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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

08
Set19

O Barroso aqui tão perto - Amiar (vídeo)


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montalegre (549)

 

Amiar

 

Em 5 de junho de 2016 trouxemos aqui Amiar pela primeira vez, mas então ainda não fazíamos um vídeo final com todas as imagens publicadas, tal como ultimamente tem acontecido, assim,  para colmatar essa falta (em relação às outras aldeias do Barroso), fica aqui hoje esse vídeo. Entretanto se quiser ver o post inicial, ele está aqui:

https://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-amiar-1395724

 

 

 

 

Para partilhar ou ver o vídeo diretamente no youtube, faça-o com este link:

https://youtu.be/JQHMOKbMatE

 

 

 

25
Ago19

O Barroso aqui tão perto - Tourém


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montalegre (549)

 

Já várias vezes o disse aqui no blog que as minhas idas a Montalegre sempre foram frequentes, quase desde que nasci, principalmente por altura das festas (Natal, Páscoa e Sr. da Piedade), tudo, porque toda a minha família materna é de Montalegre, inclusive, até os meus irmãos nasceram lá.

 

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Durante o meu tempo de criança e adolescente, para mim, o Barroso era Montalegre e todo o território entre Chaves e Montalegre, e pouco mais, a não ser as descidas que fazia anualmente até ao Sr. da Piedade por altura das festas, a partir de aí, o território barrosão era para mim desconhecido, exceção para uma ida a Tourém, deveria ter eu os meus 12 ou 13 anos, não mais.

 

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Dessa primeira ida a Tourém, apenas recordo um episódio. De vez em quando o meu tio de Montalegre, acho que conhecendo a minha curiosidade por conhecer novas terras, convidava-me para lhe fazer companhia nas idas a algumas aldeias, geralmente próximas. “Oh rapaz, querer ir a Stº André!?” E claro, cá o rapaz queria sempre. Até que chegou esse dia de ir a Tourém. Então, depois de uma longa viagem, que hoje sei ser apenas de 28 km, mas que, com as estradas e viaturas de então parecia alongar as distâncias, lá cheguei a Tourém.

 

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Chagados a Tourém, o meu tio foi tratar dos assuntos que tinha a tratar enquanto que eu fiquei por ali, dentro e fora do carro, na rua principal, mas sem me distanciar muito, quando nisto, ao fundo da rua começa a aparecer uma manada bem volumosa de vacas. Recolhi ao carro, não fosse uma vaca tresloucada marrar em mim, e pus-me a apreciar a sua passagem. Espanto meu, que ao longo da rua umas vacas iam ficando à porta das casas, umas tantas ali, outras em frente, algumas mais além, assim ao longo de toda a rua, até que as portas se abriam e elas iam desaparecendo da rua que acabou por ficar de novo limpa de vacas. Estava ansioso pela chegada do meu tio para lhe contar aquilo que tinha visto, se calha nem ia acreditar em mim. Chegou, contei-lhe o sucedido e riu-se. Explicou-me depois que nas aldeias era assim, em vez de irem todos os donos das vacas com elas para o monte e pastagens, ia só um com elas todas, e nos dias seguintes, à vez, iam outros donos. Em suma, explicou-me o que era essa coisa tão tradicional do comunitarismo do Barroso que se chama vezeira, mas houve ainda uma pergunta minha que ficou sem resposta, pelo menos satisfatória - Oh tio,  e como é que as vacas sabem qual é a casa delas para pararem lá !? – A resposta foi pronta: - Elas lá sabem!

 

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Mas se Tourém, fisicamente, era para mim desconhecida, já não o era no seu nome, pois que em todas as conversas e estórias sobre o Barroso, mais sedo ou mais tarde lá vinha Tourém à baila, e ainda continua a ser assim. Quer em vizinhas e amigos de casa dos meus pais que eram de lá, em colegas, nas estórias, uma delas bem macabra e que tenho registada desde os meus 7 ou 8 anos de idade, a estória de um louco que mata uma jovem mãe com o bebé ao colo, estória que me foi contada pelo próprio bebé (quando já tinha os seus 7 ou 8 anos, aquando nos conhecemos). Estória que é também contada por Bento da Cruz no “Lobo Guerrilheiro”. Mas para além deste triste episódio, Tourém é falada por causas e coisas mais nobres, por exemplo na literatura, para Além de Bento da Cruz, também por Miguel Torga, com referências no seu diário, pela sua História, pelo Couto Misto (Mixto) dada a proximidade e o caminho privilegiado entre Tourém e o Couto Misto, pela Casa dos Braganças, e pela sua fama de aldeia típica barrosã, entre outras referências.

 

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Assim, da afamada aldeia de Tourém saiam convites constantes para ir até lá conhecê-la, tendo em conta que na minha primeira ida aos 12 anos não contou para a conhecer, pois para além do episódio da vezeira, mais nada recordava. Aconteceu ir por lá já nos anos 90, inícios, uma noite e um dia lá passados com amigos pescadores, no dia de abertura de pesca, ainda na altura da fotografia analógica em que gastei o rolo todo com imagens dos amigos pescadores e da pescaria, apenas duas trutas, mas grandes, que embora só um as tivesse pescado, todos os pescadores fizeram questão de tirar uma foto com elas, até eu que nem sequer peguei numa cana.

 

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Das restantes vezes que fui por lá, mais recentemente, já foi mesmo para visitar Tourém e para a registar em imagem. Segundo o registo do meu arquivo fotográfico, fui lá num passeio de fotógrafos da Associação de Fotografia  Lumbudus, em junho de 2014, depois em setembro de 2016, nesta data já para recolha de imagens para esta rubrica de “O Barroso aqui tão perto”.

 

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Em novembro de 2017 fui por lá de novo, mas desta vez sem intenção, fui levado por acaso numa estória também caricata. Acontece que tinha um Congresso de Animação Sociocultural em Paredes de Coura. Como sempre, nestes congressos de animação tenho por companhia o Padre Lourenço Fontes. Previamente fiz o meu roteiro para Paredes de Coura, que tendo em conta que tinha de apanhar o Padre Fontes em Vilar de Perdizes, se mostrava mais vantajoso ir até Paredes de Coura, via Galiza, Xinzo de Lima, Cela Nova, Lindoso, etc. Ou mesmo, uma vez que já partimos com certo atraso, havia a opção da autovia galega Via Ourense até Valença, mais distante, mas mais rápido. Ora chegado a Vilar de Perdizes, o Padre Fontes disse-me que conhecia uns atalhos, muito mais perto e quase metade do caminho. E lá fomos pelos atalhos quase sempre junto á fronteira, por estradas bem secundárias. Pouco depois, sempre a seguir as indicações do P.Fontes, vira aqui, vai por ali, cruza acolá, dou comigo numa aldeia, primeiro estranha, mas que logo se tornou familiar. – Oh Padre, estamos em Tourém! É por aqui!?. - Anda lá, diz-me ele, tenho que ir dar um recado à minha irmã. Recado que meteu merenda porque já era a hora dela e um recado/visita breve à Casa dos Braganças. Desvio que nos valeu quase 3 horas de atraso, mas que, acabou por me levar mais uma vez a Tourém a agendar outra ida, pois nesse desvio vi a igreja do cemitério que acabaria por me levar até Tourém mais tarde, em março deste ano de 2019. Aí sim, embora não concluído porque um levantamento fotográfico de uma aldeia nunca se dá por concluído, mas com material suficiente para este post.   

 

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Mas entremos em Tourém, agora com as palavras de Miguel Torga, que tal como eu não chegou ir por lá uma vez:

 

 

Tourém, 7 de Abril de 1968

 

A intensidade de certos sentimentos mede-se pelo pudor de que os rodeamos. Quanto menos se exibem, mais fundo latejam. Mas, ao contrário, só na denúncia clamorosa de todos os atentados contra o objecto dos nossos afectos preservamos a sua pureza. A indignação publicamente manifestada é, nesse caso, a única prova de fidelidade do coração.

Azoeirado diariamente pelos papagaios do amor acrisolado à pátria, que açaimam, prendem ou liquidam os que duvidam da cantilena e erguem, ofendidos, a voz acusadora, é com inveja que olho os habitantes felizes deste pequenino enclave barrosão, que a grandeza espanhola nunca conseguiu deslumbrar nem devorar. Sempre que atravesso o istmo que o liga ao corpo nação, percorro as ruas da aldeia pavimentadas de cagalhetas, e entro na igreja onde o escudo real é uma ara de pedra de fervorosa celebração lusitana, apetece-me assentar arraiais e ficar a ser português assim o resto da vida. Unido visceralmente à matriz por um cordão umbilical de ternura, e ao mesmo tempo desterrado, esquecido, analfabeto, civicamente impedido de ouvir, e culturalmente desobrigado a responder.

Miguel Torga, In Diário X

 

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Tourém, Barroso, 2 de Setembro de 1990

 

LIMITE

 

Pátria até que os meus pés

Se magoem no chão.

Até que o coração

Bata descompassado.

Até que eu não entenda

A voz livre do vento

E o silêncio tolhido

Das penedias.

Até que a minha sede

Não reconheça fontes.

Até que seja outro

E para outros

O aceno ancestral dos horizontes.

 

Miguel Torga, In Diário XVI

 

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Quanto às minhas impressões pessoais sobre Tourém, que dizer!? Com a noção de que me ficarei sempre aquém das impressões e do sentimento, talvez me fique só pelos realces. Primeiro o do caminho até Tourém, desde que se deixámos para trás Covelães, pareceu-me estar a entrar num outro espaço, numa outra dimensão, numa outra realidade. Já era fim da tarde,  com o sol já descaído a começar a doirar o céu. Uma paisagem espantosa, surpreendente que tinha tanto de belo como de misteriosa, parecia estarmos num outro planeta, só faltou mesmo ouvir as canções de embalar da lenda da Serra da Mourela, a serra que tem todos estes encantos e ainda me falta ver toda aquela paisagem coberta de neve. Já em Tourém destaco as capelas, a igreja do cemitério, a via sacra, o forno do povo, as ruas e ruelas, a Casa dos Braganças, o “Museu etnográfico” da irmã do Padre Fontes, largo principal, as ruas e ruelas, a vista geral da aldeia e o por do sol sobre a barragem que faz fronteira com a Galiza e por último a simpatia da sua gente.

 

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E já que atrás mencionámos a Lenda da Serra da Mourela, aqui fica ela, para quem não conhece:

 

“A Lenda da Serra da Mourela (Pedra da Moura)”

«Conta-se que, quando os mouros foram expulsos pelos cristãos das terras do norte, havia uma mulher moura que estava grávida e que teve as dores de parto no momento da fuga. Escondeu-se, por isso, numa gruta para puder ter o filho. Todos os mouros foram embora, mas ela ficou naquela gruta para criar o filho, e o povo diz que durante muito tempo se ouviu a moura a entoar bonitas canções de embalar. A gruta ficou assim conhecida como a “Pedra da Moura” e a serra onde ela está situada é a Serra da Mourela. Fica entre as aldeias de Pitões das Júnias e Tourém, no concelho de Montalegre.»

 

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E agora vamos às nossas pesquisas sobre o que encontrámos nos escritos sobre Tourém. Assim na monografia Montalegre encontrámos:

 

“Barroso constitui um mosaico de paisagens edénicas. Podemos dizer que em cada canto há um novo encanto. Basta percorrer as nossas estradas municipais ou vicinais através do planalto para redescobrirmos mil recantos admiráveis. A título de exemplo referimos a estrada de Fafião a Cabril e daqui aos Padrões ou a Cela e Sirvoselo; o trajecto de Paradela do Rio a Outeiro e Parada; a travessia da Mourela com visita ao Mosteiro de Pitões e à extinta freguesia de São Vicente do Gerês ou ao São João da Fraga; a visita a Tourém que tanta importância teve durante a Idade Média no seu relacionamento com o castelo da Piconha e o Couto Misto através do caminho neutral; uma viagem a Cervos, Arcos e ao célebre e celebrado Pindo – mau passo do inevitável acesso à ribeira-tâmega que foi valhacouto de ladrões e malfeitores; uma passagem, ainda que breve, por capelinhas carregadas de história e lenda, do sagrado e do profano, de mistério

 e dogma, de misticismo e magia: “Alvas ermidinhas sob azuis magoados, vejo-vos de longe numa adoração, como ninhos brancos de ideal pousados Lá nesses fragosos montes escalvados, onde não há água nem germina o pão.

“Lá nos altos montes sem trigais nem vinhas, Sem o bafo impuro que dos homens vem, É que a Mãe de Cristo com as andorinhas e as estrelas d´oiro mesmo ali vizinhas, Num casebre térreo se acomoda bem.””

 

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E continua:

 

“Os achados de conjuntos monetários mais importantes são os de Penedones (doze denários de prata que se perderam), da Vila da Ponte (cinco excelentes denários de prata e alguns bronzes médios), Minas da Borralha com mais de 3 mil médios bronzes e Montalegre, com mais de novecentas peças, quase todas denários com magro banho de prata. As moedas destes achados não ultrapassam o século III. Da mesma altura são as aras votivas a várias divindades, que os romanos acolheram, como o Deus Larouco (Vilar de Perdizes); outras dedicadas ao deus Júpiter (Vilar de Perdizes e Chã); e outras mais, anepígrafas, em Pitões e Tourém.”

 

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E ainda:

 

“Há muitas sepulturas líticas móveis, talvez os monumentos mais antigos, e sepulturas fi xas. Das móveis temos exemplos em Bobadela, Sapiãos, Bustelo (Vila da Ponte), Tourém, Pitões, Santo Adrião (Montalegre) e, sobretudo, os enigmáticos arcões graníticos de Salto, a merecerem um estudo mais atento.”

 

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E mais esta:

 

“Vestígios de estilo românico nas Igrejas de S. Vicente da Chã, Viade e Tourém. É justo salientar que diversas outras igrejas datam dos primeiros tempos da monarquia e seriam incluídas nesse estilo. Acontece que foram sofrendo remodelações – muitas vezes a fundamentis – que as descaracterizaram.”

 

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E esta:

 

“Das ermidinhas, que o estro de Junqueiro abençoa, destacamos quer pela beleza paisagística do local, quer pelo encanto do conjunto “Construção humana e Natureza envolvente”: Nossa Senhora das Neves (São Lourenço) e São Tiago (Fafião), na freguesia de Cabril; Senhor do Alívio, em Salto; Senhora do Monte (Serra do Barroso); São Frutuoso (Montalegre); Santo Amaro (Donões); Santa Marinha, em Vilar de Perdizes; S. Domingos, em Morgade; Nossa Senhora de Galegos, no Cortiço (Cervos); São João da Fraga, em Pitões; São Lourenço, em Tourém, e Nossa Senhora da Vila de Abril, em São Pedro (Contim).”

 

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E continua:

 

“Há várias povoações com núcleos de construções tradicionais, bem conservados, muitíssimo belos e dignos de ajuda para a melhor preservação do património construído. Estão neste caso Fafião, Pincães, Salto (diversos lugares de freguesia) Currais, Vila da Ponte, Viade, Carvalhais, Cervos, Donões, Gralhas, Tourém, Pitões, Parada e Sirvoselo. Em todas elas há núcleos construídos dignos de integrar os roteiros de visita ao património que o Ecomuseu defende.”

 

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E esta:

 

“Um bispo no exílio” - século XIX Um bispo de Ourense, da importante família galega dos Quevedos, foi ameaçado de morte no advento do liberalismo (princípios do séc. XIX). Abandonou o Reino de Galiza e a sua catedral e exilou-se na povoação de Tourém. Aí viveu em paz muitos anos porque, residindo nos limites da sua diocese, estva contudo em país estranho, onde o não podiam prender nem condenar.

 

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Ainda na monografia “Montalegre” num capítulo mais alargado dedicado à freguesia, além dos dados respeitante à mesma temos:

 

TOURÉM

Área: 17 km²

Densidade Populacional: 10.9 hab/ km²

População Presente: 162

Orago: São Pedro

Pontos Turísticos: Castelo da Piconha; Castro; Forno; Igreja; Vestígios da Sala do Bispo Galego; Capela de Santa Ana; Casas dos Braganças e do Prof. Barros.

Lugares da Freguesia: (1) Tourém

 

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E ainda:

 

Ao refazermos a nossa história regional é justo colocar no primeiro capítulo a freguesia de Tourém. Recebeu foral de D. Sancho I para manutenção da vigilância fronteiriça a partir do Castelo da Piconha e da sua ligação, num caminho neutral, ao coração do Couto Misto formado pelas povoações de Santiago, Rubiás e Meaus.

 

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E continua:

 

Há mesmo notícia certa de que o Sancho Povoador por ali passou, antes, obviamente, de 1211: “…quando ibat rex domino Sanchio pro a Sancte Pelagio de Piconia…” Mesmo após o estabelecimento definitivo da capitalidade das terras de Barroso em Montalegre, as prerrogativas e privilégios de Tourém foram mantidos: basta dizer que as chamadas “honras” ficaram oneradas em fornecer homens para a guarnição da Piconha. Aliás, a defesa do sítio era questão primordial para toda a população de Tourém como se verifica pelos orifícios abertos nas testadas das casas, sobre as portas das habitações, de modo a evitarem assaltos, cercos e esperas ou emboscadas.

 

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E continua:

 

Dado de inusitada curiosidade é o facto da igreja muito antiga de São Pedro (com vestígios românicos) não aparecer no catálogo de 1320. Pois não aparece porque pertencia, no espiritual, à Diocese de Ourense. Por esse motivo (é da tradição e tido como certo) que, a dada altura, no florescimento do Liberalismo Galego, um bispo de Ourense, da família Quevedo, se refugiou em Tourém, por razões políticas. O bispo, estando em país estranho, estava em terra própria, porque Tourém integrava a Diocese de Ourense.

 

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Para terminar:

 

Tourém, muito antes do foral, foi honrada numa escritura de doação de bens ao Mosteiro de Celanova, pelos anos de Cristo de 1065!

 

É talvez a freguesia mais cosmopolita da zona com visitas diárias dos “labregos” e “turistas” da Galiza Irmã! Estes forasteiros podem desfrutar, com toda a comodidade das instalações legadas pela Casa dos Braganças, reconstruída para turismo de habitação. Nesta aldeia a corte do boi do povo foi transformada em pólo do Ecomuseu onde está retratada a questão do contrabando, do couto misto, dos exilados políticos e da relação transfronteiriça.

 

1600-tourem (10)

 

Quanto à Toponímia de Barroso, temos:

 

TOURÉM

É o genitivo do nome pessoal de origem germânica Teodoredus; é, por conseguinte, uma “villa”  Teodoredi >Teorey > Toerey > Toorei > Tourém.

O Facto de Tourém ter andado dependente da diocese de Ourense constitui uma boa razão para a flata de documentos sobre essa povoação barrosã. De todo o modo, sobre este território da Piconha os “historiadores” que vamos tendo continuam a passar erros grosseiros a papel químico, uns sobre outros. A fronteira nunca “desceu” para cá da fronteira actual! Pelo contrário, diz-se em

- 1258 “nos vestri inquisitores non ivimos ad villam de Requiaes, de qua vestra est, ut didiscimus a Johanne Lupi et Martino Martini, judice de Barroso, tercia pars ipsius ville et casal do Loba quod integrum debet esse de Portugal et ville de Toerey, de qua abet duas partes tocius ville et est patronus ecclesie, et de Paradela debet habere meditatem vocis et calumpnie si moratus fuerit ibi unus homo vestri. Item, de Meyanos ets tercia tocius ville Domini Regis et de Sancho Plagio de tota prole que exierit pro ad dominum debet inde habere Dominus Rex terciam partem…Item de Ruvyaes (Rubiás!) est tercia pars tocius ville Domini Regis.»

E por aí se vê que é fácil apanhar sapos e néscios. Decidi colocar aí o texto para satisfação do meu amigo Luís Mañá e de todo o povo do Couto Misto… Não se deixem cair em cantigas bacocas: leiam os documentos coevos.

Em 1258 o rei de Portugal deveria receber os foros de Casal da Loba (Requiás) de Paradela (Calvos e Randin), a terça parte de Meaus, a terça do pessoal de São Paio que trabalhasse fora do Couto (Misto) e a terça de Rubiás.

 

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E continua a Toponímia de Barroso:

 

Casal da Loba

 

Do nome latino casale de casa, significando a habitação como elemento fundamental da unidade agrária que sempre existia e sobre que recaíam os encargos fiscais. Mesmo depois de repartido o casal ou casar o seu “cabeça de casal” ou “cabeceiro” era responsável pelo foro nos limites originários do mesmo. Loba é o nome feminino (de mulher)  Lupa, nome de condessa ou rainha “usurário e prepotente” que tanto move o imaginário dos Galegos da fronteira!

Sobre este casal lançou mão D.Afonso III e deu-lhe carta de foro:

-1268 «in meo regalengo de Requianes (Requiás, na Galiza, perto de Randim e Tourém) in loco qui vocatur Casal da Loba in Barroso»

 

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Toponímia Alegre:

 

Em Tourém

Não dá quem tem

Senão quem quer bem!

 

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Ao fundo, numa placa colocada na casa está incrito “ A D.Manuel Barros e pobo de Tourém, polo seu apoio ós republicanos galegos – Xullo / 2000”

 

E continua a Toponímia Alegre:

 

Os de Tourém sobre os de Montalegre:

 

Baixas casas e altas torres

Algumas árvores, poucas flores;

Juízes, delegados e escribões

De pais a filhos todos são ladrões;

Olvide, se levardes bolsa

Vende lá onde a pões!

 

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Átrio interior da Casa dos Braganças

E remata a Toponímia Alegre:

 

Sinal da cruz do cabaneiro

Pelo sinal dos maus amos

Que tão fartos estejam

Como nós nos levantamos.

Deus os faça a eles criados

E a nós amos;

Para saberem o trabalho

E a fome e o frio

Que nós rapamos.

Sinal da cruz do patrão

Quatro coisas quer o amo

Do criado que o serve;

Deitar tarde e erguer cedo.

Comer pouco e andar alegre!

 

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E começamos a chegar ao final deste já longo post sobre Tourém, mas antes, quero ainda aqui deixar dois links que devem consultar pela informação interessante que neles contém, uma para um sítio no Facebook que dá pelo nome de:

 

I Love Tourém

 

O outro é para o site da Casa dos Braganças, convertida em Turismo Rural:

 

Casa dos Braganças

 

1600-barroso XXI (484)

 

E para finalizar um pequeno vídeo com todas as imagens de Tourém publicadas até hoje neste blog:

 

Link para ver diretamente no youtube ou partilhar: https://youtu.be/9xlVqMLf2dk

 

 

BIBLIOGRAFIA

BAPTISTA, José Dias, (2006), Montalegre. Montalegre: Município de Montalegre.

BAPTISTA, José Dias, (2014), Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso.

FONTES, Lourenço, Etnografia Transmontana II - Comunitarismo do Barroso, edição do autor, Montalegre, 1977.

 

WEBGRAFIA

http://www.cm-montalegre.pt/

http://www.lendarium.org/narrative/lenda-da-serra-da-mourela/?tag=421

 

 

 

 

18
Dez18

O Barroso aqui tão perto - Travassos do Rio


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Ontem deixámos uma amostra no blog da nossa aldeia convidada de hoje para esta rubrica de “O Barroso aqui tão perto”. Uma amostra e simultaneamente um desafio. Tratava-se da primeira imagem que abre o presente post e o desafio era descobrir de que aldeia se tratava. Ninguém respondeu, mas o mais certo é que ninguém a tivesse reconhecido, mesmo tratando-se de uma aldeia bem conhecida.

 

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Estas aldeias do Barroso, dependendo de onde se veem, mudam de feições. Têm este dom de se travestir, mais para encantar do que para baralhar. Têm também o dom de ao longe nos provocarem e despertar em nós a vontade de as visitar e de conhecer a sua intimidade. Entendamos a coisa como um convite, e o primeiro que dela recebi, já foi há muitos anos, inícios dos anos setenta do século passado, ainda eu era um puto, mas já olhava para as pequenas manchas de casario que floriam no meio das montanhas verdes. Aconteceu na primeira vez que fui a Tourém, não à ida, mas no regresso, quando ela se dá a conhecer na descida para Covelães.  

 

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Revelado o segredo, hoje logo no título do post, entremos então na nossa aldeia de hoje, que dá pelo nome de “Travassos” e pelo apelido de “do Rio”, ou seja,  Travassos do Rio, e é do Rio porque pertence ao conjunto de aldeias que adotam este apelido por se localizarem junto ao pequeno vale que se desenvolve ao longo do Rio Cávado a jusante da Vila de Montalegre, mas também para se distinguir da outra aldeia que é também Travassos, mas no caso Travassos da Chã, esta última juntinha à Barragem dos Pisões.

 

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Continuemos então com o nosso itinerário para chegar até lá e com a sua localização, agora mais precisa,  onde não há nada que enganar, pois fica junto a um dos principais trajetos pelo interior do concelho de Montalegre, na margem direita do Rio Cávado, já dentro do Parque Nacional da Peneda-Gerês e imediatamente a seguir a aldeia de Sezelhe. Assim, o nosso itinerário a partir de Chaves é feito via estrada de S. Caetano/Soutelinho da Raia até Montalegre. A partir da Vila desce-se até ao campo de futebol e depois vamos passar ao lado de Donões (à direita) ao lado de Cambeses do Rio (à esquerda), ao lado de Mourilhe, Frades e Sezelhe (todas à direita). Curiosamente a estrada não atravessa nenhuma destas aldeias, passa-lhes sempre ao lado. Em Sezelhe, atenção às placas no cruzamento, dever-se-á seguir em frente e logo a seguir (a 1Km), estamos no nosso destino.  Mas fica o nosso mapa e itinerário para melhor localização.

 

travassos-mapa.jpg

 

Se formos daqueles que antes de parar para os pormenores, gosta de dar uma volta geral à aldeia, pela certa que a sua atenção recairá sobre uma torre sineira que existe no meio de um largo, muito peculiar, pois trata-se de uma torre sineira sem igreja ou capela por perto e foi erguida em honra/homenagem, uma torre de culto ao boi do povo, tendo mesmo esculpida numa das suas fachadas a cabeça de um touro, mas também (li algures mas hoje não encontrei a referência) por não existir outro sino na aldeia, sino que nas aldeias sempre teve as suas funções de convocar o povo para vários fins, ou lançar avisos em caso de necessidade, como os sinais em caso de morte de um seu habitante, mas também, e no caso reforçado, para convocar o povo quando o boi partia para as chegas em terras vizinhas.

 

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Todos os barrosões conhecem a importância que tinha o boi do povo e quais as tradições, festa e outros que estavam a ele ligadas, mas para quem não sabe, recordemos aquilo que se diz ao respeito do boi do povo e do comunitarismo destas aldeias barrosãs na Etnografia Transmontana I, do Padre Lourenço Fontes para melhor se entender a sua importância:

 

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O BOI DO POVO

 

Dentro do culto dos animais, o que mais sobressai em Barroso é o Boi do Povo. Diz Miguel Torga em Diário X, localizando Serraquinhos:

«Atrai-me esta amplidão pagã, sinto-me bem a pisar um chão em que deus vivo, de rico e pobres, de alfabetos e analfabetos é o toiro do povo. Um deus de cornos e testículos, que depois de cada chega e de cada vitória, a gratidão dos fiéis, cobre de palmas, de flores, de cordões de oiro e de ternura. Um deus que a devoção adora, sem lhe pedir outros milagres, que não sejam os da força e da fecundidade… Um deus a quem se dão gemadas de cerveja, para que possa inundar as vacas de sémen, as moças de esperança, os moços de certeza e a senilidade de gratas recordações. Um deus eternamente viril, num paraíso sem pecado original.»

O boi do povo é a amostra mais válida do comunitarismo barrosão.

Tem boas cortes, bons palheiros e celeiros, pastos, lameiros de feno, lamas, terras de centeio, milho, poulas, etc.. Todas estas propriedades são do boi do povo, grande senhor feudal, mais rico que muitos dos habitantes da aldeia. O boi é propriedade do povo. Cada aldeia, segundo as posses, os caprichos, e o número de vacas, tem um, dois, três e quatro bois comuns. São comprados pelo povo ou seus representantes, com o dinheiro de todos. Vendem um que dá para comprar outro mais novo e sobra dinheiro, que entra para comprar alimentos ao boi ou, despesas comuns.

 

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PASTOR DO BOI

O boi tem um pastor do povo. É pago pelo povo, em alqueires de centeio, segundo o número de cabeças de gado, de cada lavrador. A vida subiu e hoje os pastores nem por um alqueire, por cabeça, querem guardar o boi. Quando uma terra tem muitas vacas ainda vale, mas com os tractores e florestas reduziu esse número e o pastor ganha menos. Há terras que além do pastor pagam ao tractor, especialmente por ocasião de chegas. O pastor ou sua mulher ou filhos pastoreiam  todo o dia o boi. Em Cambezes quando é o tempo das ferranhas de centeio, o boi anda à roda do povo e vai pastar, hoje, na ferranha de um lavrador, amanhã na de outro, até dar a volta e completar as rodas de cada lavrador, que variam segundo o número de vacas. Quanto mais vacas, mais pasto têm de dar ao boi. O pastor é o que tem a chave da corte do boi e é ele que abre a porta quando a vaca vai ao boi, ou nega a chave e o boi, quando a vaca anda estragada. A cobrição faz-se na rua pública, ao anoitecer.

 

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CHEGAS

São as chegas o verdadeiro desporto, se assim se pode chamar, que o Barrosão adora. Deixa tudo, percorre, a pé, as maiores distâncias, para ver uma chega de bois, que não conhece. Uma chega consiste (…) na luta entre dois bois do povo, de terras diferentes, ou da mesma terra.

Antes da chega o tratador aumenta a ração diária do boi. A juventude e outros  pedem grão, milho, farinha, farelo, batatas, feno para tratar o boi para a chega. Por vezes roubam as espigas de milho, as caixas de centeio das suas famílias ou de estranhos ou de terras vizinhas, para dar ao boi. Chegam a tirar da boca para não faltar ao boi, que é preciso engordar para ganhar. A emulação e rivalidade aparece quando um boi ganhou a outro na chega, ou quando os bois são do mesmo peso, ou têm de lidar, ou qualquer razão válida para poder desafiar o de outra terra. Começa a pensar-se na chega e a fogueira ateia-se. A mocidade, que tem certo direito no boi, pois é ela que o trata, pensa em ir contratar um adversário. Este concorda ou não, e pede prazo, para tratar o seu boi. Por fim, pede-se o placet à Junta ou regedor da freguesia de cada boi contendente, que nem sempre o dão, mas a chega faz-se. Combina-se o local, que tem de ser descampado, a meio das duas aldeias digladiantes. O boi que vai turrar convém estar totalmente fechado na corte oito dias, para no dia da chega sair mais bravo.

 

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E sobre as chegas, continua:

A chega é habitualmente a um Domingo ou dia santo, de tarde pelas 3 horas. De manhã na corte ou fora preso a uma árvore, afiam-lhe as pontas nos cornos, primeiro com navalha afiada, depois com grosa de vidro, a raspar. Alguns para que fira e faça fugir o adversário aplicam-lhe pontas de aço, nas extremidades. Alguns ainda dão vinho e cerveja ao animal, para que vá mais furioso. Durante a noite azougam-no, ou colocam-lhe a pele de uma vaca ou vitela no lombo, para que ai cheirar o inimigo, este fuja de pasmo e medo. Entretanto na missa, lembra-se aos santos o pedido de vitória para o boi da nossa terra. Fazem-lhe promessas, orações, responsos e votos de ansiedade, para que toda a corte do céu esteja do lado do nosso boi. Diziam na última chega em 3 de Fevereiro de 1974, entre Vilar e a Vila: Nossa Senhora da Saúde se ponha do lado do nosso boi, e respondiam outros, no meio das refregas da chega: Senhor da Piedade esteja pelo nosso. Fazem apostas de 100$00 ou mais.

E chega a hora da partida. Toca o sino da aldeia ou o do boi para juntar o povo e tocam o boi ao local previsto e marcado, de comum acordo.

 

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Ainda as chegas de bois:

À saída da corte pode sair um pouco bravo, então tocam outro companheiro para que não fuja. E toda a gente de pau na mão, rodeia o ídolo, fazem prognósticos de vitória ou derrota, e uns atrás, outros adiante, homens e mulheres, pequenos e grandes, velhos e velhas aí vai tudo, caras alegres, desafiando um e estimulando outro para animar e lhe dar peito para ganhar.

Se passam em frente a alguma capela, igreja, ou nicho das almas, não deixam de fazer a sua petição esperançada, ou dar a sua esmolinha aos santos ou às benditas almas que obtenham a vitória. Transitando por alguma aldeia, deitam sal e, cruz nas ruas por causa da bruxaria ou mau olhado, à ida e à vinda. Não podem passar por algum rio se não perde o azougue e a força.

Chegam os animais ao campo, já repleto de gente em círculo largo. Entra um, de cada extremo do campo e ao mesmo tempo. É a entrada triunfal onde ambos e dois esperam os louros. Cada boi é acompanhado do pastor, que empunha o seu pau de lodo, para apoiar e animar o boi, apesar de serem muitos os que nessa hora, desejariam estar ao lado do seu preferido, para lhe dar força e o ir enfurecendo: é boi, é boizinho!

 

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Continuamos com as chegas:

Fazem ou não, uns momentos de carranca, com as caras, viradas, e pouco a pouco ou de repente conforme a inspiração de momento, pegam-se de frente, com a maior violência possível, procurando ferir e rasgar o companheiro, com as hastes, bem aguçadas. É o momento de mais atenção dos milhares de espectadores, que de todas as aldeias mais afastadas vieram assistir. Se não fora a Guarda Republicana, o povo crescia e rodeava os bois, como acontece nas chegas que se fazem de noite, em que há poucos espectadores. 5, 10, 15, 30 minutos é o geral de tempo que os gladiadores se entretêm a disputar a força. Houve um ou dois casos em que um matou o adversário, que era de Parafita.

 

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E continua:

No geral apenas há a lamentar uns ferimentos mais ou menos graves, na superfície da pele. Quando as forças já estão bem medidas e houve sobreposição de um boi, o outro começa a olhar para o lugar por onde entrou, se tem tempo, e vai recuando, até que foge. O vencedor corre furioso a ver se o apanha. Intervêm logo os pastores e conterrâneos, com paus no ar, para os apartarem. E os da terra vencedora rodeiam o seu boi, sem medo. É o maior frenesi o da vitória. As raparigas e rapazes dão vivas: viva o nosso boi, viva! E depois de lhe verem as feridas, tocam cada qual o seu boi para a sua terra. Os vencidos, com a «beiça» e os vencedores cantando, uns diante, outros atrás do boi. Se podem, enfeitam-no com fitas, ramos, flores, bandeiras vermelhas, cordões de ouro, notas de conto, etc.. Chegando ao povoado, o boi vai, em procissão, dar a volta às ruas da aldeia, ovacionado por todos que dizem: abençoado boi e grão que comestes! Há festa com baile para todos e vinho à discrição pago pelos entusiastas e apostantes.

 

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Por fim, ainda sobre as chegas:

Ganha uma vitória, logo outros, que têm na aldeia um boi do povo, que foi já vencedor, pensam em desafiar aquele para outra chega a ver qual é o campeão.

Antigamente no fim das chegas havia barulho. Ao fim das chegas dos bois, chegavam-se os homens. Todos levavam paus e discutia-se a força, o direito de ganhar, qualquer ilegalidade e toca a dar paulada à direita e à esquerda. Hoje a Guarda tira paus a quem os leva e já não há perigo de se pegarem os homens, por causa dos bois.

 

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Assim, tal e qual como atrás descrito, recordo as chegas do Sr. da Piedade entre os bois da Portela e da Vila, ou da Portela ou da Vila com outras aldeias, a festa à volta do vencedor e as «beiças» dos perdedores, mas recordemos que a Etnografia Transmontana – I,  foi publicada em 1974, isto para vos dizer que a tradição da chega dos bois, hoje,  já não é aquilo que então era.  As chegas ainda existem no Barroso, agora disputa-se um campeonato, mas os bois já não são comunitários, já não são do povo, já não representam as suas aldeias. Hoje são de proprietários particulares, alguns até nem são barrosões.  Mantêm-se as chegas, mas perdeu-se toda a tradição e festa comunitária que a elas estavam ligadas. Coisas dos novos tempos, mas também ela uma consequência do despovoamento das aldeias.

 

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Mas isto já não são coisas de hoje, Miguel Torga, no seu diário, em 29 de agosto de 1991, registava o seu lamento num escrito que hoje também ele repousa transcrito em placa colocada na base da torre do boi e onde se pode ler:

 

Travassos do Rio, Montalegre, 29 de Agosto de 1991

 

Notabiliza este lugar um baixo-relevo na torre sineira a figurar a cabeça de um toiro, que foi campeão invencível nas turras do seu tempo e os habitantes, ufanos de tanta valentia, quiseram perpetuar.

Vou rememorando: Cornos das Alturas, Cornos da Fonte Fria, Tourém, Toural, Pitões.

Era assim antanho. Por todo o lado a mesma obsessão a tutelar as consciências. O mal é que o povo, em meia dúzia de anos, deixou apagar nos olhos a imagem viril, e perdeu a identidade. O Barroso de hoje é uma caricatura. Sem força testicular, fala francês, bebe coca-cola, deixo de comer o pão e centeio do forno comunitário, assiste a chegas comerciais, em campos de futebol, com bilhetes pagos e animais alugados. É um nédio boi capado.

 

Miguel Torga, In Diário XVI

 

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E sem mais demora que esta coisa começa a alongar-se e se nos entusiasmamos temos aqui latim para uma semana, passemos às nossas habituais abordagens que repetimos em cada aldeia, como por exemplo saber o que nos diz a “Toponímia de Barroso” ao respeito da nossa aldeia convidada:

 

Travaços do Rio

 

A grafia com ss é ridiculamente errónea visto que toponimicamente não fica abonada por qualquer forma escrita antiga.

A raíz latina trabe é evidente, significando trave, com sufixo aço; trata-se, por conseguinte, de local onde abundam árvores para construção, elegantes e de boa madeira com as quais os povos primitivos, à falta de pedra próxima em quantidade, faziam muitas vezes resistentes paliçadas defensivas à roda das casas do castro.

Alguns dos mais antigos documentos concernentes ao território Barrosão dizem respeito ao termo desta localidade como já afirmei noutros trabalhos e de que destaco a célebre doação feita por Aloito e sua mulher Bonela a São Rosendo em

- 953 «ipsa villa qui vocitant Travazos…prope rivulo Catavello» T.de C., I, de Andrade Cernada, Santiago de Compostela, 1995. Pág. 7/12.

Como o rio desse nome entre Larouco e a foz do Regavão era o Catavelo não restam dúvidas quanto ao Travaços de que se fala!

 

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E como sobre Travassos nada consta na “Toponímia Alegre”, faço eu um apontamento.

Mais uma vez a Toponímia de Barroso vem “contrariar” aquilo que é oficial e popularmente aceite e em vigor, refiro-me ao topónimo da nossa aldeia de hoje que em todo o lado o vejo escrito (página oficial da Câmara Municipal, CENSOS, e outra literatura e documentos) com sendo Travassos (com ss) e não Travaços  (com ç). A título de curiosidade para nós flavienses, na direção oposta a este Travassos-Travaços encontramos um caso idêntico, mas ao contrário, ou seja Valpassos como antigamente se escrevia, hoje escreve-se Valpaços. E afirmei “idêntico” sem ter bem a certeza de se o é, pois como cidadão comum falham-me estas preciosidades eruditas da evolução da nossa língua, coisa que nem quero aprofundar, pois para confusão já me chega ser obrigado a escrever segundo o novo acordo ortográfico, daí, aceito as coisas como elas hoje são, e neste post, o Travassos com que iniciei vai continuar a ser Travassos até ao fim.

 

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Passemos ao livro “Montalegre” aqui também Travassos grafado como Travaços, mas embora seja uma exceção aos escritos comuns, não é exceção nenhuma, pois o autor da “Toponímia de Barroso” é o mesmo do livro “Montalegre”, é portanto uma questão de coerência. Mas diz então o livro “Montalegre” a respeito de Travassos do Rio:

 

O boi do povo em Barroso é o símbolo máximo da vida comunitária, da virilidade, da fecundidade, da força e da honra da freguesia. No castelo de São Romão gravaram uma cabeça de boi, há milhares de anos, em sinal do culto que lhe devotavam; no século passado, os de Travaços do Rio, terra de memórias firmes e longas, gravaram a cabeça do boi campeão numa torre que lhe dedicaram. Não há muitas décadas, dezenas e dezenas de bovinos faziam novenas à roda da Capelinha do Santo António de Viade que os protegera de doenças e desastres. As inseminações artificiais retiraram à “divindade de cornos” o poder dos testículos mas não impediram que os barrosões continuem a praticar o seu desporto favorito que são as chegas. Até estão organizadas num campeonato ao longo do ano! Se os leitores forem ao futebol, em Montalegre, verão a assistir umas cem ou duzentas pessoas; se esperarem para ver uma chega de campeões, tenham cuidado!...não sejam atropelados por alguma multidão de cinco ou seis mil pessoas cheias de emoção!

 

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Uma outra referência à aldeia, ainda no livro “Montalegre” é a respeito de um seu ilustre:

Filipe José Gonçalves Andrade (séc. XVIII) nasceu em Travaços do Rio, em 173. Foi médico e cirurgião – mor do Reino do Algarve. Traduziu do francês a “Memória a respeito da peste” e faleceu, com oitenta anos, em Cabril, Montalegre. Foi agraciado com o hábito da Ordem de S. Tiago em 1791.

 

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E ainda mais uma referência no livro “Montalegre”

 

A criação de gado foi tão importante que os de Travaços do Rio ergueram a meio do povo uma torre ao boi campeão. Os seus habitantes devem sentir-se orgulhosos também porque Travaços é, depois de Salto, a terra barrosã referida em documentos autênticos e mais antigos: trata-se de dois documentos do Tombo de Celanova, na Galiza, referentes a doações destinadas ao Mosteiro e ambas no termo de Travaços, datadas, respectivamente, dos anos 93 e 976, sendo que numa delas é doadora a própria mãe do bispo São Rosendo! Há 103 anos!

 

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E o nosso entusiasmo vai ficar por aqui, mas antes ainda uma referência a mais duas preciosidades que encontrámos em Travassos do Rio e que ficam nesta duas últimas imagens, a primeira uma senhora com a capa de burel vestida, um abrigo para o frio e para a chuva, como era o caso no momento em que tomámos a foto, capa que embora ainda se vá vendo ao longo do Barroso, já começa a rarear. A outra preciosidade, por sorte de uma porta aberta que nos facilitou a imagem, é a de uma malhadeira, que também já é rara e cuja invenção é atribuída a Júlio dos Santos Pereira, que embora natural de Valpaços, fez de Chaves a sua terra de residência (sobre a invenção da malhadeira, notícia aqui: https://www.jn.pt/arquivo/2005/interior/flavia-criativa-de-volta-13-anos-depois-494764.html

 

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E ficamos por aqui sem uma referência ou imagem das cascatas Barrondas, tudo porque não fomos lá e não temos imagens, mas ficam para um post futuro. Fica prometido. Ficam também as habituais referências às nossas consultas e dizer-vos que as abordagens que já fizemos às aldeias e temas de Barroso estão agora no menu do topo do blog, mas também nos links da barra lateral. Se a sua aldeia não está lá, em breve passará por aqui, num domingo próximo, e se não tem muito tempo para verificar se o blog tem alguma coisa de interesse, basta deixar o seu mail na caixa lateral do blog onde diz “Subscrever por e-mail”, que o SAPO encarregar-se-á de lhe mandar um mail por dia com o resumo das publicações, com toda a confidencialidade possível, pois nem nós teremos acesso à vossa identidade e mail.

 

BIBLIOGRAFIA

BAPTISTA, José Dias, (2006), Montalegre. Montalegre: Município de Montalegre.

BAPTISTA, José Dias, (2014), Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso.

FONTES, Lourenço, Etnografia Transmontana I – Crenças e Tradições de Barroso, edição do autor, Montalegre, 1974.

FONTES, Lourenço, Etnografia Transmontana II - Comunitarismo do Barroso, edição do autor, Montalegre, 1977.

 

 

10
Dez18

O Barroso aqui tão perto - São Lourenço


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No último fim-de-semana, em “O Barroso aqui tão perto”, fomos até Vila Nova, Sidrós e Ponte da Misarela, ali mesmo onde começa a barragem de Salamonde, precisamente onde o Rio Rabagão se encontra com o Rio Cávado. Na altura não referimos este pormenor, mas hoje, dá-nos jeito esta referência, pois o nosso destino fica precisamente em frente a Sidrós, mas na margem direita do Rio Cávado, igualmente entre dois rios, mas desta vez o Rio Cabril ocupa o lugar do Rio Rabagão.

 

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Confesso que inicialmente este pequeno território barrosão entre estes três rios, se me apresentava um pouco confuso, muita curva, muita estrada, muita montanha e embora os três rios existam nas cartas, no terreno quase não se dá por eles, pois todos eles deram origem a barragens. Só quando comecei a ter as barragens como uma das referências é que me comecei a entender com este pequeno território do Barroso. Com isto, vou deixando esquecido o nosso destino de hoje, que é a aldeia de São Lourenço da freguesia de Cabril.

 

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Mas voltemos à questão dos rios e das barragens. O concelho de Montalegre tem 6 barragens, mas uma podemos deixá-la já de parte, pois no concelho de Montalegre só tem um nico, a barragem propriamente dita acaba por se desenvolver em terras Galegas. Refiro-me à barragem de Tourém.

 

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Mas como dizia, e com referência aos três rios mais importantes do concelho, as barragens obrigou-os por um lado a sair dos seus leitos originais, e por outro, entre barragens, fazendo-os quase desaparecer como rios. Iniciemos pelo Rio Cávado que em Sezelhe tem a sua primeira barragem, de pequenas dimensões, mas onde já há retenção de água. Logo a seguir, o mesmo rio dá origem à barragem de Paradela. Passemos agora para o Rio Rabagão que logo no início do seu percurso dá origem à barragem dos Pisões ou Alto-Rabagão,  para 6Km mais à frente dar início à barragem da Venda Nova. Neste momento da nossa descrição o Cávado está na barragem de Paradela e o Rio Rabagão está na Barragem da Venda Nova. Pois a partir de aqui os dois rios (Cávado e Rabagão) convergem e há um terceiro que se junta à convergência, o Rio Cabril. É precisamente na convergência dos três rios que começa a barragem de Salamonde, esta, marca também o fim  (limite) do concelho de Montalegre e o fim dos rios Cabril e Rabagão, passando a partir de aí o Rio Cávado entra em terras do Minho,  que depois de dar ainda origem a outras barragens e de passar próximo de Braga e por Barcelos, acaba por desaguar no mar em Esposende.

 

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Mas entremos em S. Lourenço. Deixei propositadamente o espaço da Sr.ª das Neves como primeira imagem deste post, precisamente porque foi a primeira imagem que tomei de S. Lourenço,  no dia 15 de julho de 2016, recordo ter sido um dia muito, mas mesmo muito quente. Chegámos lá, logo após termos almoçado em Sidrós. O dia recomendava uma sesta ou assossega para o almoço. Tomámos meia-dúzia de imagens e aproveitámos as convidativas sombras à volta da igreja para repousar um pouco, mas mesmo assim o calor era insuportável. Tínhamos na agenda fotografar S. Lourenço, mas apenas parámos no bar para hidratar. O calor quando aquece estupidamente com sabores de inferno, quando mais avança a tarde mais insuportável se torna, razão pela qual após a hidratação, regressámos a casa, sem uma única foto de S. Lourenço. Ficaria para mais tarde, com melhor calor, ou até frio, que este é questão de mais ou menos abrigos em cima do corpo.

 

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Voltámos a S. Lourenço em abril deste ano (2018). Tínhamos reservado o dia para as cascatas, um dia ótimo de sol, com calor acima do normal para a época, mas perfeitamente suportável, agradável até. A seguir à cascata de Pincães vimos ainda haver tempo para uma visita rápida a S. Lourenço para recolha de imagens, as suficientes para dar a conhecer a aldeia num dos nossos post´s. E para lá fomos, mas antes de começar a recolha fotográfica, fomos de novo hidratar ao bar que já era nosso conhecido e só depois avançámos para o coração da aldeia, não sem antes termos dado dois dedos de conversa com algumas pessoas da aldeia que estavam a aproveitar os preciosos raios de sol. Apenas interrompemos as suas conversas por uns curtos minutos, pois a tarde avançava e ainda tínhamos na agenda outra cascata.

 

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E lá fomos adentrando a aldeia até que numa das casas mais curiosas que encontrámos, nos saiu de lá uma senhora, com simpatia de sobra para que a conversa se fosse prolongando, mas infelizmente, desprevenido para tomar apontamentos para memória futura a utilizar neste post, apenas retive que a senhora tinha partido muito nova para Lisboa onde trabalhou toda a sua vida, e agora, já reformada, voltou à sua aldeia, que sempre teve no coração, para passar o resto dos seus dias.

 

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Fomos dando a conversa por terminada quando o céu se começou a encher de nuvens ameaçadoras de trovoada, coisa provável pois aquele calor fora de época, terras húmidas e altas, não de S. Lourenço, pois fica-se pelos 500m de altitude, mas mesmo ao lado as altitudes sobem acima dos 1300 metros na Serra do Gerês. E nós nem a meio estávamos da aldeia. Fizemos as despedidas, agradecemos a simpatia e alá pra frente, que é por aí que se faz caminho.

 

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Tivemos ainda tempo de conhecer, por mero acaso, um daqueles que deverá ser um dos maiores carvalhos (urbanos) do Barroso. Urbano por ficar no meio de um largo da aldeia, e tão grande que tivemos de nos afastar em bem dele para conseguirmos registá-lo no seu todo, mesmo assim, a imagem que fica é composta por uma montagem de três fotografias.

 

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Mesmo ao lado do grande carvalho fomos testemunhas de que é verdade que as árvores morrem de pé, não o grande carvalho que esse parecia estar de boa saúde, mas uma outra árvore que não cheguei ou lembrei de apurar qual era a espécie, mas pela silhueta pare ser igualmente um carvalho. No entretanto reparei, como por simpatia, que mesmo ao lado do carvalho morto jaz também um canastro (espigueiro) e achei curioso, pois é uma imagem que se vai repetindo nos canastros abandonados, afinal eles, os canastros também morrem de pé.

 

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Penso que quanto à localização de S. Lourenço já atrás ficou mais ou menos esclarecida. Indo pelos rios, fica na margem esquerda do Rio Cabril (acerca de 1000m) e na margem direita do Rio Cávado e Rabagão (a cerca de 800m) ali mesmo onde o Cávado recebe o Rabagão e começa a barragem de Salamonde. As distâncias indicadas são em linha reta, pois por estrada é um pouco mais. A última referência pode ser mesmo a sede de freguesia de Cabril que fica a apenas 1000m (onde o Cávado recebe o Rio Cabril, já em plena barragem de Salamonde).

 

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Mas fica a seguir o nosso mapa com a localização e também o itinerário para lá chegar, como sempre a partir da cidade de Chaves. Desta vez, ou mais uma vez, indicamos o trajeto via estradas municipais (sempre as mais interessantes), com o primeiro troço via S. Caetano/Soutelinho da Raia até à Vila de Montalegre e depois via campo de futebol onde o Benfica vai jogar com o Montalegre para a taça de Portugal (e viva a festa do futebol, Montalegre merecia um jogo com um dos grandes do futebol português e embora também torça para que o Montalegre ganhe, se perder, sai do campo como ganhador. Força!). Depois é só seguir em direção a Paradela (barragem) e depois via Ponteira e Ferral. Basta seguir a indicação das placas que a estrada está bem sinalizada.

 

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Em alternativa poderá utilizar as outras duas estradas por onde se chega a todo o Barroso, ou seja pela EN103 que atravessa o Barroso pelo meio, ou EN103 - Boticas e Salto - EN103. As distâncias são mais ou menos semelhantes, entre os 76 e os 84km conforme o itinerário. O que nós indicamos é o mais curto.

 

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E agora vamos às nossas pesquisas, que tratando-se de uma aldeia não muito grande, na média, não haverá muitas referências, mas algumas encontraremos. Vamos lá, talvez começando pelo livro “Montalegre” que deveria ser uma bíblia de todas as localidades do concelho, mas nem sempre é.

 

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Pois no livro Montalegre encontrámos (o negrito e sublinhado são nossos):

 

Das ermidinhas, que o estro de Junqueiro abençoa, destacamos quer pela beleza paisagística do local, quer pelo encanto do conjunto “Construção humana e Natureza envolvente”: Nossa Senhora das Neves (São Lourenço) e São Tiago (Fafião), na freguesia de Cabril; Senhor do Alívio, em Salto; Senhora do Monte (Serra do Barroso); São Frutuoso (Montalegre); Santo Amaro (Donões); Santa Marinha, em Vilar de Perdizes; S. Domingos, em Morgade; Nossa Senhora de Galegos, no Cortiço (Cervos); São João da Fraga, em Pitões; São Lourenço, em Tourém, e Nossa Senhora da Vila de Abril, em São Pedro (Contim).

 

A nossa opinião: Concordamos!

 

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Uma referência também a um dos seus ilustres, embora aqui se refira à antiga freguesia de São Lourenço de Cabril:

 

  1. Padre Diogo Martins Pereira (séc. XVII) nasceu em de Julho de 1681 no lugar de Pincães, freguesia de São Lourenço de Cabril. Deixou um manuscrito, datado de 1744, sobre a sua freguesia a que deu o nome de “Epítome Familiar e Árvore de Gerações de algumas casas da freguesia de São Lourenço de Cabril” que é um excelente relatório de muitas famílias do Baixo Barroso, seus costumes, suas vidas e seus feitos – a história e a lenda locais, no século dezassete, escritas com muito saber e gosto

 

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Passemos para a “Toponímia de Barroso”:

 

São Lourenço (Cabril)

 

Remota devoção pelo que se presume muito antiga a criação da Igreja e do próprio lugar desse nome. Contudo, não temos documento que o ateste. A tradição, ao contrário, diz da capela de invocação à Senhora das Neves, situada em lugar paradisíaco, perto de São Lourenço, que é o que resta do imemorial Mosteiros de pondras, origem primeiríssima do celebrado Mosteiro de Pitões!

-1258 « Sancti Laurentii de Cabril» INQ 1513

O hagiotopónimo tão afastado da Igreja deixa supor que a construção desta ocorreu mais tarde e em sítio mais central e assim aglutinou dois importantes polos religiosos da Idade Média: a Freiria de Pincães e o Mosteiro de Nossa Senhora das Neves! Acresce a força do orago que teve remotíssimo culto. Diz o Dr Avelino Costa que “foi o mártir romano que mais culto teve entre nós”

 

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Quanto à “Toponímia Alegre”

 

“Apelidos” de Cabril

 

Moeda-falsa de Lapela,

Vinho-azedo de Azevedo,

Cava-touças de Xertelo,

Escorricha-picheis de S.Lourenço

Rabões de Chelo,

(…)

Na Etnografia Transmontana do Padre Lourenço Fontes, o texto na referência a S. Lourenço aparece ligeiramente diferente: “Escorricha capichés de S. Lourenço” 

 

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E ainda na “Toponímia Alegre”

 

Nossa senhora das Neves

Do lugar de São Lourenço,

Todo o caminho fui bem

Só na barca tive medo

 

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Já adivinhávamos que pouca literatura haveria sobre São Lourenço, mesmo assim alguma coisa encontrámos, mas na ausência de mais, somos obrigados a encerrar este post.

Contudo é mais uma aldeia do Barroso, com características um pouco diferentes das aldeias do Alto Barroso, deste Barroso multifacetado e único. Tal como todas as aldeias do Barroso, esta também é de visita obrigatória, primeiro pela Senhora das Neves, não só pelo templo, mas também pela beleza do local, pelo aconchego e paz que por lá se vive. O carvalho da aldeia fica na memória a que o vê, pela sua imponência e beleza. O bar da hidratação, também é de paragem recomendável, principalmente de Verão quando se exige andarmos bem hidratados, mas pela certa que de Inverno também por lá poderemos aquecer um poucos os corpos.

 

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Ficamos então por aqui. Ficam ainda as habituais referências às nossas consultas e dizer-vos que as abordagens que já fizemos às aldeias e temas de Barroso estão agora no menu do topo do blog, mas também nos links da barra lateral. Se a sua aldeia não está lá, em breve passará por aqui, num domingo próximo, e se não tem muito tempo para verificar se o blog tem alguma coisa de interesse, basta deixar o seu mail na caixa lateral do blog onde diz “Subscrever por e-mail”, que o SAPO encarregar-se-á de lhe mandar um mail por dia com o resumo das publicações, com toda a confidencialidade possível, pois nem nós teremos acesso à vossa identidade e mail.

 

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BIBLIOGRAFIA

 

BAPTISTA, José Dias, Montalegre. Montalegre: Município de Montalegre, 2006.

BAPTISTA, José Dias, Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso, 2014.

FONTES, Lourenço, Etnografia Transmontana I – Crenças e Tradições de Barroso, edição do autor, Montalegre, 1974.

 

 

 

 

18
Nov18

O Barroso aqui tão perto - Lodeiro Darque


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Continuando as nossas visitas ao Barroso aqui tão perto, hoje vamos mais uma vez até à freguesia de Salto, para uma aldeia que fica simultaneamente no limite da freguesia, no limite do concelho de Montalegre, no limite do Barroso e no limite de Trás-os-Montes, dá pelo nome de Lodeiro de Arque, às vezes também grafado como Lodeiro d’Arque, Lodeiro Darque, Lordeiro Darque e Lodeiro de Arca. Por aqui quase parece ser uma aldeia em tudo plural, mas não, é até muito singular nas suas características.  Da nossa parte para não estarmos a utilizar todos os topónimos conhecidos, de futuro, passaremos a referir a aldeia como Lodeiro Darque.

 

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Só fomos a esta aldeia uma única vez, decorria o dia 27 de maio de 2016, já depois das 17 horas, debaixo de uma valente trovoada em que chovia a potes, céu carregado e “baixo”, com muito pouca luz. Ainda pusemos a hipótese de lhe passar ao lado e ficar para uma próxima visita, que teria de ser propositada, pois sendo uma aldeia de limites não calha na passagem dos nossos itinerários pelo Barroso. Era um daqueles momentos em que sair do carro não era mesmo recomendável, nem com guarda chuva, mesmo assim decidimos dar uma volta pela aldeia.

 

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Entrámos e fomos logo brindados com um conjunto que nos agradou. Cruzeiro, alminhas e um pequeno chafariz compunham o largo de entrada. Não dava para sair do carro, mas com o vidro aberto sempre dava para fazer umas fotos rápidas. Muito escuras, por sinal, mas antes escuras que queimadas com luz a mais.

 

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As técnicas recomendam que o trabalho de campo seja precedido do devido trabalho de casa. Antes de avançarmos para o terreno deveríamos saber e recolher o máximo de informação daquilo que há por lá, no terreno. Mas digamos que sempre fui um pouco rebelde quando a normas estipuladas e que gosto de ser surpreendido. A única coisa que defino com antecedência são os itinerários de ida e volta a casa. Sei que com esta atitude às vezes deixámos coisas importantes para trás, mas também descobrimos outras, pormenores, que não vêm nos livros ou na informação disponível. Depois há também outra razão para esta atitude, é que ficando o Barroso aqui tão perto, a qualquer altura podemos lá chegar para completar o nosso levantamento, ou seja, arranjamos um pretexto para ir por lá outra vez. Não sei se será o caso, pois ainda estou na introdução do post sem saber o que os livros e outros documentos para pesquisa me reservam, mas prevejo que não sejam muitos.

 

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Em suma já tenho desculpas, talvez, para coisas que fossem de abordagem obrigatória e que tenham escapado ao levantamento, em imagem, pois quanto as conversas, na maioria das aldeias, vai sendo cada vez mais difícil, é que ao contrário do que acontecia há coisa de 30 e tal anos atrás, em que ao entrarmos numa aldeia apareciam logo os cães, os gatos, as crianças e as ruas tinham uma correria viva de pessoas e animais domésticos, hoje entramos e saímos, às vezes, sem ver vivalma. Pois em Lodeiro Darque, mesmo que habitualmente tenha uma vida social de rua, nesse dia não era mesmo recomendável andar nela. E assim foi, entramos e saímos sem ver vivalma.

 

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Já em casa, no pós-levantamento da aldeia, uma das primeiras coisas que geralmente faço é consultar as cartas, mapas e fotografia aérea. Às vezes lá dou conta de algumas falhas, de pequenos núcleos separados da aldeia que parecem merecer uma visita. No caso de Lodeiro Darque, a aldeia resume-se mesmo ao que vi. Pareceu-me então uma pequena aldeia que deveria ter mais qualquer coisa, mas não. Na realidade deve tratar-se de uma aldeia antiga que vivia à volta de duas grandes casas agrícolas, isto a julgar pelo casario existente em que duas construções se destacam como tal, e outras tantas com menos opulência, parecendo-me o restante serem armazéns agrícolas. Num total de cerca de vinte de casas, incluindo a capela e os armazéns e arrumos agrícolas.

 

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Pequena, sim, mas nem por isso deixa de ser interessante, com destaque para a sua entrada com o cruzeiro, alminhas e pequeno chafariz encostado às alminhas, as duas grandes casas agrícolas com pátio interior, a capela, o restante casario tipicamente transmontano e barrosão e a paisagem chegam para lhe recomendarmos uma visita.

 

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Vamos então à sua localização e itinerário para lá chegar a partir (como sempre) da cidade de Chaves. Pois desta vez, quanto a itinerário, partimos desde a estrada de Braga (EN103) até Sapiãos, onde abandonamos esta estrada para nos dirigirmos a Boticas. Depois tomamos a Nacional 311 em direção a Salto, nada que enganar, pois é sempre pela estrada principal, mesmo assim, a estrada está bem sinalizada para qualquer dúvida que possa surgir. Tem de se atravessar Salto e no final tem duas opções, sensivelmente de igual distância, numa segue-se pela N311 , passando ao lado de Reboreda e de Póvoa, a outra é via CM 1033, passando por Corva, Amial e Bagulhão, logo a seguir entra de novo na N311 e 400 metros à frente tem Lodeiro Darque. No nosso mapa que fica a seguir, recomendámos o CM1033 para ir (com passagem por 3 aldeias). No regresso, sempre poderá fazê-lo pela Póvoa e Reboreda, até Salto. Quanto ao restante itinerário de regresso a Chaves, desta vez, recomendo o mesmo de ida, mas sempre podem, chegado a Salto, descer à EN 103 e seguir sempre por ela até Chaves. Pelo itinerário recomendado, de Chaves a Lodeiro Darque são 60km (Via EN103 são mais 16Km).

 

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Retomemos agora com aquilo que encontrámos na documentação disponível, à qual tive acesso, sobre Lodeiro Darque, começando pela Toponímia de Barroso:

 

Lordeiro Darque, ou melhor, Lodeiro de “Arca”

 

É  mais um caso de eruditismo bacoco que até rima com idiotismo. Derivado de LODO (do latino LUTEU, que quer significar terreno enlameado) chegamos a lodeiro. No determinativo reside a dificuldade. Arque não é nada mas por dissimilação chegamos a Arque, corruptela de Arca. E essa arca teria de entrar no domínio arqueológico: ou “arca” > do latino arca como sepultura rupestre; ou como construção dolménica (que representa o mesmo); ou como marco divisório predial.

Como se trata de “lodeiro” onde a água e a terra se misturam, e condiz com parte da envolvência topográfica do sítio em causa, opto pela existência de algum marco que dividisse duas “vilinhas”, talvez Lodeiro de Arque e Lamachã, ali perto.

A confirmar quanto digo estão as INQUIRIÇÕES de

-1258 «in Lodeiro de Archa». A que propósito virá cá o Arque? Que tolice tamanha!

“Mais vale dinheiro na arca que fiador na praça”.

 

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Tolices quem não as comete… mas pelo menos já fiquei a compreender porque chovia tanto quando fui a Lodeiro … E agora apetecia-me dizer: “e com esta me bou!”, mas ainda vou ficar mais um bocadinho.

 

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Esperávamos que na “Toponímia Alegre” houvesse uma referência a Lodeiro Darque, mas não há, no entanto, bem mais antiga, há uma referência (do género) na Etnografia Transmontana I:

 

Alcunhas da Freguesia de Salto

(…)

Fome lazeira de Pereira,

Fome de rachar de Amiar, ou Manilhas

Tripas de Coelhos de Linharelhos,

Secos de pó de Caniçó,

Corvanitos de Corva,

Toucinheiros de Seara,

Pouco pão e muitas arcas de Lodeiro d’Arque

Peles de coelho em Paredes,

Sacos de palhas da Borralha.

(Informou Domingos Pereira Fernandes de Amial e José Frutuoso de Salto)

 

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E ficamos por aqui. Ficam ainda as habituais referências às nossas consultas e dizer-vos que as abordagens que já fizemos às aldeias e temas de Barroso estão agora no menu do topo do blog, mas também nos links da barra lateral. Se a sua aldeia não está lá, em breve passará por aqui, num domingo próximo, e se não tem muito tempo para verificar se o blog tem alguma coisa de interesse, basta deixar o seu mail na caixa lateral do blog onde diz “Subscrever por e-mail”, que o SAPO encarregar-se-á de lhe mandar um mail por dia com o resumo das publicações, com toda a confidencialidade possível, pois nem nós teremos acesso à vossa identidade e mail.

 

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BIBLIOGRAFIA

 

BAPTISTA, José Dias, Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso, 2014.

FONTES, Lourenço, Etnografia Transmontana I – Crenças e Tradições de Barroso, edição do autor, Montalegre, 1974.

 

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29
Abr18

O Barroso aqui tão perto - Fontaínho


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Nesta rubrica de o Barroso aqui tão perto, hoje toca a vez a Fontaínho, que por acaso até é uma das aldeias que para nós flavienses fica no Barroso mais distante, já bem dentro do Parque Nacional da Peneda-Gerês e bem próxima do concelho de Vieira do Minho e de Terras de Bouro, embora entre Fontaínho e estas últimas exista a Serra do Gerês, ou seja, terras vizinhas, mas do outro lado da serra/muralha.

 

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Mas sejamos mais precisos na localização de Fontaínho que, como já perceberam, fica no Barroso verde, que só não é minhoto porque está no limite de Trás-os-Montes e administrativamente pertence ao concelho de Montalegre, de resto, já tem todas as características de terras do Alto Minho. São os tais contrastes e barrosos que existem dentro do todo barrosão.

 

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Pois Fontaínho pertence à freguesia de Cabril, a pouco mais de 1km da sede de freguesia, localiza-se na encosta da montanha com vertente para o Rio Cabril, este a apenas 500m, mas não muito distante do Rio Cávado, a cerca de 2km, aliás tinha de ser, pois ambos os rios se encontram nas proximidades de Cabril, embora não se dê por isso, pois a barragem de Salamonde disfarça este encontro.

 

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Passemos à altitude e coordenadas de Fontaínho.  Geralmente o Barroso é dividido em Alto Barroso e Baixo Barroso (terras altas e terras baixas), mas para mim é uma falsa divisão, principalmente se tivermos a altitude em conta, como por exemplo se passa com Fontaínho, na cota dos 300 metros, próxima dos 400, mas que a menos de 5km a cota já atinge os 1200m. Mas isto são pormenores ou noias minhas, pois no todo é o Barroso aquilo que interessa, e esse é único, mesmo com os seus contrastes, ou talvez por isso mesmo.

 

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Ficam então as coordenadas:

41º 43’ 24.32”N

08º 01’ 31.67”O

Altitude: 400m

E também fica o nosso habitual mapa que servirá de pretexto para passarmos aos itinerários a seguir para chegar a Fontaínho, com partida desde a cidade de Chaves, como sempre.

 

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Pois ficam dois itinerários, o primeiro aquele que recomendamos, hoje por ser o mais interessante e o de menor distância, e um segundo em alternativa, um pouco mais longo mas com melhor estrada.

 

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Então o primeiro itinerário é via EM507, ou seja, estrada de S.Caetano/Soutelinho da Raia, este embora maioritariamente por estradas secundárias, é o mais interessante, pois passa pela Vila de Montalegre e quase metade do percurso é feito dentro do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Ao todo são 81 km. Atenção que no mapa o traçado passa por Vilar de Perdizes, Solveira, etc. Mas esse troço continua cortado ao trânsito por motivos de obras. Assim, para já, ao chegar a Meixide terá mesmo de optar pela alternativa via Pedrário, Serraquinhos, Cepeda, aliás um troço também bem interessante.  A partir de Montalegre segue-se sempre ao longo do Rio Cávado pela M308 até Sezelhe, aqui entra no Parque Nacional da Peneda-Gerês e segue até à Barragem de Paradela, onde deverá atravessar o paredão da Barragem e seguir sempre pela estrada até encontrar o desvio para Fontaínho, mas primeiro terá de passar ao lado ou por Sirvozelo, Cela, Lapela, Azevedo, Xertelo e Chelo.

 

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A alternativa ao itinerário anterior é via Nacional 103 (estrada de Braga), sempre pela N103 até ao final da Barragem de Venda Nova, aí atravessa o paredão da barragem e segue em direção a Ferral e Cabril, logo a seguir é Fontaínho. Por aqui são mais 6km, 87 no total.

 

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E dos intinerários para o topónimo. Pois segundo a “Toponímia de Barroso” temos:

 

Fontaínho

Tal como tantos outros nomes e muitíssimos topónimos decorre do latino FONS/FONTIS, FONTE por FONTANU > FONTANINO > FONTAIO (com esse i nasalado) > FONTAÍNHO e assim chegou ao hidrotopónimo.

 

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E continua a “Toponímia de Barroso”:

Não se trata de sítio com uma fonte pequeina; é, pelo contrário, lugar de várias fontes. Ou seja, o “inho” não é diminutivo mas adjectivamente frequentativo.

Não cause admiração a forma masculina já que, no latim, as fontes também são masculinas como o deus delas – FONTANUS.

 

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Quanto à “Toponímia Alegre” temos:

 

Apelidos” de Cabril

 

"Moeda falsa de Lapela,

Vinho-azedo de Azevedo,

Cava-touças de Sertelo,

Escorricha-picheis de S. Lourenço,

Rabões de Chelo,

Bufos de Vila Boa,

Lagartos de Fontaínho,

Cinzentos de Chãos,

Carrapatos de Cavalos,

Paparoteiros da Vila

Dente-Grande da Ponte,

Pousa-fois na Chã de Moinho,

Raposos de Busto-Chão."

 

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Hoje temos menos imagens, mesmo porque Fontaínho é uma aldeia pequena, mas também como nada encontrámos nas nossas pesquisas ao seu respeito, exceção para a “Toponímia de Barroso”, que nessa sim, tem um pouco de todas as aldeias. Mas há ainda umas palavrinhas a dizer, as nossas, daquilo que mais gostámos de ver e nos vai surpreendendo.

 

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Pois a presença da Serra do Gerês surpreende sempre, pela sua imponência e ser uma serra de acessos difíceis ou mesmo impossíveis, e ela está bem presente em Fontaínho, pelo menos nas vistas, e como é bom descansar nelas os nossos olhos. A par da serra temos o verde, as paisagens de verde com os seus vários matizes. Terras férteis, parece, pelo menos a julgar pelos canastros, pois não existiriam se a terra não desse coisas para lá meter a secar. A nível de construções são o que mais se destaca, pois estas aldeias nesta zona do Barroso são muito diferentes das aldeias mais a norte, onde os povoados são maiores e mais concentrados em núcleos bem definidos. Digamos o que mais surpreende por aqui é a aspereza da serra de rochedos sem fim a erguerem-se para o céu a contrastarem com os matizes de verdes mais vivos ou menos vivos mas sempre brilhantes das terras mais baixas, onde vão aparecendo pequenos núcleos de casario, de vez em quando interrompidos por um rio ou uma albufeira, a combinação perfeita por onde dá gosto andar à descoberta.

 

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E na ausência de mais documentação ou dados para referir, ficamos por aqui, mas antes ainda deixamos, como sempre, as referências às nossas consultas, hoje apenas uma. Quanto aos links para as anteriores abordagens às aldeias e temas de Barroso, estão na barra lateral deste blog. Se a sua aldeia ou a aldeia que procura não está na listagem, é porque ainda não passou por aqui, mas em breve passará.

 

BIBLIOGRAFIA

 

BAPTISTA, José Dias, Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso, 2014

 

 

 

 

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16
Out17

O Barroso aqui tão perto - Friães


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No Barroso aqui tão perto, hoje vamos até à aldeia de Friães. Como é um topónimo muito vulgar em Portugal, convém desde já dizer que este Friães é o do concelho de Montalegre, no Barroso.

 

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Como sempre o nosso ponto de partida é na cidade de Chaves. Das três opções possíveis para irmos até ao Barroso, hoje a nossa opção é a estrada de Braga, a Nacional 103 que, embora não seja o itinerário mais curto, é o mais rápido e melhor estrada. Por este itinerário, ao quilómetro 62.7 estaremos em Friães.

 

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Mas também optamos pela E.N.103 porque Friães fica quase à beira desta estrada, mais precisamente a 1 km, à mesma distância que fica a aldeia vizinha dos Pisões e a Barragem do Alto Rabagão ou Pisões, se preferirem, e neste caso quando digo barragem é mesmo o paredão da barragem.

 

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Assim, se quiser ir ou passar por Friães, basta ter os Pisões, aldeia e paredão da Barragem,  como referência, mas olho nas placas da estrada, isto para tomar o caminho mais direto, no entanto, se for através da aldeias dos Pisões, também vai lá ter. Mas para maior exatidão da localização, ficam as coordenadas da aldeia e de seguida também o nosso habitual mapa:

41º 44’ 25.65” N e 7º 52’ 53.80” O, a uma altitude de 895m.

 

mapa-friaes.jpg

 

Em termos das características da aldeia e da sua envolvente, não sei se ainda está ou não integrada em terras da chã, mas se não estiver comunga do mesmo chão e das mesmas características, quase no limite, pois a partir de aí, começa-se a descer para o Barroso “minhoto”.

 

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Tal como dissemos logo no início, Friães é um topónimo muito comum em Portugal. Não sei quantas localidades existem com este topónimo, mas só na zona Norte existem pelo menos meia-dúzia de localidades com este topónimo.

 

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Mas vamos ver o que nos diz a “ Toponímia de Barroso” a respeito deste topónimo:

 

FRIÃES

"A existência de diferentes antropónimos germânicos acrescenta dificuldades na análise de Friães. Mas julgo tratar-se de Froila documentado já em:

- 1054 no Dipl. Et.Chart. 392: por Froilanes. Na realidade a nossa povoação era conhecida, em:

- 1258 por Froyaes INQ 1514! No que acompanha outros Friães nacionais.

Portanto, Froilanes > Froyaes > Froiaes ou Fruiaes, fácil se chega a Friães. Perguntar-se-á porque não “villa” Froilani? Porque, neste caso, teria de dar terminação em ão, portanto, Frião, que também existe.”

 

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Esta “Toponímia de Barroso”, logo a seguir à descrição dos topónimos de cada freguesia, apresenta a “Toponímia Alegre” respeitante a cada uma das aldeias. Quase sempre são dizeres populares e algumas picardias entre aldeias vizinhas, às vezes pouco abonatórias para as visadas nesses dizeres, mas sempre divertidas para quem está de fora.

 

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Pois a “Toponímia de Barroso” no capítulo da “Toponímia Alegre”, sobre Friães também há algumas referência. Pelo caminho dessas referências, vamos metendo algumas fotos de Friães, que nada terão a ver com aquilo que se vai dizendo, mas como temos muitas fotos para hoje, temos mesmo que ir deixando aqui algumas: Pois a “Toponímia Alegre”, sobre Friães diz o seguinte (depois da foto):

 

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Uma mulher de Viade:

Mandei fazer uma capa

Ao pisoeiro d’Ablenda

Ninguém se finte nos homes

Que os  homes são má fazenda

 

As Meninas de Friães

Não sabem ficar no linho

Mas sabem ir ao louceiro

Ver se a caneca tem vinho

 

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E continua a “Toponímia Alegre”:

 

Esta noite, à meia-noite,

Ouvi dar um assobio:

Eram moças de Friães

Que foram lavar-se ao rio!

 

Que foram lavar-se ao rio

Tirar esterco do carrolo:

Terra de pouco brio

Terra de muito parolo!

 

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Ainda na a “Toponímia Alegre”:

 

Diziam as moças de Friães

 

(que não usavam cuecas e

Ao passarem nas pondras)

 

Antes de terem o ponderado:

 

Ò rio, como vais tão turvo,

Como vais de despenhado…

Irias mais a modinho

Se te tivesses casado!

 

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Continua a “Toponímia Alegre):

 

As moças de Friães

Para irritarem as suas vizinhas:

 

Vai junguir o teu pai

Que anda além rio

Lanhado com a mosca!

 

Vamos lá para o Pisão,

Vamos ver o que lá vai,

As casas são de terrão,

A telha abaixo não cai!

 

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E ainda antes de continuar com Friães vou fazer aqui um aparte e dentro ainda da “Toponímia Alegre” vamos fazer uma passagem por uma aldeia que fica em frente a Friães, na outra margem do Rabagão, o Telhado, tudo porque esta também faz referência à nossa veiga de Chaves, então diz assim (já a seguir à foto):

 

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Um que casou no Telhado:

 

Eu fui casar ao Telhado

É boa vida ser casado

E matar um bom cevado.

Há três anos que casei

E nunca sem matar fiquei:

A não ser este ano

E também no ano passado

E no ano que me casei.

 

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Continuamos com a “Toponímia Alegre”:

 

Quem quiser conhecer

Caminho mal passado

Vá das Alturas ao Telhado!

 

Adeus lugar do Telhado

As costas te vou virar:

Vou para as Veigas de Chaves,

Onde me eu vou desterrar!

 

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Se vão rezar à capela

As mocinhas do Tellhado,

Dizem umas para as outras:

Quem me dera um namorado!

 

(…)

 

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E continua, mas nós em relação a esta (Um que casou no Telhado), vamos ficar por aqui, pois hoje o post é dedicado a Friães. Ficamos por aqui em relação ao Telhado mas vamos continuar na “Toponímia Alegre” para mais uma referência a Friães, numa que se intitula “Cávado – Regavão”.

 

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Suponho que este “Regavão” será o mesmo que Rabagão, o nome rio que dá origem à Barragem dos Pisões ou Alto Rabagão, enquanto que o Cávado, dá origem à Barragem de Paradela. Curiosamente Friães fica entre estes dois rios e barragens, embora mais próxima da Barragem dos Pisões , a de Paradela (em linha reta) fica apenas a 6 km.

 

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Cávado - Regavão

 

Leirões de Lamas,

Lagartos de Fervidelas,

Conhadeiros de Bustelo,

Boleteiros de Friães,

Ladrugães, esfola-gatos mata-cães.

Mata-moura de Reigoso,

Chinos de Currais,

(…)

E continua, mas como a referência a Friães já foi feita, ficamos por aqui, mas um deste dias voltamos para outra qualquer aldeia aqui abordada.

 

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Vejamos o que mais há por aí a respeito desta aldeia. Por exemplo no livro “Montalegre” encontrámos estas referências (o sublinhado e negrito são meus):

“ “Sinais dos tempos” Vários outros monumentos da romanização se descobriram e permanecem cá testemunhando a sua origem e finalidade: marcos miliários em (Padrões, Currais, Travaços e Arcos) aras romanas em (Vilar de Perdizes, Pitões e São Vicente da Chã) estelas funerárias (Vila da Ponte/ Friães), o célebre Penedo de Rameseiros (Vilar de Perdizes) e outros.”

 

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E quando já estávamos para entrar nos finalmente deste post, com o habitual lamento de nada mais podermos acrescentar por nos faltarem outras referências à aldeia, eis que numa última pesquisa que sempre faço na Internet encontro um site dedicado à aldeia, bem compostinho e com muita informação e algumas fotos antigas, bem interessantes. Deixo de seguida uma que lá "roubei" para abrir o apetite a uma visita que deve ser obrigatória, pois tem muita informação sobre a aldeia, que me vai ser impossível reproduzir aqui. Pois fica a foto e o link (também reproduzido no final deste post), que é de visita obrigatória:

http://friaes.weebly.com/historia.html

  

friaes antiga.PNG

 

Pois mesmo antes de encontrar este site ia iniciar a conclusão do post com dois apontamentos que não poderia deixar de referir. Visitei esta aldeia por duas vezes, a primeira em maio de 2016 para fazer o levantamento fotográfico da aldeia, já a meio da tarde, num dia bem quente de maio. Esperávamos ser uma visita mais ou menos rápida, pois na agenda ainda tínhamos outras aldeias por onde passar, mas acabámos por ficar por lá muito mais tempo do que o previsto, tudo porque à entrada da aldeia fomos simpaticamente recebidos por um dos seus habitantes com quem ficámos durante um bom bocado à conversa. Além de gostarmos de conversar com os habitantes locais, gostamos também de conversar com os mais velhos, que era o caso, pois com eles temos sempre alguma coisa, mas sobretudo também gostamos de ser bem recebidos, como fomos, pois embora em geral o sejamos na maioria das aldeias do Barroso, há uma ou outra aldeia em que tal não acontece, onde as pessoas mostram uma certa desconfiança sobre o que andaremos por lá a fazer, o que faz com que as nossas visitas sejam sentidas como uma autêntica incursão. Pois quando ficamos agradados com as pessoas, agradecemos, sem que seja com o nosso respeito e simpatia dos nossos agradecidos gestos e palavras.

 

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O segundo apontamento é sobre o segundo momento em que sem querer, vindos da Venda Nova, entrámos por uma estrada secundária sem sabermos onde ela ia dar. Mas sabíamos que iria para algum lado, e ao dobrar da montanha damos de caras com uma aldeia lindíssima, que ainda não tínhamos visitado, pensávamos nós, pois embora fosse Friães, fizemos a abordagem à aldeia por outro ângulo de visão, e só ao penetrar na intimidade da aldeia, no seu miolo, é que nos apercebemos que a aldeia já não nos era estranha. Desta vez ainda pela manhã, no mês de junho deste ano de 2017, e mais uma vez pensávamos estar por lá apenas uns minutos, principalmente depois de descobrirmos onde estávamos, pois já tínhamos feito a recolha fotográfica e as fotos começavam a ser repetidas.  Mas, mais uma vez acabámos por ficar por lá muito mais tempo , pela mesma razão da primeira visita - a simpatia da receção e a agradável conversa com os mais velhos, à boa maneira transmontana e barrosã, com a hospitalidade  da arte de bem receber. Visita que só interrompemos porque as nossas barriguinhas já pediam almoço. Tinha de deixar aqui estes dois momentos, pois a beleza das nossas aldeias não está só na beleza do seu casario, nos seus pontos de interesse e na sua paisagem envolvente, mas sobretudo esta nas suas gentes. Na sua humildade, na sua arte de bem receber, de bem conversar e partilhar os seus saberes. Quando tal acontece, é ouro sobre azul. Friães, é uma dessas aldeias

 

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E agora sim podemos despedir-nos com o espírito de missão cumprida de dar a conhecer mais uma aldeia barrosã, que recomendamos uma visita, porque a aldeia merce mesmo uma visita. Penso que as fotos que deixamos falam por nós, quanto às pessoas, terão mesmo de lá ir, mas não se esqueçam da recomendação que costumo deixar por aqui, apoiando-me como sempre nas palavras de Torga para descobrir estes reinos maravilhosos, em dois dos seus momentos:  “ O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade e o coração, depois, não hesite.” Mas lembre-se de entrar nelas a tremer de vergonha “ Entro nestas aldeias sagradas a tremer de vergonha. Não por mim, que venho cheio de boas intenções, mas por uma civilização de má-fé que nem ao menos lhes dá a simples protecção de as respeitar.” As citações de torga são de “Um Reino Maravilhoso” e do “Diário VIII”.

 

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Sobre a aldeia de Friães haveria muito mais a dizer, mas pela certa que encontrará muito mais no site para o qual a seguir deixamos link, logo a seguir a bibliografia e antes dos links para as anteriores abordagens ao Barroso.

 

Bibliografia

BAPTISTA, José Dias, (2014), Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso.

 

Um Sítio de visita obrigatória

http://friaes.weebly.com/historia.html

 

Links para anteriores abordagens ao Barroso:

 

A

A Água - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-a-agua-1371257

Algures no Barroso: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1533459

Amial - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ameal-1484516

Amiar - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-amiar-1395724

Antigo de Sarraquinhos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-antigo-de-1581701

Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-arcos-1543113

 

B

Bagulhão - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bagulhao-1469670

Beçós - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-becos-1574048

Bustelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bustelo-1505379

 

C

Cambezes do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cambezes-do-1547875

Caniçó - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-canico-1586496

Carvalhais - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-carvalhais-1550943

Castanheira da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-castanheira-1526991

Cepeda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cepeda-1406958

Cerdeira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cerdeira-1576573

Cervos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cervos-1473196

Contim - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-contim-1546192

Cortiço - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1490249

Corva - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-corva-1499531

 

D

Donões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-donoes-1446125

 

F

Fervidelas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fervidelas-1429294

Fiães do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fiaes-do-1432619

Fírvidas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-firvidas-1466833

Frades do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-frades-do-1440288

 

G

Gralhas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhas-1374100

Gralhós - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhos-1531210

 

L

Ladrugães - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ladrugaes-1520004

Lapela   - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-lapela-1435209

Larouco - Um olhar sobre o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/2016/06/19/

 

M

Meixedo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixedo-1377262

Meixide - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixide-1496229

Mourilhe - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-mourilhe-1589137

 

N

Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-negroes-1511302

Nogeiró - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-nogueiro-1562925

 

O

O colorido selvagem da primavera http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-o-colorido-1390557

Olhando para e desde o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-olhando-1426886

Ormeche - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ormeche-1540443

 

P

Padornelos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padornelos-1381152

Padroso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padroso-1384428

Paio Afonso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paio-afonso-1451464

Parafita: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-parafita-1443308

Pardieieros - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pardieiros-1556192

Paredes de Salto - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paredes-1448799

Paredes do Rio -   http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paredes-do-1583901

Pedrário - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pedrario-1398344

Peneda de Cima, do Meio e de Baixo, as Três Penedas: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-as-tres-1591657

Penedones -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-penedones-1571130

Pereira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pereira-1579473

Pomar da Rainha - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pomar-da-1415405

Ponteira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ponteira-1481696

 

R

Reboreda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-reboreda-1566026

Roteiro para um dia de visita – 1ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104214

Roteiro para um dia de visita – 2ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104590

Roteiro para um dia de visita – 3ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105061

Roteiro para um dia de visita – 4ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105355

Roteiro para um dia de visita – 5ª paragem, ou não! - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105510

 

S

São Ane - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-ane-1461677

São Pedro - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-pedro-1411974

Sarraquinhos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sarraquinhos-1560167

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Senhora de Vila Abril - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-senhora-de-1553325

Sezelhe - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sezelhe-1514548

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

 

T

Tabuadela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-tabuadela-1424376

Telhado - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-telhado-1403979

Travassos da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-travassos-1418417

 

V

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1508489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

Vilaça - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilaca-1493232

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

 

X

Xertelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-xertelo-1458784

 

Z

Zebral - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-zebral-1503453

 

 

 

 

 

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21
Ago17

O Barroso aqui tão perto - Beçós


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montalegre (549)

 

Lá vamos nós mais uma vez até ao Barroso aqui tão perto, mas hoje com um dos destinos mais distantes do Barroso.  Claro que já sabem que os nossos destinos têm sempre como ponto de partida a cidade de Chaves, daí a nossa aldeia de hoje ser uma das mais distantes de Chaves. Penso mesmo que, em distância, só será ultrapassada por Seara (uma aldeia vizinha) e por Fafião.

 

1600-becos (1)

 

Sempre que temos intenção de ir até ao Barroso,  fazemos o trabalho de casa, ou seja, decidimos quais as aldeias a visitar e traçamos o nosso itinerário, onde nem sempre nos decidimos pelo mais favorável em termos de distância, mas antes pelo mais interessante ou até pelo mais desconhecido.

 

1600-becos (37)

 

Pois para irmos até Beçós, a nossa aldeia de hoje que pertence à freguesia de Salto, temos três itinerários possíveis. Um via Soutelinho da Raia, Sarraquinhos, Barracão, Pisões, Venda Nova e Salto, ao todo são 76Km. Podemos optar pela Estrada Nacional 103, ou seja Curalha, Sapiãos, Barracão e o restante itinerário é igual ao anterior. Este segundo itinerário tem mais 100m do que o anterior, ou sejam 76,1Km, a estrada é menos complicada que o itinerário anterior mas também é menos interessante em termos paisagísticos. Pois desta vez o itinerário mais favorável é também o mais interessante, fica a seguir.

 

1600-becos (45)

 

Então para irmos até Beçós optámos pela Nacional 103, mas só até Sapiãos, aí virámos para Boticas e depois apanhámos a Nacional 311 que nos ligou a Salto e dai virámos em direção à Póvoa, imediatamente antes desta subimos ao Carvalho e logo a seguir temos Beçós. Ao todo são 60,3 Km, o itinerário é lindíssimo, mas a estrada requer algum cuidado, o seu traçado assim o exige.

 

1600-becos (12)

 

Já perceberam mais ou menos onde Beçós poisa, no limite do concelho de Montalegre com o Concelho de Cabeceiras de Basto a apenas 1.4 Km com ligação por estrada  e o de Boticas a pouco mais, a 3.5Km, mas sem ligação direta por estrada. Mas sejamos mais precisos e vamos às suas coordenadas: 41º 35’ 57.61N e 7º 54’ 46.64”O. Quanto a altitude andamos à volta dos 950 m. Como sempre fica também o nosso mapa.

 

mapa-becos.jpg

 

Passemos agora ao topónimo Beçós. Os som da pronúncia podem-nos levar e pensar em “besos” ou seja, em beijos na língua castelhana, tanto mais que a aldeia já foi grafada com z, “Bezoos” que hoje seria “Bessós”, como à frente é defendido, mas parece que nada tem a ver com beijos. Vejamos então o que nos diz a Toponímia de Barroso.

 

1600-becos (25)

 

Reza assim a Toponímia de Barroso:

Beçós ou Vessós?

Sendo um diminutivo de Beça, provirá de BETULA+OLA > BETULA > BETIOO > BEZOO > BEÇÓ, no plural. Porém, acuso-me de muito duvidoso.

Documenta-se a forma:

- 1258 « et de villa de Lama Chaa et de Bezoos…» INQ 1512

As dúvidas prendem-se com a pouca vocação de terra para criar vidoeiros pela carência de água. Todavia a outra hipótese fica ainda mais difícil devido à forma conhecida que se apresenta grafada com z… Logo, a hipótese de campo arroteado, lavrado, terra virada pela charrua, de versu+ola só nos levaria a vessós, com ss. Ou seja, a terra vessada não deu origem a Beçós.

Prefiro má pronúncia de bouça – Bouçós.

 

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Para além das referências à toponímia da aldeia, nas nossas pesquisas nada mais encontrámos, assim, vamos ter de nos valer das nossas impressões pessoais sobre aquilo que vimos e das conversas que por lá tivemos durante a nossa visita.

 

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Como já atrás referimos, nesta aldeia estamos a uma altitude próxima dos 1000 metros, mas lá em cima, numa espécie de planalto ou de pequenas planícies entre pequenas elevações, o verde impera e por perto tem sempre uma aldeia. Neste caso de Beçós também assim é, ou quase, pois aqui a pequena planície não existe, mas existe o verde dos campos cultivados ou dos pastos.

 

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A aldeia é pequena com casario ao longo da rua principal,  onde se formam dois pequenos núcleos de casas que saem um pouco fora da rua, um deles um pouco separado da restante aldeia. Aldeia pequena, pouca gente, mas menos do que aquilo que devia ter. O mesmo de sempre, pois por aqui o despovoamento também se faz notar.

 

1600-becos (2)

 

Encontrámos no entanto pelo menos uma família tradicional, ou seja, uma família à moda antiga onde conviviam as três gerações -  filhos, pais e avós, coisa que vai sendo rara hoje em dia, pois o que vai havendo mais são apenas avós, se filhos e netos por perto.

 

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Neste caso encontrámos um avô, antigo emigrante que regressou à terra mãe, um pouco também à moda antiga, com os nossos emigrante dos anos sessenta do século passado, daquele grande boom da nossa emigração, mas com emigrantes que na sua maioria regressaram passados uns bons anos, com as suas economias para investirem nas suas aldeias.

 

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Emigrantes à moda antiga com as antigas aldeias ainda cheias de gente, onde ainda tinham irmãos, pais, primos, amigos, vizinhos e umas poulas cultivadas por alguém que ficava. Depois havia a festa de verão da aldeia e as restantes festas ou celebrações, como o natal e a páscoa. Havia de tudo que convidava a vinda religiosa anual e à vinda definitiva depois de ter feito casa nova e de conseguir umas economias para o resto dos seus dias.

 

1600-becos (22)

 

E hoje,  continuamos a ser um país de emigrantes? Dizem que sim, mas cada vez mais passámos a ser exportadores de portugueses, principalmente e pessoal do interior e rural, tudo porque as antigas referências de família, das suas aldeias cada vez são menos e já não têm por quem regressar. Já não trabalham lá fora para construir casa na aldeia ou para comprar apartamento na cidade, tudo porque os seus lugares de origem não lhe oferecem condições para os seus regressos.

 

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Um desabafo um pouco provocado pela conversa que tive em Beçós com uma das poucas pessoas que vi na aldeia, aliás de pessoas só vi mesmo esse avô o seu neto e penso que a sua filha.

 

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E antes de finalizarmos fica mais uma referência às vistas que desde a aldeia se podem lançar para as montanhas de Cabeceiras de Basto e de seguida as habituais referências às nossas consultas, hoje apenas uma, e os links para os posts dedicados ao Barroso.

 

1600-becos (42)

 

Bibliografia

BAPTISTA, José Dias, (2014), Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso

 

Links para anteriores abordagens ao Barroso:

A

A Água - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-a-agua-1371257

Algures no Barroso: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1533459

Amial - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ameal-1484516

Amiar - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-amiar-1395724

Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-arcos-1543113

 

B

Bagulhão - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bagulhao-1469670

Bustelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bustelo-1505379

 

C

Cambezes do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cambezes-do-1547875

Carvalhais - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-carvalhais-1550943

Castanheira da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-castanheira-1526991

Cepeda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cepeda-1406958

Cervos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cervos-1473196

Contim - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-contim-1546192

Cortiço - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1490249

Corva - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-corva-1499531

 

D

Donões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-donoes-1446125

 

F

Fervidelas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fervidelas-1429294

Fiães do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fiaes-do-1432619

Fírvidas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-firvidas-1466833

Frades do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-frades-do-1440288

 

G

Gralhas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhas-1374100

Gralhós - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhos-1531210

 

L

Ladrugães - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ladrugaes-1520004

Lapela   - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-lapela-1435209

 

M

Meixedo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixedo-1377262

Meixide - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixide-1496229

 

N

Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-negroes-1511302

Nogeiró - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-nogueiro-1562925

 

O

O colorido selvagem da primavera http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-o-colorido-1390557

Olhando para e desde o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-olhando-1426886

Ormeche - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ormeche-1540443

 

P

Padornelos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padornelos-1381152

Padroso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padroso-1384428

Paio Afonso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paio-afonso-1451464

Parafita: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-parafita-1443308

Pardieieros - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pardieiros-1556192

Paredes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paredes-1448799

Pedrário - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pedrario-1398344

Penedones -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-penedones-1571130

Pomar da Rainha - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pomar-da-1415405

Ponteira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ponteira-1481696

 

R

Reboreda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-reboreda-1566026

Roteiro para um dia de visita – 1ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104214

Roteiro para um dia de visita – 2ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104590

Roteiro para um dia de visita – 3ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105061

Roteiro para um dia de visita – 4ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105355

Roteiro para um dia de visita – 5ª paragem, ou não! - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105510

 

S

São Ane - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-ane-1461677

São Pedro - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-pedro-1411974

Sarraquinhos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sarraquinhos-1560167

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Senhora de Vila Abril - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-senhora-de-1553325

Sezelhe - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sezelhe-1514548

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

 

T

Tabuadela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-tabuadela-1424376

Telhado - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-telhado-1403979

Travassos da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-travassos-1418417

 

U

Um olhar sobre o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/2016/06/19/

 

V

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1508489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

Vilaça - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilaca-1493232

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

 

X

Xertelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-xertelo-1458784

 

Z

Zebral - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-zebral-1503453

 

 

13
Ago17

O Barroso aqui tão perto - Penedones


1600-penedones (72)

montalegre (549)

 

Cá estamos nós de regresso ao Barroso aqui tão perto, hoje com mais uma aldeia do concelho de Montalegre, mais uma de terras da Chã e para irmos até lá, como sempre a partir da cidade de Chaves, optamos pela Estrada Nacional 103.

 

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Com partida junto ao Rio Tâmega, que nos vai acompanhando até chegarmos a Curalha, local onde se começa a subir para terras de Barroso que começa quase logo a seguir, isto se não considerarmos que toda a margem direita do Tâmega já é Barroso. Mas fiquemo-nos pelo Barroso oficial, por nós também aceite e que não está muito longe do Tâmega, ou melhor, que também confronta com o Rio Tâmega no Barroso de Boticas. Mas ainda não chegamos lá, ainda andamos por terras do Concelho de Montalegre.

 

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Então para a nossa aldeia de hoje basta seguir a Nacional 103 e esperar que ela apareça, pois Penedones, a nossa aldeia de hoje, fica à beirinha da estrada no troço que confronta também com a barragem do Alto Rabagão, ou Pisões se preferirem.

 

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Mas embora fique à beirinha da estrada, precisamos de abandonar esta para conhecermos Penedones,  e acreditem que vale a pena entrar na aldeia, é uma das que surpreende pela positiva em que o pouco que se vê desde a estrada não lhes faz justiça.

 

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E hoje sempre que nos referirmos a Penedones, estamos a fazê-lo à aldeia que se desenvolveu em redor do seu núcleo mais antigo, todo da parte de cima da estrada, deixando de fora a aldeia mais turística, ligada à barragem e ao Parque de Campismo aí existente. Este espaço ficará para um futuro post de um roteiro à volta da Barragem.

 

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Pelo que já deixámos escrito já deu para perceber onde Penedones poisa, aliás quase bastava a referência a terras da Chã para lá chegarmos, mas como sempre gostamos de ser mais exatos na nossa localização, deixando aqui as coordenadas da aldeia (sempre de um ponto central das aldeias) bem como o nosso habitual mapa. Pois quanto a coordenadas temos: 41º 45’ 45.02” N e 7º 48’ 31.73” O, a uma altitude de 920, no ponto das coordenadas, pois junto à barragem atinge os 870m e o ponto mais alto da aldeia chega aos 940m.

 

penedones.jpg

 

Quanto às nossas pesquisas pouco encontrámos, embora haja muita informação sobre a aldeia, a mesma, na prática, resume-se a alojamentos e ao parque de campismo. Mesmo assim sempre temos algumas referências no Livro Montalegre e também na Toponímia de Barroso, ambas as obras de autoria de José Dias Batista e edições do Município de Montalegre.

 

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Iniciemos pelo Livro Montalegre que além da informação de que Penedones pertence à freguesia de  Chã, nos referencia algumas das coisas ligadas à história do local:

 

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“Há muitas sepulturas líticas móveis, talvez os monumentos mais antigos, e sepulturas fixas. Das móveis temos exemplos em Bobadela, Sapiãos, Bustelo (Vila da Ponte), Tourém, Pitões, Santo Adrião (Montalegre) e, sobretudo, os enigmáticos arcões graníticos de Salto, a merecerem um estudo mais atento.”

 

1600-penedones (52)

 

E continua (o negrito e sublinhado é nosso):

“Das fixas, que normalmente aparecem em grupos, temos várias necrópoles: no Cristelo da Seara (Salto), entre Penedones e Parafita (Vila de Mel), em Penedones, sobre a aldeia, junto à Capela de Santo Amaro (Donões) e perto da Capela da Senhora de Galegos do Cortiço (Cervos) e de Antigo de Arcos."

 

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Numa outra referência diz-nos:

“Em Penedones, o Clube Náutico e de Aventura do Alto Rabagão organiza passeios de barco na albufeira para grupos até 16 pessoas, bem como regatas, passeios a pé, ou de bicicleta de montanha. Neste local está instalado o Parque de Campismo Municipal e passa também o GR 117 – Via Romana XVII.”

 

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Referindo-se à freguesia de Chã, diz-se o seguinte:

“Cinco das suas doze povoações receberam a visita da estrada Romana – a XVII do Itinerário de Antonino: Penedones (Santo Aleixo), Travaços, São Vicente, Peireses e Gralhós. Pouco mais jovem que a via Romana é a ara que recentemente se achou em São Vicente – sinal inequívoco de que no outeiro (altarium) onde o cristianismo ergueu o templo românico, séculos antes, os povos que nos antecederam, aí adoravam o seu “Deus Óptimo Máximo”.”

 

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Esta Via Romana era uma das principais vias romanas que ligava três importantes cidades da época - Bracara Augusta, Aquae Flaviae e Asturica Augusta, ou sejam as atuais cidades de Braga, Chaves e Astorga e que não andava muito longe do traçado da atual Nacional 103. Para saber mais sobre esta Via XVII fica aqui um link para o que em tempo escrevemos sobre ela: http://chaves.blogs.sapo.pt/193294.html

 

1600-penedones (80)

 

Passemos agora ao que nos diz a Toponímia de Barroso:

 

“ Penedones – Ou melhor Pena de Donas. O determinativo de Donas . no distante Século XIII, e até muito antes, significava tratar-se de pessoas nobres, mulheres da fidalguia.

- 1258 “in peneydonas terciam partem” INQ 1517 e

- 1258 « dixit de Peneidonas et» INQ 1518. Em que o de determinativo e seguido de D, já caiu originando o ditongo ei que também cairá. Não obstante, em:

- 1262 « regalengi de pena de donas » TT, Chang. De D.Afonso III Liv.I, F – 61, repetindo no texto idêntico topónimo: “ D. Afonso III fez foro a Gonçalo Martins , A Gonçalo Pires, A Dona Loba, a João Pires e a Martinho Gonçalves do reguengo de Pena de Donas para que fizessem aí cinco casais”

 

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E continua:

“ E já nas inquirições de D.Dinis,

- 1290 “ Pena de Donas hé herdamento regalengo” Rolo 1030 f. 114 e 99. Donde se vê que a forma actual do topónimo é tardia, isto é, recente. Convém, não obstante, lembrar que o Povo diz sempre Penadones, sendo  que é usual a troca de as por es e o seu contrário.”

 

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Pois é, lá se foi a minha teoria de que Penedones teria a ver com penedos, e até tinha fotos para a ilustrar. Já a seguir perceberão do que estou para aqui a dizer, mas antes, vamos continuar na Toponímia de Barroso, passando à Toponímia Alegre.

 

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Toponímia Alegre

 

Chã – São Vicente

Ruim sítio, ruim gente.

Coelheiros de Medeiros

Ciganos os de Peireses,

Pretinhos de Travassos de Chã,

Cruz-veigas de Gralhós,

Viajantes de Penedones,

Carvoeiros de Castanheira,

Torgueiros de Torgueda,

De Fírvidas são salta-pocinhas e

Arranca-torgos de Codessoso da Chã."

 

1600-penedones (31)

 

E ainda:

“ As moças de Penedones

Passam por boas senhoras,

Mas agora temos notícia

De serem bem capadoras."

 

1600-penedones (42)

 

Pois sobre a minha teoria do topónimo Penedones ter a ver com penedos, baseava-se nos penedos da foto anterior e das próximas, ou seja pela imponência dos mesmos, como se pode ver nas referidas fotos, quer ao longe ou ao perto, que para além da sua imponência, apresentam-se com formatos bem curiosos.

 

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Quando me deparei com o penedo desta última foto, fez-me lembrar a cabeça de um gorila gigante tipo King Kong. Ilusão de ótica, ou então tal como lhe chamam “Viés cognitivo” ou “Apofenia” ou ainda “Pareidolia”, talvez, mas seja como for,  que o penedo  é parecido com a cabeça do King Kong lá isso é, senão vejam a foto seguinte em que o Humberto Ferreira, um dos fotógrafos que me acompanha sempre nestas andanças de descobrir o Barroso, resolveu brincar com a coisa…

 

_DSC0585acKK1.jpg

Fotografia e composição de Humberto Ferreira

Brincadeiras à parte, continuemos mais um pouco por Penedones que, descobri nuns trípticos do Eco-Museu do Barroso, estar também nos roteiros das aldeias com canastros (ou espigueiros se preferirem) e das aldeias com alminhas, e sim, nós confirmamos que ambos existem e por sinal belos exemplares, como aliás o são quase sempre, pena alguns espigueiros estarem tão deteriorados e as alminhas nem sempre respeitadas. Claro que não estou a falar no caso particular de Penedones, mas em muitos que vamos vendo por aí.

 

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Canastros, alminhas, tanques, fontes, cruzeiros, entre outros que existem em Penedones e que são património cultural e arquitetónico de todos nós e de Portugal, aliás a maioria são mesmo considerados traços da cultura portuguesa, daí, para além de merecerem ser preservados e estimados, deveriam ser protegidos, o que muitas vezes não acontece, às vezes são mesmo as Juntas de Freguesia, com o pretexto de alargarem uma rua ou comporem um largo, que destroem algumas desta relíquias.

 

1600-penedones (17)

 

E prontos! Tal como se costuma dizer quando temos um assunto despachado. Bem ou mal, bom ou mau, foi o que conseguimos arranjar sobre Penedones, com a certeza de que nos falhou muita coisa.

 

1600-penedones (16)

 

E só nós resta fazer as referências às nossas consultas bem como deixa por aqui os habituais links para anteriores abordagens ao Barroso.

 

1600-penedones (87)

 

Bibliografia

BAPTISTA, José Dias, (2014), Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso

BAPTISTA, José Dias, (2014), Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso

 

1600-penedones (5)

 

Links para anteriores abordagens ao Barroso:

 

A

A Água - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-a-agua-1371257

Algures no Barroso: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1533459

Amial - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ameal-1484516

Amiar - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-amiar-1395724

Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-arcos-1543113

 

B

Bagulhão - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bagulhao-1469670

Bustelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bustelo-1505379

 

C

Cambezes do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cambezes-do-1547875

Carvalhais - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-carvalhais-1550943

Castanheira da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-castanheira-1526991

Cepeda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cepeda-1406958

Cervos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cervos-1473196

Contim - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-contim-1546192

Cortiço - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1490249

Corva - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-corva-1499531

 

D

Donões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-donoes-1446125

 

F

Fervidelas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fervidelas-1429294

Fiães do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fiaes-do-1432619

Fírvidas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-firvidas-1466833

Frades do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-frades-do-1440288

 

G

Gralhas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhas-1374100

Gralhós - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhos-1531210

 

L

Ladrugães - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ladrugaes-1520004

Lapela   - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-lapela-1435209

 

M

Meixedo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixedo-1377262

Meixide - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixide-1496229

 

N

Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-negroes-1511302

Nogeiró - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-nogueiro-1562925

 

O

O colorido selvagem da primavera http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-o-colorido-1390557

Olhando para e desde o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-olhando-1426886

Ormeche - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ormeche-1540443

 

P

Padornelos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padornelos-1381152

Padroso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padroso-1384428

Paio Afonso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paio-afonso-1451464

Parafita: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-parafita-1443308

Pardieieros - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pardieiros-1556192

Paredes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paredes-1448799

Pedrário - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pedrario-1398344

Pomar da Rainha - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pomar-da-1415405

Ponteira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ponteira-1481696

 

R

Reboreda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-reboreda-1566026

Roteiro para um dia de visita – 1ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104214

Roteiro para um dia de visita – 2ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104590

Roteiro para um dia de visita – 3ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105061

Roteiro para um dia de visita – 4ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105355

Roteiro para um dia de visita – 5ª paragem, ou não! - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105510

 

S

São Ane - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-ane-1461677

São Pedro - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-pedro-1411974

Sarraquinhos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sarraquinhos-1560167

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Senhora de Vila Abril - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-senhora-de-1553325

Sezelhe - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sezelhe-1514548

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

 

T

Tabuadela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-tabuadela-1424376

Telhado - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-telhado-1403979

Travassos da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-travassos-1418417

 

U

Um olhar sobre o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/2016/06/19/

 

V

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1508489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

Vilaça - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilaca-1493232

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

 

X

Xertelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-xertelo-1458784

 

Z

Zebral - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-zebral-1503453

 

 

25
Jun17

O Barroso aqui tão perto - Carvalhais


1600-carvalhais-art (2)

montalegre (549)

 

Vamos lá, então, mais uma vez até ao Barroso que fica aqui tão perto. Hoje vamos até Carvalhais, freguesia de Morgade, concelho de Montalegre.

 

1600-carvalhais (6)

 

Uma vez, de passagem por Morgade, falaram-me do alto de  S.Domingos, que de lá é que as vistas eram boas, que se via toda a barragem … como andávamos em maré de descoberta,  pouco tardou e já nós estávamos lá bem no alto de S.Domingos e de facto as vistas não eram más, mas não era só a barragem que se via de lá, pois nas nossas costas as vistas já eram de terras de Boticas e um pouco mais além, pois os nossos olhos já alcançavam terras de Bastos e talvez de Ribeira de Pena.

 

1600-carvalhais (43)

 

Lá do  alto de S.Domingos, para esses lados de Boticas, ainda no verde antes de chegar ao azul das serras longínquas, ou seja, mesmo ali aos nossos pés, avistava-se uma pequena aldeia. Eram 13H47, do dia 11, de outubro de 2014. Pensava eu então ser uma aldeia do concelho de Boticas. Só chegado a casa e verificando nos meus mapas de apoio é que me apercebi pertencer ao concelho de Montalegre, mas a minha intuição não estava longe da realidade, pois Carvalhais fica mesmo no limite do concelho de Montalegre a menos de 1 quilómetro.

 

1600-carvalhais (4)

 

Claro que passou a estar no nosso roteiro das descobertas do Barroso, para mais tarde passarmos por lá, fazermos a nossa recolha fotográfica e se possível conversar um pouco com os naturais ou residentes na aldeia, mas isso só aconteceu às  18H25 do dia 5 de outubro 2016, já no por do sol, a fugir para o anoitecer, tanto,  que ainda pusemos a hipótese de ficar para outro dia, pois a ausência de luz não é lá muito amiga da fotografia.

 

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Este preciosismo de vos indicar o dia, hora e minuto em que fizemos os registos fotográficos não é por nada, nem se devem à minha memória ou apontamentos, é mais uma facilidade da modernidade, das novas tecnologias e da fotografia digital, pois ao contrário da saudosa fotografia analógica em que tínhamos de escrever no verso reproduzido em papel  os apontamentos e datas necessárias para memória futura, na fotografia digital todos os dados com interesse fotográfico, incluindo dia, hora e minuto ficam registados no ficheiro da imagem, e que jeito dão, oh se dão. Para os distraídos, convém é ver se a hora e dia que a máquina regista estão certos. Um aparte que nada tem a ver com Carvalhais, mas que deu para saber que descobri a aldeia, dois anos antes de a visitar. Mas o que interessa mesmo é que depois da descoberta, fui lá.

 

1600-carvalhais (2)

 

Mas acabámos por ficar, por recolher algumas fotos e ainda deu para dar dois dedos de conversa com gente lá da terra que, embora já estivéssemos em outubro e estivéssemos no Barroso,  mais parecia ser um fim de tarde de um verão quente, com a gente sentada à porta de casa, na hora de contar estórias de fazer horas para ir para a cama.

 

1600-carvalhais (42)

 

Pelo que já fui dizendo já foram localizando a nossa aldeia de hoje, Carvalhais, mas sejamos mais precisos e vamos às coordenadas do centro da aldeia:

41º 43’ 56.96” N

7º 44’ 32.80” O

Embora eu não seja dos que usa as coordenadas de GPS (no caso em formato DMS) para me orientar, pois prefiro as cartas e mapas tradicionais em papel, admito que recorrer a elas (coordenadas) nos tempos de hoje é muito útil, principalmente com a oferta que  existe na WEB para podermos localizar um local desde casa. Recorro a essa orientação muitas vezes, em casa, pois na estrada e no terreno, prefiro os mapas tradicionais que sempre me levaram onde eu queria…

 

mapa-posts.jpg

 

Continuando, para os que são como eu, pessoal dos mapas tradicionais, aqui fica o meu mapa do Barroso de Montalegre assinalando a aldeia de Carvalhais.  Além de localizar, pessoalmente utilizo-o para ir riscando (no caso colorindo) do mapa as aldeias que já visitei, as aldeias que já postei, as sedes de freguesia, etc. estando sempre em atualização constante. Sei que deveria ter uma legenda para melhor ser entendido por vós, mas este que vos deixo é mesmo e apenas para localizar a aldeia. O diferente colorido é para minha orientação.

 

1600-carvalhais (31)

 

Localizada a aldeia, passemos às nossas pesquisas e ao que se diz por aí, na WEB, nos livros e outros onde encontrámos referências à aldeia. Iniciemos pela toponímia de Barroso onde consta:

 

"Carvalhais

 

(Veja Toponímia de Carvalho) [i]

 

Dos nomes comuns carvalhal — carvalhar que derivam de carvalho, planta tão típica desta região que deu origem a vários topónimos bem diferentes como afirmei na análise do topónimo de Cerdeira e Cerdedo e outros que na nossa região não vigoram; Cerquinho, Cerqueira, Cerquido, Cercosa, Cercada, Carvalhosa e Carvalhido.

 

Na inquisição de Cervos (mas claramente referido ao nosso topónimo) aparece — 1258 « dixit quod in Carvaliaes habet Dominus Rex suam defensam» Inq 1254. Dando-se a ditongação só podia acontecer Carvalhais."

1600-carvalhais (35)

 

Ainda continuamos co a toponímia do Barroso com:

“Já agora, uma nota venatória: a presente citação refere-se à reserva ( como agora se diz — coutada da caça ou reserva de caça, que então se chamava defesa) de caça ao cervo e ao javali e abrangia toda a margem direita do rio Beça, pela vereia à anta de Barreiros daí à anta de Negrões e daí pelo caminho que vem de Negrões e vai ao rio Beças. « E todo aquele que aí caçar sem licença cervo ou porco pagará cinco alqueires».

Trinta anos depois,

— 1288 «outorgo a foro… a munha pobra de Carvalhais por aqueles termos».

E assim já estava constituído o topónimo.”

 

1600-carvalhais (38)

 

No livro Montalegre encontrámos o seguinte:

“Há várias povoações com núcleos de construções tradicionais, bem conservados, muitíssimo belos e dignos de ajuda para a melhor preservação do património construído.

Estão neste caso Fafião, Pincães, Salto (diversos lugares de freguesia) Currais, Vila da Ponte, Viade, Carvalhais, Cervos, Donões, Gralhas, Tourém, Pitões, Parada e  Sirvoselo. Em todas elas há núcleos construídos dignos de integrar os roteiros de visita ao património que o Ecomuseu defende.”

 

1600-carvalhais (22)

 

Antes de continuarmos com o que se diz no Livro Montalegre, queria fazer aqui  um pequeno aparte. Agora que já posso dizer que conheço todo o Barroso de Montalegre, pois já passei por todas as suas aldeias e outros lugares, não acreditem em tudo que está escrito sobre as aldeias barrosas. Quando a gente da terra escreve sobre a sua terra, tem sempre tendência em enaltecer algumas aldeias em detrimento de outras. Quero com isto dizer que na listagem de aldeias que aparecem no parágrafo anterior e sem por em causa o constarem lá, há algumas em que a fama ultrapassa em muito a realidade e que nos últimos vinte a trinta anos foram vítimas de verdadeiros atentados, outras há, que pela sua beleza e preservação da sua integridade, mesmo com muitas casas abandonada e/ou em ruínas, mereciam ser mais divulgadas e constarem dos tais roteiros de construções tradicionais, nem que seja e só, por nelas não terem sido cometidos atentados no património existente.

 

1600-carvalhais (37)

 

 

Continuemos com o que diz o Livro Montalegre:

“Pelo termo de Codessoso passava um caminho medieval importante que servia diversos lugares da enorme paróquia da Chã, ao tempo das Inquirições de D. Afonso III: Negrões, Vilarinho, Lamachã, Morgade, Carvalhais e Rebordelo, Fírvidas e Gralhós, além das herdades ribeirinhas do Regavam (sic).”

 

1600-carvalhais (21)

 

E continua:

“E já que falamos de Santos não ficava nada mal – era até um acto de justiça – que os de Carvalhais devolvessem à sua Capela o orago primeiro que foi São Tiago, conforme muito bem expressa a nossa variante barrosã da belíssima lenda dos Sete Varões Apostólicos.”

 

1600-carvalhais (25)

 

 

Num artigo publicado na Revista da Faculdade de Letras,  intitulado “ Os Municípios na estratégia defensiva Dionisina, de autoria de José Marques da Universidade di Porto,  encontrámos o seguinte:

 

“Funções das póvoas e concelhos

Sem esquecermos que o tema central da nossa comunicação pretende acebtuar a importância que os municípios fronteiriços tiveram na política defensiva do Reino, desejamos comprovar também o alcance da constituição de simples póvoas ao longo fa fronteiral desde os primeiros anos de reinado de D.Dinis. Para o efeito, reunimos um breve conjunto de pequenos núcleos populacionais constituídos em função das cartas de povoasmento outorgadas por este monarca, que vamos apresentar. Antes, poré, desejamos esclarecer que os termos utilizados no subtítulo deste ponto do nosso estudo não são sinónimos, nem convertíveis, se os apreciarmos numa perspectiva filosófica, sendo lícito afirmar que todos os concelhos são póvoas, mas nem todas as póvoas são concelhos, como melhor se verificará através dos exemplos que a seguir apresentamos. (…)  — 1288, Dezembro, 28 — Lisboa — dá carta de povoamento aos treze casais povoadores de Carvalhais, Montalegre. (A.N.T.T Chacelaria de D.Dinis, vol. I, fl. 246.)”

 

1600-carvalhais (24)

 

 

Deixemos as coisas dos livros e outros documentos escritos e passemos às nossas impressões pessoais, mesmo porque durante as nossas pesquisas não encontrámos mais nada sobre a aldeia de Carvalhais.

 

Pois segundo diz e aponta o topónimo, o carvalhal está na sua origem, e de facto ainda é o que por lá existem em maioria, mas nem tantos como para hoje em dia justificar a topónimo, e tal como se dizia na Toponímia de Montalegre “carvalho, planta tão típica desta região” e é bem verdade, e ainda bem, pois o carvalho é uma árvore autóctone, ou seja nativa, própria da região, que é nossa. Além disso, não arde com facilidade nos incêndios, mas dá uma boa brasa e uma boa lareira, aliás vai sendo a madeira preferida para queimar nas nossas lareiras nos nossos rigorosos invernos.

 

1600-carvalhais (1)

 

Mas como ia dizendo e tal como se pode verificar na vista geral da aldeia reproduzida na segunda fotografia de hoje, tomada desde S.Domingos, há, na pratica, um carvalhal na proximidade da aldeia, pois a maioria, à sua volta, são pastagens ou mato nos pontos mais altos, este também autóctone, constituído na sua maioria por carqueja, urze e giestas, e reafirmo, ainda bem, embora hoje estes arbustos já não tendo a utilidade que outrora tiveram, principalmente utilizados para iniciar a combustão das lareiras e braseiras ou aquecimento dos fornos, ainda se vão utilizando como plantas medicinais, e depois são nossos, e não me venham com a cantiga de que o pinheiro também é autóctone… pelo menos, e outra vez, muito bem, no Barrosos de Montalegre não abunda, já o mesmo não acontece no Barroso de Boticas, mas lá chegaremos.

 

1600-carvalhais (20)

 

E será que gostei da aldeia, será que recomendo uma visita, será que o pessoal de lá é simpático e hospitaleiro? — Pois apetecia-me dizer: - Ide lá ver!  Mas a aldeia não me merece isso, e digo que sim, que sim e que sim, ou seja, recomendo a visita, o pessoal com quem estivemos é simpático e hospitaleiro e gostei da aldeia,  e olhai que gostar de uma aldeia, num fim de tarde, já cansados de andarmos a calcorrear tantos caminhos, não é fácil, é porque a aldeia merece mesmo, mas isso já me palpitava desde que a vi pela primeira vez desde S.Domingos.

 

1600-carvalhais (14)

 

E como costumava dizer o já saudoso mas eterno Bento da Cruz, com esta me vou, mas antes, claro, como sempre, deixo aqui as referências às consultas e às anteriores abordagens às terras, lugares e temas do Barroso, estes com links para os respetivos posts. Para o próximo domingo, se tudo correr como previsto, cá estaremos de novo, com mais uma aldeia do Barroso de Montalegre. Até lá e desfrutem desta semana que se inicia.

 

1600-carvalhais (15)

 

Bibliografia

 

BAPTISTA, José Dias, (2014), Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso

BAPTISTA, José Dias, (2006), Montalegre. Edição do Município de Montalegre.

 

1600-carvalhais (18)

 

Links para anteriores abordagens ao Barroso:

 

A

A Água - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-a-agua-1371257

Algures no Barroso: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1533459

Amial - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ameal-1484516

Amiar - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-amiar-1395724

Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-arcos-1543113

B

Bagulhão - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bagulhao-1469670

Bustelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bustelo-1505379

C

Cambezes do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cambezes-do-1547875

Castanheira da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-castanheira-1526991

Cepeda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cepeda-1406958

Cervos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cervos-1473196

Contim - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-contim-1546192

Cortiço - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1490249

Corva - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-corva-1499531

D

Donões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-donoes-1446125

F

Fervidelas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fervidelas-1429294

Fiães do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fiaes-do-1432619

Fírvidas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-firvidas-1466833

Frades do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-frades-do-1440288

G

Gralhas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhas-1374100

Gralhós - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhos-1531210

L

Ladrugães - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ladrugaes-1520004

Lapela   - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-lapela-1435209

M

Meixedo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixedo-1377262

Meixide - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixide-1496229

N

Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-negroes-1511302

O

O colorido selvagem da primavera http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-o-colorido-1390557

Olhando para e desde o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-olhando-1426886

Ormeche - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ormeche-1540443

P

Padornelos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padornelos-1381152

Padroso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padroso-1384428

Paio Afonso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paio-afonso-1451464

Parafita: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-parafita-1443308

Paredes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paredes-1448799

Pedrário - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pedrario-1398344

Pomar da Rainha - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pomar-da-1415405

Ponteira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ponteira-1481696

R

Roteiro para um dia de visita – 1ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104214

Roteiro para um dia de visita – 2ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104590

Roteiro para um dia de visita – 3ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105061

Roteiro para um dia de visita – 4ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105355

Roteiro para um dia de visita – 5ª paragem, ou não! - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105510

S

São Ane - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-ane-1461677

São Pedro - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-pedro-1411974

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Sezelhe - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sezelhe-1514548

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

T

Tabuadela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-tabuadela-1424376

Telhado - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-telhado-1403979

Travassos da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-travassos-1418417

U

Um olhar sobre o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/2016/06/19/

V

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1508489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

Vilaça - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilaca-1493232

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

X

Xertelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-xertelo-1458784

Z

Zebral - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-zebral-1503453

 

 

 *******************************************************

 

[i] Fomos ver e lá apenas constava isto: Do latino CARBACULU > CARBAGULO > CARBAGLO > CARVALHO. Sem referências.

 

 

 

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