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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

18
Dez22

Alminhas, nichos, cruzeiros e afins...

Aldeia de Curral de Vacas


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Curral de Vacas, da freguesia de Santo António de Monforte, é o nosso destino de hoje nesta rubrica em que queremos dar a conhecer aquilo que cada aldeia tem no que respeita a arquitetura religiosa e outros símbolos onde a religião esteja presente.

 

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Desde já fica também um aviso que vai sendo habitual, o de que nesta ronda pelas nossas aldeias, no que respeita a imagens, temos recorrido àquilo que temos em arquivo, que fomos recolhendo ao longo dos anos nas passagens pelas aldeias, quando ainda esta rúbrica não existia, e daí, poder falhar alguma coisa ou as imagens já não serem atuais. No entanto, como esta rubrica se vai manter em aberto, fica a garantia que numa próxima passagem por Curral de Vacas iremos com olhos de ver e de descoberta, não só de possíveis falhas como alterações que entretanto tenham ocorrido. Já agora e a título de informação as imagens que hoje aqui vão ficar são dos anos de 2006, 2007, 2010, sendo a mais recente a vista geral da aldeia, que é do ano de 2015.

 

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Então em Curral de Vacas no nosso arquivo existem imagens da igreja, de uma capela, um cruzeiro descoberto, um cruzeiro coberto e uma entrada carral com uma cruz sobre a padieira da porta, já no telhado.

 

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O Cruzeiro descoberto e a capela, encontram-se localizadas no largo principal da aldeia que é atravessado pela estrada municipal que liga por um lado liga à N103-5 em Vila Verde da Raia, e por outro liga a Paradela e Mairos. É precisamente na saída do largo principal para Paradela e Mairos que se encontra a Igreja a confrontar diretamente com a estrada, do lado esquerdo e avistando-se desde o largo, logo a seguir à igreja temos a entrada carral com cruz e um pouco mais acima, do lado direito, temo o cruzeiro coberto, que na altura de recolha da imagem que aqui fica, a cobertura em betão à vista era suportada por 4 pilares de granito e ao centro, uma cruz também em granito com uma imagem de cristo crucificado mas já muito gasta pelo tempo onde apenas se conseguia distinguir a cabeça. Não sei se, entretanto, este cruzeiro foi restaurado, esperemos que sim, pois já então pedia uma intervenção que o dignificasse e embelezasse.

 

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Se no meu tempo de criança já andasse nesta recolha de imagens, poderia deixar aqui mais algumas do Auto da Paixão que então se realizava em Curral de Vacas e que, ainda tive a sorte e oportunidade de assistir, como não temos mais imagens, vamos dando por concluído este post, apenas nos restando deixar aqui o nosso mapa/inventário com a atualização dos elementos de arquitetura da aldeia.

 

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Resto de um bom fim-de-semana e o desejo de boas festas que já se vão respirando com a aproximação do Natal.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

13
Mai20

Curral de Vacas - Chaves - Portugal

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Continuando a cumprir a nossa falta para com as aldeias que, aquando dos seus posts neste blog, não tiveram o resumo fotográfico em vídeo, trazemos aqui hoje esse resumo, para a aldeia de Curral de Vacas.

 

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Embora haja habitantes naturais de Curral de Vacas que têm orgulho em ser de Curral de Vacas, há outros, que desde que foi criada a freguesia de Santo António de Monforte, passaram a ser de Santo António de Monforte. Aliás à entrada da aldeia, a placa que está na estrada é a anunciar Santo António de Monforte.

 

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A coisa até poderia ficar por aqui, o problema, se é que há problema, é que esta divisão entre a população entre os que são de Curral de Vacas e os que são de Santo António de Monforte, gera a confusão a que não é de lá. Mas Lei é Lei e é ela que tem a última palavra, a que vale, a sério. Pois para esclarecer, aqui fica, na íntegra,  o Decreto-Lei nº 43447  publicada no Diário do Governo n.º 301/1960, Série I de 1960-12-29

 

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Decreto-Lei n.º 43447

 

Atendendo ao que representou a maioria absoluta dos chefes de família eleitores dos lugares de Curral das Vacas e Nogueirinhas, pertencentes à freguesia de Águas Frias, do concelho de Chaves, no sentido de ser criada a freguesia de Santo António de Monforte, com sede na povoação de Curral das Vacas;

Considerando que a nova circunscrição dispõe de cemitério e edifícios escolares;

Considerando que a entidade eclesiástica se dispõe a criar uma paróquia com os limites da nova freguesia;

Considerando que o referido lugar de Curral das Vacas dista da sede da actual freguesia cerca de 10 km;

Considerando que se verificam as condições referidas no artigo 9.º do Código Administrativo e se cumpriram as formalidades exigidas pela mesma disposição legal;

Usando da faculdade conferida pela 1.ª parte do n.º 2.º do artigo 109.º da Constituição, o Governo decreta e eu promulgo, para valer como lei, o seguinte:

Artigo 1.º É criada no concelho de Chaves, distrito de Vila Real, a freguesia de Santo António de Monforte, com sede na povoação de Curral das Vacas.

  • único. A freguesia de Santo António de Monforteé classificada de 3.ª ordem.

Art. 2.º Os limites da nova freguesia são constituídos por uma linha poligonal que, principiando no marco geodésico de Meda, alcança o marco de pedra da Soutilha, liga este ao marco do Barro Vermelho e prossegue até atingir o marco geodésico da Vreia. Inflecte para sudoeste, atinge o marco de pedra situado na confluência dos caminhos vicinais que conduzem a Mairos e Paradela de Monforte, continua para o marco de pedra existente nas Quintas ou Curbaceiras, avança para sul até ao marco geodésico dos Estalinhos, prossegue para sudoeste em direcção ao marco do Alto do Reconco e continua até ao marco geodésico de Pombal. Inflecte para noroeste, atinge as cruzes cavadas nas fragas do Alto do Aleixo, e desviando-se para norte passa pela cruz da fraga do Alto da Portela Grande, até alcançar o marco de pedra situado na confluência dos caminhos vicinais que conduzem a Vila Verde da Raia e a Vila Frade, a poente do cemitério. Continua para nordeste até à cruz aberta na fraga do Alto dos Covos, prosseguindo até ao marco onde se iniciou a descrição.

  • único. A Câmara Municipal do concelho de Chaves procederá, no prazo de 60 dias, a contar da publicação do presente decreto-lei, à colocação dos marcos que forem necessários, por forma que fiquem bem patentes os limites fixado neste artigo.

Art. 3.º A eleição da junta de freguesia realizar-se-á no dia que for designado pelo governador civil e serão eleitores os chefes de família da respectiva área inscritos no recenseamento da freguesia de Águas Frias.

Art. 4.º A competência atribuída pelo Código Administrativo ao presidente da junta, no que se refere a eleição e votação, será exercida pelo presidente da Junta de Freguesia de Águas Frias.

Publique-se e cumpra-se como nele se contém.

Paços do Governo da República, 29 de Dezembro de 1960. - AMÉRICO DEUS RODRIGUES THOMAZ - António de Oliveira Salazar - Pedro Theotónio Pereira - Júlio Carlos Alves Dias Botelho Moniz - Arnaldo Schulz - João de Matos Antunes Varela - António Manuel Pinto Barbosa - Afonso Magalhães de Almeida Fernandes - Fernando Quintanilha Mendonça Dias - Marcello Gonçalves Nunes Duarte Mathias - Eduardo de Arantes e Oliveira - Vasco Lopes Alves - Francisco de Paula Leite Pinto - José do Nascimento Ferreira Dias Júnior - Carlos Gomes da Silva Ribeiro - Henrique Veiga de Macedo - Henrique de Miranda Vasconcelos Martins de Carvalho.

Para ser presente à Assembleia Nacional.

 

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Para além do esclarecimento, o post de hoje é mesmo para trazer aqui o vídeo que faltou aquando do último post dedicado à aldeia, em que aproveitamos também para deixar mais algumas imagens.

 

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E é tudo. O que tínhamos a dizer sobre Curral de Vacas já o fomos dizendo nos posts que lhe dedicámos e para os quais fica link no final. Fica então o vídeo, espero que gostem:

 

 

 

 

Post do blog Chaves dedicados à aldeia de Curral de Vacas:

 

https://chaves.blogs.sapo.pt/curral-de-vacas-chaves-portugal-1594144

https://chaves.blogs.sapo.pt/948751.html

https://chaves.blogs.sapo.pt/819937.html

https://chaves.blogs.sapo.pt/502450.html

https://chaves.blogs.sapo.pt/473726.html

https://chaves.blogs.sapo.pt/212236.html

 

 

14
Out17

Curral de Vacas - Chaves - Portugal


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Na nossa habitual ronda dos sábados pelas nossas aldeias, hoje toca a vez a Curral de Vacas, uma das aldeias vizinhas do vale de Chaves embora já em plena montanha.

 

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Ficam cinco olhares de cinco momentos que escaparam ou sobraram das últimas seleções em que fomos até esta aldeia, não só para o seu devido post, mas também para o post da freguesia, pois acontece que Curral de Vacas aldeia é também freguesia, mas aqui adota outro topónimo, o de S. António de Monforte.

 

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Mas também Miguel Torga foi pretexto para termos ido até esta aldeia, pois nos seus diários faz algumas referências a Curral de Vacas, quer pela Pedra da Pitorga quer pelo Auto da Paixão.

 

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Pedra da Pitorga que ainda continua por lá no meio do monte, a caminho de Vila Frade. Quanto ao Auto da Paixão, ao qual ainda fui em finais do anos 60, deixam saudades por tudo que o envolvia. Uma representação popular feita pelo povo de Curral de Vacas para quem quisesse juntar-se à celebração, pois embora “teatro” popular,  tinha um forte cariz religioso. Pena que já não se realize e que vá ficando esquecido no tempo.

 

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Quanto à aldeia, é interessante, com interessantes motivos para fotografar. Aldeia ainda com vida, não é das que mais sofre com o despovoamento, talvez pela proximidade da cidade, dos bons acessos,  mas não só, pois outras aldeias há bem mais próximas que estão mais despovoadas. É uma das aldeias pela qual gostamos de passar e “roubar” alguns olhares para memória futura e para deixar por aqui alguns.

 

 

 

27
Jan16

Chá de Urze com Flores de Torga - 115


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Curral de Vacas, Chaves, 4 de Setembro de 1991

 

Com metade da povoação a guiar-me, visita penosa à Pedra Pitorga, um abrigo pré-histórico gigantesco que deu segurança através dos tempos a sucessivas aflições. A ele se acolhiam os primitivos habitantes da região, assediados por ursos, lobos, javalis e outros inimigos. Nele se refugiaram foragidos da Inquisição e da sanha miguelista e liberal, e perseguidos da Guerra Civil espanhola, que a raia não defendia da raiva nacionalista. Labirinto granítico oculto num matagal de giestas e carvalhas, nele me apeteceu resguardar também a dignidade de poeta neste tempo sem poesia que me coube.

Mas o homem já não sabe identificar-se no seio da natureza. Nem mesmo os candidatos à santidade se retiram nos cenóbios e nos desertos para conhecer na solidão os limites da alma, e meditar na hipocrisia humana. Cépticos também, procuram compungidos no seio escancarado das multidões e justificação da farsa da sua medular incredulidade. Os poetas, esse serão sempre presenças por si próprias devassadas em todos os recônditos do mundo. Em nenhum sítio real ou imaginário se podem evadir dos seus demónios interiores e da incompreensão demoníaca dos outros

Miguel Torga, in Diário XVI

 

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Menos penosa que a visita de Torga à pedra da Pitorga ou Pitorca, também eu fui conhecer a dita cuja, mas sem povoação ao qualquer guia a guiar-me. Assim, só da segunda vez que fui por lá é que a encontrei, e pensei que só à terceira é que era de vez. Acontece que acertei com a fotografia na Pitorc(g)a, pelo menos a julgar pela imagem reproduzida na Revista Aquae Flaviae nº41. Acertei com a fotografia mas foi impossível chegar perto dela. O mato não deixa. Pena que aquele campo de penedio não tenha qualquer indicação para se chegar até lá e que a Pedra da Pitorc(g)a não esteja assinalada e limpa de mato à sua volta. Como fica lá para o meio do monte, não interessa… embora arqueólogos e historiadores não pense o mesmo. Aliás a única informação que há sobre este achado é mesmo dos especialistas e profissionais do tema.

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Pela minha parte agradeço a Miguel Torga a descoberta pois até ao momento em que a conheci no seu diário nunca tinha ouvido falar da Pitorc(g)a, mesmo aquando dos achados em 1980 a fiquei a conhecer, talvez por na altura andar preocupado com outros interesses que não estes de conhecer a minha terra.

 

Fica para todos aprendermos mais um bocadinho sobre a Pitorc(g)a o que Alexandra Vieira escreve sobre a mesma e o local. De salientar que popularmente na aldeia de Curral de Vacas se referem a pedra da Pitorga, talvez por isso Miguel Torga assim se refira a ela. Nos estudos dos profissionais todos grafam a pedra como Pitorca. Apenas um pormenor, ou então é o Poeta forçou a grafia de modo a ir de encontro ao seu apelido Pi(Torga) – Isto já sou eu a inventar.

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Algumas rochas na envolvência do abrigo (Pitorca)

 

“ O Fragão da Pitorca consiste “num aglomerado de formações graníticas que conferem ao local uma posição destacada na paisagem. O conjunto dos rochedos gera promontório que descai em forma de penedia sobre o seu sector ocidental.” Foi neste abrigo de médias dimensões, que nos inícios dos anos oitenta do séc. XX foi encontrada uma espiral em ouro (Portal do Aqueólogo, em linha). Armbruster e Parreira (1993:25) referem-se ao achado como “ (…) um anel espiralado de ouro [que] estava associado a um machado plano de cobre e a cerâmica (…) Ana M. S. Bettencourt refere que neste sítio arqueológico teriam sido realizados enterramentos “provavelmente, desde o Calcolítico até ao Bronze Inicial. Aqui, a par de ossadas humanas, apareceram cerâmicas lisas e decoradas, assim como uma espiral em ouro e um machado Plano, ainda com rebardas de fundição” (Bettencourt, 2009:18).

 

Alexandra Vieira

“Alguns dados para o estudo da Idade do Bronze no Norte de Portugal”

In Antrope – A Idade do Bronze em Portugal: os dados e os problemas. 2014

 

 

13
Jan16

Chá de Urze com Flores de Torga - 113


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Chaves, 26 de Agosto de 1991

 

Viver clandestinamente. Que outra maneira airosa tem um poeta de o ser neste mundo de hoje, senão a parecer uma coisa por fora e ser outra por dentro? Mas sê-lo, então, de verdade, frontal e desassombradamente, com a prova insofismável da poesia.

 

Miguel Torga, in Diário XVI

 

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Curral de Vacas, Chaves, 3 de Setembro de 1991

 

À semelhança de tantas outras que me ocorrem penosamente à lembrança, também esta terra, infelizmente, perdeu a identidade. Mudou de nome, alindou as moradias, secou-lhe no largo o negrilho centenário que a tutelava, deixou apagar o forno do povo, pôs fim às representações do Auto da Paixão, que a notabilizavam e aqui me trouxeram pela primeira vez. Com todas as raízes cortadas, ninguém se orgulha mais do tapete de bosta que lhe almofadava os passos logo ao nascer. Cada morador, com quem falo e comento a degradação, parece ter perdido a memória das antigas feições. Até o patriarca, que foi durante a vida inteira titular da figura de Cristo no drama sagrado, e era pelo ano adiante a figura carismática da povoação, no que diz e me diz é um estranho a si próprio, um zé ninguém indigno da majestade que dantes lhe nimbava a rude fisionomia de cavador. Nem o consigo ver, como vi, a morrer santamente na consternação de todos pregado na cruz do calvário, nem, depois, a festejar alegremente com os amigos, lascas de presunto e copos de vinho tinto, a sua ressurreição.

Miguel Torga, in Diário XVI

 

 

14
Set14

Chips, novas tecnologias e Curral de Vacas


 

Não sei o que irá ser deste século que já leva 14 anos e também, quando ele terminar, não vou estar cá para fazer o seu balanço, mas pela certa irá ser muito diferente do século XX, que olhando aos acontecimentos que acolheu e as transformações que testemunhou, é um século que ficará para sempre na história: Duas guerras mundiais, o fenómeno da televisão, a ida à lua e a exploração do espaço, os movimentos sociais como os hippies, o desenvolvimentos da aviação, o inicio da globalização, etc, etc, etc, mas há uma descoberta de meados do século passado que iniciaria a transformação  do mundo no último quartel do século e que ainda hoje continua. Refiro-me à descoberta do circuito integrado (vulgarmente conhecido por chip ou microchip) e que viria a dar lugar às novas tecnologias (computadores pessoais, telemóveis, tablets, smartphones, satélites, etc.) sem as quais hoje em dia o mundo pararia.

 

 

Tive a sorte de ter nascido em 60 e ter assistido a quase todas estas transformações e revoluções. De importante penso mesmo que só perdi as duas guerras mundiais (e não lamento a perda) e no âmbito nacional a implantação da República e a I República, pois a segunda (a ditadura) ainda a vivi e ao 25 de abril de 74 (início da III República)  tive o grato prazer de assistir e viver, mas, pelas implicações na alteração das vidas das pessoas e famílias   o que mais me foi surpreendendo, numa primeira fase com início nos finais dos anos 60,  foi mesmo o aparecimento dos primeiros eletrodomésticos nas casas (frigorifico, televisão e mais tarde as máquinas de lavar roupa e loiça e mais recente o micro-ondas) e, numa segunda fase, nos inícios dos anos 80, com os computadores pessoais, mais tarde os telemóveis e hoje, tudo que temos ao dispor graças ao tal chip.

 

 

 

Mas como hoje é dia de dedicar o blog às aldeias, tal como as fotografias o documentam, perguntarão o que é que as novas tecnologias e toda esta revolução da eletrónica e informática têm a ver com o nosso mundo rural? – Pois a resposta é simples – Tem tudo a ver, e o atual despovoamento rural é, indiretamente, uma consequência desta nova revolução, e as aldeias as suas vitimas, tudo porque as políticas e economias atuais estão viradas para as grandes massas/grandes consumos, ou seja, esta revolução eletrónica e informática veio agravar ainda mais a disparidade que sempre houve entre o litoral e o interior, e quanto mais interior for, mais aprofundada será a disparidade e a decadência do nosso mundo rural, e ainda mais, quando todas as políticas e políticos estão alinhados com os grandes interesses económicos.

 

 

Assim não admira que as nossas aldeias fiquem despovoadas e o que resta nelas, sejam testemunhos de um passado recente que não resistiu aos novos tempos, e com esta perda, perde-se todo o romantismo das aldeias, os seus valores, as tradições, os costumes, os sabores da genuinidade das coisas.

 

 

 

 

As fotografias de hoje são de Curral de Vacas, mas poderiam ser de outra aldeia qualquer, ou melhor, de outra que sofre bem mais as consequências da modernidade, pois Curral de Vacas graças à proximidade e bons acessos à cidade, ainda não é das que mais sofre das maleitas atuais do mundo rural.  

 

 

11
Ago13

Curral de Vacas - Chaves - Portugal


 

A minha mãe sempre me disse que quem dá a noite não pode dar o dia e é bem verdade. Quero com isto dizer, e dias e noite à parte, que se ando na rua não posso estar em casa ou seja, que andando lá fora não posso vir aqui ao blog cumprir como prometido, mas é tudo por uma boa causa, pois para arranjar matéria e imagens para o blog tenho de ir para a rua.



Neste fim de semana entretive-me com o incêndio das Nogueirinhas e hoje lá fui fazer o rescaldo da situação, tal como algumas dezenas de bombeiros (de várias corporações) que por lá ainda estavam à espera de um ou outro reacendimento., pois as temperaturas do dia a isso eram propícias.



Não que o entretenimento tivesse sido de gozo, antes pelo contrário pois o cenário era de desolação total, tanto que até acabei por concordar com aqueles que dizem em que o nosso mundo rural está desertificado em vez de despovoado. Por este caminho o nosso concelho para lá caminha, para a desertificação, principalmente quando há anos, muitos anos que não há políticas para uma reflorestação, muito menos com espécies autóctones (carvalhos, castanheiros, etc) e não me venham com a cantiga dos pinheiros se darem bem por cá, que até dão, principalmente para alimentar incêndios.



Mas sobre o incêndio já aqui deixei imagens ontem, hoje quero ir até Curral de Vacas (aldeia que com as Nogeuirinhas fazem a freguesia de Stº António de Monforte), e tudo porque quando parei nas Nogueirinhas estavam por lá pessoal de Curral de Vacas de férias na terrinha e, achei de bom tom a t-shirt  que vestiam a anunciar a festa da aldeia a fazer jus, sem qualquer preconceito, ao verdadeiro nome da aldeia – Curral de Vacas. Só por isso merecem estar por aqui outra vez, mesmo que até nem tenham razões de queixa, pois Curral de Vacas já foi muitas vezes repetente neste blog, algumas graças a Miguel Torga e às suas antigas tradições que infelizmente ficaram esquecidas no tempo, mas nem que fosse e só pelas vistas que Curral de Vacas lança sobre o vale de Chaves, já vale a pena ir por lá e trazê-las aqui em imagem.



28
Jul12

Curral de Vacas - Chaves - Portugal


 

Para já fica uma imagem, de Curral de Vacas, freguesia de Santo António de Monforte e, surge-me uma questão, pois tudo indica que a freguesia de Stº António de Monforte será uma das que irá desaparecer do mapa das freguesias portuguesas, e a questão é esta - Qual o nome com que a aldeia irá ficar? - Ponho esta questão porque muitos  dos naturais de Curral de Vacas desque que a aldeia é freguesia, deixaram para trás o nome da aldeia e assumiram o da freguesia.

 

 

23
Abr11

Sábado de Páscoa


 

 

É Sábado de Páscoa. Os últimos folares vão ao forno e o cabrito ou cordeiro já está em estágio de alguidar para amanhã bem cedo ir ao forno, já sem a preocupação da bênção das casas, pois a cerimónia ao longo dos anos de implantação das modernidades foi-se perdendo.

 

Mas não foi só a tradição da bênção das casas que se perdeu. O tradicional ramo que ia a abençoar no Domingo de Ramos, com ramos de oliveira e alecrim, para mais tarde, em dias de trovoada, ajudar Santa Bárbara  com a queima de alguns ramos abençoados. Esta tradição ainda se vai mantendo, só que agora, o ramo, é da florista da esquina. Vale a intenção mas perde-se a tradição.

 

 

 

Também os autos da paixão, esta semana já aqui mencionados, são coisas do passado, pelo menos os mais famosos que levavam até eles umas boas centenas de “peregrinos” em gesto de apreciação da representação mais popular que conheci, pois ainda tive a sorte de em pequeno ver o auto da paixão de Curral de Vacas. Claro que não esqueço do de Curalha que até ficou até bem mais afamado que o das Terras de Monforte e tudo graças a Manoel de Oliveira ter feito de um dos autos o seu Acto da Primavera (1962), um filme documentário, longa metragem que ainda hoje é uma das obras contemporâneas do cinema etnográfico que viria a inspirar outros realizadores a realizarem trabalhos idênticos.

 

 

 

Foram-se perdendo algumas das tradições religiosas ligadas à Páscoa. Tenho pena que algumas se tenham perdido mas em tudo o restante, gosto mais da Páscoa actual, pelo menos é mais alegre e com muito menos medos da Igreja que ao longo da ditadura e do estado novo se impunha a um povo maioritariamente ignorante com os medos e temores a Deus em que na Páscoa (quinta-feira à tarde e sexta-feira santa) eram mais acentuados e forçosamente a Páscoa  tinha de ser triste e penitente, jejuar sem comer era uma graça a Deus, ouvir música (com excepção da clássica – vá-se lá saber porquê) quase era pecado, festas, fossem quais fossem, essas além de pecado era uma afronta a Deus. Só mesmo no Domingo de Páscoa é que a alegria e sorrisos podiam regressar aos rostos.  

 

Hoje ficam imagens que nada têm a ver com a Páscoa, mas são imagens das duas aldeias onde em tempos se realizavam autos da paixão: Curalha e Curral de Vacas.

 

Boa Páscoa.

 

 

 

23
Mai10

Mosaico da Freguesia de Stº António de Monforte


 

 

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Localização:


A 12 km da cidade de Chaves, a Nordeste desta e próxima da raia e do limite do concelho,  situa-se no início do grande planalto da montanha mas ainda na encosta da serra com vistas para o grande vale de Chaves.

 

Confrontações:


Confronta com as freguesias de Lamadarcos, Mairos, Paradela de Monforte, Águas Frias, Stº Estêvão e Vila Verde da Raia.

 

Coordenadas: (Átrio da Igreja de curral de Vacas):


41º 47’ 58.83”N

7º 23’ 10.87”W

 

Altitude:


Variável – acima dos 450m e abaixo dos 650m

 

Orago da freguesia:


Stº António

 

Área:


10,31 km2.

 

Acessos (a partir de Chaves):



– Estrada Nacional 103-5 (até Vila Verde da Raia) e E.M. 502 a partir de Vila Verde da Raia.

 

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Aldeias da freguesia:


- Curral de Vacas

- Nogueirinhas

 

População Residente:


Stº António de Monforte só foi constituída como freguesia em 1960. Assim, só existem dados dos últimos quatro Censos.

 

Em 1970 – 561 hab.

 

Em 1981 – 604 hab.


Em 1991 – 509 hab.


Em 2001 – 509 hab.

 

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Principal actividade:


- A agricultura.

 

Particularidades e Pontos de Interesse:


 

Tal como já atrás se referiu a freguesia de Stº António de Monforte é de formação recente, só existindo como tal desde 1960, pois até aí, as aldeias de Curral de Vacas e Nogueirinhas pertenciam à freguesia de Águas Frias. Manteve no entanto a ligação às terras de Monforte, pelo menos no nome da freguesia, acrescentando ao seu orago (StºAntónio) o nome de Monforte, indo beber à origem da época medieval a denominação do território paroquial da terra e Julgado de Monforte de rio Livre.

 

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Dado nas redondezas da freguesia existirem vários povoados castrejos, pensa-se que as terras da freguesia tenham sido povoadas desde então, no entanto, como testemunho de povoamento antigo existe apenas uma ara da romanização, invocando a divindade indígena Larocus (ou Laraucus) relacionada com a Serra do Larouco, que aliás é avistada  desde terras da freguesia.

 

A freguesia é composta por duas aldeias: Curral de Vacas e Nogueirinhas.

 

Nogueirinhas é um pequeno lugar, muito bucólico até à construção da Barragem, mas que com a construção desta e da estrada de ligação de Curral de Vacas a Stº Estêvão, perdeu o romantismo do bucólico, ganhando em olhares de descoberta. Continua a ser um pequeno lugar, suponho que no máximo com meia dúzia de famílias, mas nem todas residentes. Pequena, mas possui uma capela, também pequena mas muito interessante e que quis o destino do traçado da nova estrada, que ficasse de costas voltadas para ela.

 

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Curral de Vacas, que muitos residentes se orgulham do topónimo, é geralmente apresentada com o nome da freguesia, ou seja, como Stº António de Monforte. Para mim e também na documentação que possuo, é o topónimo de Curral de Vacas que continua a constar como sendo uma aldeia da freguesia de Stº António de Monforte. Não quero meter a foice em seara alheia, mas penso que o topónimo Curral de Vacas é bem mais interessante e com fundamento que o liga à sua história antiga, do que o de Stº António de Monforte. Mas como disse, a seara é alheia e isto são coisa dos residentes, para mim, Curral de Vacas são como o Jardim, agora Largo das Freiras que bem o podem apelidar oficialmente de Praça Gen. Silveira, mas continuarão a ser sempre as Freiras.

 

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Curral de Vacas, ao contrário das Noguerinhas, é uma grande aldeia, com um grande largo, Igreja, capela e cruzeiro, forno comunitário e tanque público, dois cafés e, sempre, muita gente na rua. É uma aldeia com vida, a qual talvez se deva às vistas privilegiadas sobre o Vale de Chaves, a proximidade da cidade mas também ser uma aldeia de passagem para outras aldeias e freguesias importantes, como Mairos e Paradela de Monforte, mas também para Travancas, S.Cornélio, Argemil e freguesia de S.Vicente da Raia.

 

Stº António de Monforte é uma freguesia interessante que merece sempre uma visita, não só às suas aldeias como também à barragem de onde se avistam terras de Monforte mas também a cidade de Chaves. Um passeio de fim-de-semana com entrada por Vila Verde da Raia e saída por Stº Estêvão, recomenda-se sempre.

 

De lamentar na freguesia, só mesmo a ausência dos seus afamados “Autos da Paixão” que tão boas memórias deixa no passado da freguesia.

 

 

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Linck para os posts neste blog dedicados às aldeias da freguesia:

 

- Curral de Vacas

 

- Nogueirinhas

 

 

Curral de Vacas na blogosfera:

 


- http://curraldevacas.blogspot.com/

 

 

 

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