Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

13
Fev24

O Carnaval de Chaves chama-se Entroido


1600-coredoiro-17 (295)

 

Entrudo ou carnaval? Quando era puto, falava-se mais em entrudo, hoje em dia, o carnaval é mais popular, mas, ao fim e ao cabo, a coisa é a mesma, refere-se ao 47º dia antes da Páscoa que calha sempre numa terça-feira, e quanto ao significado de cada um, temos que regressar à origem da palavra, ao latim no caso do Entrudo, a derivar da palavra latina introitus que significa entrada, neste caso – entrada na quaresma. Já quanto à origem do Carnaval como evento carnavalesco de festas profanas não é muito clara, embora também com origem no latim, carne vale, que significa “adeus carne”, certo é que para ambos as palavras, o dia marcado é o de terça-feira gorda como fim do pagão e das festas profanas, para no dia seguinte, quarta-feira de cinzas, se entrar no costume cristão do jejum, sem festas até ao dia de Páscoa.

 

1600-verin-15 (37)

 

Seja como for, Entrudo ou Carnaval, em Chaves se quisermos festa temos que lhe chamar entroido, e de ir até Verin, lá sim, há festa e é grande, prolongando-se a longo dos dias (semanas) que antecedem a terça-feira gorda, em várias etapas, entre as quais a noite dos compadres, a noite das comadres, o domingo corredoiro e o remate final com o grande desfile de terça-feira, com os cigarróns a encherem a avenida  principal com o seu colorido e chocalhar, para além de outras e diversas alegorias, folias e copas. Bem vistas as coisas, é a Eurocidade Chaves-Verin a funcionar, onde Verin fica com o lado da festa pagã, e Chaves fica com o período cristão do jejum. Tá bem, e com esta me bou...

 

Até amanhã sem chicha!

 

 

 

21
Fev23

Chaves de ontem

Com um carnaval de fim de século


1600-finais de 90 (3).jpg

 

Às terças-feiras costumamos deixar aqui algumas imagens da cidade de Chaves de outros tempos, do século passado, mas como hoje é dia de carnaval, fomos ao nosso baú de fotografia analógica, já digitalizada, à procura de carnavais de outros tempos, e lá conseguimos descobrir meia dúzia de imagens de um carnaval, que segundo os meus cálculos, deverão ser do ano de 1999, ou seja, e disso já tenho a certeza, as crianças que aparecem na imagem hoje devem ter entre 25 a 30 anos de idade.

 

1600-finais de 90 (1).jpg

1600-finais de 90 (4).jpg

 

Outros tempos, não muito distantes e até não muito diferentes dos de hoje, a não ser o estarmos todos com mais vinte e poucos anos em cima, embora ao nível da fotografia haja uma grande diferença, ainda estávamos na era dominante da fotografia analógica, com a fotografia digital a dar os primeiros passos e ainda proibitiva ao nível de custo se é que já estavam lançadas no mercado. Estávamos ainda no tempo em que se fazia fotografias com tento, peso e medida, isto porque fazer fotografia também tinha os seus custos de revelação e ampliação, aliás os rolos de fotografia comercializados no mercado estavam limitados a 12, 24 e 36 fotografias. Para quem não é desse tempo e quiser ficar com uma ideia do que era fazer fotografia, por exemplo nos negativos do rolo de onde retirei as imagens de hoje, de 24 fotografias, ainda tinha fotografias da feira dos santos desse ano, e o rolo continuou para mais meia dúzia de imagens para além do carnaval.

 

1600-finais de 90 (5).jpg

1600-finais de 90 (6).jpg

 

E é tudo por hoje, com a esperança que alguém se veja retratado nas imagens de hoje para recordar como era.

 

Até amanhã!

 

 

16
Fev21

Entróido, Entrudo e Carnavais

Entróido de Verin e Entrudo de Podence


1600-verin-15 (5)

 

Já sabemos que este ano não tivemos carnaval, e não me venham com o virtual, porque esse não vale, pois, o carnaval ou no nosso caso o entrudo, só se faz com as malandrices que traz associadas, embora nós, flavienses, até nem nos podemos queixar por perdemos o dia de entrudo, pois por cá não há tradição, embora até seja uma contradição, pois se tivermos em conta a Euro Cidade de Chaves-Verin, aí sim, temos um dos maiores, senão o maior entrudo da península ibérica, mas como todos sabemos, esse carnaval, só em Verin é que acontece. Independentemente da Euro Cidade, sem qualquer dúvida que o Entróido dos Cigarróns de Verin, é o nosso entrudo.

 

1600-podence (314)

 

Assim, mesmo sem carnaval/entrudo nas ruas, o seu dia maior aconteceria hoje, não o tivemos nas ruas, mas temos imagens dos outros anos, e recordar também faz partes das nossas vidas. Ficam então duas imagens dos cigarróns de Verin, do outro lado da raia, mas na Galiza e já sabemos que a Galiza, culturalmente falando, incluindo na língua, é muito próxima de nós, e uma das provas, está precisamente na tradição do entrudo/entróido, incluindo nos disfarces e malandrices, tradições a ele associados, com base num entrudo de malandrices, sujo, bem longe do samba nas ruas.

 

1600-verin-15 (38)

 

Como tal trazemos também duas imagens de um entrudo que nos é também próximo, não tão próximo como o de Verin (estamos a falar de distâncias no terreno), mas é em Trás-os-Montes, e que se repete um pouco por algumas localidades do distrito de Bragança, no caso das imagens, é o entrudo de Podence.

 

1600-podence (496)

 

E é tudo, só falta mesmo localizar no tempo as imagens que aqui deixamos, as dos cigarróns de Verin são do entróido de 2015 e a dos caretos de Podence são do entrudo de 2018.

 

 

25
Fev20

Entrudo, Entróido e Carnaval

Verín, Laza e Podence


1600-podence (308)

Careto de Podence

Entrudo ou Carnaval está aí, nas ruas das aldeias, vilas e cidades, um pouco por todo o mundo, e é coisa muito antiga com origens para todos os gostos. Em miúdo, lá em casa falava-se no entrudo e pouco em carnaval. Embora o primeiro termo esteja mais ligado ao mundo rural e o segundo, mais globalizado. Entrudo para nós, entróido aqui para os nossos vizinhos galegos ou para a nossa Eurocidade Chaves-Verin, já que em Chaves, não há tradição do que quer que seja (entrudo ou carnaval), ou melhor, até havia, em manifestações espontâneas de pequenos grupos, não organizados,  de um entrudo porco, sujo, feio e barulhento, era mesmo assim, com farinha e carvão, rabichas e bombas a estourarem por todo o lado, “peidos chocos” e serem largados em lugares público e salas de aula, seringas de água de todas as formas e feitios, e serpentinas para os mais betinhos,  etc.

 

1600-corredoiro 17 (433)-1

Cigarrón de Verín - Galiza

Coisas que até eram proíbas de serem utilizadas (como as bombas e petardos) mas que se compravam por aí em qualquer sítio, inclusive eram vendidas a crianças. Mas a diversão principal da cidade (Chaves) era mesmo aproveitar essa proibição na presença da polícia, fazendo rebentar as bombas nos seus pés, o que os deixava zonzos na procura dos atiradores, pois no meio da confusão era quase impossível saber quês as lançou, sendo mesmo, às vezes, lançadas a certa distância, principalmente quando a polícia abandonava o local e as bombas continuavam a rebentar-lhe junto aos pés, pois a tática da rapaziada era furar uma batata, meter-lhe a bomba dentro e lança-la a rolar para distâncias maiores. Meia dúzia de atiradores e o resto era assistência, estas, até iam tendo alguma graça, agora chegar a casa todo molhado, enfarinhado e sujo de carvão, já não tinha tanta graça. Assim, se é que isto era entrudo, era o que ia havendo nas ruas de Chaves e não era coisa de um dia, mas de vários… mas isto eram outros tempos, em que televisões poucas havia, internet nem em sonhos, té certo que tínhamos cinema, mas não era todos os dias.

 

1600-introido-12 (36)

O Homem Líquen (Carnaval de Verín - Galiza)

Mas voltemos ao Entrudo e Carnaval, às suas origens bem antigas. Pois olhando ao seu significado e origem, o Entrudo talvez seja o termo mais correto, ou melhor, o mais correto seria mesmo entrudo carnavalesco, porque os nossos, têm as duas vertentes, isto olhando à sua origem e ao significado dos termos na sua origem, em que o entrudo tem origem no latim introitus (intróito), com o significado de introduzir, dar entrada, começo ou anunciar a aproximação da quadra quaresmal, por sua vez o Carnaval, mais antigo, remonta ao tempo dos deuses, estava ligado a vários rituais do final de inverno e início da primavera, com festividades e cerimónias aos deuses, destacando-se uma,  a de lançar ao mar uma barcaça – o carrus navalis (carro naval) – repleta de oferendas, após ter sido abençoada por um sacerdote, tendo o ritual por objectivo a purificação e a fecundidade das terras, onde a  multidão assistia mascarada à partida da barca, prosseguindo depois em procissão pelas ruas. Mas há outra versão, esta já da era cristã, a explicação etimológica para o termo «Carnaval» aponta para a palavra carnisvalerium (carnis de carne, valerium, de adeus), o que designaria o adeus à carne durante a quaresma, hoje, nos dias de jejum.

 

1600-corredoiro 17 (449)

Cigarrón de Verín - Galiza

Chegados aqui, continuo a pensar que o entrudo carnavalesco é mesmo o termo próprio, pois por um lado temos o Entrudo como a introdução à quaresma com o adeus à carna, é a a parte religiosa da coisa e por outro, o carnaval entra com sua parte pagã da coisa, com os desfiles, máscaras, brincadeiras, matrafonas, bailes, bombas e serpentinas.

 

1600-laza-entroido (192)

Os Peliqueiros de Laza (Galiza) - Invasão das casas

Para entrudo deste post, há a dizer que as imagens de hoje são de dois entróidos, o de Verin com os seus cigarróns e o de Laza com os seus peliqueiros e os caretos de Podence. Estres três sim, com tradição e mais qualquer coisa de significado, e embora os três tenham em comum os chocalhos nas costas dos caretos, são completamente diferentes. Os mais genuínos, sem dúvida que são o de Podence e o de Laza, o de Verin é o de maior sucesso, pois modernizou-se, adaptou-se aos novos tempos, mantém algumas tradições, mas explorou a folia no sentido da farra, da borga, dos copos, das noitadas, da festa… e tem sido um sucesso a chamar a Verin milhares de pessoas para as suas celebrações, com a noite das comadres, dos compadres, o domingo corredoiro e os desfiles de domingo e terça-feira (hoje) onde tudo termina.

 

1600-corredoiro 17 (437)

Cigarróns de Verin - Galiza

E por hoje é tudo, com imagens dos nossos carnavais transmontanos ou galegos, bem diferentes daqueles mais afamados de Portugal.  E é tudo, da nossa parte também cumprimos esta quadra, curiosamente, este ano, se termos ido a nenhum deles, as imagens são de arquivo, mas continuam atuais.

 

 

 

13
Fev18

O Entroido da Eurocidade Chaves-Verín


1600-coredoiro-17 (86)

 

Como hoje é dia de Carnaval, ninguém leva a mal – diz o povo – e se o povo o diz, então é porque é mesmo assim. É  uma espécie de dia 1 de abril, dia das mentiras, só que aqui, no carnaval,  é a verdade que se disfarça com a mentira, quer com máscaras, quer vestindo-se a verdade de careto, de matrafona, de peliqueiro ou cigarón, estes últimos os mais próximos de nós, pois são da nossa Eurocidade Chaves-Verín. Assim sendo, as imagens de hoje são dos nossos cigarróns de Verín, e entendam esta última frase também como uma frase carnavalesca, ou seja, uma verdade também ela vestida com uma mentira.

 

1600-coredoiro-17 (237)

 

Em tempos achei piada a uma frase que tentava explicar o que era a Eurocidade Chaves-Verín em que dizia “aqui somos todos galegos que vivem na mesma cidade mas em dois bairros, uns vivem no bairro do Norte e outros no bairro do Sul.”. Eu próprio acho que adotei algumas vezes, isso aconteceu quando achei também piada à ideia de Verín e Chaves serem uma só cidade, com um mesmo povo que culturalmente somos, e que cheguei a acreditar que essa cidade seria possível, tanto mais que até os senhores da Europa, que são assim uma espécie de senhores de Lisboa mas à escala europeia, numa das suas páginas oficiais da WEB diziam o seguinte: “O projeto Eurocidades procurou encontrar formas de promover os serviços e as políticas comuns em áreas como a cultura, turismo, comércio, educação, investigação e política social. Este projeto pretendeu fomentar uma colaboração territorial mais profunda e edificar uma coesão social entre as duas comunidades, ao mesmo tempo que procurou melhorar a qualidade de vida em geral das pessoas.” (in: http://ec.europa.eu/regional_policy/pt/projects/spain/eurocity-bringing-cultures-together-to-forge-lasting-bonds )

Palavras encantadoras “ políticas comuns em áreas como a cultura, turismo, comércio, educação…” . Fiquei convencido, mas tudo isto foi antes de cair em mim.

 

1600-coredoiro-17 (38)

 

Com o tempo essa dos “galegos do Norte e dos galegos do Sul” fez-me lembrar aquela anedota que pretendia demonstrar a xenofobia e racismo do apartheid  na África do Sul,  quando a professora branca que entrou pela primeira vez numa turma mista, disse: aqui não há brancos nem pretos, somos todos azuis. Uma vez que assim é, o azuis-claros sentam-se à frente e os azuis-escuros sentam-se atrás.

Pois por aqui também é tudo galego, mas cada um no seu cantinho e cada um brinca com os seus brinquedos, festas, culturas, educações, etc.  incluindo no Carnaval.

Vejamos por exemplo uma sondagem que está na página da Eurocidade Chaves-Verín:

 

sondagem.JPG

 

 

Não seria mais correto o texto dizer assim:

 

Concorda com um único hospital na Eurocidade Chaves-Verín com todas as valências médicas e especialidades?

Com apenas duas respostas: sim ou não

 

Mas para evitar guerrilhices até deveria ser assim:

Concorda com um único hospital na Eurocidade Chaves-Verín a construir na antiga fronteira, com todas as valências médicas e especialidades?

 

1600-coredoiro-17 (9)

 

Os mais atentos dirão que não, que as coisas não são assim, que até já existe um cartão de eurocidadão para mostrar aos amigos, e uma agenda cultural comum onde cada um (galegos do Norte e galegos do Sul) deixam as suas atividades individuais (que não são comuns porque não existem).

 

Tudo isto porque, ao contrário de Verín,  Chaves não tem tradição de festejar o Carnaval, e quando apareceu essa coisa da Eurocidade Chaves-Verín, cheguei a sonhar que seria possível fazer qualquer coisa em conjunto, onde Chaves também passasse a ter alguma da festa do Entroido de Verín.

 

1600-coredoiro-17 (119)

 

Eurocidade Chaves- Verín que agora também já se autointitula “Eurocidade da Água”. Para esta e para quem conhece o nosso Rio Tâmega entre Chaves e Verín,  deixo aqui um texto que há dias se cruzou comigo na internet, num grupo do Facebook “Tâmega Internacional – Natureza e Mundo Rural”  de autoria de Marco António Fachada:

 

"Durante anos sonhamos: com uma área protegida, com bosques ribeirinhos onde pudéssemos ensinar como se sabe, pelas árvores e líquenes, onde está o Norte, com moinhos reconstruídos e transformados em centro de interpretação da natureza, com o silêncio do canto das aves e o ruído das águas a bater nas pedras.


Um espaço onde pudéssemos mostrar que uma árvore morta é ainda uma fonte para a vida.


Vieram estudantes e turistas, nacionais e estrangeiros. Fomos à televisão e a congressos, cá dentro e lá fora.

Acreditámos.


Houve uma petição, assinada por (quase) todos nós. O tempo foi passando, desacreditando.


Hoje os caminhos onde víamos o sardão ou a cobra-de-escada a aquecer no cascalho, são estradas movimentadas em alcatrão.


Vieram outros, puseram novos observatórios e sinalética, mas a vegetação continua a ser destruída, a extração de areias voltou, à luz do dia, encoberta pela neblina, à luz do sol depois do nevoeiro levantar...


Parece que resta um sofá...largado, à beira da tal estrada de alcatrão, de frente para uma lagoa, sem árvores, sem aves...


Chamam-lhe desenvolvimento, eu acho que é apenas desilusão. 


Eu assumo a minha."

 

1600-coredoiro-17 (22)

 

E eu a minha!

 

 

Claro que tudo isto vem porque hoje é Carnaval e ninguém leva a mal… E com esta me bou!

 

Desculpem lá, mas gosto mais da versão barrosã de “me bou” do que da flaviense “bou-me”. Continua a ser Carnaval…. ou Entroido na Eurocidade.

 

 

 

01
Mar17

E venha a Páscoa que o Carnaval já lá vai


1600-corredoiro 17 (527)

 

Venha então a Páscoa que o Carnaval já lá vai. Aliás cá na terrinha se não fosse tradição gastronómica associada ao Carnaval, nem dávamos por ele, isto se nos referirmos só à cidade de Chaves. Agora se quisermos presumir e dizer que somos da eurocidade Chaves-Verin, aí a cantiga já é diferente, pois ali ao lado os nosos irmáns galegos, não brincam com o carnaval  ou entroido, levam-no a sério, ou seja, brincam muito e divertem-se ainda mais com ele, e não é coisa para um dia, mas praí uns 15 dias de loucura.

 

1600-corredoiro 17 (547)

 

Talvez seja por esta falta de tradição do carnaval em Chaves que é uma das festas que a mim, pessoalmente, pouco ou nada me diz, a não ser pelas iguarias que vão à mesa e seria um dia como outro qualquer.

 

1600-corredoiro 17 (521)

 

Venha pois a Páscoa que, verdade se diga,  é outra das festas que também nada me diz, isto se é que podemos considerar a Páscoa uma festa. Claro que há as iguarias ligadas à Páscoa, como o folar e mais recentemente por força da publicidade comercial os chocolates. Também aqui como não sou lá grande amante do folar nem dos chicolates, a festa da mesa também me passa ao lado, ainda pra mais que hoje em dia, folar,  há-o  todos os dias nas padarias da cidade e ainda por cima é caro comó coiso! Mas o que chateia mesmo é que agora começa aquela cena do jejum, uma chatice. Está claro que ninguém me obriga a jejuar, mas que remédio eu tenho, pois como não cozinho as minhas refeições, tenho que me render àquilo que põem  à mesa ou está disponível na ementa, mas com um bocadinho de sorte temos uma bacalhoada e a coisa fica mais composta.

 

1600-corredoiro 17 (433)

 

E tudo se comporia se a seguir à Páscoa tivéssemos por cá uma grande festa, mas nada, desde o Natal (festa que eu gosto) até à Feira dos Santos, cá na terrinha em termos de festas é como é um grande deserto que temos de atravessar, quando muito há umas sardinhas acompanhadas de uns copos e umas modinhas musicais populares lá para o S.João e S.Martinho, mas em pequenas festas de amigos ou familiares, e mais nada. Se não fosse pela abundância de grandes superfícies comerciais e armazéns dos chineses, Chaves seria uma tristeza ou como diz o meu amigo escritor, seriamos uma “Crónica triste de névoa”, cheia de macambúzios deprimidos.

 

1600-coredoiro-17 (345)

 

Ah!, ainda ao respeito do parágrafo anterior e dos nossos sítios de diversão, temos a vantagem de estarem abertos aos sábados e domingos, senão o que seria de nós aos fins-de-semana, desejosos e ansiosos pelas segundas-feiras para irmos trabalhar, pois enquanto estamos ocupados não pensamos nessas coisas que só acontecem nos tempos livres ou tempo de lazer, como o pessoal das ciências humanas gosta de chamar. Um direito, dizem!

 

1600-coredoiro-17 (49)

 

Já quase pareço um queixinhas. Agora a sério, a verdade é que não necessitamos nada dessas coisas de festas de rua onde se mistura de tudo, com gente a tresandar a suor, bêbados, os casas de cinema com gente a comer pipocas e fazer barulho que nem deixam ver um filme, ou teatros para nos armarmos em intelectuais quando toda a gente gosta de cinema, ou concertos musicais onde só vão putos bêbados e drogados com música de furar os tímpanos, foguetes no ar que só poluem a atmosfera e assustam os passarinhos…

 

1600-coredoiro-17 (392)

 

Para quê querer isso tudo se agora temos tudo em casa, o que quisermos, sentados comodamente no nosso sofá. Basta ter um televisor, um computador e uma ligação à internet et voilá, ora estamos a ver um bom filme, a assistir a um bom concerto musical ao vivo com a vantagem de podermos ir comentando com os mais de mil amigos que temos no facebook, além de muita mais coisa que se pode fazer, que eu bem sei. Convém é ter umas bejecas no frigorifico, não vá dar-nos sede a meio da noite… Ah! ainda com a vantagem de que em casa, onde houver mais gente além de nós, não somos obrigados a assistirmos todos ao mesmo, pois cada um no seu sítio, com  a sua televisão, o seu portátil, tablet ou até telemóvel, desde que haja Wi-fi, e está tudo resolvido e se tivermos filhos daqueles que ainda nos obedecem, de vez em quando podemos mandar-lhes uma mensagem para o telemóvel do género: “ Vai ao frigorífico e traz-me uma cerveja que não quero interromper o filme”, ou então se formos mais responsáveis, uma do género: “ vê se te deitas que amanhã tens de te pôr a pé cedo”. Uma vez mandei esta à minha filha e ela respondeu-me: “ Ó pai, acordaste-me, já estava a dormir!”…

 

E com esta me vou!

 

As fotos são do Domingo Corredoiro de Verin.

 

 

09
Fev16

O Introido da Eurocidade Chaves-Verín


1600-verin-15 (69)

 

Como hoje é terça-feira de Carnaval mal seria se não fizéssemos aqui referência a este dia de folia que vai sendo celebrado e festejado por esse Portugal fora mas também um pouco por todo o mundo. Mas em Portugal também é festa grande nalgumas cidades, vilas e aldeias, tanto que nesta terça-feira, salvo no regime neoliberal assanhado, sempre houve tolerância de ponto, um quase feriado que hoje em dia já se começa a falar em oficializá-lo.

 

1600-verin-15 (204)

 

Chaves, não sei por que razão, nunca ligou muito a este dia. Antigamente ainda havia o queimar e rebentar de uma rabichas e bombas de carnaval, uns peiditos chocos e seringas de água na mão da canalhada, agora nem isso. Chaves é definitivamente uma cidade de costas viradas para as festas, sem festas da cidade, sem carnaval, sem grandes festivais de música, também ela parece governada por neoliberais assanhados em que o povo só serve para trabalhar e pagar taxas e impostos. Festa e cultura são coisas da intelectualisse de esquerda que só pensa na boa vida… Chaves é definitivamente a cidade triste da névoa… Assim, se queremos carnaval, ou nos vingamos à mesa de nossas casas com as iguarias do fumeiro e do reco que são tradicionais nesta quadra ou então vamos a Verin ver, aí sim, a festa do intróido e dos cigarróns, com vários pontos e dias altos de festa ao longo de mais de 15 dias de folia.

 

1600-verin-15 (143)

 

Tive esperança que na tal Eurocidade de Chaves – Verín, com projeto reconhecido e premiado pela União Europeia, passasse a existir realmente uma eurocidade, que é muito bonitinha no papel, naquilo que se diz à imprensa e esta reproduz, mas que na realidade Chaves continua como era antes da Eurocidade e Verís, por sua vez, continua como era Verín antes da Eurocidade. Nas notícias (por exemplo em: http://www.rtp.pt/noticias/cultura/eurocidade-chaves-verin-sera-a-primeira-zona-franca-social-da-europa_n865641#sthash.QTNXK4za.dpuf ) diz-se (o sublinhado é meu):

Oito anos depois de Chaves e Verín terem iniciado o projeto, com apoio de fundos da política comunitária de coesão, os dois municípios veem reforçada a possibilidade de criarem, em conjunto, "a primeira zona franca social", com os cidadãos das duas margens do rio Tâmega "a circularem livremente e a utilizarem os serviços" públicos de saúde e educação de um ou de outro concelho, como mais lhes convier”.

Que maravilha, não fosse no meio ter as palavras “A possibilidade de criarem”, pois nada disto existe. Existe, isso sim aquilo onde se diz:

A eurocidade Chaves-Verín já partilha um cartão de cidadão que dá acesso a piscinas, bibliotecas, eventos, formações ou concursos, bem como uma sede, uma agenda cultural, instalações desportivas e recreativas e atividades conjuntas.

É verdade sim senhor, mas se não tiver o dito cartão tem na mesma acesso a esses locais. Para rematar, também é verdade onde se diz:

António Cabeleira sublinhou que os dois lados da eurocidade já partilham uma agenda cultural comum

Sou testemunha disso e até tenho uma agenda dessas em casa, mas este comum não quer dizer que sejam atividades conjuntas da Eurocidade, mas sim Chaves deixa na agenda as suas atividades e Verin deixa na agenda as atividades que Verin promove. Não há cá misturas, cada um com o seu, sem intercâmbios nem realizações conjuntas, cada um trata das suas coisinhas como sempre aconteceu e mais nada, a agenda apenas as anuncia – Já é qualquer coisa. E foi assim que fiquei a saber que hoje em Verín desde as 11h00 (não sei se de lá se de cá) vai haver o Martes de Entroido organizado pelo Concello de Verín. Agora bonito-bonito são…, ou aliás, era ver os Cigarróns a correr também as ruas de Chaves.

 

1600-verin-15 (222)

 

Mas enfim, là teremos que ir a Verin para termos Carnaval, como todos os anos e do qual eu até sou freguês já há uns bons anos, mesmo antes da Eurocidade já o era, só que este ano não me dá jeito ir por lá, assim, ficam as fotos do Carnaval (Introido de Verin) do ano passado. Eu não posso ir, mas quem puder, que vá, pois vale a pena lá ir, com ou sem cartão da Eurocidade, pois a festa lá, é de todos e para todos.

 

 

 

 

18
Fev15

Intróido de Verin - Galiza


1600-verin-15 (35)

Cigarróns

Se a Eurocidade Chaves-Verin fosse uma coisa “visível” , também Chaves (graças à irmandade) se poderia gabar de ter um dos melhores carnavais, mas como tal não acontece vamos , aliás como sempre fomos, vendo o Intróido de Verin.

 

1600-verin-15 (132)

E é sempre com gosto que lá vamos, só temos pena de não poder participar em toda a festa do intróido que durante mais de 15 dias se vai manifestando e diversas atividades, como a noite das comadres que leva até Verin milhares de pessoas.

1600-verin-15 (66)

Assim, só nos vai sendo possível ir ao desfile onde os cigarróns fazem do intróido de Verin um intróido (entrudo) único de uma beleza singular, ou quase, pois não podemos esquecer os peliqueiros de Laza.

 

Ficam três olhares deste ano sobre esse intróido.

 

 

21
Fev12

A Eurocidade Chaves-Verin e o Entróido


 

 

 

 

E como hoje é carnaval e em Chaves não há tradição do seu festejo,  vamos passar por Verin, onde o carnaval, ou entrudo, por lá,  já é festa grande com tradição.  Em Chaves não há tradição e também de pouco nos valeria que houvesse, pois com a adesão de Chaves (instituições públicas) à não tolerância de ponto, hoje é dia de trabalho, embora por parte do poder local, conhecendo-os como conheço, não estranhe o gesto, mas nem por isso lhes fica muito bem. Eu explico já os porquês, mas primeiro uma imagem do Entróido de Verin, ao qual fui no Domingo, quebrando a minha tradição de ir lá hoje.

 

 

 

Pois dizia eu que o gesto não lhes fica muito bem por duas razões. A primeira por falta de solidariedade com a grande maioria dos municípios que se marimbaram para as recomendações do governo e deram tolerância de ponto e, neste momento de crise a tolerância justifica-se ainda mais que nos anos de não crise, mas pelos vistos parece que além de nos quererem pobres também nos querem tristes e de castigo, como se nós fossemos os culpados da crise para a qual eles nos conduziram e continuam a enterrar, os números não mentem e, se os contabilistas do poder fizerem contas a quanto se perde com a não tolerância verão que é muito mais do que aquilo que vão ganhar e, se a intenção era castigar (mais uma vez a função pública) quem fica a perder (mais uma vez) são os privados. Penso que não será necessário explicar porquê.

 

 

Mas esta primeira razão até nem é a que fica mal ao poder local. Então a Eurocidade Chaves-Verin que tanto se apregoa no papel? Então as festas de Verin (tal como se anunciam na agenda cultural), agora, não são também as festas de Chaves? Então sabendo que grande número das gentes que enche as ruas de Verin nos desfiles de Entróido são flavienses, não os deixam ir ao desfile?

 

 

Claro que as perguntas são para ficar sem resposta e depois todos sabemos que a Eurocidade, que já existe desde 2007,  ainda não saiu das intenções do papel e da publicidade, pelo menos que seja visível e que se note,  tendo em vista a única meta a alcançar pela Eurocidade, ou seja (fica o copy-past daquilo que se diz na página oficial) :

 

 

 

 

Meta:

  • Proporcionar uma maior qualidade de vida à população dos municípios de Chaves e de Verín através da promoção do desenvolvimento sustentado.

 

Pois,  é tão fácil escrever palavras, mas analisando a frio, a eurocidade já existe há 5 anos e quanto a uma maior qualidade de vida da população, está à vista – estamos mais pobres e mais tristes e a eurocidade em nada tem contribuído para a nossa felicidade, pois continua tudo igual ou pior que antes da sua existência  e o resto é blá.blá,blá…e a crise, claro. As obras não se veem nos papéis, é no terreno. No papel apenas ficam ou projetam intenções, no terreno é que se vê a realidade e, tomemos esta tão simples como é a do Entróido, pois as festas e tradições também promovem o desenvolvimento sustentado, mas para isso, têm de se abrir à participação de todos.

 

 

A teoria da eurocidade é engraçada mas a realidade é que não tem graça nenhuma ou usando linguagem de entrudo – a cara não condiz com a careta.

 

 

Mas deixemos a tristeza de lado e já que não podemos ir ao desfile de Verin fiquemos ao menos com algumas imagens daquilo que por lá vai desfilar, num desfile que é único graças aos Cigarróns, para além das críticas sociais e políticas que este ano, como não poderia deixar de ser, andam à volta da crise e da justiça…sim, não é só por cá... mas com muito colorido, alegria e música, afinal como se diz por cá, tristezas não pagam dívidas.

 

 

Ainda hoje, ao meio dia, vamos ter por aqui a Pedra de Toque, de António Roque, com "Todos Temos Uma Cruz"

 

Sobre mim

foto do autor

320-meokanal 895607.jpg

Pesquisar

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

 

 

20-anos(60378)

Links

As minhas páginas e blogs

  •  
  • FOTOGRAFIA

  •  
  • Flavienses Ilustres

  •  
  • Animação Sociocultural

  •  
  • Cidade de Chaves

  •  
  • De interesse

  •  
  • GALEGOS

  •  
  • Imprensa

  •  
  • Aldeias de Barroso

  •  
  • Páginas e Blogs

    A

    B

    C

    D

    E

    F

    G

    H

    I

    J

    L

    M

    N

    O

    P

    Q

    R

    S

    T

    U

    V

    X

    Z

    capa-livro-p-blog blog-logo

    Comentários recentes

    • Anónimo

      Obrigado caro amigo. Forte abraço.

    • HP

      E um caso de estudo na toponímia local: Ribeira do...

    • cid simoes

      Bom dia senhor cronista. Saúde!

    • Anónimo

      Ainda bem. Forte abraço.João Madureira

    • cid simoes

      Gosto, até à próxima. Saúde!

    FB