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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

23
Fev15

Segirei e o trilho do contrabando


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O prometido é devido e cá estamos com a ruralidade do nosso concelho, desta vez com Segirei e arredores.

 

Há lugares e aldeias às quais nunca me canso de ir, embora, confesso, saia delas com algum cansaço, não pelo que os olhos veem mas pelo que as pernas têm de percorrer com a ânsia de nada perder e depois, aquela máxima de que “quem corre por gosto não cansa”, é bonita de dizer mas não é bem verdade, e até pode ser que a nossa alma não saia destas andanças fatigada, mas o corpo sente-as. Não quero com isto lamentar-me, pois não o lamento, aliás deixo sempre qualquer coisa esquecida para ter o pretexto de lá voltar e cansar-me de novo .

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Mas desta vez até tinha a missão de ir mostrar um dos nossos cantinhos mais preciosos a pessoas que se dedicam a caminhadas e querem acrescentar este percurso dos trilhos do contrabando aos seus roteiros de caminhadas organizadas , e este percurso é um daqueles que por mais que a fotografia ou as palavras o elogiem, ficam sempre aquém da realidade de o viver e percorrer in loco. Refiro-me ao trilho do contrabando (também caminho de Santiago) que por cá nós conhecemos como as cascatas de Segirei, embora o percurso das cascatas (de Cidadella) até seja em terras galegas, próximas de Tomonte e Soutochao, mas o percurso completo passa obrigatoriamente por Segirei e só termina na sua praia fluvial onde o riacho (das cascatas) desagua no Rio Mente.

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Percurso que é feito com duas realidades bem distintas — a realidade galega e a portuguesa, pois na realidade galega é um percurso tratado, sempre junto ao riacho, com proteções, pontos de descanso e pequenos parques de estar e merendas, incluindo algumas construções refúgio e grelhadores, enquanto que o traçado português é feito praticamente a corta mato num traçado que mal se reconhece pelo meio do monte, cheio de pedras, sem proteções e distante do riacho que mais parece que ao entrar em terras portuguesas desaparece para só aparecer de novo quando desagua no Rio Mente. Como se não bastasse, quando nos aproximamos de Segirei os despejos de lixo e entulhos junto ao caminho serve de postal de receção à aldeia.

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A sorte para as boas impressões, azar nosso, é que chegados à raia o percurso português parece não existir e como tal quase ninguém o faz, com exceção para aqueles que se dedicam ao caminhar, como era o caso de alguns daqueles que neste sábado me acompanhavam e mesmo assim, os de trás protestavam com os da frente para não bulirem muito com as pedras da “calçada” que depois de ganharem movimento nunca mais paravam. Pena que os nossos autarcas não dediquem um bocadinho do seu tempo a conhecer estas realidades, percorrendo estes percursos que cada vez mais são procurados por grupos de caminhantes que também gostam de apreciar aquilo que se lhes oferece.

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Mas do mal o menos pois sempre temos a aldeia de Segirei pelo caminho e o remate com a praia fluvial junto ao Rio Mente, embora Segirei também esteja longe de ser o que era, mas aqui não tem nada a ver com o tal percurso mas antes por ser mais uma vítima dessa doença contagiosa chamada despovoamento e envelhecimento das populações das aldeias de montanha. Vimos ao todo três pessoas e um cão na aldeia e, mais à frente já a caminho da praia fluvial, um guardador de gado, quatro ou cinco vacas e dois cães.

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Entre a aldeia de Segirei e a praia fluvial, junto ao caminho, existem as afamadas águas de Segirei, ferrosas e gasocarbónicas com características e sabor idêntico às águas de Vidago e das Pedras Salgadas, mas quem não souber que existem e onde se localizam, ninguém dá por elas, mesmo estando junto ao caminho. Antigamente ainda existia por lá uma placa a anunciá-las, agora nem isso. É também um dos locais que estando neste percurso pedonal merecia ter um tratamento com um pouco de dignidade, mesmo porque estando no final do percurso um copinho de água cai e sabe sempre bem e nem sequer seria preciso muito, penso mesmo que com um pouco de boa vontade e uns trocados poder-se-ia dar-lhe a dignidade que merece, mas lá está aquilo que dizia atrás, é preciso ir aos locais para se conhecer estas realidades.

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Quando à praia fluvial é um bom remate de caminhada, a infraestrutura existe com algumas mesas, grelhadores, um bar e instalações sanitárias. No entanto bar e I.S. só abrem de verão e não admira, pois suponho que nos nossos 9 meses de inverno nem as moscas lá param, a não ser alguns como nós que querem conhecer tudo, pois já se sabe que a maioria termina o percurso no miradouro das cascatas, curiosamente onde termina a Galiza e começa Portugal.

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Tirando uma ou outra pedra que entra no sapato, no percurso português, o pessoal que tenho acompanhado às cascatas de Segirei e à aldeia propriamente dita sai de lá satisfeito, e mais satisfeito fica se após a caminha tem passaporte para entrar na casa do Agostinho e da Catarina em S.Vicente da Raia, uns novos rurais que abandonaram o grande Porto para em S.Vicente se dedicarem à criação do porco bísaro e aos enchidos tradicionais “Lugar da Eira”. Como se costuma dizer — é a cereja em cima do bolo.

 

Para terminar fica só uma recomendação para aqueles que, como eu, se dedicam mais à recolha de imagens e não estão habituados às caminhadas – façam este percurso num sábado, pois sempre ficam com o domingo para recuperar forças.

 

 

 

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