Chaves - Chinatown!
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Pela certa que já repararam que nos últimos dias ou semanas as placas de entrada na cidade e outros locais de entrada apareceram carimbados coma palavra “CHINATOWN”. Não sei quem é o autor das pinturas, mas é fácil deduzir quem seja e, isto leva-me a algumas reflexões e interrogações.
Portugal sempre foi um povo marinheiro de alma atlântica que partiu mundo fora, muito além dos sete mares, desbravou oceanos e continentes, povoou, colonizou, espalhou a língua portuguesa, deixo marcas por esse mundo fora e, ainda hoje, ou cada vez mais, não há cantinho do mundo onde não haja um português, com a mesma alma atlântica e marinheira com que há séculos atrás partiu mundo fora, mas com a diferença, que hoje, parte com alma mas já não vai desbravar mundos, parte como emigrante e, embora a diferença possa parecer muita, não o é, pois se há séculos entre alguns pretextos era pelo ouro e riqueza que partia, também hoje se parte por dinheiro e melhores condições de vida. Somos e sempre fomos, afinal, um povo emigrante.
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Hoje em dia, com a queda de algumas barreiras e a nossa adesão europeia, mas também por razões económicas, passamos a conhecer a outra face da moeda e, de um Portugal de emigrantes, passamos também a um Portugal com imigrantes, também eles emigrantes tal como os nossos o são lá fora… e fico-me por aqui, pois penso que já chega para reflectir com a isenção que se pede nas reflexões.
Chaves - “CHINATOWN” – esqueçam o que disse até aqui, pois os chineses que temos por cá, não são imigrantes comuns. Não vieram para trabalhar por conta de outrem. Estabeleceram-se com os seus próprios negócios e entram agressivamente no mercado com preços sem concorrência, onde vendem de tudo e agora, estão a ocupar também alguns locais de eleição para bons negócios de tal forma e maneira, que mexeram com o comodismo ou acomodação dos comerciantes locais e, como é que estes (comerciante de cá) reagem!? - As reacções são conhecidas por todos, ou seja, em vez de reagirem comercialmente, agarram-se a outras .
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armas mais fáceis, como o boato e a mentira… não só individualmente como também colectivamente pela a associação que diz zelar pelos seus interesses. Sinceramente não compreendo esta guerra contra os chineses, orquestrada com está, ainda para mais, quando não vi reacções idênticas contra outras invasões, bem mais maléficas e até aniquiladoras do comércio local e tradicional, como o foram as grandes superfícies comerciais, bem mais agressivas e organizadas que os chineses e que parece terem encontrado em Chaves um paraíso económico – Querem nomes!? – E’leclerc, Modelo, Lidl, Pingo Doce, Mini Preço, IZI, Sport Zone, McDonald’s, Worten, para não falar das lojas de mono-marca de vestuário e calçado, onde muitos deles vendem produtos Made in China. Onde é que estavam os comerciantes locais e a sua associação quando todas estas unidades comerciais de hiper-comércio foram implantadas em Chaves? Também será bom reflectir sobre isto!
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Por último, e eu até nem sou suspeito porque sou cliente de todos (tradicional/local, chineses, hipers, marcas, feira, etc.) e além disso não sou comerciante, ou seja sou um potencial cliente de qualquer tipo de comércio, vou pela qualidade/preço, pela oportunidades mas sobretudo, porque sou cliente e pago, gosto de ser bem atendido, com simpatia, educação e profissionalismo. Pois a verdade seja dita, neste campo do bem atender, quase todos são deficientes, medíocres, mas no comércio local e tradicional, a mediocridade, é bem mais notória. Talvez em vez de andarem tão preocupados com os chineses e a pintar as entradas da cidade, a fomentar o comércio com cabeçudos e rapazes da Venda Nova, se devessem preocupar mais com a formação (patrões e empregados), a qualidade e olhar ao provérbio chinês “Se não souberes sorrir, não abras uma loja” – embora os chineses de cá também no campo do sorriso, deixem muito a desejar… mas se calha, até têm razões para isso.
Claro que a carapuça só deve ser vestida se lhe couber na cabeça, pois como em tudo, há excepções.