Cidade de Chaves e as coisas do tempo!
Ainda ontem falávamos aqui do tempo das coisas e das coisas do tempo, mas mais em modas de imagem. Hoje vamos ao mesmo, às coisas, e ao tempo, que por um lado está de frio e de chuva com dias acinzentados e por outro é tempo de coisas da época que também vão fazendo parte das iguarias e festas de época, ou seja, do tempo.
Uma das coisas boas do tempo, é a fruta. A castanha é rainha e senhora, já em tempos foi pão nosso de cada dia (enquanto durava), bastava um golpe macio em cada uma, despejá-las num pote com água ao lume (lareira), esperar que cozessem e depois era só descascar e comer, quentes ou frias. Para prato mais rico, acrescentava-se batata cortada a meio, com casca, a cozer juntamente com as castanhas, no final a mesma receita para as castanhas, já as batatas eram temperadas com um bocadinho de alho e um fio de azeite, uns copitos de vinho por cima para abafar e ajudar a digestão e bota regaladinhos para o quentinho da cama, sem televisão. A exceção era para o dia de S. Martinho, tradição que felizmente ainda se vai mantendo por cá, com os magustos, agora com uns acrescentos, mas onde o obrigatório é a castanha assada, a prova do vinho novo e a jeropiga. Atualmente a festa é mais rica e acrescenta-se-lhes umas fevras, a sardinha assada, pão centeio, às vezes umas saladas e pimentos assados, muito vinho branco e tinto, finalizado com a jeropiga para a assossega e mais tarde um caldinho verde para formatar os estômagos.
Voltemos à cidade e à primeira imagem que agora é a terceira, ou seja, a primeira foi para demostrar o tempo de chuva, frio e cinzento, daí ficar a p&b. Mas agora fica a versão do P&B com os vermelhos a escapar à seleção, e porquê!? — Ora para realçar algumas coisas boas do tempo, desde logo a fruta à porta da loja , mas em especial aquela varanda vermelha que é um encanto para o olhar. A única com estas características em Chaves, que resistiu a modernidade e vai continuar a resistir, pois o prédio está a ser reconstruído e a varanda vai manter-se. Mas agrada também ver que aos poucos o casario das ruas principais da cidade histórica está a ser reconstruído, mantendo-se a traça inicial (ou próxima), o que abre a esperança de que nos próximos anos, o Centro Histórico volte a ter vida, com gente dentro das casas e a dar movimento às ruas, com momentos como os que se veem na imagem, com os vizinhos a conversar de um para o outro lado da rua equanto os passantes passam.
Por último o resto da fruta e coisas da época. Coisas boas, não só para quem as consome, mas também para quem as produz, e principalmente estas duas que deixo em imagem, acrescentando um pouco de azeitona e o vinho, que ainda vão mantendo algumas famílias no mundo rural, principalmente a castanha, isto onde a há, pois é fruta de terras altas. A acrescentar à fruta, temos agora o que nos vem da horta – nabiças, grelos e as couves, que fazem o acompanhamento de qualquer prato, só falta mesmo o fumeiro que está quase a chegar, depois sim, com estas coisas do tempo (época) que deixo aqui descritas, cozinhadas com os saberes e sabores aprendidos com as nossas avós, é também tempo de dizer – E TÃO BOM VIVER EM CHAVES!