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Vamos lá até mais uma aldeia do Barroso do Concelho de Montalegre, desse Barroso aqui tão perto de nós e que muita da nossa gentinha lhe passa ao lado sem dar por ele, sem conhecer e descobrir as suas maravilhas, onde há do melhor no que respeita à nossa gastronomia, acompanhada de bons vinhos que não produzem mas sabem escolher, com rios e ribeiros de águas cristalinas, cascatas e paisagens de encantar, fauna e flora para explorar, parques naturais, etc, tudo aqui ao lado a partir dos vinte e poucos quilómetros, a meia hora de caminho ou pouco mais.
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Hoje vamos até Brandim, a 52 quilómetros de Chaves a menos de uma hora de viagem, seja qual for o itinerário que escolhermos até lá chegar, mas como sempre recomendamos um deles e deixamos alternativa para um segundo itinerário.
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O itinerário recomendado cai mais uma vez pela opção da estrada de Braga, EN103 até à Barragem dos Pisões, passando por S.Vicente da Chã, Travassos da Chã. Penedones, Parafita e Viade, pois logo a seguir, ainda antes de chegar à aldeia dos Pisões, viramos à direita (CM1011) e dois quilómetros e pico à frente temos Brandim. Esta estrada CM1011 é uma das secundárias mais interessantes do Barroso, mas mais à frente falaremos dela. Fica o nosso habitual mapa e de seguida o itinerário alternativo.
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A opção pelo itinerário que deixámos atrás foi tomada apenas por ser o mais rápido e de melhor estrada.
O itinerário alternativo, em termos de distância, é quase idêntico ao itinerário recomendado, é mais curto em apenas 100m (51.9Km), mas demora mais tempo a percorrer e é maioritariamente feito em estradas secundárias, no entanto, pessoalmente, acho-o mais interessante. Trata-se o itinerário via estrada do S.Caetano, Soutelinho da Raia, Meixide, aqui no final da aldeia, na bifurcação da estrada optamos pelo lado esquerdo em direção a Pedrário e Sarraquinhos, nova viragem à esquerda em direção a Zebral, com passagem pelo Cortiço e logo a seguir o Barracão, ou seja, entramos no itinerário por nós recomendado, pois a partir do Barracão até Brandim o itinerário é comum.
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Para sermos mais precisos, e também como vai sendo habitual, ficam as coordenadas e altitude da aldeia:
41º 45’ 39.01” N
7º 53’ 18.91” O
Altitude média: 950 m (sempre acima dos 900 e abaixo do 1000m)
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Pois entremos em Brandim, coisa que na realidade nós fizemos pela primeira vez há coisa de um ano, mais propriamente no dia 21 de abril, já a meio da tarde, num dia nublado e com alguma chuva e para sermos sinceros, não tomámos nenhum dos itinerários que aqui recomendámos, pois foi num outro itinerário em que Brandim calhava no regresso a casa, já vindos de outras aldeias barrosãs. Penso que tínhamos deixado para trás já meia dúzia de aldeias, fazendo a nossa abordagem a Brandim a partir da aldeia vizinha de Fervidelas. Ou seja, entrámos na aldeia pela seu “parque industrial” de grandes armazéns e construções mais novas e só depois é que entramos no seu centro histórico.
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É, as aldeias também são um pouco como as cidades, com o seu zonamento à sua escala. Coisas novas, a nós, passam-nos ao lado, pois também a arquitetura se globalizou e aparecem cópias de tudo por todo o lado. Nós gostamos mais daquilo que se fez no passado, com as mãos dos filhos das aldeias em que a arquitetura que mandava era a da necessidade daquilo que precisavam, com aquilo que tinham à mão, ou seja, a pedra que a terra dava, a madeira que tinham nas poulas e a arte dos artistas locais (pedreiros, carpinteiros) além da gente da casa. E podem crer que dessa arquitetura caseira, local e simples, nasceram muitas relíquias dignas de serem apreciadas, não só pelos pormenores, mas também pelas soluções encontradas, mas o mais impressionante é que nunca havia duas construções iguais. Todas seguiam mais ou menos a mesma identidade mas sempre diferentes.
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Claro que esta riqueza arquitetónica sente-se mais nas aldeias de maiores dimensões do que nas de menores dimensões. Brandim é uma aldeia pequena, daí a variedade também não ser grande, mesmo assim tem pormenores interessantes e pelo meio algumas intervenções mais recentes, mas continua a manter-se a integridade da aldeia.
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Construções típicas barrosãs também as há, ainda com o testemunho do murete de amparo do colmo em alguns telhados, alguns canastros, a capela pequena, de pedra à vista com uma característica que muitas capelas e igrejas hoje não “cumprem” ou seja a da preocupação da sua orientação em que os fieis ficam virados para Oriente “ad orientem”. Alminhas também vimos e o restante, à volta da aldeia, o verde das pastagens, algumas com gado dentro. Gado que a nossa teleobjetiva também conseguiu captar já em pleno monte, um pouco entregue a si próprio como vai ainda acontecendo um pouco pelo Barroso fora.
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E neste andar por meios rurais vamos tendo a sorte de às vezes “tropeçarmos” com a fauna local. Em Brandim tivemos a sorte de uma Poupa posar para nós. Não é que por cá não as veja com alguma regularidade, pois já são um pouco urbanas, mas muito esquivas à fotografia. Esta não, esperou pelo clique e só depois partiu. Poupa que eu conheço como Boubela mas cujo nome científico é Upupa Epops . Bonitas são, mas quem já as teve por perto, dizem que cheiram mal. Como nunca estive perto de uma, não sei se é mito ou verdade.
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Se forem pelo itinerário que recomendámos no inicio, vão ter as vistas gerais da aldeia à vossa disposição para fotografarem. Se como nós entraram vindo de Fervidelas, só dão conta da aldeia quando entrarem dentro dela. Seja como for, se regressarmos a estrada CM1011, recomendo que façam o regresso a Chaves via Montalegre, isto para poderem apreciar as vistas e aldeias que esta estrada atravessa, pois é raro elas calharem nos itinerários principais dentro do Barroso.
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Esta estrada CM1011 liga a EN103 à M514 e M308. Saindo da simbologia das estradas, na prática liga a Barragem dos Pisões à Barragem de Sezelhe, ou seja, faz a ligação entre o Rio Rabagão e o Rio Cávado e pelo caminho além de Brandim, passa ainda por Contim, São Pedro, ao lado da Srª de Vila Abril, passa por cima do paredão da albufeira de Sezelhe e termina no cruzamento da aldeia com o mesmo nome.
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Administrativamente falando, Brandim pertencia à freguesia de Viade de Baixo mas com aquela coisa da união de freguesias, passou a pertencer à União de Freguesias de Viade de Baixo e Fervidelas.
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Nas nossas pesquisas encontrámos algumas referências a um “Povoado romano localizado num monte sobranceiro à aldeia de Brandim, do lado Noroeste, denominado Vale do Antigo ou Monte do Grito. São ainda visíveis fragmentos de cerâmica de construções de tipologia romana.
Segundo a população local, aquando de trabalhos agrícolas encontraram-se aqui vários fragmentos cerâmicos e restos de mós. Junto a um muro de propriedade destacam-se umas escadas bem talhadas na rocha.”
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Esta informação do povoado romano encontrámo-la em dois sites da internet, no entanto não encontrámos nenhuma referência ao mesmo nas páginas oficiais do município ou livro “Montalegre”, nem tão pouco noutros livros e documentos que costumamos consultar, daí esta pequena justificação. Contudo no “Archeologo Português” há uma referência a Brandim: “No aro de Brandim, segundo nos informaram, têm aparecido algumas mós manuárias.” O texto é de Fernando Braga Barreiros, Montalegre, Junho de 1914.
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Só nos falta abordar a “Toponímia de Barroso”, pois no restante, sobre Brandim, nada, nem no livro “Montalegre” onde há apenas uma referência, a de que a aldeia faz parte da freguesia de Viade de Baixo e Fervidelas.
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Vamos então à “Toponímia de Barroso”:
Brandim
“A raiz deste vocábulo é o nome pessoal germânico Branda pelo genitivo (indicativo da posse de terras e outros bens) de forma alótropa Branda+inus, portanto, (villa) Brandini, > Brandim.
Foram possessões de um tal Brandino.
Não aparece nas Inquirições mas sim no Arq.Hist.Port. e já com 11 fogos o que deixa supor que já existia sob outro nome, bem como Telhado.”
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Na “Toponímia Alegre” não há nada para Brandim, o que não é mau de todo, pois mais vale nada do que ser apelidado com um impropério, que faz rir os vizinhos mas não deve agradar muito aos apelidados, suponho!.
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Bem queria deixar por aqui mais qualquer coisinha sobre Brandim, mas nada mais encontrei e inventar não está muito nos nossos hábitos. Mas numa última tentativa encontrei dois lugares no facebook que vão parar direitinhos a Brandim:
https://www.facebook.com/brandim.aldeia
https://www.facebook.com/groups/110814602938121/about/
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E ficamos por aqui, mas antes ainda deixamos como sempre as referências às nossas consultas. Quanto aos links para as anteriores abordagens às aldeias e temas de Barroso, desde o último fim de semana, passaram a estar na barra lateral deste blog,. Se a sua aldeia ou a aldeia que procura não está na listagem, é porque ainda não passou por aqui, mas em breve passará.
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BIBLIOGRAFIA
BAPTISTA, José Dias, (2006), Montalegre. Montalegre: Município de Montalegre.
BAPTISTA, José Dias, (2014), Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso.
WEBGRAFIA
http://www.cm-montalegre.pt/
https://www.allaboutportugal.pt/pt/montalegre/monumentos/povoado-de-brandim-vale-do-antigo
https://www.igogo.pt/povoado-de-brandim-vale-do-antigo/