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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

23
Out21

Crónicas da Quarentena

SÉTIMO DIA


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SÉTIMO DIA

Sexta-feira, 23 de Outubro de 2020

 

A luz exterior, reflectida no pavimento, une o quadriculado da tijoleira numa alongada faixa luminosa e orienta o meu olhar para o jardim. Abandonando as memórias africanas, que não são minhas mas as obras do José Pádua ajudam a desmultiplicar, por outras partes desta casa e por outras casas da família, penso na murta que daqui não vejo e em breve irei fotografar.

 

Levanto-me recordando, isso sim, o verde e o azul dos Açores e também o vento que por vezes soprava suavemente, parecendo amansar as águas do mar e das ribeiras. Entre a escurecida rugosidade rochosa do tempo, vem-me ainda à memória aquela açoriana que, sobre o fundo anilado das hortênsias, não sabia de que eu falava quando falava de outras montanhas, de outras rochas ou das flores de giesta.

 

Recordo também a emocionada memória que então tinha destas flores, com as suas pequenas manchas amareladas ou esbranquiçadas parecendo sustentar, e fazer crescer, as finas hastes de cada arbusto. Ainda hoje sinto o que sentia na altura acerca do seu aroma, não sabendo se o devo achar agradável ou não, mas o que então importava era que tudo aquilo me fazia atravessar o Atlântico para me vir aninhar no aconchego desta terra durante breves momentos.

 

A estranheza que a imagem das flores de giesta causava àquela açoriana é a estranheza que estas bagas da murta me causam. Parecendo mirtilos, à primeira vista, só após um olhar mais atento é que percebemos não serem estas achatadas como as do mirtilo, antes mais alongadas. Depois de abertas ou esmagadas, descobrimos que são apenas um invólucro, quase sem polpa, para as sementes.

 

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Até aquilo que nos parece familiar pode guardar segredos durante muito tempo. A mim, foi a tradição judaica associada à murta que me escapou durante muitos anos. Depois de, no Canadá, reencontrar a tradição do rapa reencarnada naquele que era, afinal, o seu conceito original, o dreidel, foi preciso aguardar por Nova Iorque para chegar aos esquecidos usos rituais da murta.

 

Foi num jantar na baixa leste de Manhattan, em casa do Darius, que juntava amizades ashkenazi da parte de Judy, a mãe, e descrentes outsiders como eu, o pai, Pheroze, a Jane e outros, que ouvi pela primeira vez falar desses ramos rituais onde a planta entrava. E foi também aí que, depois de já conhecer a água de rosas, a água de flor de laranjeira, e outras águas perfumadas, ouvi pela primeira vez falar da água-de-anjo, que se obtém destilando as folhas e flores de murta.

 

Tudo isto aprendi ao longo de uma agradável refeição, preparada por mim e pelo Darius, onde acabei sendo felicitado pelo lombo marinado, recheado de ameixas secas, espargos e outras improvisações. Um sucesso gastronómico, particularmente entre os ashkenazi, que nas despedidas me felicitaram efusivamente, elogiando o sabor e suavidade da carne e pedindo-me a receita.

 

É claro que, pesem embora as minhas prováveis origens sefarditas, nem sequer tive coragem de lhes dizer que era lombo, sim, mas de porco.

 

Augusto de Sousa

 

 

22
Out21

Crónicas da Quarentena

SEXTO DIA


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SEXTO DIA

Quinta-feira, 22 de Outubro de 2020

 

O teletrabalho, enquanto alternativa ao regime presencial, pode revelar-se como um recurso perverso.

 

Tenho vindo a descobrir que, afinal, não só estou a trabalhar mais horas como, para meu desespero, trabalho a qualquer hora, interrompendo almoço ou jantar e não tendo sequer recato ou descanso depois deste último.

 

Ironicamente, muitas vezes tem acontecido ser este trabalho, desregrado e regido por redundantes e anormais horas extraordinárias, um inglório desperdício de energia, visto que as medidas legais implementadas para se ensaiar, pela enésima vez, o controle da pandemia acabam por impossibilitar a concretização prática, in loco, do trabalho desenvolvido e de muitos eventos previamente agendados.

 

Assim acontecerá a partir de hoje, com as consequências daquelas que serão as novas medidas de restrição à circulação, entre concelhos, durante uma semana.

 

É uma contrariedade do tamanho de uma calabaza, ou talvez maior, como se diria aqui ao lado, na Galiza.

 

Por vezes, é melhor fazer como o Mico e ficar regaladamente imóvel e sereno, recordando a filosofia de não intervenção do Ricardo Reis e meditando sobre a inutilidade da acção, mesmo não estando de mãos dadas com a Lídia.

 

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Certamente será essa a filosofia subjacente ao tratamento da bela vinha que fica contígua a minha casa. Cuidadosamente podada e limpa, cada uma das suas vides entra alegre e surpreendentemente pelos olhos de quem se habituou a ver tantas e tantas terras abandonadas.

 

A meio caminho entre a veiga e o sopé do Brunheiro, as suas valas longas e ordenadas, que ora se organizam de nascente para poente ora de norte para sul, consoante o suave declive do terreno e a favorável exposição solar, oferecem abundantes cachos de diferentes castas.

 

No entanto, esta acabará por ser uma ritual oferenda aos deuses e à mãe natureza, todos os anos renovada na cada vez menos surpreendente surpresa de ver muitos desses cachos a permanecerem nas vides até bem depois de as últimas parras atingirem o solo.

 

Haja quem ainda acredite em divindades e oferendas rituais, nestes tempos em que a intercessão dos sacerdotes parece ter caído no esquecimento ou no desprezo divino.

 

Augusto de Sousa

 

 

 

20
Out21

Crónicas da Quarentena

QUARTO DIA


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QUARTO DIA

Terça-feira, 20 de Outubro de 2020

 

Entre as tábuas da cerca, com a sua canina sensibilidade, o Max observa atentamente algo que me escapa e se perde no horizonte. Não sei se pressente a chuva que se anuncia com a chegada da Bárbara, se tenta pressentir e farejar, à distância, os indolentes movimentos felinos da Schnecke.

 

Por cima de nós, a deslavada palha d’aço deste céu acinzentado vai mudando de espessura e intensidade, permitindo a sul uns breves clarões luminosos que avivam ainda mais o alaranjado das telhas, dos tijolos e da chaminé da antiga telheira.

 

Nas imediações, os barreiros, nos seus desníveis, valas e lagoas, denunciam o abandono da fábrica e o declínio da própria olaria na encosta do Brunheiro, que não poupou sequer o barro negro de Vilar de Nantes.

 

Talhas, púcaros, potes, e toda a louça que Alves Cardoso registou nas suas telas transmontanas, são agora memórias de um outro modo de vida.

 

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Este tempo, comprimido entre ansiolíticos e antidepressivos, não se compadece de tal louça senão como tosca memória de outro tempo, mais rural e menos consumista, que cruza a nossa apressada vivência actual em registo português suave.

 

Símbolos, talvez, de um tempo em que a pobreza se assumia orgulhosamente na honrada essência da mera existência e se afirmava numa roupa em segunda mão, remendada mas lavada, e no interminável trabalho de sol a sol, os cacos desta olaria sobrevivem, ainda, nos fragmentos da nossa memória.

 

Talvez essa memória nos venha a servir de algo, num momento em que a vida urbana se ressente já, amargamente, de mais uma crise e o espectro da pobreza, da desesperada e miserável pobreza que se sente na pele, no quotidiano e na família, ameaça dia e noite muitas das pessoas e famílias das grandes cidades.

 

Enquanto esse espectro não se aproxima das pequenas cidades, como inevitável e indubitavelmente acabará por acontecer, dirijo-me lentamente, cabisbaixo e taciturno, para o casulo que é a minha casa e são as minhas memórias, levando comigo Raul Brandão.

 

Augusto de Sousa

 

 

 

 

19
Out21

Crónicas da Quarentena

Terceiro Dia


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TERCEIRO DIA

Segunda-feira, 19 de Outubro de 2020

 

Cem mil.

 

Estatisticamente, um número relativamente irrisório face à nossa demografia. Menos de um por cento da população portuguesa.

 

Simbolicamente, uma sombria avantesma pairando sobre o país, anunciando a previsível e inevitável chegada da centena seguinte. Um avejão que recorda os hiperbólicos seis mil, que nem metade seriam, atribuídos pela imaginação popular ao topónimo da pequena aldeia de Sesmil.

 

Seis mil, que afinal estariam acampados mais para S. Pedro de Agostém, preparando-se para cercar a pequena vila medieval, legitimar pela força o novo rei e a nova dinastia e testar a honra e a palavra de um alcaide. Cem mil para cercar o nosso imaginário, inquietar o nosso quotidiano e testar o nosso âmago e os nossos medos.

 

Pessoalmente, um número do qual já faço parte. E a serenidade com que aceito esta realidade surpreende-me. É como se estivesse assintomático de angústias, ansiedades ou sentimentos.

 

Saio para respirar um pouco deste ar de outono e ver a robusta verticalidade odorífera do loureiro, tendo o Leiranco por fundo. Ali, por entre fragas de ciclópica memória, a escassa vegetação, que nunca terá tido silvestre espessura, é agora encimada por aerogeradores que procuram escravizar o poder das antigas divindades eólicas.

 

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A meu lado, descansando calmamente numa folha de figueira, aquecida pelo sol do final da manhã, uma estática borboleta procura prolongar a cálida amenidade da primavera e do verão.

 

Mas a imobilidade desta borboleta deixa-me inquieto, fazendo-me temer que o seu próximo bater de asas venha a causar um cataclismo, iniciado num outro hemisfério mas extensível a todo o mundo.

 

Assaltado por atávicos medos medievais, receio começar a ver prodígios celestes, aves de mau agouro e outros sinais do fim do mundo.

 

Os corvos marinhos que habitualmente sobrevoam a veiga, seguindo a linha do rio, surgem-me agora como velozes manchas, esguias mas aziagas, aguardando apenas a chegada dos exóticos e inusitados papagaios urbanos de Lisboa, verdes, estridentes e mais periquitos de colar que papagaios, de diurnas corujas e outros arautos do inominável, para criarem uma apocalíptica corte celestial.

 

Entre a serenidade e a inquietação, pareço desenvolver uma esquizofrenia, como se mudasse não apenas as lentes com que registo estas imagens mas as próprias máquinas fotográficas. Como se visse uma parte da realidade através de toda a complexa designação da Canon EOS 5D Mark III e outra através da desarmante simplicidade alfanumérica que a Nikon D800 tem no seu nome.

 

Talvez deva deixar de ver a realidade apenas através destas lentes fotográficas.

 

Augusto de Sousa

 

 

17
Out21

Crónicas da Quarentena

Primeiro dia


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Quarentena

 

Eu sabia que mais dia, menos dia, o corona vírus me iria entrar em casa, transportado por mim ou, o mais provável, transportado por um membro da família que na primeira linha lidava com ele. A probabilidade passou a suspeita num elemento da família no dia 12 de outubro de 2020. Dia 13 passou-se ao teste e no final do dia 15 vinha a confirmação – positivo. Por precaução, enquanto se aguardava o resultado do meu teste, tal como recomendava a DGS, no dia 14, já tinha ficado confinado em casa, e dia 16, vinha a ordem oficial da DGS para ficar confinado até dia 28 de outubro.

 

No entretanto, um amigo, quando soube da possibilidade do meu confinamento, fez-me uma proposta de, caso passasse a confinamento obrigatório, lhe enviar duas fotografias do dia para um texto, e assim aconteceu, com início em 17 de outubro de 2020, precisamente há um ano, saíam do confinamento as duas primeiras imagens para o primeiro texto, dos quais resultaram doze crónicas de reflexões e memórias, ficcionalizadas e cruzadas, correspondentes a três diferentes pessoas... com imagens do confinado e texto de Augusto de Sousa.

 

Quanto ao confinamento, confesso que nos dois primeiros dias até lhe achei piada, mas a partir de aí o sentimento mudou, pareceu-me ser aquilo que seria o mais próximo de uma prisão domiciliária, em que a casa se transforma numa cela e, com a sorte de ter um espaço ajardinado ao ar livre, se transforma em pátio de recreio, e tão real parecia essa prisão, que até a polícia (PSP), me batia à porta para verificar se estava ou não “preso”, tudo isto, com a agravante de poder a vir contrair a doença do Covid, que felizmente acabou por não acontecer.

 

Assim, iniciamos hoje a publicação diária dessas doze crónicas, precisamente um ano após elas terem sido escritas e ilustradas com duas imagens do dia.  

Fernando DC Ribeiro

 

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PRIMEIRO DIA

Sábado, 17 de Outubro de 2020

 

Aguardo, ainda, o resultado do teste que fiz há dois dias. Como entretanto se intrometem o sábado e o domingo, apenas saberei o resultado quase uma semana depois de o ter solicitado. A lentidão de todo este processo recorda-me o absurdo da guerra de 1908, que tinha horas para abrir e fechar.

 

Será que o processo infeccioso também vai de fim-de-semana?

 

Recolho preventivamente ao domicílio. Entre o Brunheiro e a veiga, aconchego-me no casulo que é a casa, quase não saindo sequer para o jardim. Aqui descubro ainda um outro casulo, dentro de mim próprio e das minhas memórias.

 

Olho este tosco camiãozinho, que comprei nos Santos, com a desculpa que todos os pais dão, de ser para um filho, e recordo as pranchas de pinho empilhadas nas serrações, com o seu cheiro fresco a resina e madeira.

 

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São memórias que me vêm como se estivesse no interior dessas pilhas quadradas e as visse através das frinchas de cada prancha alternadamente sobreposta – agora vejo, agora não vejo.

 

Sim, agora entrevejo a Rua da Muralha, os camiões da Exportadora e a figura maciça do Pipa, que de guarda-redes do Desportivo passou a temerário e periclitante condutor de camiões.

 

E logo me ocorrem, também, histórias do Matateu em fim de carreira, na pensão da Dorinha, com cama, comida, roupa lavada e uma grade de cervejas, que ele fazia questão de consumir na esplanada do passeio fronteiro, evidenciando o cumprimento de uma das cláusulas do contrato.

 

Penso no actual contexto pandémico e sinto-me como um jogador de futebol que estivesse já em campo, preparado para iniciar um jogo nocturno, com os holofotes ligados, as câmaras televisivas a transmitir em directo, mas tão perplexo com a inusitada e longa pausa que antecedia a partida como o próprio árbitro que, sem saber muito bem o que fazer, percebia que não dependia dele, afinal, o início ou o fim daquele jogo.

 

A angústia de todo este interregno de fim-de-semana não reside tanto no tempo que o resultado do teste levará a ser-me comunicado, mas no facto de não saber quando o jogo poderá voltar a ser jogado, de não saber se as regras voltarão a ser as mesmas ou de não saber, sequer, se voltará a haver jogo.

 

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E sinto que algo me falta, que algo me foi retirado sem meu consentimento e sem que eu o pudesse evitar. Como se olhasse para todas aquelas ferramentas penduradas na parede e sentisse que nenhuma delas é a adequada. Que só aquelas que ali deixaram o seu contorno vazio seriam, agora, as imprescindíveis para enfrentar estes tempos.

 

Olhando mais atentamente, percebo a falácia e acabo por me interrogar – de que me serviria hoje uma catana? Indubitavelmente, estes tempos requerem outras ferramentas, que ainda teremos de inventar e às quais teremos de nos adaptar.

 

Não podendo sair à rua, para honrar o meu contrato de vida e beber umas cervejas em público, descubro simplesmente que, a partir de agora, a essência da nossa existência ou da nossa felicidade, e até mesmo de uma suprema afirmação da nossa liberdade individual, poderá assentar apenas na renovação e revalorização de insuspeitos e menosprezados detalhes do nosso quotidiano…

 

Augusto de Sousa

 

 

 

02
Jan21

16º Aniversário do Blog Chaves

Blog Chaves - Olhares sobre o Reino Maravilhoso


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É comum festejarem-se os aniversários, pois nós, mesmo sem festa, também costumamos celebrar aqui o aniversário deste blog,  que por sinal faz hoje 16 anos. Um aniversário que coincide sempre com o deixar do ano velho e o entrar no ano novo e daí ser também tempo de balanços e previsões, do ano do blog, do ano que findou e do ano que acabou de entrar.

 

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Também e tal como vem sendo habitual nos últimos aniversários, hoje vamos deixar aqui em imagem algumas daquelas que mais gostámos de registar e publicar neste blog ao longo do ano de 2020, mais as publicadas do que aquelas que tomámos no terreno, pois como todos sabem, o ano que passou foi um ano anormal em que a pandemia, direta ou indiretamente afetou os nossos dias, um ano para esquecer, pois para o terreno em recolha de imagens, apenas saímos 2,5 vezes, como que diz dois dias inteiros e um meio dia, sendo um dia para pagar a promessa do S. Sebastião no Barroso, no dia 20 de janeiro, quando ainda e apenas se falava de  um vírus na China, na província de Hubei, em Wahan.

 

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Pois, mas o raio do vírus depressa entrou nas nossas vidas diárias, com muita informação e desinformação em simultâneo e se no inicio ele só entrava cá pelas notícias e nos novos termos a acrescentar ao nosso vocabulário que, tal como o vírus ia sofrendo mutações, também ele se foi alterando com o tempo, começou por ser o vírus da china, depois passou a coronavírus, depois começa a aparecer o Covi-19, com menos frequência foi aparecendo o Sars-Cov-2, às vezes todos misturados e popularmente também se começou a falar do bicho que anda por aí, mas pouca informação a respeito do que cada qual era, os mais curiosos lá se foram esclarecendo nos sítios disponíveis na net para ficar a saber que o bicho pertence à família dos Coronas, este em particular chama-se Sars-Cov-2 e provoca uma doença chamada Covid-19, seja como for, aqui fica a cronologia, medidas tomadas e danos colaterais nos primeiros 3 mês, que nos condicionaram na liberdade de andar por aí.

 

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2 de março – aparecem os 2 primeiros casos em Portugal

 

11 de março – A OMS declara a doença Covid-19 como Pandemia, ou seja, que a doença já estava instalada em pelo menos 2 continentes. Em Portugal, nesta data havia 59 infetados, como precaução já era recomendado o uso de máscara, de viseiras, lavagem frequente de mãos e/ou desinfeção das mesmas com gel alcoólico.

 

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16 de março – É declarada a primeira morte em Portugal causada pelo bicho enquanto que o nº de infetados já é de 331.

 

18 de março – Regista-se a 2ª morte, o número de infetados é de 642 e o Presidente da República decreta o primeiro estado de emergência, por 15 dias, com confinamento obrigatório.

 

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11 de abril (um mês após declarada a pandemia) – Continua o estado de emergência e confinamento obrigatório, (renovado em 2 de abril), o número de mortos é agora de 470 e de infetados 15.987.

 

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30 de abril – Governo anuncia que o estado de emergência vai passar para situação de calamidade, ou seja, aos poucos começam a abrir alguns serviços, comércios, etc, inicia-se um desconfinamento programado e faseado para todo o mês de maio. É o regresso a uma nova normalidade, mas com muitas regras (mascaras obrigatórias, gel alcoólico, agrupamentos proibidos, distanciamento social e mantêm-se algumas proibições, principalmente as que implicam ajuntamentos de pessoas. Nesta altura (30 de abril) Portugal tinha 989 mortos e 25.045 infetados.

 

30 de maio – Quase três meses depois dos primeiros casos em Portugal, a vida parece voltar à normalidade, à possível, continuando algumas restrições e proibições, a economia exigia que a vida voltasse à normalidade, e foi voltando… pese nesta data já terem morrido 1.396 pessoas e o número de infetados total até à data ser de 32.203 pessoas. Não temos falado dos recuperados, mas, simplificando, são a diferença entre os infetados e o nº de mortos, nesta data a rondar os 30.000 casos.

 

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20 de junho (esta data é nossa) – O número de infetados nesta data é de 38.841. A coisa do bicho e do desconfinamento parecia estar a correr bem, mas longe de estar resolvida. Fartos de confinamentos e outras obrigações, dentro da liberdade possível, saímos para um dia de fotografia, devidamente equipados com máscaras e gel desinfetante e com a preocupação do afastamento social. Demos continuidade no levantamento de mais algumas aldeias do concelho de Vila Pouca de Aguiar, foi a segunda vez do ano em que saímos para o terreno em recolha de imagens.

 

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De Setembro até hoje - Em setembro aumentam o número de casos, dá-se início da segunda vaga da pandemia ou o agravamento da primeira, a fase, que em particular, ao contrário da 1ª vaga, atacou o nosso concelho a sério, estando entre os mais atacados de Portugal,  com medidas mais confusas, recolheres obrigatórios, proibições de circular entre concelhos, etc. A nós, além de teletrabalho obrigatório, tocou-nos um confinamento também obrigatório por termos estado em contacto com casos positivos e depois disso,  os únicos dias que pessoalmente tinhamos livres (fins-de-semana) passaram a ter recolher obrigatório e/ou proibição de circular entre concelhos, no entanto, havia uma falha minha, um levantamento fotográfico que, para dar continuidade e manter a metodologia das publicações no blog, tinha de fazer, pois aproximava-se a publicação da aldeia do Barroso de Minas de Beça que por lapso não tinha feito o levantamento fotográfico. Assim, a meio da semana, lá fui no dia 4 de novembro até Minas de Beça, sem muitos cuidados, pois sabia de antemão que não iria haver contactos sociais, tratava-se mais de um contacto com a natureza, pois habitantes contavam-se pelo número de dedos de uma mão, as minas já há muito que foram abandonadas e o casario existente, deixou de ter fregueses, mesmo assim, tínhamos de cumprir e cumprimos. Foi a nossa última saída fotográfica, numa manhã de inverno, fria mas com sol, foi a última vez que saímos para o terreno. Resumindo, 2020 é um ano para esquecer e depressa. Resta-nos ter esperança num novo tempo e nas vacinas, e tal como diz uma máxima que no início se repetia por aí “Vamos todos ficar bem”, pelo menos os que escaparem à contaminação do bicho.

 

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Quanto ao blog, quem o acompanha sabe que por aqui tudo continuou mais ou menos na sua normalidade, aliás o bicho na sua primeira fase do confinamento até deu origem a mais uma rubrica extra, um concurso diário com prémios, que por sinal ainda não entregamos todos, mas que são para entregar. Também graças ao nosso levantamento fotográfico de todo o Barroso que fizemos nos últimos anos do antes Pandemia, ainda temos material (fotografias) inéditas e aldeias para aqui trazer durante mais uns meses. Para já vamos continuar pelo concelho de Boticas, com os vídeos em falta das aldeias de Montalegre e ainda temos as freguesias do Barroso que pertencem aos concelhos de Ribeira de Pena e de Vieira do Minho, ou seja, temos neste ano de 2021,  52 domingos pela frente, o que significam 52 publicações, mas sabemos que algumas, por motivo de força maior ou de outro acontecimento, irão falhar, não muitas, mas pelo menos 3 a 5 falhas, no entanto ainda temos 29 aldeias e 8 freguesias de Boticas por abordar, para além de alguns posts temáticos, como o do São Sebastião, que pela certa não será festejado, mas temos muito material em arquivo para recordar. Em Ribeira de Pena temos uma freguesia e pelo menos 7 aldeias. O pelo menos é por aldeias extintas que ainda não conseguimos localizar. Em Vieira do Minho temos uma freguesia e 11 aldeias, ou seja, sobre o Barroso ainda nos faltam pelo menos 58 posts, o que quer dizer que só terminaremos em 2022 a abordagem total, mas nem por isso estamos descansados, pois ainda não sabemos como vai correr a colheita deste ano de 2021 para podermos garantir imagens para 2022.

 

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Quanto às aldeias de Chaves, já fizemos todos os posts devidos, falta cumprir com os vídeos para algumas aldeias, poucas e não vão dar para todo o ano, apenas uns meses e a partir de aí ficamos desarmados, quer em imagens quer em conteúdos a abordar, mas é garantido que as aldeias de Chaves continuarão por aqui pelo menos aos sábados. Precisávamos de ter algum feedback daquilo que gostariam de ver aqui abordado, mas infelizmente não temos, daí temos abordado as aldeias conforme o nosso entendimento, pois tal como diz o povo, quem cala consente... mas fica o repto lançado para o pessoal das aldeias, digam-me o que gostariam de ver ou ser tratado aqui, que eu garanto-vos que vou à vossa aldeia fazer o trabalho e levantamento fotográfico que for necessário. Têm todos os meus contactos no blog, ou no facebook, ou no flickr. Mais não posso fazer.

 

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Quanto à cidade, temas não faltam e há ainda muito trabalho por fazer, não a nível de imagem, que aí uma foto arranja-se sempre, mas a nível de conteúdos. Temos alguns tópicos e rubricas em aberto, tem é faltado tempo para os tratar. Também aqui vamos fazendo o que podemos e a mais não somos obrigados. Ajudas também seriam bem-vindas, e o blog continua aberto para outras colaborações e colaboradores, e pela certa que há por aí muito boa gente que o poderia fazer, mas talvez seja mais fácil passar o tempo no facebook, onde há diversão fácil e coscuvilhice garantida, embora efémera, mas onde se podem mandar umas bordoadas e esperar pela resposta para poder mandar mais meia-dúzia de farpas…

 

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Também vamos continuar, pelo menos enquanto tivermos material, a levar-vos por outros destinos com roteiros de 1 dia, sempre com partida e regresso à cidade de Chaves,  na descoberta do Reino Maravilhoso  e outras terras vizinhas, sem esquecer a Galiza que nos é mais próxima, não só no território como culturalmente falando, e não estou a falar da língua falada, mas sim da cultura de um mesmo povo que já foi em tudo uno, mas que hoje se reparte por duas nacionalidades. E nós que até temos a eurocidade Chaves-Verin, bem poderíamos ser um exemplo para o mundo, mas infelizmente a fronteira continua a existir…

 

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Sim, o blog também vai continuar a ter aqui um ou outro desabafo, pois não somos uma máquina sem sentimentos, sentimos e ás vezes a melhor terapia para continuarmos sãos, é mesmo o desabafo.

 

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E agora vamos aos números estatísticos e algumas curiosidades do blog, mas também do flickr, do Youtube e do MeoKanal, todos eles parentes próximos do blog pois é lá que alojamos as nossas fotografias e vídeos para que possam ser vista(o)s aqui, isto se não forem considerados impróprios e vedados a menores de 18 anos, tal como aconteceu há dias no YouTube com o vídeo da aldeia de Santa Marinha. Pois, são as tais máquinas sem sentimentos que detetam obscenidades onde elas não existem, mas sei que a verdade vem sempre ao de cima e o YouTube já reconheceu o erro e pediu desculpas, e claro, repondo a verdade do vídeo, sem restrições, já pode ser visto por todos.

 

 

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Salvo raras exceções, aos quais desde já agradeço, em geral não temos o feedback dos nossos visitantes, mas o SAPO e o FLICKR têm alguns dados estatísticos, nomeadamente o nº de visualizações e origem dessas visualizações, entre outros dados, como motores de pesquisa, etc, dados esses que nos são disponibilizados e que com eles vamos fazendo uma leitura do perfil de quem nos acompanha, o que para nós é importante para podermos definir os nossos conteúdos. Pelos dados sabemos que à volta de 70% de quem nos visita está em Portugal e 30% estão no estrangeiro. Suponho que em ambos os casos são maioritariamente flavienses, mas também barrosões que nos visitam, mas no caso dos visitantes do Brasil, segundo alguns comentários que caem no blog e mails que vou recebendo, muitos são brasileiros descendentes de portugueses que vêm ao blog à procura das suas origens, em geral netos e bisnetos de emigrantes portugueses que não regressaram a Portugal, mas que guardaram documentos e passaram a mensagem de terem origem em Chaves ou nas proximidades.

 

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Sabemos também que desde o estrangeiro temos fidelizados muitos visitantes, os números ao longo dos anos têm-se mantido mais ou menos constantes, mas nos últimos anos, os visitantes dos Estados Unidos e da França, atingem quase 60% das visitas, seguidos a uma certa distância dos visitantes do Brasil, Suíça e Espanha. De realçar que neste último ano entraram dois novos países na lista, Macau e Uruguai, por sua vez, saiu da lista a India. Nesta listagem temos de ter em atenção que o SAPO só nos disponibiliza os 20 países com mais visitas, os restantes ficam em origem não definida, o mesmo acontecendo com as localidades portugueses que vêm no gráfico seguinte.

 

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Quanto ao números de Portugal, o destaque vai para os visitantes da área do Porto com números muito aproximados dos visitantes de Lisboa, seguidos a uma certa distância por visitantes de Braga, Vila Nova de Gaia, Coimbra e Bragança, mas esta distância não é bem real se tivermos em conta o número de habitantes de cada localidade.   

 

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Há dois anos fomos obrigados (ou quase) a ficar sem contador de visitas para podermos garantir uma navegação segura no blog, mas temos o portal SAPO que conta por nós as visitas ao blog, e o FLICKR que nos conta o número de visualizações às fotografias que pubicamos,  só temos que aguardar pelo final do ano para termos aqui a totalidade dos números. No outro ano em 31 de dezembro tínhamos  3.389.843 de visualizações ao blog, somando as 202.716 (dados SAPO) deste ano, atingimos em 31 de dezembro de 2020 os 3.592.559 de visualizações. Por sua vez no Flickr, onde alojamos as fotografias publicadas no blog, na presente data contamos com 16.862 fotografias publicadas, 4.028.963 visualizações e 551 seguidores de fotógrafos flickr. No YouTube ao qual só iniciámos publicações no ano de 2020 com os vídeos das aldeias, o número que temos disponível é o de subscritores do nosso canal que na presente data está em 290 subscritores. Quanto ao MeoKanal, estamos a iniciar mas aos pouco vamos alojar lá todos os vídeos publicados até hoje no blog, bem como os próximos vídeos a realizar.

 

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Quanto às nossas visitas anuais, no gráfico que o SAPO nos disponibiliza dos últimos 4 anos, andamos entre as 10000 e 20000 visualizações mensais, embora de vez em quando, e sem qualquer explicação da nossa parte, o gráfico dispare lá para cima, tal como aconteceu em junho de 2017 que só nesse mês atingimos as 41.067 visualizações e em agosto de 2018 as 25.686 visualizações. No ano de 2020 ultrapassamos a barreira das 20.000 visualizações por duas vezes, em janeiro e maio, e em junho, julho e agosto, muito próximo das 20.000 visualizações.

 

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Quanto às exposições de fotografia que costumávamos realizar na Adega do Faustino, este ano apenas tivemos patente uma ao público e já vinha de dezembro de 2019. A pandemia e o enceramento dos restaurantes fez com que não tivéssemos levado a efeito nenhuma no ano de 2020. Vamos continuar a aguardar por melhores dias, mas possivelmente ainda este mês consigamos retomar as exposições de fotografia.

 

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E chegamos àquela parte dos agradecimentos, começando por agradecer aos nossos colaboradores, sem os quais este blog não estaria completo.

 

Atuais colaboradores do blog

António Roque – O nosso poeta com  a rubrica “ Pedra de Toque”

Cristina Pizarro – Com “ Crónicas de Assim dizer”

João Madureira – Com “Quem conta um ponto…”

Luís de Boticas – Com “Crónicas Estrambólicas” e no último ano com as Crónicas de António Granjo.

Luís dos Anjos – Com "Vivências

Luís Henrique Fernandes (Luís da Granginha) – Com crónicas “Ocasionais”

Manuel Cunha (Pité) – Com “O Factor Humano”

Raimundo Alberto – Com “Chaves D’Aurora

 

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Ainda um agradecimento especial para aqueles que além de colaboradores, mesmo que de forma indireta, em geral,  me acompanham na descoberta do Barroso, do Alto Tâmega e Reino Maravilhoso, embora neste ano só tivéssemos saído duas vezes:

 

António de Souza e Silva

João Madureira

Humberto Ferreira

 

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Por último um agradecimento especial a todos quantos nos visitam e estão aí desse lado a espera das nossas imagens e textos, e às vezes até dos nossos desabafos, devaneios e disparates, que felizmente mais que infelizmente, também fazem parte da vida. Agradecimento especial duplo para aqueles que além de nos visitarem também comentam os nossos posts. Agradecimento triplo para aqueles que nos visitam e comentam com alguma frequência, por último um agradecimento para aqueles que nos visitam, comentam, incentivam e são há muito tempo nossos amigos e amigos do blog, mesmo sem os conhecermos pessoalmente. Um muito obrigado a todos.

 

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Falta ainda agradecer ao portal SAPO por nos disponibilizar este espaço e por estarem sempre prontos para resolver os nossos problemas de edição, para além de um agracecimento especial por de vez em quando colocarem posts nossos em destaque. 

 

E agora, mesmo para finalizar, fica o apelo do costume: façam comentários, peçam-me coisas, puxem-me as orelhas por não trazer aqui coisas que gostariam de ter e ver, eu estou por aqui de boa vontade para vos satisfazer, mas para isso, necessito de saber o que é que querem, necessito do vosso feedback.

 

Agora sim, um bom ano de 2021 

 

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