As gerações que nos são mais próximas deram largas à sua imaginação fazendo bonecas ou bolas de trapos, construindo carrinhos de rolamentos, realizando grandes corridas com aros de bicicletas, jogando às latinhas onde calhava ou desenhando a macaca em qualquer recanto, numa época em que os brinquedos de madeira e de folha da Flandres eram um luxo que fazia apenas as delícias das crianças mais felizardas. As mesmas que se deixaram depois fascinar pelas peças Mecano ou Lego e pelas bonecas e Barbies cada vez mais sofisticadas. Um espaço de alegria e felicidade que marcou o imaginário de muitos daqueles que tinham uma vida mais desafogada.
Os brinquedos servem hoje de pretexto para falar não de coleccionismo de temática flaviense, strictu sensu, mas de um coleccionador flaviense.
Carlos Guilherme Teixeira dos Anjos (n. 1951) conserva esse fascínio pelo universo da infância e da adolescência, tendo-se tornado um dos mais notáveis coleccionadores de brinquedos portugueses. Nascido em Chaves, viveu muitos anos em Angola, fixando-se posteriormente no Porto. Hoje em dia, a sua colecção ultrapassa largamente as 15 000 peças e a sua colaboração enquanto perito estende-se às mais diversas publicações, ao Museu do Brinquedo, em Sintra, e a este livro de 1997, cuja capa se reproduz.
Não constando que em Chaves tenham existido fábricas de brinquedos, reproduzem-se aqui duas bonecas portuguesas de cerâmica e tecido, de meados do século XX, adquiridas na última Feira dos Santos. Um pequeno contributo para complementar as ilustrações do volume reproduzido acima, o qual, entre dezenas e dezenas de peças, apenas apresenta três imagens de brinquedos em cerâmica.
Uma última nota... Já alguém se terá lembrado de convidar este flaviense para realizar em Chaves uma exposição digna das suas peças e da importância da sua colecção?