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Hoje vamos até uma aldeia que passa por este blog pela primeira vez, e está mesmo aqui à mão de semear, a apenas 4 quilómetros de Chaves – o Castelo.
Embora das suas terras mais altas se aviste todo o vale e a cidade de Chaves, com vistas até privilegiadas, a aldeia do Castelo preferiu esconder-se e abrigar-se num encontro de montanhas e com vistas para si própria, num pequeno núcleo de casas.
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Conheço o Castelo desde puto, desde as minhas grandes aventuras de “bicicletar” pelos caminhos da veiga fora e exploração das faldas da montanha, era aí o meu limite de aventura e eram também as suas terras (ou montes) o meu fornecedor anual do pinheirinho de Natal. Peço desculpas por este pequeno crime, mas era no tempo em que pinheirinho de Natal era natural, ainda a imitação de plástico estava por inventar. Mas sempre o fizemos em consciência, ou seja, com o máximo respeito pela natureza, sem estragar e aliviando até a densidade do nascimento, permitindo ao pinheiro do lado um melhor crescimento. Antigamente eram-nos ensinadas destas coisas logo em criança.
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Mas todo este regresso à infância para dizer que o Castelo de hoje continua igual ao de outrora. Claro que cresceram as casas, meia-dúzia (apenas isso) e outras tantas foram “arranjadas” ou recuperadas, mas continua a ser aquela pequena e simpática aldeia, recolhida e escondida no encontro de montanhas.
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O Castelo pertence à freguesia das Eiras, à qual também pertence a povoação de S.Lourenço. Embora bem mais próximo das Eiras, quase paredes-meias, é do Castelo que sai o caminho mais directo para S.Lourenço, via miradouro. Há dias, de visita à Póvoa de Agraçoes e Pereiro de Agrações, dizia que deviam ser as únicas aldeias do concelho, da mesma freguesia, que não eram ligadas directamente por estrada ou caminho pavimentado. Pois acrescento mais esta ligação entre o Castelo (Eiras) e S.Lourenço em que a opção ao caminho de terra batida (umas centenas de metros só próprio para todo o terreno) são quase 20 quilómetros em asfalto, ou seja, quem do Castelo ou Eiras se tiver de deslocar à outra aldeia da freguesia (ou vice-versa), obrigatoriamente tem que passar pela cidade. Apenas um pormenor.
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Vamos até outros pormenores como o da sua população e o seu número, aos dados mais recentes que são os dos Censos 2001. Assim em 2001 havia 100 habitantes, repartidos igualmente por homens e mulheres, dos quais 30 tinham menos de 20 anos e 60 entre 20 e 65 anos, ou seja, é uma aldeia que sai fora do padrão da grande maioria das aldeias, em que a população é maioritariamente envelhecida. Claro que a distância de 4 quilómetros até à cidade de Chaves não é estranha a estes números.
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Quanto à origem do Castelo e ao seu topónimo, desenganem-se os que por lá esperam encontrar um castelo, pois tanto quanto sei, não existe nem nunca existiu, mas antes um pequeno povoado, que isso sim, nasceu e cresceu à sombra de um castro.
O seu topónimo (tudo indica) que advém dessa antiquíssima fortificação e lugar de refúgio, que porventura teve o seu princípio já nos remotos tempos pré históricos. Junto a ele existe um megalito arredondado, forma dada pela erosão dos tempos, onde se observam insculturas que poderão representar que aquele conjunto granítico foi outrora um altar pagão.
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A parte alta do povoado é formada por dois picos, separados por uma estreita garganta, localizando-se no cimo de um desses cabeços a capela de Santiago, heróico patrono dos cavaleiros da cruz contra os sarracenos. É muito credível que as invasões árabes tenham tido nesta envolvente da importante via romana a sua influência, havendo topónimos que as recordam como seja a designação de Rajado e o Penedo do Califa.
Quanto ao padroeiro da aldeia, desta vez coincide com o Santo da capela e da festa que se deveria realizar em 25 de Julho, mas que agora, segundo me informaram na aldeia, se resume a uma missa realizada nesse dia.
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E que mais haverá a dizer ou há dito sobre a aldeia do Castelo!? Eu pouco mais sei, mas conheço um sítio na net onde poderão dar um passeio pela freguesia das Eiras e também pelo Castelo. Um sítio feito por alguém que é de lá (Eiras) e que tem dedicado muito do seu tempinho e arte à freguesia e à sua história e estórias. Esse sítio tem lugar num blog e tem nome. Chama-se Eirense e o seu autor, neste caso autora, também o tem: Ana Catarina Teixeira, uma jovem radiologista que se orgulha (e muito bem) de ser Eirense.
Da minha parte, e embora as Eiras estejam bem entregues ao Eirense, nesta freguesia só falta mesmo fazer o post alargado das Eiras. Não prometo para quando, mas um dia também passarão por aqui.
Até amanhã, de regresso à cidade, em vídeo.