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Carambelo no Planalto do Brunheiro - imagem de arquivo
Tarde de 30 de dezembro do ano que recentemente nos deixou. Desde o vale, olhei para a coroa da Serra do Brunheiro e estava num daqueles dias de coroa coberta com nevoeiro quando às vezes acontece um fenómeno meteorológico, quando ar húmido do vale sobe pela encosta fora e quando chega à coroa da serra, em contacto com as temperaturas negativas, congela contra tudo que é obstáculo, criando um espetáculo de verdadeiras esculturas de gelo que por cá também se conhece por carambelo e/ou carambina. Pois é, às vezes acontece esse fenómeno, mas só às vezes, pois na maioria das vezes o nevoeiro que se vê na coroa da serra, não passa mesmo de nevoeiro. Foi o que aconteceu na tarde de 30 de dezembro.
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Entrada do adro da igreja de Carvela
Já não é a primeira vez que recorro ao pretexto do carambelo para subir a serra e pela certa que não foi a última vez. O que eu queria mesmo era ir à coroa da serra, monitorizar que o despovoamento é também um fenómeno que aconteceu ao longo destes últimos anos 30 anos, mas contrariamente às causas naturais dos fenómenos meteorológicos, este do despovoamento, é por outras causas des(humanas), politicas e económicas, e bem longe de serem naturais, antes resultado de perversidades de quem nada se interessa pelas pessoas, pelo povo, pela nossa cultura, pela nossa história.
Rua da aldeia de Maços
Nogueira da Montanha é uma freguesia composta por 11 aldeias e os números não enganam, pois segundo os últimos Censos a população da freguesia (das 11 aldeias) pouco mais é do que 500 pessoas o que se estivessem repartidas equitativamente pelas aldeias da freguesia, daria pouco mais de 45 pessoas por aldeia, só que, algumas destas aldeias já hoje estão praticamente despovoadas na sua totalidade, como é o caso da sede de freguesia – Nogueira da Montanha.
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Largo principal da aldeia de Nogueira da Montanha
Parece que também a natureza se quer associar a este fenómeno do despovoamento, mandando para lá o nevoeiro para compor o quadro da melancolia que já por si faz as horas melancólicas dos dias de quem resiste na montanha e no planalto do Brunheiro, nevoeiro que parece também toldar a visão e as mentes dos que se sentem iluminados pelas luzes da ribalta das cidades e do poder.
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Rua principal da aldeia de Nogueira da Montanha
Enfim, como eu costumo dizer - com uns bons estadulhos resolvia-se depressa isto tudo – mas infelizmente já não há que os faça e, com o tempo, vai acontecer o mesmo que aconteceu ao engaço de outros tempos, nem sequer vão saber o que é um estadulho. E com esta vos deixo e com ela me vou.
As fotos, com exceção da primeira que é de arquivo, as restantes são do dia 30 de dezembro passado.