Ocasionais - Manga Curta e Perna ao Léu
“Manga curta e perna ao léu!”
Agosto é o mês da manga curta e da perna ao léu.
Até ao Dia de S. Caetano ou da Srª da Livração, cá pelo Território do Norte, o Sol, qual dragão assanhado, lança línguas de fogo, escaldando o ar, as paredes, os telhados e as lajes das calçadas.
As cobras e os lagartos esparralham-se nos caminhos ou nos estradões alcatroados.
Os Bares e os Cafés enchem-se de gente bem-disposta, sorridente e barulhenta.
Nos supermercados pouco falta para transformar os «seguranças» em polícias-sinaleiros, ou, então, construir rotundas ou colocar semáforos - os “carrinhos de compras” são conduzidos ora como «karts», ora como F1, F2 ou F3, ora como “TT”- Todo-Terreno, no Rali “DÁ CÁ – TOMA LÁ”!
Nas praias fluviais ou marítimas todos procuram agarrar um pouco do tom da sua origem “australopitecafricana”, recordar os ancestrais primos Primatas, chapinhando na água, ou apertando o queixo contra o pescoço julgando fazer peito de fanfarrão quando o que mais conseguem é empurrar o «pipo» para a frente.
Os aplaudidos, cantados e encharcados com «pimbalhada» Emigrantes da Cê-É(-Éra) contrapõem ao gemido e miado Português dji S. Paulo, do Rio di Jàneiro ou dá Bàía o charmoso e piaffino «rien de rien» misturado com o eiffeliano “donc, avec».
Até os santos tiram férias, lá do convento de S. Pedro, e fazem vistosas passeatas e pomposos desfiles pelas ruas, avenidas, e até carreiros de qualquer «parvalheira» lusitana. A humildade deixam-na à porta do céu. E, uma vez por ano, nos lugares que lhes calhou na rifa e no goto dos portugaleses, é tão grande a farra em que participam que só lhes falta apanhar uma grande carrispana!
Como regressam carregadinhos de prendas, de promessas e de preces, S. Pedro até os recebe com as portas escancaradas!
Claro que ele, o porteiro - mor do reino, também tem o seu Dia. Mas para fazer notar um cibinho mais a sua proeminência até «aceitou» que no mês de tanta Senhora, os de ÁGIAS FRIAS lhe prestem, a preceito e a gosto, uma homenagem de truz!
Quando a caminho do Inferno - íamos entrevistar o Diabo, ó mal intencionados! - nos cruzámos com ele no “estreito de Dar-Dar-Nelas”, bem que nos disse, baixinho e em segredo, que a pingota e o licor de ÁGUAS FRIAS nada ficavam a dever ao tinto amilagrado das bodas de Canãa.
E com o calor que faz cá pelo Território do Norte, só mesmo por milagre é que a santalhada consegue andar vestida por inteiro, sob de um sol abrasador, debaixo de tantos e tantos olhares, ora agradecidos, ora suplicantes, ora, até, conspícuos!, e sobre os ombros de crentes, descrentes e, apenas, fiteiros.
Agosto é o mês do enrolanço!
Lá ‘stais vós com más intenções!
Agosto é o mês da caça às rolas!
Vós é que estais prá’í a dizer alto e sibilino:
- Ah! Minha rola!...
Ora «dezende» e «confessaide» a «berdade» e a intenção que vos «bai» na alma (ou no coração)!
…Manga curta e perna ao léu!
Que as Férias vos tenham sido A GOSTO, ó os de cá que estão lá; ó os de lá que estão cá; e ó os de cá que estão cá!
O Caval(h)eiro de Monforte