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(Foto de Arquivo)
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Já não sei precisar, pois este blog já não é um jovem, mas há coisa de dois anos (ou mais) andava eu já na contagem decrescente das minhas passagens e posts das aldeias. Dizia eu então que faltavam 5 ou 6 aldeias para completar a minha ronda por elas. Com a passagem do tempo as 5 ou 6 aldeias em falta multiplicaram-se e passaram a ser uma dezena larga delas, não que o número de aldeias do concelho tivesse crescido, mas porque passei da abordagem simples e superficial das aldeias para uma abordagem mais alargada, com mais fotos, com um pouco da sua história e estórias, ou seja, passei para os posts alargados. Chegou agora o tempo de fazer novas contas, e curiosamente continua-me a faltar cumprir meia dúzia de aldeias e luagres, 1 vila e ainda muitas freguesias (mosaicos).
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(Foto de Arquivo)
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Portanto aos de Outeiro Seco, Vilar de Nantes e Vidago também chegará a sua hora de passar por aqui, mas também uma ou outra aldeia que merecem nova passagem, porque nas anteriores, fiquei (principalmente em imagem) aquém daquilo que elas merecem, por exemplo Vilela Seca. Mas há ainda a freguesia rural da Madalena, ou seja os seu lugares ou aldeias rurais, como o Seixal, o Prado, Casa Azul/Sr. da Boa Morte, mesmo que estes lugares já tivessem sido engolidos pela cidade, ainda mantêm muito da sua ruralidade ou pelo menos, o cultivo da terra. Também a nova freguesia de Stª Cruz/Trindade terá aqui o seu espaço. Portanto entre aldeias, lugares e freguesias em falta, ainda vai haver matéria para alguns fins-de-semana, mas, sabendo que o tema um dia se esgotará, já vou arranjando outros pretextos para dar mais umas voltas pelo nosso concelho rural, como o que hoje aqui inicio, com as Pedras de Armas ou Brasões existentes no concelho, respectivas casas e famílias.
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(Foto de Arquivo)
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Mais uma matéria e trabalhos em que me vou meter e, também eu, descobrir. Matéria na qual, confesso, até nem estou muito à-vontade mas que, com a ajuda de escritos existentes e mestres na matéria como J.G.Calvão Borges e algumas famílias e amigos entendidos, poderemos todos partir à descoberta da nossa heráldica.
Será uma nova rubrica que irá aparecendo por aqui aos fins-de-semana conforme eu for tendo documentação, quer escrita quer fotográfica, assim, não será regular, mas vou tentar trazer aqui todas as pedras de armas ainda existentes no nosso concelho.
Sem qualquer critério previamente definido, por alguma teria que começar. Inicio assim com uma pedra de armas existente numa quinta em Couto de Ervededo.
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Nesta primeira, sigo a metodologia e transcrevo os escritos de J.G.Calvão Borges, da sua obra «Tombo Heráldico do Nordeste Transmontano», Volume Primeiro, Concelhos de Chaves e Valpaços, pág.s 141 e 142.
1. Classificação: Heráldica de família.
2. Localização: Couto (Freguesia de S.Martinho de Ervededo). Ervededo foi Vila de que era Senhor o Arcebispo de Braga.
3. Datação: Século XVII (1ª metade).
4. Descrição heráldica:
- escudo: português, elmo de grades voltado a ¾ para a dextra, paquife, correias e timbre; o conjunto, transferido da sua localização original, foi enquadrado em moldura rectangular dupla, muito irregular, com o timbre encaixado forçadamente e saindo da moldura.
- composição: esquartelado.
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- leitura:
I – partido; no 1º, uma torre com uma bandeira e, em campanha, um rio; no 2º, uma árvore.
II – cinco chaves com os palhetões para cima.
III – cinco estacas.
IV – seis arruelas ou besantes , alinhados em duas palas, 3 e 3.
- identificação: são as armas das famílias:
I – MORAES (modernas) – Partido: o 1º de vermelho, torre de prata com portas, frestas e lavrado de negro, coberto de oiro, com uma bandeira de prata no remate; a torre firmada num pé de água de prata e azul. O 2º de prata, amoreira arrancada de verde.
II – CHAVES – de vermelho, cinco chaves de oiros postas em pala , com os palhetões para cima e voltados à dextra.
III – QUEIROGA – de verde, cinco estacas aguçadas e alçadas de prata, postas em pala e dispostas em faixa.
IV – CASTRO – de prata, seis arruelas de azul, alinhadas em duas palas, 3 e 3.
Timbre: O dos Moraes – a torre do escudo
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5. Comentário:
Esta pedra de armas é muito parecida com a que se encontra no Museu de Chaves (…). As famílias representadas são as mesmas (…).
A posição do timbre e o facto de, por cima do paquife, nos aprecerem duas plumas, obriga-nos ainda a admitir que o timbre actual seja uma alteração introduzida posteriormente na pedra de armas original. Note-se que nesse timbre, aparentemente, se quis representar, não a torre encimada por uma bandeira, que é o timbre dos Moraes, mas a mesma torre encimada pela árvore das armas, o que constitui uma anomalia.. Porém o facto mais significativo é o de a pedra onde foram gravadas as armas ser diferente daquela onde se gravou o timbre, saindo este da esquadria daquela.
O desenho, se não fora a irregularidade atrás referida, poderia ser considerado de qualidade notável, particularmente no que respeita ao elmo e paquife. O mesmo pode afirmar-se do trabalho de canteiro.
6. Identificação da família:
(…)
Segundo algumas das geneologias setecentistas, o Sargento Mor da Batalha e Governador das Armas de Traz-os-Montes, Gregório de Castro Moraes, um dos morgados de S.Catarina e de N.Srª do Pópulo, teve um filho que viveu no couto de Ervededo. Este filho, que usava o mesmo nome de seu pai, foi casado com D. Sebastiana Veloso, filha de Belchior Luís Pinto Cardoso, morgado de S. Tiago da Praça em Mirandela e bisneto de Diogo de Queiroga, um dos filhos legitimados de Álvaro de Queiroga. Esta poderá ser a explicação para as armas gravadas nesta pedra; falta-nos, porém, a documentação para o poder assegurar.
E por hoje é tudo. Amanhã temos as Crónicas Segundárias de António Chaves.