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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

13
Set20

O Barroso aqui tão perto - Freguesia de Alturas do Barroso e Cerdedo


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Freguesia de Alturas do Barroso e Cerdedo

 

Nas últimas semanas trouxemos aqui todas as aldeias da freguesia de Alturas do Barroso e Cerdedo, uma freguesia recente que resulta da união da antiga freguesia de Alturas do Barroso e a freguesia de Cerdedo, ambas extintas com a última reorganização administrativa do território, Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro. Assim os dados que possuímos, são os das antigas freguesias antes da sua união, pelo que, neste resumo, serão abordadas em separado. Mas para iniciar, fica o mapa da atual freguesia e o gráfico síntese com a população total da atual freguesia e das antigas fregiuesias.

 

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Antiga freguesia de Alturas de Barroso

 

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Localização geográfica: Situa-se em pleno coração da Serra do Barroso, na parte Noroeste do concelho.

Distância relativamente à sede do concelho: aproximadamente 18 km

Acesso viário: Pela ER 311, vira-se em direcção a Carvalhelhos e percorre-se a EM 520. Em alternativa, pode seguir-se pela ER 311, vira-se em direcção a Vilarinho Seco e percorre-se o CM 1035 até Alturas do Barroso.

Área total da freguesia: 32,8 km2

Localidades: Alturas do Barroso, sede de freguesia, Atilhó e Vilarinho Seco

População: 444 habitantes

Orago: Santa Maria Madalena

 

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Festas e Romarias

São Sebastião, 20 de Janeiro, Alturas do Barroso.

São Sebastião, Domingo a seguir ao dia 20 de Janeiro, Atilhó.

Santa Cruz, 03 de Maio, Vilarinho Seco

Sto António,* 13 de Junho, Alturas do Barroso e Atilhó

Santa Maria Madalena,* 26 de Junho, Alturas do Barroso

São Paio,* 26 de Junho, Vilarinho Seco

Santa Ana, 26 de Julho* / inicio de Agosto, Alturas do Barroso

Santa Margarida, último domingo de Agosto, Atilhó

Santa Bárbara,* 04 de Dezembro, Atilhó

Santa Luzia,* 13 de Dezembro, Atilhó

 

(*) Apenas celebração religiosa.

 

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Cruzeiro e tanque em Alturas do Barroso

 

Património Arqueológico

Castro de Vilarinho Seco / Couto dos Mouros

Castro do Côto dos Corvos

Mamoa da Pedra do Sono / Pedra do Sono

Mamoa de Chã do Seixal / Chã do Seixal

 

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Alturas do Barroso

 

Património Edificado

Capela de Nossa Sra. de Fátima (Alturas do Barroso)

Capela de Sampaio (Vilarinho Seco)

Capela de Santa Margarida (Atilhó) – Património Classificado (IIM)

Casas de Vilarinho Seco

Forno do Povo de Alturas do Barroso

Forno do Povo de Atilhó

Forno do Povo de Vilarinho Seco

Igreja Paroquial de Santa Maria Madalena (Alturas do Barroso)

Relógio de Sol (Vilarinho Seco).

 

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Vilarinho Seco

 

Outros locais de interesse turístico

Casas com cobertura de colmo

Miradouros Naturais da Serra do Barroso

Moinhos

Museu Rural de Alturas do Barroso

Parque de Lazer de Peade (Alturas do Barroso)

 

Aldeias da antiga freguesia de Alturas de Barroso

 

Alturas do Barroso

 

Para quem quiser rever mais alguns dados sobre a aldeia de Carvalho, basta seguir este link para o post que lhe dedicámos: Alturas do Barroso

 

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Atilhó

 

Para quem quiser rever mais alguns dados sobre a aldeia de Carvalho, basta seguir este link para o post que lhe dedicámos: Atilhó 

 

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Vilarinho Seco

 

Para quem quiser rever mais alguns dados sobre a aldeia de Carvalho, basta seguir este link para o post que lhe dedicámos: Vilarinho Seco 

 

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Antiga freguesia de Cerdedo

 

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Localização geográfica: A freguesia de Cerdedo situa-se no extremo Oeste do concelho de Boticas.

Distância relativamente à sede do concelho: aproximadamente 25 km

Acesso viário: Pela ER 311 até aparecer a indicação Cerdedo.

Área total da freguesia: 23,9 km2

Localidades: Casas da Serra, Cerdedo, sede de freguesia, Coimbró, Covêlo do Monte e Virtelo.

População: 176 habitantes

Orago: S. Tiago

 

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Festas e Romarias:

Santo Amaro,* 15 de Janeiro, Coimbró

São Sebastião, 20 de Janeiro, Cerdedo

Santo António e S. Lourenço,* Terceiro Domingo de Agosto, Cerdedo

Nossa Senhora da Saúde, Agosto, Coimbró

Senhora do Monte, 08 de Setembro, Cerdedo

 

(*) Apenas celebração religiosa.

 

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Igreja Paroquial de São Tiago - Cerdedo

 

Património Edificado

Assento de Lavoura

Capela da Senhora do Monte (Cerdedo)

Capela de N. Sr.ª da Ajuda (Virtelo)

Capela de Santo Amaro (Coimbró)

Casa do Morgado de Coimbró

Casario Tradicional de Coimbró - Património em vias de Classificação

Forno do Povo de Cerdedo

Forno do Povo de Coimbró

Igreja Paroquial de S. Tiago (Cerdedo)

 

 

Aldeias da antiga freguesia de Cerdedo

 

Casas da Serra

 

Para quem quiser rever mais alguns dados sobre a aldeia de Carvalho, basta seguir este link para o post que lhe dedicámos: Casas da Serra

 

 

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Cerdedo

 

Para quem quiser rever mais alguns dados sobre a aldeia de Carvalho, basta seguir este link para o post que lhe dedicámos: Cerdedo

 

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Coimbró

 

Para quem quiser rever mais alguns dados sobre a aldeia de Carvalho, basta seguir este link para o post que lhe dedicámos: Cerdedo

 

 

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Covêlo do Monte

 

Para quem quiser rever mais alguns dados sobre a aldeia de Carvalho, basta seguir este link para o post que lhe dedicámos: Covelo do Monte

 

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Virtelo

 

Para quem quiser rever mais alguns dados sobre a aldeia de Carvalho, basta seguir este link para o post que lhe dedicámos: Virtelo

 

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E por hoje é tudo. No próximo domingo iremos até à aldeia de Ardãos, iniciando assim a nossa ronda pelas aldeias da freguesia de Ardãos e Bobadela.

20
Jul20

O Barroso aqui tão perto - Cerdedo

Aldeias de Barroso - Concelho de Boticas - Portugal


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CERDEDO 

 

A descoberta de Cerdedo é recente. A primeira vez que lá fui, foi pela mão do Luís de Boticas, um botiquense amante do seu Barroso e também colaborador deste blog. Estávamos na festa do São Sebastião da Vila Grande, Dornelas. edição de 2016, e falou-nos desta aldeia, que tínhamos de ir lá, e lá fomos, antes de fazemos a passagem do São Sebastião da Vila Grande para o São Sebastião das Alturas do Barroso. O mesmo santo, ambas festas comunitárias, mas bem diferentes na forma de as fazer. Já agora, o Cerdedo também celebra o São Sebastião, também com uma festa comunitária, logo pela manhã, ainda antes de começar a da Vila Grande, mas sobre isso, falaremos mais à frente.

 

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Pois mal chegámos à aldeia, quer-se dizer, mal parámos na estrada ER311 e lançamos um olhar sobre a aldeia, ficámos logo apaixonados por ela. Como era possível por entre montanhas despidas ou vestidas tons avermelhados e acastanhados escuros, existir tanto verde. Parecia coisa artificial, uma tela pintada por um artista naturalista de paisagens que tinha abusado e exagerado na exuberância verde, apenas quebrado pelo recortar dos muros de pedras e do casario que se vai dispersando no meio de tanto verde, mas tudo aquilo era real e estava ali mesmo à minha frente. Mas dessa vez ficámos apenas pelas vistas desde a estrada, mas Cerdedo ficou debaixo de olho para as próximas passagens e para uma visita com descida à aldeia, nas calmas.

 

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E assim foi durante os 2 anos seguintes até maio de 2018 em que decidimos fazer a descida à aldeia para o nosso levantamento fotográfico e algumas conversas, aliás muitas conversas, pois Cerdedo é uma terra com gente nas ruas que gosta de conversar e de alguns lamentos. Contam-nos estórias, falam-nos nos filhos que estão fora a lutar pela vida, da vida na aldeia, do “trabalhar de estrela a estrela” como me dizia o Sr. Arlindo e a D. Alda, falam-nos na falta de gente na aldeia e nas aldeias vizinhas, “antigamente bastava um realejo e fazia-se logo um baile na rua, agora não há ninguém” três, filhos, todos fora, “a mais nova vive no Algarve” dizia-nos a D. Alda enquanto nos mostrava a cozinha velhas e a adega onde faziam vinho , a bold e sublinhado pois fazer vinho no Barroso é obra, mas agora já não se faz, “as pipas estão todas esbardalhadas” e se não fosse termos uma agenda a cumprir, ainda hoje lá estávamos à conversa.

 

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Estas entradas nas aldeias do Barroso têm de ser feitas sempre como mandam as regras, primeiro com respeito por tudo e por todos, depois convém fazer as apresentações, dizer ao que vamos, quem somos, de onde vimos, para onde vamos, depois vem a conversa, saber ouvir é importante, muito importante, primeiro porque aprendemos sempre alguma coisa, depois porque nos dão dados preciosos para o conhecimento e pordemos fazer um pouco da história destas aldeias, e tivéssemos mais tempo, não fosse uma “visita de médico” para recolher imagens, e acabávamos à mesa com uns nacos de presunto, linguiças e bom vinho (este das terras onde o há do bem), tudo do genuíno, tal é a pureza e hospitalidade deste povo barrosão. Mas atenção, isto é para quem vai por bem e com boas intenções, e eles sabem quando assim é, pois para os que vão de má fé e são descobertos, o mais provável é levarem umas estadulhadas no lombo ou na cabeça, que os arruma logo, mas como agora os estadulhos já não estão à mão,  um zagalote também serve, perde-se talvez uma perdiz ou um coelho, mas não são levados por lorpas.    

 

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Quanto à aldeia, já fora das vistas desde a ER311, agora já na sua intimidade, tem um povoamento disperso ao longo de todos os cainhos, mas com dois pequenos núcleos mais consolidados. A aldeia cabe dentro de um circulo com perto de 900 metros de diâmetro, e no seus tempos em que a população abundava, a freguesia chegou a ter 508 habitantes (Censo de 1960), mas nos últimos Censos (2011) a freguesia só já tinha 145 habitantes e Cerdedo, segundo informações colhidas na aldeia, agora tinha à volta de 70 pessoas, mesmo assim, ainda é uma aldeia com vida.

 

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A aldeia implanta-se numa baixa entre montanhas, não em vale, mas em terras com pouca inclinação, mesmo assim a construção que se encontra no ponto mais alto da aldeia está implantada quase a uma cota de 1000 metros de altitude, enquanto que o ponto mais baixo, já junto ao rio, anda na cota dos 800 metros. Terras altas e de invernos rigorosos, mas sem a força de quebrar ou queimar o verde das pastagens cuja exuberância domina a cor da aldeia.

 

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Para mim, ou seja a opinião é pessoal, se me pedissem para indicar 10 aldeias do Barroso de visita obrigatória, não hesitaria nem um segundo em indicar Cerdedo, não por ser uma aldeia típica do Barroso, mas pelo seu todo e pelo domínio e exuberância do seu verde.

 

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E como se chega lá!? Pois é muito fácil. Para nós que saímos sempre da cidade de Chaves, basta apanhar a EN103 (estrada de Braga) até Sapiãos, depois Boticas e aqui apanhamos a ER311 em direção a Salto, depois ´se seguir sempre pela ER311 até chegar a Cerdedo. Atenção às placas de entrada na aldeia, pois embora as melhores vistas sobre Cerdedo sejam desde a ER311, indo de carro e desde o seu interior, a aldeia não é muito visível, é necessário estarmos bem na berma da estrada para a ver como deve ser. Depois de apreciá-la lá desde cima, desde a ER311, uma descida à aldeia é obrigatório, e não se preocupe se deixou a entrada da aldeia para trás, pois como a aldeia tem 4 entradas, pode apanhar a última e assim vai vendo a aldeia de vários ângulos, qual deles o mais interessante. Para ajudar um pouco na localização, fica o nosso mapa.

 

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Para ver com mais atenção, recomenda-se uma visita à igreja do cemitério e também as vistas que desde aí se alcançam para a aldeia, mais uma vista interessante e diferente de todas as outras. Os dois pequenos núcleos de construções, também são interessantes, e uma descida ao rio, também é de não perder.

 

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Falta-nos conhecer com mais pormenor a Festa do São Sebastião, que tal como as outras do Barroso se celebra todos os anos a 20 de janeiro. Este ano fomos lá, mas chegamos em má hora para as nossas pretensões, que seria antes ou depois da missa, mas quando chegámos estava a missa a decorrer, e como na nossa agenda estava também chegar a horas à Vila Grande, adiámos para uma próxima edição, talvez na próxima edição, isto se o raio do bicho do Covid-19 o permitir, vamos esperar que até lá tudo fique resolvido com este problema que tanto nos afeta a normalidade dos dias, das festas e do convívio onde as pessoas de ajuntam. 

 

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Mas vejamos o que diz a monografia de Boticas – Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias de Boticas.

 

Festa de S. Sebastião em Cerdedo

 

A Festa em honra de S. Sebastião, a 20 de Janeiro, em Cerdedo, é muito antiga, como o certifica o Abade em 1758, e caracteriza-se pela sua dimensão intimista. Mantém as características genuínas de uma manifestação religiosa comunitária onde praticamente só os moradores da freguesia e alguns dos seus “filhos” emigrados que por essa altura vêm à terra venerar o Santo e cumprir com os seus votos, se juntam pelas oito da manhã na igreja em torno do pároco para celebrar a missa da festa. Após esta, parte em cortejo processional em direcção à casa do Juiz. Este, com o Santo no regaço, segue atrás da cruz, acompanhado por todos. O pároco, uma vez chegado, benze e abençoa sucessivamente o pão, a carne e o vinho, delicadamente expostos em cestos e tabuleiros, sob a presença do Santo venerado.

 

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E continua a monografia:

 

Cá fora, no logradouro da casa ou na eira, dispõe-se a mesa coberta com toalha branca e na cabeceira, numa outra mesa pequena, coloca-se o São Sebastião que vai presidir à refeição comunitária. A mulher do mordomo aparece com tabuleiros de pão cortado em fatias, logo atrás surgem as vizinhas com travessas de carne de porco (peito) cortada em bocados. E, num movimento rápido e partilhado, um traz o vinho, outro os copos, outro os guardanapos de papel. Entretanto os devotos iniciam a refeição. Equipados com uma navalha ou uma faca pegam numa fatia de pão centeio, um pedaço de carne e vão degustando enquanto se trocam opiniões sobre o quotidiano da aldeia. Um ou outro vai entretanto pagar a esmola ao Santo que, alheio a tal burburinho, vela pelos seus devotos. Animam-se os comensais e vai-se terminando a refeição com um pouco de aguardente ou vinho do Porto, mimos com que o mordomo não deixa de presentear os seus concidadãos e amigos. Ao lado de grandes cestos de carvalho é doado a cada romeiro um quarto de broa (cerca de um quilo) que, em casa, será partilhado por toda a família e até animais. O pão santo – a mezinha – ajudará a proteger todos aqueles que o comem.

 

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E ainda:

É hora do Leilão e o Sr. Gomes, que ambiciona ter quem lhe suceda em tarefa tão nobre e também tão alegre, lá sobe as escadas até ao pátio para do alto “cantar” o lanço mais alto para um peito de porco, uma orelheira ou meia dúzia de chouriças. Faz isto há Festa de S. Sebastião em Cerdedo mais de vinte anos. As broas de centeio, enormes, são licitadas avidamente, com alegres escaramuças, pela cerca de meia centena de convivas e devotos, todos irmanados no continuar da tradição.

 

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Festa do São Sebastião com muita tradição no Barroso, no entanto a Orago de Cerdedo é o São Tiago, mas fazem festa ao Santo António e São Lourenço no terceiro domingo de agosto e em 8 de setembro à Srª do Monte, esta num pequeno santuário isolado no meio da Serra do Barroso.

 

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Srª do Monte

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Quanto a património religioso e comunitário da aldeia, tem a capela da Srª do Monte, a Igreja Paroquial de São Tiago e o forno do povo.

 

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Igreja Paroquial e antigo cemitério

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Ainda sobre Cerdedo apurámos que foi abadia da casa de Bragança. Em 1839, pertencia ao concelho de Montalegre e judicialmente à comarca de Chaves. Em 1852 passou a pertencer ao concelho de Boticas e judicialmente à comarca de Montalegre. Segundo informação veiculada através das cartas paroquiais de 1758, nasceu e viveu neste lugar um famoso poeta popular conhecido por Pantoja, cuja obra infelizmente se perdeu no tempo

 

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A respeito deste poeta popular Pantoja, num documento de 1758, um inquérito que Marques de Pombal mandou para resposta de todas a paróquias do Reino de Portugal, o então Abade de Cerdedo, o Abade Vicente Ferreira de Alcantra, diz o seguinte:

“ Neste sobredito lugar cresceu aquele insigne Pantoja muito conhecido pelas suas trovas, que fazia cantigas e sátiras que inventava não tendo mais ciência do que a enxada e o arado com que o pobre vivia, como tal acabou imitando os poetas e por tal ao clamado pelos moradores do lugar. Deste não ficou sucessão, nem as sua obras editadas, só ficou na memória de alguns alguma coisa burlesca.”

 

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Ainda neste inquérito de 1758, o mesmo Abade Ferreira, dizia sobre Cerdedo:

“Tem trinta e seis fogos ou vizinhos e pessoas de sacramento cento e quarenta. Está situada em montes ásperos, a maior parte dela, donde se avistam várias montanhas como a montanha do Gerês, bem nomeada pela sua aspereza e os arredores de Montalegre, tudo para a parte do norte. Para a parte de nascente vêem-se vários montes como é o Alvão, e outros que vão correndo per de fronte a ribeira de pena, rio Tâmega, que vem da vila de Chaves para Amarante, cuja ribeira dista daqui três léguas e do Gerês três. E quanto ao eclesiástico está sujeita à Vila de Chaves, onde existe o Doutor Vigário Geral da dita comarca, a qual dista daqui seis léguas para a parte.

Tem esta freguesia cinco lugares: Cerdedo, Covelo, Coimbró, Serra e Virtelo. O primeiro tem doze vizinhos, o segundo quatro, o terceiro onze, o quarto três e o quinto dois e uma pobre e outra na do Cerdedo."

 

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As montanhas a nascente, mencionadas pelo Abade Ferreira no inquérito de 1758

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E na ausência de mais informação sobre Cerdedo, vamos caminhando para o final deste já longo post, apenas nos falta o vídeo com todas as fotografias publicadas até hoje neste blog. Espero que gostem:

 

 

E quanto a aldeias de Barroso, despedimo-nos até a próxima sexta-feira com uma aldeia do Barroso do concelho de Montalegre, Lamachã, e no próximo domingo com uma aldeia do concelho de Boticas, Coimbró.

 

BIBLIOGRAFIA

CÂMARA MUNICIPAL DE BOTICAS, Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas - Câmara Municipal de Boticas, Boticas, 2006

 

WEBGRAFIA

http://www.cm-boticas.pt/

 

 

23
Jan16

A Mesinha de S. Sebastião - Couto de Dornelas - Cerdedo - Vilarinho Seco e Alturas do Barroso


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Aos sábados aqui no blog é dia da nossa ruralidade, daquela que vai além da cidade e das vilas, a ruralidade mais rural, a das nossas aldeias, não só as de Chaves, mas de toda a região envolvente, incluindo todo o Barroso onde o comunitarismo desde sempre fez parte da sua força para vencer os trabalhos de uma terra quase sempre ingrata. Comunitarismo que se reflete também nas celebrações religiosas e que se transforma em festa envolvendo toda a aldeia e comunidade. Mas há festas comunitárias e festas comunitárias que o são mesmo, abertas a toda a comunidade que nela queira participar. São assim as de S.Sebastião no Couto de Dornelas e das Alturas do Barroso, ambas do concelho de Boticas. Festa que desde que a descobrimos fizemos promessa de lá voltar todos os anos.

 

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As imagens de hoje são dessas mesmas festas comunitárias que vão sendo apresentadas pela sua ordem cronológica, em que a primeira imagem que vos deixo coincide com a nossa chegada ao Couto de Dornelas à Mesinha de S.Sebastião. E assim vai sendo, com o decorrer da manhã e do dia até entrarmos na noite, já noutra aldeia. Mas lá chegaremos.

 

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Comecemos então pelo Couto de Dornelas, topónimo pelo qual é vulgarmente conhecida a aldeia, mas penso que não é bem este o seu topónimo, pois o oficial é mesmo a Vila Grande de Dornelas.

 

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Mas falemos da festa onde gostamos de chegar logo pela manhã para não perder pitada, ou quase, pois para por lá a festa começar logo de manhã, grande parte dos seus habitantes já anda há dias a trabalhar para ela. Então na noite que antecede a manhã da festa, nem se fala, é que dar de comer a milhares de pessoas, não é pera doce.

 

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Mas passemos a explicar as imagens. A primeira é da nossa chegada onde a mesinha do S.Sebastião já estava montada na rua principal, mais coisa menos coisa são 400 metros de mesa. Logo pela manhã começam a chegar as pessoas das aldeias vizinhas, mas também os residentes da aldeia marcam presença nas ruas, algumas vestindo ainda as tradicionais capas de burel. Na cozinha comunitária ultima-se a confeção das últimas carnes e arroz em mais de vinte potes dos grandes. Ao lado, o pão já cozido, aguarda a distribuição pela mesa, tal como as gigas de vime cheias de pratos e malgas de madeira.

 

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A visita à cozinha é obrigatória, embora à área de trabalha o acesso seja restrito, pois é apenas para quem trabalha ou para quem como nós blogers e fotógrafos, jornalistas e televisões querem fazer a reportagem e captar outras imagens que só lá dentro são possíveis. Entretanto pela manhã a cozinha serve algumas sopas em malgas para os primeiros forasteiros, e gente que trabalha, consolar os estômagos, pois a comida só sai para a mesinha (a tal dos 400 m) depois da missa e de benzido o pão. Coisa que só acontece por volta do meio dia. Assim, até lá, há tempo de dar uma volta pela aldeia e de apreciar o seu casario mais típico.

 

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Entretanto a mesinha, que pela manhã estava vazia (veja-se a primeira foto), ao meio dia está repleta com milhares de pessoas a aguardar que de vara a vara (a medida) caia um pão, uma caçarola de arroz e um naco de carne sobre uma toalha de linho que previamente cobriu a mesinha de madeira.

 

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Mas ainda antes de a comida chegar à mesa, há o ritual do peditório para ajudar a festa e o desfilar da imagem do S.Sebastião, que os crentes, um a um, vão beijando à sua passagem.

 

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Depois sim, a comida. Pão caseio mistura de centeio e milho, arroz e o naco de carne de porco. É tudo bom, com o sabor que só os potes lhe sabem dar, mas quem vem de fora vai acrescentando sempre qualquer coisinha à mesa, como bolos de bacalhau, linguiças e salpicões, presunto, vinho entre outras coisas, que os estômagos agradecem sempre.

 

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Nós marcamos sempre lugar no final da mesa. Assim podemos ir fazendo as fotos ao longo dos 400m de mesa e no final também saborear a oferenda. É ponto também de reunião de outros amigos fotógrafos ou não, como no caso da última foto com o nosso amigo A. Tedim, Luís Alves e um “cerdedense” vizinho do Couto de Dornelas que de tanto nos falar da sua terra resolvemos passar por lá para a conhecer, e em boa hora, pois foi a surpresa do dia, que o resto já conhecíamos. As próximas seis imagens são de lá, de Cerdedo.

 

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Lembram-se de há dias eu dizer por aqui que havia dois Barrosos, o agreste e o verde. Pois por aqui misturam-se os dois, ou seja, nas terras mais baixas o verde é tão intenso que parece ter luz própria mas, mesmo ao lado, começa a subir-se à croa das montanhas, a luz apaga-se e o agreste predomina.

 

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Então em dia de chuva com neblinas altas, Cerdedo apresentou-se como uma revelação desenhada com a mestria de um artista, daqueles mesmo artistas, verdadeiros. Nada ficou ao acaso, o desenho dos caminhos, os recortes dos muros, a colocação dos canastros, os tons da pintura dos verdes nos lameiros salpicados de amarelos torrados de bois e vacas, os sépias das folhas secas que teimam não soltar-se das árvores.

 

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Até o casario parece ter sido arrumado de modo a não incomodar a harmonia da restante composição, fundindo-se com ela, fazendo parte dela.

 

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Este encanto podia ter sido magia do momento, com as neblinas altas que mais não eram que nuvens de chuva a apagar por completo o azul do céu e a intensidade da luz do sol para que as sombras não apagassem o brilho da chuva caída sobre o todo de uma paisagem que mais parecia uma tela roubada do caixilho de uma pintura para não quebrar a coerência da composição.

 

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Por último, ainda em Cerdedo e ainda as pinturas, agora numa tela de Silva Porto, “Guardando o rebanho” que recordo desde miúdo por ter uma reprodução pendurada numa das paredes da sala de casa dos meus pais, só que, o pastor de Silva Porto caminhava para nós, e o pastor do Cerdedo, como cena final, afasta-se de nós.

 

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Poderia terminar aqui o post que já ficavam bem servidos, mas hoje estou generoso e quero contar-vos, sobretudo em imagem, o resto do dia, pois embora a última imagem seja de Cerdedo, quase não tínhamos saído, ainda, de Couto de Dornelas, e o nosso destino nesse momento era mesmo Alturas do Barroso.

 

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E tínhamos ainda pela frente que subir quase toda a Serra do Barroso e fazer uma passagem com paragem obrigatória em Vilarinho Seco, mas antes, ainda havia tempo de parar no meio da serra para apanhar umas imagens, nem que fossem apenas as dos tais devaneios.

 

1600-gestosa (17)

 

E depois sim, Vilarinho Seco que tal como o Cerdedo foi uma agradável descoberta de há anos atrás e por isso temos de parar sempre por lá para ver se continua tudo lugar e não houve qualquer doidice que estragasse a composição, mas há também o Pedro, onde é também obrigatório parar para botar um copo, mesmo que seja um café.

 

1600-Vilarinho-seco (356)

 

Por último as Alturas do Barroso onde se celebra com festa, também comunitária, o S.Sebastião, mas aqui de forma diferente. Infelizmente chegamos lá sempre tarde, já quase em hora de termos que regressar, mas cumprimos sempre a promessa. Fotograficamente falando é que as coisas se complicam, pois se em Cerdedo até deu jeito a luz não estar muito intensa, aqui, dava-nos jeito haver mais alguma, mas enfim, não se pode ter tudo. Assim,  fica uma imagem noturna.

 

1600-alturas-16 (28)

 

E com isto ficam aqui vinte imagens sobre o Barroso, que temos aqui tão perto e que é sempre tão interessante ir por lá para recordar o que conhecemos e descobrir novas pérolas, quase sempre com o atrativo da sua simplicidade ou mesmo virgindade.

 

 

 

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