exposições estarem em simultâneo mais de 5 pessoas nas salas de menor dimensão e 10 pessoas nas salas de maior dimensão. Claro que escusado será dizer com uso de máscara obrigatório, desinfeção de mãos, distanciamento, etc.

 

1600-p-rego-inaug (13)

 

Mas não são precisas pressas para ver a exposição de Paula Rego, pois ela irá estar patente ao público até dia 18 de outubro. Claro que a par da exposição de Paula Rego, a Exposição de Nadir Afonso – Nadir, Subjectum, continua também patente ao público.

 

1600-p-rego-inaug (34)

 

Quanto à artista Paula Rego, dada a sua dimensão no mundo das artes plásticas, quase nem era necessário apresentá-la, mas por via das dúvidas, vamos deixar aqui alguns dados e curiosidades.

 

paula rego pintora.jpg

Paula Rego

 

Paula Rego

 

Pintora portuguesa radicada em Inglaterra, Paula Figueroa Rego nasceu a 26 de janeiro de 1935, em Lisboa. Formou-se na Slade School of Art e, nos inícios dos anos 60 do século XX, foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. A sua primeira aparição perante o público lisboeta deu-se em 1961, na II Exposição da Gulbenkian, tendo o seu trabalho sido bem acolhido pela crítica. O surrealismo e o expressionismo influenciaram estes primeiros desenhos e colagens. Passou pelo movimento da pop art inglesa, conservando, contudo, uma temática muito pessoal. A leitura dos romances de Henry Miller marcou igualmente o seu percurso, ao abordar temas do imaginário erótico feminino. Em 1965 produziu vários trabalhos relacionados com acontecimentos chocantes da vida política ibérica - Cães de Barcelona, Gorgon, Retrato de Grimau, Manifesto por uma causa perdida, temática já anunciada em 1961 com Salazar a vomitar a Pátria. Faz uma leitura pessoal de outras obras de arte e das suas memórias, integradas em processos narrativos em que o mundo da infância aparece como um lugar lúdico de perversidade e algum humorismo. Esta "narratividade" acentua-se nos anos 80. Nos anos 90, assume a orientação figurativa de raiz temática portuguesa ou atinge ainda uma dimensão universal abordando a condição feminina (Série de mulher-cão, Marborough Gallery, 1992). Paula Rego nunca se desligou da vida artística portuguesa, expondo regularmente entre nós, mas também noutros países, como aconteceu, por exemplo, nas cidades de Amesterdão, Paris, Lima e Bruxelas. Também já representou o Reino Unido em certames como a Bienal de S. Paulo. Em maio de 1997, no Centro Cultural de Belém, foi inaugurada uma importante exposição retrospetiva da sua obra, com 136 trabalhos, cobrindo trinta e seis anos de carreira, e, em outubro de 2004, o Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, acolheu uma seleção da obra de Paula Rego, produzida desde 1997. Nesta mostra, de cerca de 150 obras, a artista apresentou, pela primeira vez, os desenhos preparatórios de algumas da suas pinturas, destacando a importância do desenho no seu trabalho.

 

Em 2001, foi publicado, numa edição limitada, numerada e assinada, o livro As Meninas, uma obra conjunta da artista e de Agustina Bessa-Luís.

 

Ao longo da sua carreira tem sido distinguida com vário prémios, como: Prémio Soquil (1971); TWSA Touring Exhibition, Newlyn Arts Centre, Penzance (1984); Prémio Benetton/Amadeo de Souza-Cardoso, Casa de Serralves, Porto (1987); Prémio Turner 89, Londres (1989); Prémio Bordalo da Casa da Imprensa 1997, Lisboa (1998); Prémio AICA'97, Lisboa (1998); Prémio de Consagração Celpa/Vieira da Silva (2001).

 (infopédia)

 

 

Watcher, 1994.jpg

Watcher, 1944

 

Biografia de Paula Rego

 

1935

Nasce no dia 26 de Janeiro em Lisboa, Portugal.

1945-51

Frequenta a St. Julian's School, Carcavelos, Portugal.

1952-1956

Ingressa na Slade School of Fine Art, Londres, Reino Unido, onde conhece o (ainda estudante) artista inglês Victor Willing com quem viria a casar e teria três filhos.

1954

Recebe o 1.º prémio de Summer Composition, Slade School of Fine Art, Londres, Reino Unido.

1957-1963

Paula Rego e a sua família vivem na Ericeira, Portugal.

1962-1963

É bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal

1963-1975

Paula Rego e a sua família vivem no Reino Unido e em Portugal.

1976

Paula Rego e a sua família fixam residência em Londres, Reino Unido.

1983

Leciona como professora convidada de Pintura na Slade School of Fine Art, Londres, Reino Unido.

1988

Realiza a sua primeira grande exposição individual na Serpentine Gallery, Londres, Reino Unido.

Victor Willing morre de esclerose múltipla, após um longo período de doença.

1990

É convidada para integrar a 1ª edição do programa Associate Artist Scheme na National Gallery, Londres, Reino Unido.

1992

Recebe o título de Mestre honoris causa em Arte pela Winchester School of Art, Hampshire, Reino Unido.

1999

Recebe o título de Doutora honoris causa em Letras pela University of St. Andrews, Fife, Escócia, Reino Unido.

Recebe o título de Doutora honoris causa em Letras pela University of East Anglia, Norwich, Reino Unido.

2000

Recebe o título de Doutora honoris causa em Letras pela Rhode Island School of Design, Rhode Island, Estados Unidos da América.

2002

Recebe o título de Doutora honoris causa em Letras pelo The London Institute, Londres, Reino Unido.

2004

Condecorada com a Grã-Cruz da Ordem de Sant'Iago da Espada, concedida pelo Presidente da República, Portugal.

2005

Recebe o título de Doutora honoris causa em Letras pela Oxford University, Oxford, Reino Unido.

Recebe o título de Doutora honoris causa em Letras pela Roehampton University, Londres, Reino Unido.

Seis litografias da série Jane Eyre (2001-2002) são usadas pela Royal Mail para edição de uma coleção de seis selos, Reino Unido.

2009

Abertura da Casa das Histórias Paula Rego, Cascais, Portugal, um museu dedicado à obra de Paula Rego e Victor Willing, com projeto arquitetónico de Eduardo Souto de Moura.

2010

Nomeada Dame Commander of the Order of the British Empire pela sua contribuição para as Artes pela Rainha do Reino Unido.

Eleita Personalidade do Ano pela Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal, Portugal.

Recebe o prémio Penagos de Dibujo atribuído pela Fundación MAPFRE, Madrid, Espanha.

2011

Recebe o título de Doutora honoris causa proposto pela Faculdade de Belas-Artes, Universidade de Lisboa, Portugal.

A sua obra Looking Back (1987) é arrematada pelo valor record de 866,175€/£769,250.

2013

Recebe o Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso (Consagração) no Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, Amarante, Portugal.

Eleita Membro Honorário do Murray Edwards College, Cambridge, Reino Unido.

Paula Rego continua a viver e a trabalhar em Londres, Reino Unido.

2015

Recebe o título de Doutora honoris causa em Letras, University of Cambridge, Reino Unido.

2016

Recebe a Medalha de Honra da cidade de Lisboa.

2017

Recebe o Prémio Maria Isabel Barreno.

2019

Recebe a Medalha de Mérito Cultural do Governo português.

Distinguida com Prémio Carreira pela revista "Harper's Bazaar"

 

In (Casa das Histórias Paula Rego)

 

paula rego-j-sampaio.png

Retrato do Presidente da República Jorge Sampaio

 

Não consta da biografia que deixámos atrás, mas a título de curiosidade, Paula Rego é também uma das artistas que consta como autora na Galeria de Retratos Oficiais dos Presidentes da República Portuguesa, com o retrato de Jorge Sampaio.

 

E finalmente passemos à exposição que hoje abre ao público, com os dados que constam na página do MACNA:

 

paula rego expo chaves.JPG

 

PAULA REGO - O GRITO DA IMAGINAÇÃO

9 de julho a 18 de outubro de 2020

 

PAULA REGO: O GRITO DA IMAGINAÇÃO
Obras da Coleção de Serralves

 

Esta exposição tem como ponto de partida o núcleo de obras de Paula Rego na Coleção de Serralves, realizadas entre 1975 e 2004, e que são representativas de várias fases de produção da pintora.

O percurso artístico de Paula Rego começa a definir-se a partir de 1952, quando parte para Londres e ingressa na Slade School of Fine Art. Neste período, os seus trabalhos são marcados por um estilo de certo pendor naturalista e alguma ingenuidade, denotandose já uma forte consciência social e política e uma relação próxima com a realidade.

A partir do final da década de 1950, influenciada pela descoberta da obra de Jean Dubuffet, a artista cria obras marcadas por um gesto mais enérgico, livre e intuitivo. A explosão criativa inspirada por Dubuffet e pela arte bruta manifesta-se na execução de pinturas a óleo combinadas com o recorte e colagem de imagens desenhadas ou pintadas sobre papel, técnica que permite a exploração de diferenciados efeitos rítmicos e narrativos. São exemplos desta prática as pinturas Corredor (1975) e A grande seca (1976), trabalhos marcados por uma violenta abstração surrealizante, enfatizada pela fragmentação e distorção das formas, e em que a pintura atua como um elo de ligação ou de ocultação dos elementos colados, conferindo ambiguidade às imagens representadas.

 

 

a grande seca-1.jpg

A grande seca (1976)

 

No início da década de 1980, Paula Rego abandona a colagem e passa a dar primazia ao desenho e à pintura em acrílico e guache, criando coloridas composições vertiginosas, habitadas por figuras humanas, animais e vegetais, ora isoladas, ora em fervilhantes e estranhas interações (Girl with pig and weeping dog, 1984; Homenagem a Dubuffet, 1985, Sem título (1986)). Ao longo desta década intensifica-se também o interesse da pintora pela hibridação de diferentes universos: influenciam-na as narrativas orais, escutadas no espaço doméstico e público; interessam-lhe os contos populares e o imaginário das fábulas de Esopo, La Fontaine, Hans Christian Andersen e Lewis Carroll; cativam-na as potencialidades narrativas da banda desenhada; explora os universos trágicos das grandes óperas; atraem-na os romances literários.

 

Girl with pig and weeping dog, 1984.jpg

Girl with pig and weeping dog, 1984

 

A série de pinturas “The Vivian Girls”, em que se integra The Vivian Girls on the Farm (1984- 1985), constitui um exemplo das relações que a artista estabelece com referentes culturais múltiplos e complexos. O ponto de partida é a monumental obra do autodidata norte-americano Henry Darger (1892-1973), The Story of the Vivian Girls, in What is known as the Realms of the Unreal, of the Glandeco-Angelinian War Storm, Caused by the Child Slave Rebellion, que conta a história das sete filhas do fictício imperador Robert Vivian, no contexto de uma guerra entre uma nação cristã e uma nação ateia. Porém, ao contrário das delicadas ilustrações originalmente concebidas pelo autor, as composições criadas por Paula Rego não são ilustrativas ou descritivas: o seu objetivo era captar a natureza psicológica destas perturbadoras heroínas, simultaneamente vítimas, transgressoras e agressoras.

 

The Vivian Girls on the Farm,.jpg

The Vivian Girls on the Farm (1984- 1985)


A partir de meados da década de 1980, as composições de Paula Rego assumem uma nova concentração e densidade narrativa. Ao invés da dispersão, valoriza-se agora a unidade, alcançada através de uma renovada abordagem à construção do espaço tridimensional e perspético, e à representação mais naturalista do corpo humano. Esta mudança no seu trabalho encontra-se patente na série “Menina e Cão”, da qual são agora expostas as pinturas Sem título (1986) e Girl lifting her skirt to a dog (1986), obras em que as figuras ganham volume e as massas corporais adensam-se, através de modelações de tons e sombreados profundos. Em termos narrativos, mantém-se o interesse da pintora pelo caráter paradoxal e ambíguo das personagens e suas ações: símbolo de fidelidade e obediência, o cão é um ser dominável, característica a que se associa frequentemente o papel e a imagem das mulheres. Porém, este animal – tal como o ser humano – não deixa de responder aos seus impulsos mais primários. Ao retratar a ligação de uma menina com o seu cão, Paula Rego explora as tensas relações de poder estabelecidas, nas quais coexistem amor e raiva, desejo e repulsa, dedicação e ressentimento, pudor e perversão. A abordagem a estes temas verifica-se igualmente nas pinturas On the Balcony, História II e História III (todas de 1986), habitadas por personagens humanas e animais colocadas em estranhas situações, e através das quais é abordado um vasto leque de emoções e interrelações. Este território de metáforas evoca mais uma vez o universo das fábulas, narrativas fantásticas a que é atribuído um caráter instrutivo e moralizante (e, por vezes, subversivo), e que nem sempre têm um final feliz.

 

 

On the Balcony, 1986.jpg

On the Balcony, 1986

 

A década de 1990 é marcada pela exploração do pastel e o recurso a modelos vivos, que introduzem na obra de Paula Rego um imediatismo do gesto e uma nova expressividade plástica. No seu elenco de personagens, os protagonistas são agora quase sempre humanos, principalmente mulheres, representadas em ambientes domésticos, isoladas ou em grupo, dominadoras, virtuosas, subjugadas, estereotipadas, sexualizadas, ora cruéis, ora misericordiosas e inundadas pela compaixão. Em Watcher (1994) uma mulher sobre uma bacia debruça-se sobre uma varanda, com um triciclo – objeto da infância da própria artista – a seus pés. A posição da figura, de costas para o espetador, e a paisagem e o horizonte que não se veem, salientam o caráter contemplativo e misterioso desta pintura. Em A Cinta (1995), é evidenciada a submissão da mulher às convenções sociais da feminilidade, patente na expressão de desconforto da figura no momento de vestir uma cinta. Tal como nestas obras, no desenho O vestido cor de salmão (2001) Paula Rego aborda a mulher e o seu papel na sua esfera mais íntima; retomado noutros trabalhos gráficos, este tema remete para uma história de decadência: “o vestido cor de salmão feito em pedaços que serve para vestir uma boneca e depois outra mais pequena que cai a um poço” (Rego, 2001).

 

 

A Cinta, 1995.jpg

A Cinta (1995)

 

A orientação figurativa e dramática do trabalho de Paula Rego encontra-se sintetizada no políptico Possessão I-VII (2004), composto por sete pinturas de uma mulher a contorcer-se num divã. A sucessão de imagens deste corpo feminino, deitado, agitado, colocado em diversas posições, cria uma narrativa sem tempo e sem espaço, situada algures entre o erótico, a sessão de psicanálise e o exorcismo. Não é revelado o motivo do perturbador comportamento da personagem, e a sequência não permite saber o que sucedeu ou sucederá – as interpretações ficam a cargo de cada espetador.

 

Para além da pintura e do desenho, a gravura foi um meio muito praticado por Paula Rego. Um dos seus primeiros trabalhos significativos nesta área é o conjunto de gravuras em torno do tema “Menina e cão”, já abordado na pintura. Estas obras, executadas em 1987, destacam-se ora por uma aproximação mais terna e comovente ao referente (Menina sentada num cão), ora pelas suas qualidades humorísticas (Menina com homem pequeno e cão), não abandonando contudo a representação de uma tensão erótica latente, particularmente observável em Quatro meninas a brincar com o cão e Menina com a mãe e um cão. Ainda relacionadas com esta série, são apresentadas nesta exposição as obras Histórias de embalar, cena de violência em que o cão ataca um homem, sob as ordens da menina; e Viajantes, captação do momento de repouso de um grupo de caprichosas raparigas que vão em peregrinação a Santiago de Compostela, numa imagem onírica que evoca o sagrado e o profano.

 

Viajantes, 1987.jpg

Viajantes, 1987

 

Também no campo da gravura Paula Rego explorou o universo dos contos infantis. Em Children and their stories (1989) um grupo de crianças dançam de mãos dadas, numa roda oval; em primeiro plano surge uma miscelânea de personagems retiradas de lenga-lengas e histórias célebres, incluindo Alice no País das Maravilhas, Tintin, o Gato das Botas e Pinóquio.

 

Children and their stories, 1989.jpg

Children and their stories (1989)

 

Sediado no cruzamento de memórias pessoais com múltiplas referências da tradição pictórica e literária internacionais, o trabalho de Paula Rego caracteriza-se por uma obsessiva abordagem aos aspetos mais sombrios, profundos e ambíguos das relações humanas e das articulações entre o indivíduo e o coletivo. Seja em composições mais extravagantes e repletas de humor e ironia, ou em narrativas pictóricas mais densas e cuidadosamente cenografadas, a pintora explora desassombradamente temas como o poder e a obediência, a dor física e psicológica, a vergonha e o orgulho, a violência, a solidão e a sociabilidade.

 

Curadoria: Marta Almeida

 

 

 

E é tudo por hoje, apenas falta mencionar as nossas fontes:

 

http://www.casadashistoriaspaularego.com/pt/paula-rego-e-victor-willing/paula-rego/biografia.aspx

 

Paula Rego in Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2020. [consult. 2020-07-09 02:55:33]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/$paula-rego

 

https://macna.chaves.pt/pages/562

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Galeria_de_Retratos_Oficiais_dos_Presidentes_da_Rep%C3%BAblica_Portuguesa

 

https://www.serralves.pt/pt/fundacao/a-casa-de-serralves/

 

 

Até amanhã!

 

 

Guardar

 

Sobre mim

foto do autor

320-meokanal 895607.jpg

Pesquisar

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

 

 

20-anos(60378)

Links

As minhas páginas e blogs

  •  
  • FOTOGRAFIA

  •  
  • Flavienses Ilustres

  •  
  • Animação Sociocultural

  •  
  • Cidade de Chaves

  •  
  • De interesse

  •  
  • GALEGOS

  •  
  • Imprensa

  •  
  • Aldeias de Barroso

  •  
  • Páginas e Blogs

    A

    B

    C

    D

    E

    F

    G

    H

    I

    J

    L

    M

    N

    O

    P

    Q

    R

    S

    T

    U

    V

    X

    Z

    capa-livro-p-blog blog-logo

    Comentários recentes

    • cid simões

      Carteirista é profissão de precisão e risco, traba...

    • Romeiro de Alcácer

      *A Ponte Romana*A de CHAVES.O ponto de equilíbrio ...

    • Fer.Ribeiro

      Obrigado Soledade, é sempre um gosto partilhar aqu...

    • Soledade Martinho Costa

      Lindos, os espigueiros! Fernando, muito grata pela...

    • FJR

      Na primeira porta do lado esquerdo morou uma mulhe...

    FB