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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

09
Nov18

Cidade de Chaves e as coisas do tempo!


1600-santos-2018 (113)

 

Ainda ontem falávamos aqui do tempo das coisas e das coisas do tempo, mas mais em modas de imagem. Hoje vamos ao mesmo, às coisas, e ao tempo, que por um lado está de frio e de chuva com dias acinzentados e por outro é tempo de coisas da época que também vão fazendo parte das iguarias e festas de época, ou seja, do tempo.

 

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Uma das coisas boas do tempo, é a fruta. A castanha é rainha e senhora, já em tempos foi pão nosso de cada dia (enquanto durava), bastava um golpe macio em cada uma, despejá-las num pote com água ao lume (lareira), esperar que cozessem e depois era só descascar e comer, quentes ou frias. Para prato mais rico, acrescentava-se batata cortada a meio, com casca, a cozer juntamente com as castanhas, no final a mesma receita para as castanhas, já as batatas eram temperadas com um bocadinho de alho e um fio de azeite, uns copitos de vinho por cima para abafar e ajudar a digestão e bota regaladinhos para o quentinho da cama, sem televisão. A exceção era para o dia de S. Martinho, tradição que felizmente ainda se vai mantendo por cá, com os magustos, agora com uns acrescentos, mas onde o obrigatório é a castanha assada, a prova do vinho novo e a jeropiga. Atualmente a festa é mais rica e acrescenta-se-lhes umas fevras, a sardinha assada, pão centeio, às vezes umas saladas e pimentos assados, muito vinho branco e tinto, finalizado com a jeropiga para a assossega e mais tarde um caldinho verde para formatar os estômagos.

 

1600-santos-2018 (113)-cut

 

Voltemos à cidade e à primeira imagem que agora é a terceira, ou seja, a primeira foi para demostrar o tempo de chuva, frio e cinzento, daí ficar a p&b. Mas agora fica a versão do P&B com os vermelhos a escapar à seleção, e porquê!? — Ora para realçar algumas coisas boas do tempo, desde logo a fruta à porta da loja , mas em especial aquela varanda vermelha que é um encanto para o olhar. A única com estas características em Chaves, que resistiu a modernidade e vai continuar a resistir, pois o prédio está a ser reconstruído e a varanda vai manter-se. Mas agrada também ver que aos poucos o casario das ruas principais da cidade histórica está a ser reconstruído, mantendo-se a traça inicial (ou próxima), o que abre a esperança de que nos próximos anos, o Centro Histórico volte a ter vida, com gente dentro das casas e a dar movimento às ruas, com momentos como os que se veem na imagem, com os vizinhos a conversar de um para o outro lado da rua equanto os passantes passam. 

 

1600-santos-2018 (563)

 

Por último o resto da fruta e coisas da época. Coisas boas, não só para quem as consome, mas também para quem as produz, e principalmente estas duas que deixo em imagem, acrescentando um pouco de azeitona e o vinho, que ainda vão mantendo algumas famílias no mundo rural, principalmente a castanha, isto onde a há, pois é fruta de terras altas. A acrescentar à fruta, temos agora o que nos vem da horta – nabiças, grelos e as couves,  que fazem o acompanhamento de qualquer prato, só falta mesmo o fumeiro que está quase a chegar, depois sim, com estas coisas do tempo (época) que deixo aqui descritas, cozinhadas com os saberes e sabores aprendidos com as nossas avós, é também tempo de dizer – E TÃO BOM VIVER EM CHAVES!

 

 

 

 

 

23
Ago11

Sabores colhidos da terra


 

Hoje deveríamos ter por aqui a Pedra de Toque de António Roque, mas tal não vai acontecer. O autor pede desculpas pela sua ausência, mas férias são férias e promete estar de volta em breve. Umas boas férias.

 

 

Entretanto cabe-me a mim vir aqui com algumas imagens e algumas palavras e na ausência de melhor, vamos falar de coisas boas, coisas nossas, coisas da terra.

 

 

Há dias em conversa com duas idosas, quis saber de onde eram. Uma de Carrazedo a outra de Pedroso e logo a conversa convergiu nas coisas da terra e na trocas comerciais das coisas da terra que cada uma das terras produzia e, disse a de Carrazedo – “Pedroso, era onde íamos antigamente buscar a batata de semente, era muito boa a semente” e a de Pedroso respondeu – “Pois era, nós mandávamos a batata para Valpaços e em troca trazíamos azeite, fruta e vinho”. “Nem há como as coisas colhidas da terra, são muito melhores”, dizia a de Carrazedo.

 

 

Claro que a conversa continuou, mas em registo na minha memória apenas ficou “Nem há como as coisas colhidas da terra, são muito melhores” e ficou o registo, não por eu desconhecer essa grande verdade, mas precisamente pelo contrário, por conhecer o sabor das coisas colhidas da terra.

 

 

Tive a felicidade de ter nascido na veiga onde ter horta era obrigatório, além da ligação à aldeia do meu pai que também tinha veiga e montanha e era essencialmente agrícola. Tive ainda a felicidade de ser da colheita de 60, ou seja, de viver um período da minha vida em que tudo que ia à mesa era colhido da terra, excepção quase a apenas para o bacalhau que para mim nascia num comércio da Madalena onde era cortado às postas no balcão, para a vitela que nascia no talho, e para as bananas que eram passeadas num carrinho de mão pela cidade, tudo o resto era colhido pelas nossas próprias mãos, da terra, das árvores, da capoeira, da lareiro, da despensa.

 

 

A conversa com as duas velhotas fez-me regressar aos sabores da terra, aos bons sabores que há muito já não pousam na mesa, à doçura natural da fruta. Recordo com saudade o melão picante casca de carvalho, a melancia recolhida ao toque dos socos, os nacos de presunto cortados à faca em cima da fatia do pão centeio das merendas de fim da tarde, as uvas moscatel ou ananás colhida da latada, as ameixas caranguejas da esquina da quinta, as maças bravo de mofo (esmolfe) os peros… oh! Como eu sei que “nem há como as coisas colhidas da terra, são muito melhores”, mas infelizmente, hoje tudo nasce nas estantes dos hipermercados.

 

 

Excepção para as coisas colhidas da terra, só mesmo os pastéis de Chaves e esses, felizmente, ainda os há. Ao menos isso!

 

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